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CRONOLOGIA DO ASSOCIATIVISMO/SINDICALISMO DOCENTE NO RIO DE JANEIRO E ORGANIZAÇÃO TARDIA

O SINDICALISMO DOCENTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO RIO DE JANEIRO

PROFESSORES PÚBLICOS

5.6. CRONOLOGIA DO ASSOCIATIVISMO/SINDICALISMO DOCENTE NO RIO DE JANEIRO E ORGANIZAÇÃO TARDIA

Com base no levantamento bibliográfico e na pesquisa documental, é possível apresentar a seguinte síntese cronológica do associativismo e do sindicalismo docente no Rio de Janeiro.

1926 – Criação da Condeferação do Professorado Brasileiro, de base anarquista, que reunia professores do ensino secundário e tinha caráter mutualista.

1931 – No mês de maio foi fundado o Sindicato dos Professores do Ensino Secundário e Comercial do Distrito Federal da iniciativa privada.

1931 – No mês de julho foi fundado um sindicato “paralelo” - o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino do Rio de Janeiro –, de inspiração anarquista. Em novembro do mesmo ano a entidade deixou de funcionar.

1931 – No mês de setembro foi fundada a Federação do Trabalho para reunir os sindicatos oficialmente reconhecidos.

1937 – Sob a alegação de prática comunista, o Sindicato dos Professores do Ensino Secundário e Comercial do Distrito Federal perdeu sua carta sindical.

1938 – O Sindicato dos Professores do Ensino Secundário e Comercial do Distrito Federal obteve nova carta sindical com diretoria alinhada com o governo.

1940 – Para conter a insatisfação popular, o governo de Getúlio Vargas atendeu as reivindicações da categoria: pagamento de férias, proteção e assistência social aos professores, etc.

1943 - O Sindicato dos Professores do Ensino Secundário e Comercial do Distrito Federal passou a denominar-se Sindicato dos Professores de Ensino Secundário, Primário e de Artes do Rio de Janeiro, administrado por junta governamental do Ministério do Trabalho.

1946 – Criação da Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB), de inspiração comunista. O governo Dutra cassou o registro do PCB e a Confederação deixou de funcionar em 1947.

1947 – Fundação da Federação Interestadual de Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (FITEE), a partir da confluência de diversos sindicatos dos professores do país. 1960 (início) – Surgimento da Associação dos Professores do Estado da Guanabara (APEG).

1976 – Em 14 de junho o Sindicato dos Professores de Ensino Secundário, Primário e de Artes do Rio de Janeiro passou a denominar-se Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro (SINPRO-Rio).

1977 – Fundação da Sociedade Estadual dos Professores do Rio de Janeiro (SEP/RJ), em uma assembléia que contou com a participação de 150 professores do Rio e de Niterói.

1979 – No mês de julho foi criado o Centro Estadual de Professores do Rio de Janeiro (CEP/RJ), a partir da fusão da SEP/RJ, da UPRJ e da APERJ. No mês de agosto é decretada a sua ilegalidade.

1980 – Participação do CEP/RJ no XIII Congresso Nacional dos Professores, organizado pela Confederação dos Professores do Brasil (CPB), em Brasília.

1981 – Participação do CEP/RJ no XIV Congresso Nacional dos Professores, organizado pela Confederação dos Professores do Brasil (CPB), em Fortaleza.

1982 – Participação do CEP/RJ no XV Congresso Nacional dos Professores, organizado pela Confederação dos Professores do Brasil (CPB), em Goiânia.

1983 – Reabertura da sede do CEP/RJ, situada no centro do Rio e participação do CEP/RJ no XVI Congresso Nacional dos Professores, organizado pela Confederação dos Professores do Brasil (CPB), em Natal.

1987 – O CEP se transforma em Centro Estadual dos Profissionais de Educação (CEPE), em virtude da ampliação para filiação aos funcionários administrativos da educação (inspetores, merendeiras, serventes, etc).

1988 – Após a promulgação da Constituição Federal o CEPE passa a denominar-se Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE/RJ), quando inclui em seu quadro de filiados os demais trabalhadores da educação: inspetores, merendeiras, serventes, etc.

1989 – Reconhecimento legal do SEPE/RJ.

1992 – Fusão do SEPE/RJ com a Associação de Supervisores Educacionais do Rio de Janeiro (ASSERJ) e com a Associação de Orientadores Educacionais do Rio de Janeiro (AOERJ), mantendo a denominação existente.

2000 – O Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro (SINPRO-Rio) recebeu a denominação atual, – Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região – depois que ampliou a sua base territorial para os municípios de Itaguaí, Paracambi e Seropédica, e manteve a sigla. Atualmente, ele representa os professores da iniciativa privada, da educação básica, do ensino superior, dos cursos livres,

preparatórios de ensino profissional, inclusive os não seriados, dos cursos de línguas na Cultura Inglesa e na Aliança Francesa. O sindicato possui cerca de 16 mil filiados em situação legal, majoritariamente, da rede privada e recolhe uma contribuição mensal de 10 reais de cada associado.

Assim como os anarquistas mobilizaram sobremaneira o movimento sindical operário, a partir do que se convencionou chamar de anarcossindicalismo, o professorado também teve investimento de mobilização anarquista, em 1926. Contudo, a perspectiva de atuação se vinculou ao mutualismo e não obteve uma fase de combatividade sindical, que servisse de porta-voz dos interesses e reivindicações de direitos dos professores do ensino básico. Certamente, a atuação da CPB por este caminho se deveu ao perfil identitário daquele profissional, pois fica evidente a diferença de caráter nos dois meios organizativos.

As inúmeras greves no período em questão revelaram as precárias condições de trabalho do operariado, além da intensa mobilização. Os professores não detinham melhores condições de trabalho que os trabalhadores manuais, conforme analisado neste capítulo, contudo preferiram criar associações de auxílio mútuo e de viés cultural ao invés de envidar esforços para a criação de sindicatos e fortalecer a luta em prol de melhorias nas condições de trabalho.

A tentativa de criação de um sindicato “paralelo” pelos anarquistas, após o surgimento do Sindicato dos Professores do Ensino Secundário e Comercial do Distrito Federal da iniciativa privada, e sua efêmera atuação demonstrou a dificuldade de inserção de um tipo de sindicalismo mais combativo, pois aquele se beneficiou dos preceitos do enquadramento sindical do governo de Getúlio Vargas, o que favoreceu o crescimento do número de filiados. Inclusive, um dos maiores incentivos foi a eleição de parlamentares classistas. Sua fase de expressão combativa se deu quando os comunistas assumiram a direção da entidade e imprimiram um cariz reivindicativo à organização.

Contudo, a auge do movimento sindical docente do professorado da educação básica acontece mesmo em fins dos anos 70, com o ingresso do “novo sindicalismo” e a inauguração de uma fase de grande expressão do movimento social. Esse período é firmemente analisado nos dois capítulos seguintes que abordam a estrutura metodológica, a análise da pesquisa de campo deste trabalho e os resultados e discussões das entrevistas com os participantes da pesquisa.

Diante do quadro de organização das entidades sindicais dos docentes no Rio de Janeiro, pode-se sustentar que o seu início foi tardio, comparativamente, às organizações sindicais operárias?

O estudo empreendido com base nos dados coletados em fins do século XIX e início do século XX dão conta de informar que a situação das escolas e do professorado contribuiram para a organização tardia do sindicalismo docente na educação básica. A desorganização e conseqüente desvalorização do ensino público; a vinculação do professor ao profissionalismo liberal, igualando-o aos médicos, advogados, etc; o elitismo dos professores na primeira República e a representação da profissão como vocação, ato profético, dom, missão ou chamamento foram fatores determinantes neste retardo da organização sindical.

CAPÍTULO 6