• Nenhum resultado encontrado

CULTIVARES E LINHAGENS DE ARROZ IRRIGADO PROMISSORAS PARA O ESTADO DE SÃO PAULO

No documento Resumos, conferências. (páginas 178-181)

CUTRIM 1, V. dos A. CAMPOS 2G. W. de, FONSECA1, J.R., BASSINELLO1, P. Z.

INTRODUÇÃO: O cultivo de arroz irrigado no Estado de São Paulo predomina nas regiões de Assis e Vale do Paraíba. Este sistema de cultivo , que ocupa cerca de 1/3 da área plantada, responde por 2/3 da produção total de cerca de 100 mil toneladas. Em São Paulo o Vale do Rio Paraíba do Sul tem um potencial de 45.000 hectares de várzeas com terras planas e férteis disponíveis, entretanto, apenas 15.000 hectares são explorados. Atualmente são plantadas poucas cultivares, com predominância da EPAGRI 109 que segundo a CATI (Núcleo de Produção de Semente de Taubaté) ocupa 90% da área plantada, o que representa um grande risco para uma região de cultivo intensivo. No presente trabalho procurou-se identificar cultivares e linhagens com alto potencial produtivo e resistência a estresses bi ticos e abi ticos para a região, com o objetivo de aumentar a diversidade genética e dar maior opção aos produtores.

MATERIAL E MÉTODOS: Em trabalho conjunto, a Embrapa e a CATI (Núcleo de Produção de Semente de Taubaté), nos anos agrícolas de 2001/02 a 2003/04 conduziram sete

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, Cep. 75375-000, Santo Antônio de Goiás, GO

cutrim@cnpaf.embrapa.br.

ensaios de avaliação do Valor de Cultivo e Uso (VCU), nos Municípios de: Taubaté, Tremembé, Caçapava e Pindamonhagaba, os ensaios foram constituídos por 12 cultivares e linhagens incluindo as testemunhas BR-IRGA 409 e EPAGRI 109, no delineamento experimental de Bloco ao Acaso com quatro repetições. As parcelas foram formadas por seis sulcos de cinco metros de comprimento, com espaçamento de 0,20 m entre sulcos e densidade de semeadura de 100 sementes por metro linear, sendo a área útil da parcela formada por quatro metros dos quatros sulcos centrais. A produtividade de grãos foi transformada em kg/ha ap s a correção da umidade para 13%. Os dados de qualidade industrial e culinária dos grãos foram obtidos no laborat rio da Embrapa Arroz e Feijão. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos12 materiais avaliados três cultivares e três linhagens se mostraram promissores para o cultivo no estado. Na Tabela 1 encontram-se os dados do número de dias para a colheita, da produtividade média de grãos e dados de qualidade industrial e culinária das seis cultivares e linhagens promissoras para o Estado de São Paulo, avaliadas nos ensaios de VCUs de 2001/02 a 2003/04. São cultivares e linhagens de ciclo vegetativo e produtividade bem diferenciados. Segundo Breseghello et al. (1998), a escolha da cultivar é uma das decisões determinantes do sucesso da lavoura de arroz, influenciando todo o manejo a ser adotado. É importante esclarecer que não existe a cultivar ideal, e sim cultivares com aptidões que devem ser exploradas corretamente para a obtenção do melhor resultado. As cultivares BRS Biguá e BRS Jaburu e a linhagem CNAi 8569 são classificadas como de ciclo tardio, a cultivar Ourominas e a linhagem CNAi 8622 de ciclo médio e a linhagem CNAi 8870 de ciclo precoce. superaram a testemunha de ciclo precoce BR-IRGA 409 em 19,5 e 13,3% respectivamente. O único material de ciclo precoce (CNAi 8870), apresentou produtividade semelhante a da referida testemunha. O coeficiente de variação médio dos ensaios foi de 11,8%, considerado bom para experimentos no sistema de cultivo de irrigação por inundação, o que confere confiabilidade aos resultados apresentados.

Cultivares/ Dias para Características de grãos¹ Prodm

Linhagens colheita INT TA TG C L CB

CNAi 8569 147 5893 59 31 6 3 3 3 BRS Biguá 142 5588 68 31 3 3 4 3 CNAi 8622 136 5308 63 32 3 1 4 3 Ourominas 136 5179 61 31 3 3 3 3 BRS Jaburu 146 5008 62 31 7 3 3 3 CNAi 8870 125 4838 64 31 7 3 3 3 BR IRGA 409 125 4931 64 31 3 3 3 3 EPAGRI 109 141 4571 65 31 7 3 3 3 Ensaios 7 Média 5266 CV % 11.8

¹ Fonte: MARRINEZ & CUEVAS (1989)

Tabela 1. Número de dias para a colheita, produtividade média de grãos (Prodm), rendimento de

grãos inteiros (INT %) , teor de amilose (TA %), temperatura de gelatinização (TG, notas de 1 a 7), comprimento (C, notas de 1 a 9), largura (L, notas de 1 a 7) e incidência de manchas brancas (CB, notas de 1 a 5), em grãos beneficiados das cultivares e linhagens promissoras dos ensaios de VCU conduzidos no Estado de São Paulo nos anos agrícolas de 2001/02 a 2003/04.

A qualidade dos grãos do arroz é expressa pelo rendimento de grãos inteiros, classe, tipo e qualidade culinária. Todos estes aspectos são determinados pela cultivar e pelo manejo da cultura (Castro et al, 1999). Portanto, é necessário esclarecer que somente a cultivar não garante a qualidade, mas fornece as bases para se buscar um produto de alta qualidade. Além da escolha da cultivar, alguns cuidados devem ser tomados para garantir a alta qualidade do produto: colher no momento correto e fazer a secagem e o armazenamento de forma adequada. Descuidos nesse sentido podem gerar perdas acentuadas em qualidade, especialmente quanto ao rendimento de grãos inteiros no beneficiamento. Na Tabela 1 constam os dados de qualidade de grãos das cultivares e linhagens promissoras para o Estado de São Paulo, todas

180

II Congresso Brasileiro da Cadeia Produtiva do Arroz/VIII Reunião Nacional de Pesquisa do Arroz - Renapa

são de grãos agulhinha (classe longo-fino). As cultivares BR-IRGA 409 e EPAGRI 109 são reconhecidas pela alta capacidade de produzirem grãos inteiros, entretanto, os materiais promissores à exceção da linhagem CNAi 8569 são similares às duas quanto a esta característica. Com relação às demais características da Tabela 1, todas as cultivares e

linhagens também foram semelhantes às testemunhas. Todas apresentaram TA alto, sendo que as cultivares BRS Biguá e Ourominas e a linhagem CNAi 8622 apresentaram TG alta (nota 3) igual à EPAGRI 109, já a cultivar BRS Jaburu e as linhagens CNAi 8569 e CNAi 8870 TG baixa igual à BR-IRGA 409. A classe de grãos (longo-fino) e o índice de manchas brancas estão dentro dos padrões do consumidor brasileiro.

A qualidade culinária do arroz é uma característica que depende basicamente da cultivar e é função das propriedades físico-químicas do grão, sendo pouco influenciada pelo ambiente. Entretanto, a maturação p s-colheita, decorrente das alterações que ocorrem nestas propriedades nos grãos armazenados afeta a qualidade culinária do arroz, tornando os grãos mais macios e soltos ap s o cozimento. O tempo necessário para a maturação p s- clheita difere entre as cultivares e linhagens. Na Tabela 2 observa-se que a cultivar Ourominas e a linhagem CNAi 8622 podem ser consumidas logo ap s a colheita, por apresentarem seus grãos soltos ap s o cozimento, enquanto a cultivar BRS Biguá necessita de um período superior a 80 dias para atingir o ponto adequado para o consumo.

Cultivares / Linhagens Dias após a colheita

30 60 80 115 140 CNAi 8569 LP LP LP S S BRS Biguá P P P S S CNAi 8622 S S S S MS Ourominas S S S S MS BRS Jaburu LP S S S S CNAi 8870 LP LP LP S S BR-IRGA409 LP LP LP S S

P= Pegajoso; LP= Ligeiramente pegajoso; S= Solto; MS= Muito solto.

Tabela 2. Testes de cocção com diferentes dias após a colheita para as cultivares e linhagens.

CONCLUSÕES: Todas as cultivares e linhagens apresentadas neste trabalho possuem potencial produtivo e características agronômicas e culinárias adequadas para serem recomendadas para cultivo no sistema de irrigação por inundação no Estado de São Paulo. As cultivares BRS Biguá e BRS Jaburu foram lançadas em 2002 para os Estados de Goiás, Tocantins, Pará e Roraima, havendo disponibilidade de semente certificada com produtores de semente do Tocantins. Da cultivar Ourominas lançada para Minas Gerais e Mato Grosso do Sul e da linhagem CNAi 8870 em processo de lançamento para São Paulo e Rio Grande do Sul com a denominação de BRS Fronteira, ainda não há semente

certificada no mercado, entretanto, suas sementes básicas estão sendo produzidas pela Embrapa, devendo ser disponibilizadas nos pr ximos anos. Das linhagens CNAi 8569 e CNAi 8622 a Embrapa Arroz e Feijão dispõe apenas de estoques de semente genética. REFERÊNCIAS

BRESEGHELLO, F.; CASTRO, E. da M. de; MORAIS, O.P. Cultivares de arroz. In: BRESEGHELO, F.; STONE, L.F. Tecnologia para o arroz de terras altas. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1998. 161p.

CASTRO, E. da M. de; VIEIRA, N.R. de A.; RABELO, R.R.; SILVA, S.A. Qualidade de grãos em arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 30p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 34).

MARTINEZ, C. ; CUEVAS, F. Evaluaci n de la calidad culinaria y molinera del arroz. Guía de estudio. 3 ed. Cali. CIAT, 1989. 75p. (CIAT. Serie 04SR-07.01).

Avaliação de Germoplasma Nativo de Arroz ‘Lageado’ para

No documento Resumos, conferências. (páginas 178-181)

Outline

Documentos relacionados