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Currículo, livro didático e metodologias de aulas da EJA no acampamento

Capítulo 3: O acampamento Elizabeth Teixeira: o protagonismo da EJA nas

3.7 Currículo, livro didático e metodologias de aulas da EJA no acampamento

O currículo é o elemento chave para uma educação justa e de qualidade. A proposta de uma Educação do Campo em superação à Educação Rural, é que os sujeitos do campo sejam valorizados, compreendidos em sua pluralidade e heterogeneidade e que essa educação saiba lidar com os diferentes saberes, valores e especificidades culturais. Um currículo que se apresente engessado em uma verticalidade política e ideológica não deve servir para nenhuma escola, muito menos para as escolas do campo. Pensar em um currículo permeável e moldável às especificidades de cada grupo que o implementa é essencial para as escolas do campo. O projeto aprovado nessa primeira fase pelo Incra em parceria com o MEB tem por finalidade práticas curriculares que abordem a alfabetização de Jovens e Adultos e isso parece que não está sendo ignorado, porém, como lidar com a especificidade de uma sala como a do acampamento Elizabeth Teixeira, e provavelmente de muitas outras dessas 25 implementadas no estado de São Paulo?

Podemos ouvir o que os sujeitos envolvidos tem a dizer sobre essas questões,

Nessa primeira etapa eu acho que o currículo não é adequado, tanto que a gente pode ver, principalmente, no material didático. Dá para ver que o MEB não trabalha só com o campo, trabalha com a cidade também e usa um material só. Eu não sei se ainda está em pé, mas tinha a proposta de trabalhar com um material só para o campo. Eu não sei como vai ficar isso! A gente poderia ajudar a construir o nosso próprio material didático. O material que temos hoje é nítido que ele é um material mais voltado para a cidade do que para o campo. Por que, por mais que o MEB abranja áreas com pessoas carentes, dá para ver que o material tem mais

cara de cidade mesmo. Até as figuras, os educandos percebem e comentam bastante delas, muitos já falam “ah, essa foto poderia ser na verdade assim, assim e assim...”, diferente do que é. Por exemplo, no tema “trabalho”, tem a foto de um jardineiro com um jardim super lindo, cheio de orquídeas e coisas assim, aí eles até falam “ah, poderia ter uma foto de uma roça bem bonita de mandioca, de um trabalhador com uma enxada...”. É legal por que eles já dão sugestões do que ficaria melhor. (Leonela)

Por exemplo, são 1 ano e 8 meses esse primeiro ciclo, é muito tempo, muito tempo para nós! De 1° a 4° série é uma fase mais fácil, então poderia ser um ensino um pouco mais forte, que durasse 1 ano, que eles já tivessem a oportunidade de já prestar a prova, para eles verem se tem chance ou não. Por que prestando uma prova, eles vão ver o que tem mais dificuldade e aí eles podem voltar e estudar mais o que eles estão precisando. Eu acho um período muito longo, acho que deveria ser menos tempo para dar a oportunidade de prestarem uma prova, pois eles nunca prestaram uma prova na vida. Aí de 5° a 8° aí sim, é mais difícil e aí eu acho que poderia ser um período maior mesmo. Daí poderia ser 1 ano e 8 meses, por que são mais coisas, é raiz quadrada em matemática, matéria de Geografia, História, Química, Física, que é outra coisa, é bem mais difícil. A gente que estudou na escola regular sabe, eu adoro Química mas odeio Física! (Iveline)

Bom, em grande parte foi muito bom vir o PRONERA, por que muitas pessoas ficaram com a esperança de ter um diploma mesmo, por que a maioria quer o diploma e se esforçam para isso, mas tem coisas que são um pouco fora de contexto. Alguns assuntos são adequados para a dificuldade que eles apresentam, outros assuntos não, muito difíceis ou não tem nada a ver! De matemática, por exemplo, não tem quase nada no livro, a gente que passa coisas por fora mesmo. Tem mais Português, agora Ciência, Geografia, não tem quase nada e a gente que acaba colocando por fora também. Tem algumas atividades de matemática, muitas de Português, isso a gente está usando bastante e como cada um tem um livro, é bom por que assim cada um lê um pouco para ir melhorando a leitura. Igual nas provinhas que tivemos agora a pouco tempo, vieram prontas para a gente aplicar. Não tinha nada a ver com o meio rural, tinha lá umas coisas tipo, “Maria foi não sei aonde pra comprar botão etc …” Tinham muitas pegadinhas, que eram legais, acho pegadinha super legais, por que você lê e você não entende de cara, aí eu lia e achava que estava certo, aí lia de novo e pensava que a resposta era outra. Isso acho legal, teve pergunta na provinha, com uma frase e uma palavra difícil, aí

mandava o educando ler e aí ele lia e com dificuldade em algumas palavras, ele engasgava. Então tinha a avaliação para o educador responder sobre a frase que e o educando leu, era assim: a) leu e gaguejou b) travou muito e não conseguiu terminar a palavras, sabe umas coisas assim para a gente avaliar. Mas eles foram bem, a maioria foi bem, as vezes engasgavam, mas terminavam. Nenhum parou na metade, mas tinha umas coisas que não tinham nada a ver, sabe? Os textos do livro e da prova, dava para ver que são mais adequados para a realidade da cidade do que do campo. (Iveline)

É, depende da dificuldade do pessoal, não é? Por que dependendo da dificuldade de cada um é bom, por que um ajuda o outro. A gente tem espaço para ver o que cada um sabe ou precisa, é bom um ajudar o outro, é legal. O livro tem bastante coisa, mas as professoras trazem muita coisa relacionada com o dia a dia aqui das pessoas que no livro não tem tanto. Acho que os assuntos são bons e ajudam as pessoas que não precisam aprender a ler e escrever. (Paulo)

Bom, no caso do pessoal que tem mais dificuldades, o pessoal que está mais nas primeiras fases de começar a conhecer as letrinhas, eu acho que o livro puxa um pouco mais, mas aí como as educadoras estão sempre ali, mostrando, ensinando isso é bom. A Leonela leva sempre Xerox de materiais para ajudar eles. Eu mesma já falei para ela levar umas coisas de pré escola, letras com desenhos para ajudar a pessoa a relacionar, identificar mais as letras, acho que ajuda bastante! (Cora)

Sobre o livro didático, as narrativas acima já apresentaram algumas pistas em relação às opiniões dos sujeitos sobre ele. A seguir trazemos algumas narrativas que complementam essa críticas e também apresentam outras visões,

Acho que o material é bom sim, nós recebemos lápis, canetas, cadernos e o livro. Acho que é o básico, o livro não é difícil de entender, tem uma leitura bem simples, tem muita coisa que a gente se identifica como moradores aqui do assentamento. Acho que é um material bom, de fácil leitura, de fácil compreensão! (Cora)

O livro é bom, tem bastante coisa interessante que eu não sabia. Tem partes que ele é legal e fala de coisas boas, mas tem outras que não, fala de umas coisas que não tem muito a ver com a gente aqui. Eu gosto de Ciências e queria ter aulas aqui! (Paulo)

fora da realidade, aí essas entram naquela lógica das aulas que eu não daria, por que são muito fora da nossa realidade, tanto que até tem coisas no livro que eu pulei por que senão ficaria umas coisas, alguns temas, muito desconexos! (Leonela)

Olha, o material dourado eu achei muito legal, a gente usou bastante! Bastante coisa, dos materiais como lápis, caneta, caderno, a mochila foi ótimo, o problema é o livro! O livro não tem nada a ver com o EJA no campo, o EJA no acampamento, nada a ver! Por exemplo teve uma página que era sobre as mulheres e o trabalho, qual a foto que tinha na página representando as mulheres trabalhadoras? Uma frentista! Nada a ver, tinha que ter uma mulher com uma enxada, ou uma mulher na feira, essas coisas que tem mais a ver com o campo! Agora, uma mulher frentista? Pode até ter em algum assentamento, mas é bem mais difícil do que uma mulher que trabalha na roça, muito desconexo da realidade deles. Tem coisas do livro que dá para usar, algumas atividades são muito boas, mas tem muita coisa repetida que a gente até pula, tem pergunta que parece que é diferente, mas tem o mesmo sentido e também é bastante desnecessário, é muito frustrante! Não vou falar que o livro inteiro é ruim! Não é totalmente, tem algumas coisas bem legais também, como o alfabeto, que no início usamos bastante. O material dourado também usamos bastante com o livro! Usamos também uns origamis, a gente se divertiu! A gente usa o livro, fazemos quase todas as atividades, mas não seguimos a risca o livro. Fazemos todos os temas, sentamos e pensamos como podemos adaptar a ideia do tema para a nossa realidade. Na aula a gente tem que refazer o livro! (Iveline)

Imagem 16: O livro didático da EJA. Tema 5: “Educação”. Abaixo da imagem de uma menina triste à janela de sua casa, há os seguintes dizeres: “Esta meninas é a Zélia. Zélia é filha da Ana e do José. Ela não sabe ler nem escrever. Zélia não vai para a escola. O povo todo deve estudar.” (Arquivo cedido pela educadora Leonela)

Imagem 17: A capa do livro didático da EJA. Título: Saber, Viver e Lutar. ALFABETIZAÇÃO Educação de Jovens e

Adultos. Organizador: Movimento de Educação de Base – MEB. Editora Moderna.

Para Cora e Paulo, o livro didático é um bom material, de fácil compreensão e fácil leitura, muito provavelmente por ambos já saberem ler e escrever com bastante facilidade. Paulo acha bom, mas percebe que não há muita relação com sua vida. Já as educadoras reconhecem que o livro “tem coisas que dá para aproveitar”, mas que é um material elaborado para a realidade do meio urbano, com temas geradores e principalmente imagens que não dialogam com a Educação do Campo a que se propõe. Não queremos cair em uma discussão aqui, onde o discurso do “melhor com ele, pior sem ele” prevaleça. Temos a plena noção do quanto todos nós esperamos o PRONERA chegar no acampamento Elizabeth Teixeira e da felicidade que não cabe em todos nós, envolvidos nesse programa. Porém, é importante analisarmos de que forma as políticas públicas chegam, principalmente, em áreas vulneráveis e sem assistência nenhuma. Ter o livro didático é um direito conquistado pelas lutas dos movimentos sociais do campo junto à luta pelo PRONERA, porém esse direito deve ser cumprido em sua íntegra e se não, será sempre analisado criticamente e cobrado daqueles que assumiram a função de fazê-lo.

Para as educadoras, está muito claro qual deveria ser o papel delas e como elas poderiam e gostariam de contribuir com a montagem de um material didático para sua comunidade e para os sujeitos do campo, senão será sempre “frustrante”, como conta Iveline. Cotidianamente, elas parecem, de uma forma bastante certeauniana, “inventar o cotidiano” (CERTEAU, 2011) da sala de aula, “refazendo o livro” e adaptando os temas para a realidade deles e delas. Todo esse esforço desprendido cotidianamente para adaptar o livro ao campo poderia ser utilizado por elas em outras atividades, sendo esse mais um motivo de sobrecarga no trabalho das educadoras.

discutidos com todo o grupo envolvido, o que mostra a autonomia do grupo em relação a currículos ou normas pré-estabelecidas; a dinâmica da sala de aula é ditada pelo próprio grupo e discutida coletivamente durante as aulas. Assim, as aulas já ocorreram uma vez por semana na parte da manhã, já ocorreram na parte da tarde ou até aos finais de semana. Cerca de três anos para cá, a turma se firmou às segundas, terças e quintas, no horário das 19h às 21:30, com 15 minutos para o lanche em horário a combinar. Às quartas feiras já tentou-se que também houvessem aulas, porém, a maior parte dos cultos religiosos lá dentro são às quartas feiras, o que impediria mais da metade dos educandos e educandas de participarem das aulas. As sextas feiras a maior parte da turma reserva para arrumar seus produtos para as feiras, que costumam ocorrer aos sábados e domingos. Poucas vezes no ano, acontecem mudanças de horários, por exemplos aulas mais curtas ou iniciando um pouco mais tarde, devido à épocas de colheita ou trabalho externo, “bicos”, que educandos e educadoras geralmente conseguem na cidade. Geralmente, esses trabalhos envolvem a maior parte deles e delas e a questão é sempre coletiva, mas as aulas dificilmente não ocorrem. A seguir as narrativas de Cora e Paulo podem nos contar o que acham dos horários de aulas,

Olha, eu particularmente acho adequado o horário e não acho ao mesmo tempo, por que o pessoal aqui levanta muito cedo para trabalhar na roça. Então, chega a noite o pessoal está cansado para ir estudar. Tem também o caso do pessoal que mora longe, no nosso caso aqui meu genro vai buscar e levar, mas mesmo assim acabam chegando tarde em casa. Mas, eu em particular gostaria que fosse mais cedo, pois também trabalho fora e sai do trabalho às 3 horas da manhã. Eu estava até tendo problemas de saúde e a médica me recomendou dormir às 7h da noite para poder ter mais tempo de sono. Se talvez fosse mais cedo seria melhor, mas aí tem que pensar nos outros, tem as mães que tem filhos, tem que esperar chegar da escola, fazer janta, deixar pronto, é uma coisa meio complicada, mas a gente vai dando um jeito. Até agora eu não vi outra maneira de fazer isso, mesmo por que não é todo dia, são três vezes na semana, então acaba dando para se virar. Eu acho que se fosse todos os dias de aulas, as dificuldades aumentariam e menos gente participaria. Claro que seria bom, mas acho que complicaria mais! (Cora)

É bom, mas eu acho que deveria ter aula todos os dias! Qualquer horário para mim está bom, mas aí tem que ver com o resto do pessoal. Para alguns é difícil participar por que trabalha desde cedo, o dia todo e aí a noite vai para a aula, fica cansativo, mas aí tem que ver como faria. (Paulo)

É importante observamos que tanto Cora quanto Paulo teriam vontade de ter aulas todos os 91

dias, para Paulo qualquer horário seria bom, para Cora nem todos, pois ela trabalha durante a madrugada. Mas é importante já destacarmos a noção de coletivo que ambos mostram ter. Por mais que algumas mudanças fossem boas para os dois, eles tem dúvida se seria bom para todos, pois “tem quem trabalhe o dia todo”, “tem as mães que tem filhos”, por isso “teria que ver com o resto do pessoal” e como diz Cora, “até agora eu não vi outra maneira de fazer isso”. Pode ser que haja mudanças no trajeto da turma, pode ser que a EJA ganhe mais um dia na semana deles, mas também pode ser que perca, isso não dá para prever e nem para julgar. O que o coletivo decidir junto, é o que sempre deve prevalecer e esse é o princípio dos Círculos de Cultura.

As metodologias utilizadas em aulas, como já apontamos anteriormente, advém em grande parte, dos estudos coletivos sobre o método Paulo Freire, que continua balizando os momentos de planejamentos das aulas. Mesmo que o livro não seja seguido à risca, muitas aulas são baseadas nele, mas reinventadas durante o planejamento e muitas vezes reinventadas novamente quando chegam à sala de aula, esse fazer, refazer, inventar e reinventar, não deixando de lado a questão política e crítica da educação, acreditamos que seja possível apenas quando os envolvidos estão inseridos em um contexto de Educação Popular, é o que nos mostram as narrativas a seguir,

As aulas aqui são muito diferentes da escola normal da cidade, por que aqui a gente convive, conversa com o pessoal, a gente tem uma comunicação melhor e isso é bom, a gente trabalha em grupo, é melhor! Por que na escola normal, eu pelo menos, não tinha essas dinâmicas aí, por isso eu gosto daqui. Quase todas as aulas estão sendo boas, eu não gosto muito, pra mim, de rever todas as letras, as sílabas, tudo de novo, mas também é bom por que assim está ajudando e ensinando as outras pessoas. (Paulo)

Acho até agora não faltou conteúdos que quiséssemos ter discutido e não tivemos espaço, acho que não! Nós até já fizemos aulas que estavam no livro, que foram propostas deles, coisas que eles queriam saber mas que não estavam no livro, aí eu pesquisei na internet e em outros livros e fiz. Por que nós não somos obrigadas a seguir sempre o livro, então dá para montar algo diferente. (Leonela)

A gente sempre está vendo com eles, as necessidades deles e o que eles precisam. A gente sempre procura perguntar o que eles estão achando e o que eles ainda querem aprender, então um tem uma dificuldade, aí o outro ouve e fala que também não sabe aquilo, aí vão falando o que tem interesse, dificuldades, e nós procuramos preparar uma próxima aula que foque naquilo que eles trouxeram.

Um pouco do que eles estão precisando! (Iveline)

Os educandos sem dúvida preferem mais Matemática, mas também é interessante quando a gente pega um tema, principalmente relacionado com o acampamento, com a rotina deles, eles começam a participar mais, a dar opiniões e a partir daí a gente começa a ver o senso crítico deles, não é? Então acho que isso é bem importante, pois não adianta nada a gente ir lá, montar uma aula cheia de coisas e eles ficarem quietos e não saberem nem opinar. Então, na hora que eles estão falando, que estão se mostrando interessados é muito bom! Na hora das perguntas, essa é a melhor parte, eles começam a fazer perguntas e ficam querendo saber algumas coisas relacionadas ao tema, mas que eu não mencionei, isso é muito legal! (Leonela)

No dia que a gente chega na escola e está todo mundo desanimado fica chata a aula. Você chega lá e o pessoal já está bem cansado, mas que a gente entende que é pelo cansaço do dia de trabalho! As vezes por algum outro motivo também, eles estão desanimados e a gente tenta puxar, as vezes eles pegam as coisas e as vezes não, aí a coisa não flui. Como temos o livro, que é um material que está imposto para nós, não necessariamente a gente precise seguir, mas muitas coisas a gente tem que dar, então mesmo coisas que não tem, por exemplo fui dar uma aula de porcentagem por que achei que seria muito interessante por que eles lidam com isso todos os dias. A princípio, na minha cabeça e seguindo o livro, eles tinham entendido, mas aí vi que poucos entenderam e a maioria pediu para deixarmos para outra vez, para discutir mais para frente. Acho que temas que estão no dia a dia, mas que não são muito simples na teoria para eles relacionarem fica difícil e exige mais preparo e outros elementos para eles dominarem antes de entrar naquilo. Por exemplo, porcentagem está no cotidiano deles mas eles não lidam com essas contas a todo o momento, então fica difícil para visualizarem ali no papel, na conta. Eu dei até um exemplo, onde as vezes você passa na frente de uma loja e vê uma promoção como “fogão com tantos por cento de desconto, você imagina quanto em dinheiro isso é?”, ou senão, você vai comprar algo no boleto e tem um acréscimo de tantos por cento, você tem noção de quanto em dinheiro isso é? Ninguém tinha isso. Quando eu levo a matéria “porcentagem” para eles, não faz muito sentido o que seja porcentagem, mas quando eu dou esses exemplos aí sim eles conseguem visualizar. (Leonela)

A aula mais interessante que eu acho, na minha opinião, é aquela que eles 93

precisam, que eles tem mais dificuldade. E ainda, aquelas aulas que são mais relacionadas a nossa vida, nossa vida diária, aos conhecimentos e acontecimentos daqui. A coisas que tem a ver com a nossa realidade. Por exemplo vai fazer um problema: “Maria foi à feira para vender mandioca...”, que é uma coisa que ela sempre faz, aí se torna interessante para ela e para eles, por que eles se veem na aula. É importante que a gente aplique uma coisa que eles querem aprender ao cotidiano deles. Por exemplo, nas aulas de matemática, a gente procura utilizar como exemplos frutas, legumes e outras coisas que eles estão acostumados a contar, aí é muito empolgante para nós e pra eles. Para você ter ideia, eles já estão dominando a divisão e nós estamos tentando começar a ensinar a divisão