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3 O PROCESSO FORMATIVO ATRAVÉS DO EXERCÍCIO DE

3.17 DÉCIMA PRIMEIRA ATIVIDADE: CENA COM PERSONAGEM

É uma atividade que se realiza em uma única aula, partindo do prévio conhecimento de todos os alunos que são responsáveis pelo seu aquecimento e pelo tempo necessário à sua caracterização.

RODA DE PERSONAGENS com ESTÍMULOS DO CONDUTOR: Círculo no centro da sala com todos os alunos-atores:

a) “Qual o antecedente da sua cena? Quais circunstâncias antecedem exatamente o começo de sua cena? Onde sua personagem está ou de onde chega? Qual o seu estado emocional?”

b) “Qual o gráfico de emoções utilizado em sua cena? Repasse mentalmente, racionalmente, cada uma das cinco variações solicitadas. Como e onde sua cena começa e como se desenvolve até o fim.”

c) O círculo é desfeito. Os alunos andam pelo espaço fazendo uma rápida pesquisa de andar, postura, olhar e respiração com atenção aos seus pontos de segurança. d) O aluno deve buscar um lugar na sala e, concentrando-se, repassar neste espaço

– sem verbalizar – sua movimentação e gráfico de emoções da cena. O condutor deve dar no máximo sete minutos para esta ação.

APRESENTAÇÃO:

O condutor comanda um retorno ao círculo e determina a ordem das apresentações. Reforçar com os alunos que durante as apresentações das cenas não devem existir manifestações da platéia. Concluídas as apresentações, o condutor comenta e analisa as cenas apresentadas.

É o primeiro feed-back da eficiência da personagem em cena. É o retorno para o aluno daquilo que o condutor percebe como forte e frágil em seu trabalho.

NA PRÓXIMA ATIVIDADE...

Após o feed-back, o condutor informa a todos que para a próxima atividade, devem novamente estar caracterizados com o figurino da personagem. Além disto, finalmente o condutor revela o objetivo final do processo, a extensão do trabalho de sala de aula: o dia em que as personagens irão para a rua.

A atividade das personagens na rua é realizada, tradicionalmente, num dia de sábado. Evidentemente, o anúncio desta atividade é um momento de grandes expectativas, dúvidas e perguntas. Mas, o condutor não deve se perder, querendo responder a todas as perguntas. Deve esclarecer os pontos que servem como base para todos, para contemplar as dúvidas individuais, somente após as instruções gerais.

No dia do trabalho na rua, o curso será dividido em duas turmas: uma para a manhã e outra para a tarde. Contudo, todos os alunos estarão presentes nos dois turnos. Num turno,

alguns estarão atuando e outros sendo acompanhantes, relatores. No outro turno haverá o revezamento das funções. Serão feitas duplas, deste modo, nunca ninguém estará sozinho.

A rua é o local onde a personagem buscará contatos reais para a apresentação do seu conflito. Estes contatos não devem ser forçados, mas resultado da intensidade do trabalho. São duas pessoas que conversam naturalmente – sendo que uma é uma personagem de ficção. É o momento em que a personagem se arrisca a revelar suas fragilidades. Os contatos devem buscar o olhar e a atenção do espectador sem deixar revelar que aquela “fatia de vida” não é real.

O figurino pode ser revisto, por se tratar de um dia de sábado, mas poucas devem ser as alterações. O condutor deve esclarecer que um prévio “roteiro” será elaborado por cada aluno e que todos possuem tempo para tal. A ansiedade dos alunos deve ser contida pelo condutor através dos inúmeros exemplos de boas experiências com este exercício e reforçando que o bom senso deve nortear este dia, já que ninguém estará indo para a rua para “representar”, mas sim, para vivenciar e aprender. Quanto aos acompanhantes/relatores, estes não devem ser percebidos pelas pessoas que interagirem com a personagem. É alguém que está próximo ao personagem, mas sem se fazer notar.

INDICAÇÕES AO CONDUTOR SOBRE A CENA:

O condutor deve registrar o grau de cuidado com que cada aluno preparou a sua cena; avaliar se o aluno compreende o antecedente da cena, o gráfico de emoções e se realiza uma estrutura de cena com começo, meio e fim. O condutor deve valorizar os alunos que trabalharam no preparo da cena, que demonstraram esta dedicação. É importante o aluno perceber que sua segurança em cena depende do trabalho anterior à apresentação.

Os comentários sobre as cenas não devem ser sumários, como: “a cena está boa ou está ruim”. É importante o aluno compreender que existem procedimentos para criação desta “micro-dramaturgia”, que esta atividade permite que ele mostre um momento importante do conflito em que sua personagem se encontra. Nesse sentido, não é tão importante a qualidade estética da cena, mas sim o cuidado com que é preparada.

Não interessa para essa cena a “resolução” do conflito. Pode até acontecer isto na cena, mas o que o condutor deve salientar é que a contracena demonstra como o conflito afeta a personagem. Neste sentido, a escolha da personagem imaginária é fundamental. O aluno deve escolher alguém substancialmente ligado ao conflito.

• O aluno entende o antecedente da cena, o gráfico de emoções e realiza uma cena com começo, meio e fim?

• Valorize os alunos que trabalham no preparo da cena.

• A escolha da personagem imaginária é fundamental. É um adjuvante ou o antagonista? INDICAÇÕES AO CONDUTOR SOBRE O TRABALHO NA RUA:

O condutor deve conter a ansiedade de todos sobre a ida das personagens para a rua. Claro que é uma experiência nova e que aguça a curiosidade e a preocupação. Mas, o condutor deve tranqüilizar a todos dizendo que a prática não existe para colocar ninguém em risco ou para “fazer cena” na rua. A rua não é utilizada por nós como um palco! Não vamos à rua “fazer teatro”! A atividade é uma vivência para o ator, um treinamento de improvisação com sua personagem, em um ambiente real e por um longo período.

A própria divisão em duplas (duas turmas) já favorece o espírito de cumplicidade. O bom senso de cada participante – acompanhantes e atores – contribuirá para o êxito do trabalho. Os contatos reais não devem ser “fantasiados”; serão conversas eventuais, rotineiras de pessoas que se encontram ao acaso e conversam sobre suas vidas. Algo que naturalmente ocorre todos os dias. Nesse momento, a ficção adentrará a realidade, mas sem nenhuma falta de respeito e de sensibilidade com aqueles que são os interlocutores das personagens.

• Controle a ansiedade e a tensão de todos sobre a ida para a rua. • Bom senso dos participantes é a chave para a segurança no trabalho. • Ninguém vai à rua fazer TEATRO! A rua não é palco.