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EFEITO DE NÍVEIS DE POTÁSSIO E DE CALCÁRIO SOBRE A PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE ARROZ IRRIGADO EM

No documento Resumos, conferências. (páginas 34-37)

RORAIMA

MEDEIROS1, R. D. de, MOURÃO JÚNIOR2, M. C., CORDEIRO3, A. C. C COSTA4, M. C.G.

INTRODUÇÃO: No Estado de Roraima o arroz irrigado é um dos produtos mais

importantes do setor agrícola. Ocupa atualmente cerca de 16.000 ha cuja produção atual, em torno de 112.000 toneladas de arroz em casca, é suficiente para abastecer o mercado local e ainda exportar o excedente para a cidade de Manaus-AM, cujo mercado potencial é cerca de 90.000 toneladas de arroz beneficiado e para o Estado do Pará. Entretanto, a baixa fertilidade dos solos das várzeas e sua exploração com o monocultivo contínuo do arroz irrigado, têm causado problemas como a infestação de plantas daninhas, o

decréscimo da produtividade, baixa qualidade do produto final e elevação dos custos de produção. Isso tem levando os produtores a utilizarem altas quantidades de adubo químico em torno de 600 kg ha- 1 de diferentes fórmulas como 10-26-26, 04-25-25, entre outras,

onerando os custos de produção. Entretanto a cultura não tem aumentado a produção de grãos com estas adubações, e em algumas dessas áreas tem-se constatado a ocorrência de deficiência de alguns nutrientes como cálcio e magnésio, comprometendo seriamente a produtividade de grãos da cultura (Gianluppi, et al., 2002). Uma das formas de atenuar estes problemas e reduzir os custos de produção é através da correção da fertilidade do solo com uma adubação equilibrada do solo, de modo que atenda a demanda da cultura durante todo ciclo da planta. Estudos mostram que os elementos limitantes para o cultivo do arroz nestas várzeas são o nitrogênio e o fósforo (Silva et al., 1998), enquanto que o potássio encontra-se em nível médio (Medeiros et al., 2004), necessitando portanto de uma menor quantidade desse elemento nas adubações. Entretanto, para o cultivo do arroz em solos inundados, a correção da acidez do solo ocorre naturalmente, num período de 4 a 6 semanas após a inundação como consequência do processo de redução do solo. Esse

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Embrapa Roraima, Caixa Postal 133, CEP 69.301-970, Boa Vista,RR. Fone (95)3628-4903. e- mail: roberto@cpaffrr.embrapa.br

2 Biólogo, MSs em Estatística, Embrapa Roraima

3 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Genética Vegetal, Embrapa Roraima 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de plantas, Embrapa Roraima

aspecto tem levado, durante algum tempo, a pesquisa desconsiderar esta linha como prioritária. Contudo pesquisas mostram efeitos positivos da aplicação de calcário em alguns solos, e em outros não, mesmo apresentando baixos níveis de cálcio e de magnésio (Lopes et al., 1995). Para as condições do Estado de Roraima onde os solos, em geral,

apresentam acidez elevada, baixos teores de Ca e de Mg, e como a cultura do arroz é semeada normalmente sobre o solo seco com a inundação do solo iniciada a partir dos 20 dias após a emergência das plântulas, a calagem é de fundamental importância para aumentar a disponibilidade dos nutrientes na fase inicial de desenvolvimento da cultura, bem como propiciar a rotação com outras culturas. Para tanto, executou-se este trabalho com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes doses de potássio e de calcário sobre a produtividade de grãos de arroz irrigado em áreas com diferentes anos de cultivo. MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi instalado na Fazenda Paraízo pertencente ao Sr Genor Afonso Faccio no município de Bonfim-RR, em várzea do Rio Itacutu. Conduziu- se dois experimentos no período de outubro de 2005 a janeiro 2006, instalados em duas áreas de solos classificados como Gleissolo Aplico Tb Distrófico. Um experimento numa área que já vinha sendo cultivada com arroz há sete anos a qual apresentava as seguintes características químicas e físicas: pH (H2O)=4,3; Ca = 0,83 cmolc dm-3; Mg = 0,46

cmolc dm-3; Al= 1,32 cmol c dm

-3; H + Al = 5,5 cmol c dm

-3, P = 1,7 mg dm-3; K= 86,0

mg dm-3; M.O= 24,3 g dm-3; areia = 52%; silte = 13%; argila = 35%. O outro

experimento foi conduzido numa área de terceiro ano de cultivo, apresentando as seguintes químicas e físicas: pH (H2O) =4,9; Ca = 0,38 cmolc dm-3; Mg = 0,21 cmol

c dm -3; Al =

1,25 cmolc dm-3; H + Al = 13,8 cmol c dm

-3, P = 2,6 mg dm-3; K= 19,6 mg dm-3; M.O=

95,1 g dm-3; areia = 35%; silte = 30%; argila = 35%. Os tratamentos constaram de

dois níveis de calcário (sem e com 1000 kg ha-1) e cinco níveis de potássio (0,0; 37,5;

75,0; 112,5 e 150 kg ha-1), respectivamente. Utilizou-se o delineamento em blocos ao

acaso no esquema de parcelas sub divididas com quatro repetições. As parcelas principais com área de 100 m2 (4 m x 25 m) foram constituídas pelos níveis de calcário e nas sub

parcelas com área de 16 m2 (4m x 4m) foram casualisados os níveis de potássio, cuja área

útil foi de 9 m2 (3m x 3m). Utilizou-se a cultivar BR IRGA 409, semeada a lanço, na

densidade de 150 kg de sementes ha-1. A adubação de plantio constou de 24 kg de

nitrogênio + 150 kg de fósforo + 1,8 kg de Zinco ha-1 e os níveis de potássio

estabelecidos como tratamentos. Em cobertura utilizou-se 200 kg ha-1 de uréia divididos em duas aplicações, efetuadas aos 15 e 45 dias após a emergência das plântulas. O sistema de irrigação foi por inundação contínua, com a lâmina de água iniciada a partir dos 15 dias após a emergência das plântulas e cortada 20 dias após a floração. Foi avaliado na área útil de cada parcela (10,0m2) a produtividade de grãos, com o peso corrigido para

13% de umidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os dados foram analisados através da análise de variância com aplicação do teste F (P<0.05) e as médias comparadas pelo teste de Tukey, cujos resultados são mostrados na Tabela 1 a e b. Na área de terceiro ano de cultivo (Tabela 1a), observa-se que a calagem favoreceu a produtividade de grãos de arroz em todos níveis de potássio, exceto com 112,5 kg ha-1, que foi estatisticamente igual. Quanto aos efeitos dos

níveis de potássio observa-se que no solo sem calagem, a produtividade de grãos foi afetada pela dose de potássio. As maiores médias (5.940 e 6.023 kg ha-1) foram obtidas

com 75 e112,5 kg ha-1 de potássio respectivamente, não diferem entre si, e superam em

cerca de 23% o valor alcançado sob o nível zero de potássio (4835 kg ha-1) que por sua

vez, foi estatisticamente igual ao obtido sob a dose de 150 kg ha-1 (5.535 kg ha-1). Isso

mostra que tanto a falta quanto o excesso de potássio afetaram negativamente a produtividade de grãos do arroz. Porém nas parcelas com 1,0 t de calcário, não houve diferenças significativas na produtividade de grãos, cujas médias obtidas sob os diferentes níveis de potássio foram estatisticamente iguais. Isso se deve a maior disponibilidade de nutrientes no solo tais como cálcio, magnésio, fósforo e potássio dentre outros, propiciada pela calagem e pelos níveis de potássio, uma vez que nesta área, o solo apresentava baixos teores desses elementos.

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II Congresso Brasileiro da Cadeia Produtiva do Arroz/VIII Reunião Nacional de Pesquisa do Arroz - Renapa

Por outro lado, as produtividades de grãos obtidas na área com sete anos consecutivos de cultivo (Tabela 1 b), apresentam uma tendência de aumento da média da propiciada pela calagem e pela aplicação do potássio. Embora não tenham sido influenciadas estatisticamente, pelos níveis de calcário nem pelos de potássio aplicados no solo, cujas médias não diferem entre si. Isso pode ser explicado pelo fato do solo desta área apresentar níveis razoáveis de cálcio, magnésio e de potássio, propiciado pelas adubações aplicadas nos plantios dos anos anteriores. Esses resultados corroboram com Fagueria (1999) o qual relata que o arroz irrigado, geralmente não responde a adubação potássica quando a análise do solo revela teor de potássio em torno de 50 mg dm-3.

CONCLUSÕES: a produtividade de grãos de arroz é afetada pelos níveis de potássio e de calcário, dependendo do tempo de cultivo da área. Em várzeas com três anos consecutivos de cultivo, a calagem com uma tonelada ha-1 de calcário favorece a

produtividade de grãos. Em áreas com sete anos consecutivos de cultivo a

produtividade de grãos de arroz não é influenciada pelos níveis de potássio nem pela aplicação de calcário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAGERIA, N, K. Adubação e calagem. In: VIEIRA, N. R. de A.; SANTOS, A.B. dos; SANTANA, E. P. (Ed). A cultura do arroz no Brasil. Santo Antônio de Goiás; Embrapa Arroz e Feijão, 1999. p. 329-353.

GIANLUPPI, D.; SMIDERLE, J.O.; Cordeiro, A.C.C.; PEREIRA, P.; NECHET, K.L. Deficiência de cálcio e magnésio. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2002, 5p. (Comunicado Técnico, 14. Embrapa Roraima, 2002).

LOPES, S. I. G.; LOPES, M. S.; MACEDO, V.R.M.; FRIZZO, C.; GADEA, A.D.C.;

TROJAHN, G.L. Resposta da cultura do arroz irrigado á aplicação de calcário. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 21, 1995, Porto Alegre, Anais... Porto Alegre: IRGA, 1995, p. 169-171.

MEDEIROS, R. D.de; do Ó. W. C. R; GIANLUPPI, D. Características química e físico- hídricas de solos de várzeas em Roraima. Boa Vista-RR, Embrapa Roraima. 2004, 13p. (Boletim de Pesquisa, 03. Embrapa Roraima, 2004)

SILVA, A. J; MELO, V. F; MEDEIROS, R. D. de. .Limitações nutricionais para a cultura do arroz em solo de várzea do Estado de Roraima. I. Efeito sobre características agronômicas. In: FERTIBIO 98. Caxambu, 1998. Resumos. Lavras, UFLA/SBCS/SBM. 1998. p. 562.

Tabela 1. Produtividades de grãos de arroz (kg ha-1) obtidas sob diferentes níveis de calcário e de potássio áreas no terceiro(a) e sétimo ano de cultivo (b).

Níveis de calcário (t ha-1) Níveis de potássio (kg ha-1) Área terceiro ano (a) 0 37,5 75 112,5 150

Com 1,0 t 5588 a A 6340 a A 6166a A 6054 a A 6048 a A Sem calcário 4835 b B 5833ab B 5940 a B 6023 a A 5535ab B

Área de sétimo ano (b)

Com 1,0 t 4730 a A 5427 a A 5530 a A 5448 a A 5375 a A Sem calcário 4505 a A 5008 a A 5025 a A 5225 a A 5210 a A

Onde: médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas e por maiúsculas nas colunas (dentro da mesma área) não diferem entre si segundo o teste Tukey, no nível de 5%.

MEIO DE CULTURA PARA QUANTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS

No documento Resumos, conferências. (páginas 34-37)

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