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SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE SEMENTES DE ARROZ DURANTE O ARMAZENAMENTO

No documento Resumos, conferências. (páginas 93-95)

VIEIRA1, A.R., SILVA2, E.M., OLIVEIRA3, J.A., GUMARÃES4, R.M., SOARES, A.A5.

INTRODUÇÃO: As sementes de arroz geralmente apresentam dormência

póscolheita que, dependendo da cultivar, pode persistir por vários meses durante o armazenamento. Nesse contexto, o monitoramento da dormência de sementes de cultivares irrigadas de arroz, sem dúvida, é um ponto importante a ser

considerado quando se quer encontrar indicadores que possam determinar a velocidade com que ela vem sendo superada. Embora, do ponto de vista fisiológico, alguns aspectos relacionados com o mecanismo da dormência em sementes de arroz já tenham sido elucidados, existem, no entanto, pontos a serem estudados. Sendo assim, diversas técnicas utilizando atividade enzimática como método de avaliação da viabilidade das sementes, têm sido pesquisadas. Apesar de somente algumas das muitas enzimas envolvidas no processo serem

investigadas e existir ainda necessidade de muitos estudos nessa área, algumas técnicas têm-se mostrado promissoras (Bragantini, 1985). Entre elas estão a eletroforese e a espectrofotometria. Estas técnicas possuem as vantagens de serem confiáveis, requererem pequenas quantidades de amostras e permitirem análise simultânea de diversos lotes, além de conferirem rápida separação com alta resolução. O objetivo desse trabalho foi correlacionar as alterações que ocorrem durante o período de dormência das sementes de arroz, armazenadas sob

diferentes condições de temperatura e umidade relativa, com testes fisiológicos e de atividade enzimática de a-amilase.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada em 2003 e 2004, utilizandose sementes básicas de arroz, cultivar Rio Grande, produzidas pela EPAMIG, com 13% de umidade e com alta intensidade de dormência detectada pelo teste em estufa de circulação forçada de ar a 40oC por sete dias (Vieira et al., 1994). A seguir, foram acondicionadas em sacos de papel multifoliado e armazenadas por 12 meses, em armazém convencional e em câmara fria e seca (10ºC e 50% UR) na UFLA em Lavras, e em armazém convencional na EPAMIG em Patos de Minas. Trimestralmente foi realizado o teste de germinação (Brasil, 1992), e determinada a atividade de a-amilase por meio da eletroforese em gel de poliacrilamida (Alfenas et al., 1998) e pela espectrofotometria (Noelting e Bernfeld, 1948).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela Figura 1, pode ser verificado que a

germinação das sementes mantidas em armazém convencional, em ambos locais, aconteceu de maneira mais rápida que as da câmara fria e seca, indicando que temperaturas mais altas no armazenamento reduzem a dormência das sementes. Observa-se também que para a câmara fria e seca, a maior germinação ocorreu no 12º mês de armazenamento, enquanto em armazém convencional foi a partir do 6º mês. No entanto, a partir do 9º mês houve uma tendência de redução da

1Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Pesquisador/EPAMIG/CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200 -000, Lavras, MG. Fone (35) 38291328, e-mail: arvieira@epamig.ufla.br

2Engenheiro Agrônomo, Pesquisador/EPAMIG/CTSM, Lavras, MG. 3Biólogo, Doutor em Agronomia, Professor/UFLA, Lavras, MG.

4Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Professor/UFLA, Lavras, MG. 5Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Professor/UFLA, Lavras, MG.

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II Congresso Brasileiro da Cadeia Produtiva do Arroz/VIII Reunião Nacional de Pesquisa do Arroz - Renapa

porcentagem de germinação nas condições de armazém convencional, devido à

deterioração natural das sementes. Comparando-se a Figura 2 (sementes dormentes) com a Figura 1, observa-se uma relação inversa, o que já era esperado, pois, onde a porcentagem de sementes dormentes foi menor a de germinação foi maior. Nos resultados referentes à análise eletroforética (Figura 3) verifica-se que houve uma baixa atividade de a-amilase nas sementes no início do armazenamento e que, naquelas onde se aplicou tratamento para superar a dormência a atividade foi alta, indicando uma relação direta entre a atividade dessa enzima e a dormência das sementes. A partir do sexto mês de armazenamento a atividade de a-amilase atingiu os níveis mais elevados permanecendo até o final do ensaio.

Fig. 1. Estimativa da

porcentagem de germinação de sementes de arroz armazenadas por 12 meses em Lavras e Patos de Minas.

Fig. 2. Estimativa da

porcentagem de sementes dormentes de arroz, armazenadas por 12 meses em Lavras e Patos de Minas.

Fig. 3. Perfis eletroforéticos de atividade enzimática de a-amilase, em sementes de arroz recém-germinadas.

De maneira semelhante, observa-se que, para as sementes armazenadas na câmara fria e seca a atividade da a-amilase aumentou de maneira gradativa, atingindo os maiores níveis aos 12 meses. Resultados similares foram obtidos pela espectrofotometria na quantificação da atividade dessa enzima (Tabela 1). Embora os valores de atividade encontrados pela espectrofotometria, no final do armazenamento, sejam maiores nas sementes do armazém convencional, esta superioridade não foi constatada da mesma forma pela eletroforese e nem nas avaliações fisiológicas. Provavelmente, a partir de um certo nível de atividade, não

ocorre aumento correspondente na degradação do amido.

CONCLUSÕES: A superação da dormência das sementes de arroz é influenciada pelo tempo e condições de armazenamento. Em armazém convencional, as sementes superam a dormência em tempos menores do que quando armazenadas em câmera fria e seca e que, os padrões eletroforéticos e de atividade de a-amilase, podem se constituirem em importantes técnicas a serem empregadas como marcadores da intensidade de dormência das sementes de arroz.

AGRADECIMENTO: A FAPEMIG pelo financiamento dessa pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALFENAS, A.C.; DUSI, A.; ZERBINI JÚNIOR, F.M.; ROBINSON, I.P.; MICALES, J.A.; OLIVEIRA, J.R.; DIAS, L.A.S.; SCORTICHINI, M.; BONDE, M.R.; ALONSO, S.K.; JUNGHANS, T.G. & BRUNE, W. Eletroforese de isoenzimas e proteínas afins: fundamentos e aplicações em plantas e microorganismos. Viçosa: UFV, 1998. 574p. BRAGANTINI, C. Conservação de Sementes. Brasília: MEC, 1985, Módulo 7, 18p. (Sementes: Curso de especialização por tutoria à distância). BRASIL. Ministério da

Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/ CLAV, 1992. 365p.

NOELTING, G. & BERNFELD, P. Sur les enzymes amylolytiques III-La ƒÒ amylase: dosage d’activeté et contrôle de l’absence d’a-amylase. Helvetica Chimica Acta, Basel, v.31, n.1, p.286-290, 1948.

VIEIRA, A.R.; VIEIRA, M.G.G.C.; CARVALHO, V.D. de; FRAGA, A.C. Efeitos de tratamentos pré-germinativos na superação da dormência de sementes de arroz e na atividade enzimática da peroxidase. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.29, n.4, p.535-542, Abr.1994.

No documento Resumos, conferências. (páginas 93-95)

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