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ESTABILIDADE DE ARROZ DE TERRAS ALTAS DOS ENSAIOS DE VALOR DE CULTIVO E USO DE MINAS GERAIS, 2004/

No documento Resumos, conferências. (páginas 115-117)

SOARES 1, A. A.; REIS 2, M. de S.; CORNÉLIO3, V.M. de O.; SOARES4, P.C.; GUEDES5, J.M.;

SOUSA6, M. A. de.

INTRODUÇÃO: Os programas de melhoramento genético de arroz geram anualmente um grande número de linhagens que, após serem selecionadas nos ensaios preliminares, são testadas nos ensaios denominados de Valor de Cultivo e Uso (VCU), para uma determinada região de abrangência, ou uma ou várias unidades da federação. A grande dificuldade dos melhoristas é a de selecionar linhagens que apresentam bom desempenho em produtividade de grãos nos diferentes ambientes para os quais serão recomendados, ou seja, que ocorra a menor interação linhagem x ambientes. Assim, a determinação da estabilidade de produção de grãos das linhagens denominadas elites, dos ensaios de VCU, possibilita ao melhorista recomendar cultivares com maior segurança, diante das diferentes condições ambientais que, dentre outras causas, incluem anos, solo, clima, época de plantio, doenças e manejo da cultura. Existem inúmeras metodologias de avaliação da estabilidade (Atroch, 1999 e Matos, 2005), que diferem nas suas estimativas e sobretudo na interpretação. Portanto, cabe ao melhorista utilizar aquela que mais se aplica aos seus dados, aliada a maior facilidade de interpretação Esse trabalho teve por objetivo avaliar a estabilidade das linhagens de arroz de terras altas testadas nos ensaios de VCU de Minas Gerais, em 2004/2005, utilizando as metodologias de Lin & Binns (1988) e Annicchiarico (1992).

MATERIAL E MÉTODOS: Para avaliação da estabilidade, utilizaram-se os dados de produtividade de grãos dos dez ensaios de VCU, conduzidos em Minas Gerais, em 2004/ 2005 (UFLA, 2005), nos seguintes locais: Felixlândia, Lambari, Lavras, Patos de Minas, Patrocínio, Uberaba e Viçosa. Em todos os ensaios, testaram-se 20 linhagens e cultivares, utilizando delineamento experimental de blocos ao acaso com três repetições. As parcelas foram constituídas de cinco linhas de 5m, espaçadas de 0,40m e com densidade de 70 sementes/m. Como área útil, colheram-se os 4m centrais das três linhas internas. A adubação constou de 300 kg/ha da fórmula 8-28-16 + Zn(0,5%) no sulco de plantio e de 200 kg/ha de sulfato de amônio em cobertura, aos 40 dias após a semeadura. As práticas culturais utilizadas foram as usuais da cultura. A estabilidade das linhagens foi estimada pelas metodologias de Lin & Binns (1988) e Annicchiarico (1992):

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Um estudo que normalmente não é feito, mas de grande importância para ensaios finais de avaliação de linhagens, ou seja, os VCU´s, é o da estabilidade, uma vez que é desses ensaios que se recomendam as novas cultivares. As linhagens eleitas para lançamento geralmente são recomendadas para um ou mais estados da federação, com condições ambientais bastante diversificadas. Logo, a estabilidade de produção de grãos das novas cultivares deve ser avaliada com o objetivo de identificar as mais estáveis. Nesse contexto, estudou-se a estabilidade das 20 linhagens e cultivares avaliadas nos ensaios de VCU, conduzidos em Minas Gerais, em 2004/2005, utilizando-se os dados de produtividade de grãos. Assim, considerou-se cada ensaio um ambiente diferente, totalizando dez ambientes. Para maior eficiência do estudo, empregou-se dois métodos: Lin e Binns (1988) e Annicchiarico (1992).

Os resultados de avaliação da estabilidade pelos dois métodos estão apresentados na Tabela 1. A metodologia de Lin e Binns (1988) baseia-se na estimativa do parâmetro Pi, que mede o desvio da produtividade de uma dada linhagem em relação ao máximo em cada um dos

1 Prof. Doutor, Departamento de agricultura, UFLA. C.P. 37, 37200-000 Lavras-MG, e-mail: aasoares@ufla.br; 2 Pesquisador, D.Sc., EPAMIG. CTSM. Lavras –MG;

3 Pesquisador, D.Sc., EPAMIG. CTSM. Lavras –MG; 4 Pesquisador, D.Sc., EPAMIG. CTZM. Viçosa, MG; 5 Graduanda e bolsista de IC da UFLA/FAPEMIG. Lavras-MG; 6 Prof. Doutor, Departamento de Fitotecnia, UFV, Viçosa-MG.

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II Congresso Brasileiro da Cadeia Produtiva do Arroz/VIII Reunião Nacional de Pesquisa do Arroz - Renapa

ambientes. A linhagem ideal é aquela com menor valor de Pi e menor contribuição para a interação linhagem x ambientes. Por esta metodologia, a linhagem MG 1097 foi a mais estável (Pi=412000), apresentando desempenho muito próximo do máximo em cada ambiente. Além do mais, foi a que menos contribuiu para a interação (1,25%). A Curinga-3 comportou-se como a segunda mais estável (Pi=1232000), contribuindo com 3,19% para a interação. A testemunha ‘BRSMG Conai’ também mostrou uma boa estabilidade

(Pi=2340000) e sua contribuição para a interação foi de apenas 2,58% A pior linhagem nesse quesito foi a CNAs 10260, que exibiu um Pi=9245000 e sozinha contribuiu com 12,36% para a interação. Observando a Tabela 1, nota-se que, de modo geral, os materiais mais produtivos tenderam a ser também os mais estáveis.

O método de Annicchiarico (1992) utiliza o índice de confiança (Ii) da performance de uma determinada linhagem com relação à média do ambiente. Este método, estima a probabilidade de uma certa linhagem apresentar desempenho abaixo da média do ambiente. Neste caso, a MG 1097 foi a melhor de todas, ou seja, a de menor risco de ser utilizada pelos agricultores; na condição mais adversa, ela produz 19,12% a mais do que a média do ambiente. Em seguida, destacaram-se a Curinga-3, a MG 1096 e MG 1094 que possuem 75% de probabilidade de, na pior das situações, apresentarem produtividades 6,32%, 5,40% e 3,99%, respectivamente, superior a média do ambiente. A testemunha ‘BRSMG Conai’, por sua vez, produz igual a média do ambiente (Ii=99,72). Os demais materiais avaliados, em princípio, produzem abaixo da média do ambiente. À semelhança da metodologia anterior, na de Annicchiarico (1992), os materiais mais produtivos também tenderam a ser os mais estáveis. Portanto, nesse caso particular, os dois métodos de avaliar estabilidade foram altamente concordantes.

Quanto a produtividade de grãos, verifica-se que a Tabela 1 traz ainda a média geral dos dez ensaios para todos os tratamentos. A MG 1097 foi destacadamente o melhor material com média

Tabela 1. Estimativas dos parâmetros de estabilidade obtidas pelos métodos propostos por Lin e

Binns (1988) e Annicchiarico (1992), para produtividade de grãos (kg/ha), dos experimentos de Valor de Cultivo e Uso (VCU), conduzidos em condições de terras altas, no ano agrícola 2004/ 2005, em dez ambientes de Minas Gerais.

¹ Médias da coluna seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott-Knott- 0,05 (UFLA, 2005); ² Ponto de corte (Cut Off Point) = F(0,05) *Qmerro = 898,3. Pi

menor que este valor não difere significativamente do máximo (p.0,05). ³ Ii – Índice de confiança; o nível de significância adotado foi de 0,25.

Linhagens e Produtividade¹ Pi/1000 ² Contribuição para Ii³

cultivares (kg/ha) a interação (%)

MG 1097 5250 a 412 1,25 119,12 CURINGA-3 4935 b 1232 3,19 106,32 MG 1096 4782 b 1636 3,53 105,40 MG 1094 4579 c 1995 2,25 103,99 BRSMG Conai 4490 c 2340 2,58 99,72 MG 1084 4426 c 2582 2,69 98,64 CARISMA 4300 c 3463 5,15 90,39 CNAs 10227 4277 c 3553 5,12 92,43 MG 1089 4238 c 3863 6,04 91,00 CNAs 8957-1 4109 d 4065 3,90 89,21 CNAs 10217 4089 d 4219 4,26 86,75 CNAs 8938-1 4014 d 4445 3,52 89,61 CANASTRA 3884 d 4919 2,45 86,98 MG 1078 3834 d 5803 6,16 79,38 JAPONÊS 3819 d 6152 7,79 78,87 YIN LU 31 3696 e 6649 6,61 72,25 CAIAPÓ 3649 e 7008 7,14 79,77 MG 1093 3570 e 7376 6,49 69,22 CNAs 10260 3429 e 9245 12,36 57,26 CNAs 8817-2 3137 f 10481 7,47 61,75 Média 4125 Nº de Ambientes 10

de 5250 kg/ha, superando os demais estatisticamente. Em seguida, destaca-se a Curinga-3 (4935 kg/ha) e a MG 1096 (4782 kg/ha), que foram similares estatisticamente e superiores às melhores testemunhas (‘BRSMG Conai’ - 4490 kg/ha e ‘Carisma’ – 4300 kg/ha). Outras linhagens de grande valor e com grande destaque visual no campo são: MG 1094 (4579 kg/ha), CNAs 10227 (4277 kg/ha) e MG 1089 (4238 kg/ha). A MG 1084, embora produtiva, possui baixo teor de amilose e alta temperatura de gelatinização, conferindo-lhe baixa qualidade culinária, portanto, foi descartada. Utilizando-se os resultados de produtividade de grãos, altura de planta, ciclo, resistência às principais doenças, dimensões de grãos descascados e de rendimento de grãos inteiros (UFLA, 2004 e UFLA, 2005), selecionaram-se as linhagens MG 1096 e MG 1094 para lançamento em todo estado de Minas Gerais. Dessa forma, o estudo de estabilidade foi de grande importância para dar maior segurança aos melhoristas quanto ao desempenho das referidas linhagens na região de abrangência que serão recomendadas, uma vez que ambas as linhagens mostraram excepcional desempenho no quesito estabilidade de produção (Tabela 1).

CONCLUSÕES: (a) As linhagens mais produtivas apresentam tendência de maior estabilidade de produção de grãos; (b) As cultivares BRSMG Conai e Carisma e as linhagens MG 1096 e MG 1094, a serem lançadas para Minas Gerais, possuem boa estabilidade de produção de grãos, e (c) As metodologias de Lin e Binns (1988) e Annicchiarico (1992), são

concordantes para avaliação de estabilidade de produção de grãos de linhagens de arroz. AGRADECIMENTOS: À FAPEMIG pelo financiamento do projeto de pesquisa

“Melhoramento Genético de Arroz para Terras Altas em Minas Gerais” e ao CNPq pela concessão de bolsa ao coordenador do referido projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANNICCHIARICO, P. Cultivar adaptation and recomendation from alfafa trials in Northern Italy . Journal Genetics Breeding , Italy , v.46 , n.1 , p. 269-278 , mar.1992.

ATROCH, A.L. Adaptabilidade e estabilidade de linhagens de arroz de sequeiro avaliadas em Minas Gerais no período de 1993/94 a 1995/96. Lavras: UFLA, 1999. 67p. (Dissertação-Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas).

LIN, C.S.; BINNS,M.R. A method of analysing cultivars x location x year experiments: a new stability parameter. Theoretical Applied Genetics, Berlim, v.76, p.425-430, 1988. MATOS, J. W. de. Melhoramento genético do feijoeiro em Minas Gerais. Lavras: UFLA, 2005, 63p. Tese de Doutorado.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS. Melhoramento genético de arroz para terras altas em Minas Gerais. Lavras: UFLA, 2004. 34p. (Relatório de pesquisa apresentado à EMBRAPA em 2004). UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS. Melhoramento genético de arroz para terras altas em Minas Gerais. Lavras: UFLA, 2005. 52p. (Relatório de pesquisa apresentado à FAPEMIG em 2005).

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