• Nenhum resultado encontrado

CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE GRAVAÇÕES

No documento Psiquiatria Forense de Taborda (páginas 192-199)

Dois adolescentes recusavam-se à visitação do pai. Na avaliação, o perito designado pela vara de famíla decidiu gravar em vídeo as sessões conjuntas do pai com os filhos, mesmo sem a concordância dos últimos. Os adolescentes se recusaram a permanecer na sala de exame e, mais tarde, em sessão, relataram o ocorrido ao psiquiatra-assistente que os acompanha desde a separação dos genitores. O psiquiatra-assistente, então, a pedido dos próprios adolescentes, comunicou o fato à mãe (detentora da guarda), que, por intermédio de seu advogado, transmitiu a informação ao juiz. Em decorrência, por determinação judicial, imediatamente foi suspensa a perícia e solicitado ao perito esclarecimento sobre o incidente. Esse fato indica como é importante, mesmo em avaliação pericial, estabelecer-se com a criança e o adolescente um clima de confiança e entendimento, evitando-se, assim, constrangimentos desse tipo.

Os casos judiciais que envolvem crianças e adolescentes, sejam de natureza essencialmente cível, sejam infracionais, geralmente guardam íntima relação com os postulados legais do direito de família. Na primeira hipótese, são comuns as disputas sobre a guarda dos filhos e a necessidade de intervenções que protejam a prole de disputas e condutas inadequadas dos genitores ou familiares próximos. É frequente, também, no âmbito desses litígios, a investigação judicial de suposta exploração sexual e/ou de maus-tratos físicos e/ou psicológicos. Em relação aos atos infracionais cometidos por adolescentes, muitas vezes, deve-se esclarecer o papel da família, que, por alguma razão, está falhando na formação de seu filho. Dessa forma, o psiquiatra forense da criança e do adolescente, além da capacidade técnica de avaliação, deve levar em consideração o mosaico social no qual está inserida a criança ou o adolescente. Assim, contando com a colaboração de uma equipe multidisciplinar, poderá fornecer a melhor orientação e a melhor conduta ao caso concreto.

Referências

1. Beato C. Antes do primeiro crime. Ciência Hoje. 2004;34(204).

2. Werner MCM. Parentalidade pós-moderna na primeira infância. In: Comissão de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz do Senado Federal. Primeira Infância: Ideias e intervenções oportunas. Brasília; Senado Federal; 2012.

3. Brasil. Congresso Nacional. Projeto de Lei n° 6583, de 2013. Dispõe sobre o Estatuto da Família e dá outras providências [Internet]. Brasília: Senado Federal; 2013 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.camar a.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=597005.

4. Paulino da Rosa C. Nova lei da guarda compartilhada. São Paulo: Saraiva; 2015.

5. Habermas J. O futuro da natureza humana. São Paulo: Martins Fontes; 2004.

6. Fukuyama F. Nosso futuro pós-humano: consequências da revolução da biotecnologia. Rio de Janeiro: Rocco; 2003.

7. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 [Internet]. Brasília: Casa Civil; 1988 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituica o/constituicao.htm.

8. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências [Internet]. Brasília: Casa Civil; 1990[capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.

9. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil [Internet]. Brasília: Casa Civil; 2002 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/l eis/2002/l10406.htm.

10. Bittar C. Direito de família. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária; 1993.

11. Diniz MH. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. Vol 5. Rio de Janeiro: Saraiva, 2002.

12. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais [Internet]. Brasília:

Casa Civil; 1990 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8112cons.htm .

13. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei n° 6515, de 26 de dezembro de 1977. Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências [Internet]. Brasília: Casa Civil; 1977 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6515.htm. 14. Werner J. Depressão pré e pós-natal. In: Dutra A, organizador. Medicina neonatal. Rio de Janeiro: Revinter; 2006.

15. Wendland, J. Prevenção, intervenções e cuidados integrais na gravidez e no popós-parto. In: Comissão de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz do Senado Federal. Primeira infância: ideias e intervenções oportunas. Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas; 2012.

16. Werner MCM. O papel da instituição família na (re) inserção social de crianças e adolescentes no Brasil: ressignificando o papel das famílias das classes populares. In: Werner MCM. Família e direito: reflexões terapêuticas e jurídicas sobre a infância e a adolescência. 2.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Booklink; 2010.

17. Flandrin JL. Famílias: parentesco, casa e sexualidade na sociedade antiga. 2. ed. Lisboa: Estampa; 1995.

18. Shorter E. A formação da família moderna. Lisboa: Terramar; 1995.

19. Werner J. Saúde e educação: desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Rio de Janeiro: Gryphus Forense; 2001.

20. Carter B, Mcgoldrick M, editores. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia de família. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1995.

21. Roudinesco E. A família em desordem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 2003.

22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: PNAD 2013 [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estati stica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2013/.

23. Rayan W. Blaming the victim. New York: Vintage Books; 1976.

24. Gusmão P. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense; 2003.

25. Lima R. Breve estudo sobre as entidades familiares. In: Barretto V, editor. A nova família: problemas e perspectivas. Rio de Janeiro: Renovar; 1997.

26. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei n° 13.058, de 22 de dezembro de 2014. Altera os arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para estabelecer o significado da expressão “guarda compartilhada” e dispor sobre sua aplicação [Internet]. Brasília: Casa Civil; 2014 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm.

27. Dias MB. Manual de direito das famílias. 8 ed. rev. atual. São Paulo: Revista Dos Tribunais; 2011.

28. Werner J, Werner MCM Child sexual abuse in clinical and forensic psychiatry: a review of recent literature. Curr Opin Psychiatry. 2008;21(5):499-504.

29. Werner MCM. Família e situações de ofensa sexual. In: Osório LC, Valle EP, organizadores. Manual de terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 366-75.

30. Schaff A. História e verdade. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1987.

31. Ginzburg C. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras; 1989.

32. Werner J. Transtornos hipercinéticos: contribuições do trabalho de Vygotsky para reavaliar o diagnóstico [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1997.

33. Werner J. Mikrogenetishe Analyse: Vygotsky Beitrag zur Diagnosefinddung auf dem Gebeit der Kinderpsychiatrie.Int J Prenatal Perinatal Psychol Med. 1999;11:157-71.

34. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei de 16 de dezembro de 1830. Manda executar o Código Criminal [Internet]. Brasília: Casa Civil; 1830 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/l eis/LIM/LIM-16-12-1830.htm.

35. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei n° 6.697, de 10 de outubro de 1979. Institui o Código de Menores [Internet]. Brasília: Casa Civil; 1979[capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/l eis/1970-1979/L6697.htm.

36. Bazílio L. Política pública de atendimento à criança e ao adolescente: uma experiência de cooperação no Estado do Rio de Janeiro. In: Brito LMT. organizador. Jovens em conflito com a lei: a contribuição da universidade ao sistema socioeducativo. Rio de Janeiro: UERJ; 2000.

37. Stahl G. UNICEF é contra a redução da maioridade penal [Internet]. Brasília: UNICEF Brasil; 2015 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/media_29163.htm.

38. Organização das Nações Unidas. Convenção sobre os direitos da criança [Internet]. Brasília: UNICEF Brasil; 1989 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10120.htm.

39. Agência de Notícias dos Direitos da Infância, Instituto Airton Senna. Relatório 2002/2003. Infância na mídia: a criança e o adolescente no olhar da imprensa brasileira. Brasília: ANDI/IAS; 2003. p. 25.

40. Conselho Federal de Psicologia, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Retrato das unidades de internação de adolescentes em conflito com a lei. 2.ed. [Internet]. Brasília: CFP; 2006 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2006/08/relatoriocaravanas.pdf.

41. Brasil. Conselho Nacional Dos Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução n° 46, de 29 de outubro de 1996. Regulamenta a execução da medida sócio-educativa de internação prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8069/90 [Internet]. Brasília: CONANDA; 1996 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.crianca .mppr.mp.br/arquivos/File/legis/conanda/resolucao_conanda_n46_1996.pdf.

42. Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artmed; 1993.

43. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.

44. Bruce PA. Despatologização de adolescente abrigado com diagnóstico de “personalidade psicopática sem qualquer possibilidade de reversão” [monografia] Niterói: UFF; 2011.

45. Secretaria de Direitos Humanos. Atendimento socioeducativo ao adolescente em conflito com a lei: levantamento nacional 2011. Brasília: 2011.

46. Guedes JCR. Jovens em situação de rua: uma reflexão sobre o crack seu papel na denegação dos direitos humanos [monografia] Niterói: UFF; 2011.

47. Pinho SR, Dunningham W, Filho WMAAS, Guimarães K, Almeida TR, Dunningham VA. Morbidade psiquiátrica entre adolescentes em conflito com a lei. J Bras Psiquiatr. 2006;55(2):126-30.

48. Werner J. Abordagem afetivo-cognitiva na prevenção e tratamento dos problemas relacionados com o uso de drogas. In: Silva GL, organizador. Drogas: políticas e práticas. São Paulo: Roca; 2010.

49. Vygotsky L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes; 1998.

50. Chaui, M. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense; 1986.

51. Werner J. A relação sujeito- drogas na perspectiva histórico-cultural: abordagens preventivas e terapêuticas. Rev Educ Cogeime.2004;13(25):77-87.

52. Werner MCM. Família e direito: reflexões terapêuticas e jurídicas sobre a infância e a adolescência. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Booklink; 2010.

53. Werner MCM. Justiça Terapêutica: a possibilidade dos encontros improváveis. In: Diversidades e abordagens na família brasileira: ciclo vital, sexualidade e diferentes atuações do terapeuta de família/organização. Rio de Janeiro: Booklink; 2006.

54. Wexler D. Jurisprudência terapêutica: como podem os tribunais contribuir para a reabilitação dos transgressores. In: Fonseca AC, editor, Psicologia e justiça. Coimbra: Almedina; 2008.

55. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Decreto-Lei n° 2848, de 07 de dezembro de 1940. Código penal [Internet]. Brasília: Casa Civil; 1990 [capturado em 20 jun. 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto-lei/del2848.htm.

LEITURAS SUGERIDAS

Ackerman MJ. Essentials of forensic psychological assessment. New Jersey: John Wiley & Sons; 2010. Ariès P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar; 1978.

Badinter E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1985.

Benedek EP, Scott CL, editors. Principles and practice of child and adolescent forensic mental health. Washington: APA; 2010.

Brandão AS, Williams LCA. O Abrigo como fator de risco ou proteção: avaliação institucional e indicadores de qualidade. PsicolRefl Crít. 2009;22(3):334-43.

Cahali Y. Divórcio e separação. São Paulo: Revista dos Tribunais; 2000.

Henriques RP. De H. Cleckley ao DSM-IV-TR: a evolução do conceito de psicopatia rumo à medicalização da delinquência. Rev. Latinoam Psicopatol Fundam. 2009;12(2):285-302.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais uma análise das condições de vida da população brasileira 2014. Rio de Janeiro: IBGE; 2014. (Estudos e pesquisas informação demográfica e socioeconômica; n. 34).

Marcílio M. História social da criança abandonada. São Paulo: HUCITEC; 1998.

Marinho ML, Caballo VE. Comportamento antissocial infantil e seu impacto para a competência social. Psicol Saúde Doenças. 2002;3(2):141-7.

Miermont J, editor. Dicionário de terapias familiares: teorias e práticas. Porto Alegre: Artes Médicas; 1994.

Miranda Sá Jr LS, Bayardo E, Bayardo G. Ética na perícia psiquiátrica. In: Moraes T. Ética e psiquiatria forense. Rio de Janeiro: IPUB/CUCA; 2001.

Moraes T. Ética e psiquiatria forense. Rio de Janeiro: IPUB/CUCA; 2001.

Mota CP, Matos PM. Adolescentes institucionalizados: o papel das figuras significativas na predição da assertividade, empatia e autocontrolo. Análise Psicol. 2010;28(2):245-54.

Nichols M, Schwartz R. Terapia familiar: conceitos e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 1998.

Pacheco J, Alvarenga P, Reppold C, Piccinini CA, Hutz CS. Estabilidade do comportamento antissocial na transição da infância para a adolescência: uma perspectiva desenvolvimentista. Psic Teor Pesq. 2005;18(1):55-61.

Queiroga AE. Curso de direito civil: direito de família. Rio de Janeiro: Renovar; 2011.

Schuckit MA. Drug and alcohol abuse: a clinical guide to diagnosis and treatment. New York: Plenum; 1984.

Scivoletto S, Stivanin L, Ribeiro ST, Oliveira CCC. Avaliação diagnóstica de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social: transtorno de conduta, transtornos de comunicação ou “transtornos do ambiente”? Rev Psiquiatr Clín.2009;36(5):206-7.

Siqueira AC, Dell’aglio DD. Crianças e adolescentes institucionalizados: desempenho escolar, satisfação de vida e rede de apoio social. Psic Teor Pesq. 2010;26(3):407-15.

Springer DW. Substance abuse treatment for juvenile delinquents promising and not-so-promising practices in the U.S. Social Perspectives. 2006;8.

Vasconcellos SJL, Gauer GJC. A abordagem evolucionista do transtorno de personalidade antissocial. Rev Psiquiatr RS. 2004;26(1):78-85.

Vygotsky L. La imaginación y el arte na infância. Mexico: Hispanicas; 1987.

Werner MCM. Terapia familiar na ofensa sexual. In: Werner MCM. Família e direito: reflexões terapêuticas e jurídicas sobre a infância e a adolescência. 2.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Booklink; 2010.

Werner MCM, Werner J. Facing problems in family and society: brazilian experiences with drugs, child sexual abuse and human rights. 2nd ed. Rio de Janeiro: Booklink; 2009.

Ética em

No documento Psiquiatria Forense de Taborda (páginas 192-199)