2.2.3.1 Fontes de coleta e dados coletados
D RELAÇÃO ESCOLA E COMUNIDADE: APROXIMAÇÃO OU DISTANCIAMENTO?
Investigamos:
1. Se os problemas existentes na escola comunitária são abraçados pela comunidade local 2. Se os problemas existentes na comunidade local são abraçados pela escola comunitária 3. Quando e como acontece a participação dos pais/responsáveis na vida cotidiana da escola comunitária
4. Quais relações são estabelecidas entre a escola e a comunidade para promover o desenvolvimento de trabalhos pedagógico e educativos
As relações interpessoais entre:
1. gerente administrativo-financeiro e comunidade; gerente administrativo-financeiro e professores; gerente administrativo-financeiro e alunos.
2. professores e comunidade; professores e gerente administrativo-financeiro; professores e professores (entre colegas); professores e alunos.
2.2.3.2 – Os documentos analisados
Segundo Souza (1999), a documentação é um conjunto sistemático de registros sobre situações gerais ou contingências específicas da comunidade e sobre a dinâmica pedagógico- educativa dos trabalhos desenvolvidos na comunidade.
Os documentos analisados foram agrupados em dois tipos:
Tipo 1 – Registros, Normas e Planos:
Documentos escolares que fazem referência à história e fundação de cada escola em particular; Regimento Escolar; Plano de Ação e Desenvolvimento Pedagógico da Escola.
Tipo 2 – Registros do Cotidiano:
Cartas, recados, solicitações, faixas informativas; frases dos formulários e documentos escolares-comunitários.
Nesses dois tipos de documentos (1 e 2) investigamos as linguagens, as práticas discursivas que (permitem/ promovem), ou seja, a linguagem/comportamento heterônomo, anti-dialógico e estratégico ou (permitem/promovem), ou seja, a linguagem/comportamento autônomo, dialógico e comunicativo, entre os sujeitos escolares e comunitários.
2.2.3.3 – Os instrumentos de coleta de dados
Aplicamos formulários semi-estruturados à comunidade local e na escola -nosso espaço de pesquisa-, com o objetivo de coletar o maior número de dados/informações possíveis, para que pudéssemos desenvolver uma análise cuidadosa.
Esses dados foram aprioristicamente determinados como fundamentais para o desenvolvimento da investigação e da interpretação dos fenômenos estudados. Nesse sentido, estivemos atentos ao que observa Wilson (1977), apud, Ludke e André (1986, p. 16), quando destaca como importantes:
“forma e interação do conteúdo verbal dos participantes; forma e conteúdo da interação verbal com o pesquisador; comportamento não verbal [gestual/comportamental observável]; padrões de ação e não-ação; registros de arquivos e documentos”.
Para coletarmos essas informações, quaisquer lugares eram lugares, para que os sujeitos falassem, opinassem, discutissem os temas. Muitas vezes, o assunto começava na porta da escola e terminava dentro do ônibus, quando, vez ou outra, alguma professora pegava o mesmo ônibus que a pesquisadora e ia pelo caminho falando o que pensava sobre os muitos assuntos.
2.2.3.4 Observações diretas de procedimentos pedagógico-educativos nos espaços escolares
Nas escolas, usando fichas-roteiro, realizamos observações sistemáticas nas salas de aula e no ambiente das escolas como um todo. Esses momentos também eram aproveitados para conversarmos com gerentes administrativo-financeiros, professores das escolas e pais/responsáveis pelos alunos, sobre aspectos do cotidiano que envolviam aquelas comunidades.
Durante a pesquisa, procuramos observar as atividades que as escolas desenvolviam com os alunos e/ou com a comunidade. Sendo essas atividades de cunho pedagógico- educativo, tornou-se imprescindível perceber as relações entre a escola e a comunidade.
Realizamos observações diretas e sistemáticas das linguagens expressas nos espaços das escolas e atuamos como “observador-direto”, atentando para:
1. As evidências do tipo de construção moral (heteronomia, autonomia ou evolução da heteronomia para a autonomia) expresso pela linguagem dos sujeitos escolares.
2. As informações concordantes com os sujietos ou deles discordantes, visto que suas linguagens ajudariam na reflexão, construção e análise do material coletado.
Observamos também as seguintes situações:
1 - Reuniões Escolares: AC – Atividade Complementar; Reuniões de responsáveis e Professoras e Reuniões da Escola com pais/responsáveis.
2 - As atividades escolares e comunitárias no ambiente da escola comunitária; as atividades pedagógico-educativas realizadas no espaço da escola.
Percebemos como louvável, termos adotado uma postura do tipo “observador participante”, porque, no estudo desenvolvido, consideramos relevante a exposição da nossa identidade de pesquisador e dos objetivos que pretendíamos investigar ou alcançar.
Há características que devem fazer parte do pesquisador que empreende um trabalho na qualidade de “observador-participante”. A elas estivemos atenta. A exemplo disso, Hall (1978), apud Lüdke e André (1986, p. 17), destaca como fundamental importância que:
“a pessoa precisa ser capaz de tolerar ambiguidades; ser capaz de trabalhar sobre sua própria responsabilidade; dever inspirar confiança; deve ser pessoalmente comprometida, autodisciplinada, sensível a si mesma e aos outros, madura e consistente; e deve ser capaz de guardar informações
confidenciais (...) preocupar-se em se fazer aceito, decidindo quão envolvido estará nas atividades e procurando não ser identificado com nenhum grupo particular”.
Nesse sentido, a pesquisa permite ao pesquisador trabalhar com a realidade e ocupar- se da sua reflexão a qual, no processo de pesquisa, requer a construção de interrogações. O pensamento interrogativo acelera o comprometimento e a sensibilidade do pesquisador para preocupar-se com situações/dados de pesquisa que produzam um efeito não-ilusório, mas um efeito em que a multiplicidade de informações possam permitir um novo diálogo.
De posse de um emaranhado de discursos, fizemos a catalogação, segundo as categorias da hipótese de cada frase/relato. Quando os quadros dos discursos foram se formando, fomos percebendo as semelhanças e diferenças existentes em cada modo de pensar, de falar e de fazer as coisas. Aqui, sem dúvida, encontra-se a riqueza do nosso trabalho. Encontra-se, também, um mundo de interpretações e, muitas vezes, a impossibilidade de serem feitas interpretações porque, infelizmente, não pudemos dar conta de analisar e interpretar todo um universo de significados, propiciados pelas nossas inúmeras escutas.