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2.2.3.1 Fontes de coleta e dados coletados

PRIMEIRA E SEGUNDA ETAPAS DA PESQUISA

Ouvimos dos pais/responsáveis pelos alunos, das gerentes administrativo-financeiras e das professoras das escolas, na primeira etapa da pesquisa, respostas em linguagens expressas e captadas nos espaços “comunidade” a respeito do que pensam e de como vêem a comunidade onde habitam, e, na segunda etapa da pesquisa, respostas em linguagens expressas e captadas nos espaços das “escolas- comunitárias”, a respeito do que pensam e de como vêem a escola (que consideram) comunitária.

Nas Comunidades:

Em 2002 e 2003, durante os meses de fevereiro a dezembro e fevereiro a junho, respectivamente, nos períodos de 7h e 30 min às 12h, e de 13h às 17h, foram realizadas no espaço comunidade 120 visitas e observações, assim distribuídas:

Nas Comunidades ALFA, BETA, GAMA E DELTA, realizamos:

Em 2002, 15 visitas à cada comunidade, e, em 2003, mais 15 visitas a cada comunidade, perfazendo um total de 30 visitas a cada uma das comunidades, o que totaliza 120 visitas e observações.

Nestas comunidades, ouvimos 40 (quarenta) sujeitos, totalizando 40 entrevistas. Na primeira e segunda etapas da nossa pesquisa, compuseram o nosso universo e amostra (aleatoriamente) 40 (quarenta) pais/responsáveis pelos alunos matriculados na escola, sendo 10 (dez) sujeitos de cada comunidade, uma vez que estivemos pesquisando 04 (quatro) comunidades diferentes.

01 – Na Comunidade ALFA - 10 pais/responsáveis.

Os 10 (dez) sujeitos, todos do sexo feminino, com idades variando de 17 (dezessete) a 40 (quarenta) anos, apresentavam as seguintes condições: 06 (seis) sem formação escolar e 04 (quatro) com o primeiro grau completo. 06 (seis) são lavadeiras, recebendo mensalmente menos de um salário mínimo, e 04 (quatro) são cozinheiras recebendo mensalmente até um salário mínimo.

A média de residentes por domicílio variou entre 05 (cinco) a 07 (sete) pessoas, tendo como principal mantenedor uma mulher.

02 – Na Comunidade BETA - 10 pais/responsáveis

Os 10 (dez) sujeitos, todos do sexo feminino, com idades variando entre 22 (vinte e dois) a 45 (quarenta e cinco) anos apresentavam as seguintes condições: 07 (sete) com o primeiro grau incompleto e 03 (três) sem formação escolar. 07 (sete) são costureiras e recebem menos de um salário mínimo e 03 (três) são domésticas, recebendo mensalmente até um salário mínimo.

A média de residentes por domicílio variou entre 06 (seis) a 15 (quinze) pessoas, tendo como principal mantenedor uma mulher.

03 – na Comunidade GAMA - 10 pais/responsáveis

Os 10 (dez) sujeitos apresentaram-se da seguinte maneira – 07 (sete) são do sexo feminino e 03 (três) do sexo masculino.

Entre os sujeitos do sexo feminino, encontramos idades variando entre 23 (vinte e três) a 48 (quarenta e oito) anos, sendo 06 (seis) com o primeiro grau completo e 01 (uma) com o segundo grau completo. 03 (três) são babás, 03 (três) são domésticas e 01 (uma) é manicure/pedicure. 04 (quatro) ganham mensalmente menos de um salário mínimo, e 03 (três) até um salário mínimo.

Entre os sujeitos do sexo masculino, encontramos idades variando entre 29 (vinte e nove) a 32 (trinta e dois) anos, sendo que os três têm o segundo grau completo e desenvolvem atividades de motoristas/cobrador de ônibus, recebendo mensalmente de 01 (um) a 02 (dois) salários mínimos.

A média de residentes por domicílio variou entre 07 (sete) a 32 (trinta e duas) pessoas, tendo ainda como principal mantenedor uma mulher.

04 – Na Comunidade DELTA – 10 pais/responsáveis

Os 10 (dez) sujeitos, todos do sexo feminino, com idades variando entre 22 (vinte e dois) a 47 (quarenta e sete) anos, apresentavam as seguintes condições: 05 (cinco) com o primeiro grau completo e 05 (cinco) com o primeiro grau incompleto, sendo 08 (oito) domésticas, recebendo mensalmente até um salário mínimo, e 02 (duas) são donas de casa que recebem aposentadoria por invalidez.

A média de residentes por domicílio variou entre 06 (seis) a 22 (vinte e duas) pessoas, tendo como principal mantenedor uma mulher.

Nas Escolas:

Em 2002 e 2003, durante os meses de fevereiro a dezembro e fevereiro a junho, respectivamente, nos períodos de 7h às 12hh e de 13h às 17h, foi realizado um total de 400 observações, assim distribuídas.

No Centro de Educação Irmã “Acácia” e Casa de Acolhimento Irmã “Acácia”: Em 2002, 40 observações: 20 em uma sala de educação infantil e 20 em uma sala de reforço escolar. Em 2003, mais 40 observações: 20 em uma sala de educação infantil e 20 em uma sala de reforço escolar, perfazendo um total de 80 observações.

No Centro Comunitário Madre “Hortênsia”: Em 2002, realizamos 60 observações: 20 em uma sala de educação infantil, 20 em uma sala de reforço escolar e 20 em uma outra sala de reforço escolar. Em 2003, mais 60 observações: 20 na sala de educação infantil, 20 na sala de reforço escolar e 20 na sala de reforço escolar, perfazendo um total de 120 observações.

Na Creche-Escola Comunitária do Clube de Mães “Orquídeas”: Em 2002, realizamos 40 observações: 20 em uma sala de educação infantil e 20 em uma outra sala de educação infantil. Em 2003, mais 40 observações: 20 em uma sala de educação infantil e 20 em uma outra sala de educação infantil, perfazendo um total de 80 observações.

Na Creche-Escola Comunitária Frutos de Mães “Margaridas”: Em 2002, realizamos 60 observações: 20 em uma sala de creche, 20 em uma sala de educação infantil e 20 em uma outra sala de educação infantil. Em 2003, mais 60 observações: 20 em uma sala de creche, 20 em uma sala de educação infantil e 20 em uma outra sala de educação infantil, perfazendo um total de 120 observações.

As quantidades iguais de observações, tanto para os espaços escolares como um todo, quanto para espaço de sala de aula em específico, deve-se ao fato de termos considerado importante acompanhar, dentro do possível, aspectos do cotidiano, presentes na vida das escolas e das salas de aulas.

Nestas escolas, ouvimos os sujeitos, totalizando, especificamente:

Na primeira e segunda etapas da nossa pesquisa, compuseram a nossa amostra (por escola), as seguintes pessoas:

04 (quatro) gerentes administrativo-financeiros: 01 (um) de cada escola-comunitária e

10 (dez) professoras (com formação em Magistério do 2º Grau), responsáveis pelas classes de reforço escolar e educação infantil, atendendo às crianças e adolescentes das comunidades, sendo:

2 professoras, no Centro de Educação Irmã “Acácia”; 3 professoras, no Centro Comunitário Madre “Hortênsia”;

3 professoras, na Creche-Escola Comunitária do Clube de Mães “Orquídeas”; 2 professoras, na Creche-Escola Comunitária Frutos de Mães “Margaridas”

No Centro de Educação Irmã “Acácia” e a casa de Acolhimento Irmã “Acácia”, foram ouvidas uma gerente administrativo-financeira que tem a formação de Magistério de segundo grau e duas professoras, ambas com Magistério de segundo grau, sendo que uma trabalha com educação infantil e a outra trabalha com reforço escolar; ambas atuam na escola em tempo integral.

No Centro Comunitário Madre “Hortênsia”, foram ouvidas uma gerente administrativo-financeira que tem formação de Magistério de segundo grau e Graduação em Teologia e três professoras com formação de Magistério de segundo grau, sendo que uma trabalha com educação infantil e atua na escola em tempo integral e duas trabalham com reforço escolar e atuam na escola em tempo parcial.

Na Creche-Escola Comunitária do Clube de Mães “Orquídeas” foram ouvidas uma gerente administrativo-financeira que tem formação de Magistério de segundo grau e duas professoras, também, com formação de Magistério do segundo grau, que trabalham com educação infantil e atuam na escola, em tempo integral.

Na Creche-Escola Comunitária Frutos de Mães “Margaridas”, foram ouvidas uma gerente administrativo-financeira que tem o primeiro grau completo e três professoras com formação de Magistério do segundo grau, sendo que uma trabalha com creche e duas, com educação infantil, todas atuam na escola em tempo integral.

Com relação às escolas, às professoras, às classes, aos turnos, ao numero de alunos e à faixa etária dos alunos, verificamos que:

O Centro de Educação Irmã “Acácia” desenvolve um trabalho com:

 Educação Infantil, tendo como responsável a professora “Ana” que trabalha no turno matutino, com 29 alunos, na faixa-etária de 05 a 09 anos, e, no vespertino, com 30 alunos, na faixa etária de 05 a 09 anos de idade.

A Casa de Acolhimento Irmã “Acácia” desenvolve um trabalho com:

 Reforço escolar, tendo como responsável a professora “Bia” que trabalha no turno matutino com 30 alunos, na faixa etária de 09 a 10 anos, e, no vespertino, com 36 alunos, na faixa etária de 12 a 18 anos.

O Centro Comunitário Madre “Hortênsia” desenvolve um trabalho com:

 Educação infantil, tendo como responsável a professora “Cel” a qual trabalha no turno matutino com 28 alunos, na faixa etária de 05 a 09 anos, e, no vespertino, com 33 alunos, na faixa etária de 05 a 09 anos.

 Reforço Escolar, tendo como responsável a professora “Dal” que trabalha no turno matutino com 19 alunos, na faixa etária de 12 a 15 anos;

 Ainda no Reforço Escolar, temos a professora “Eva” que trabalha no turno vespertino com 32 alunos, na faixa etária de 12 a 15 anos.

A Creche-Escola Comunitária do Clube de Mães “Orquídeas” desenvolve um trabalho com:

 Educação Infantil, tendo como responsável a professora “Fat” que trabalha no turno matutino com 27 alunos, na faixa etária de 02 a 06 anos;

 Ainda na Educação Infantil temos a professora “Gal” que trabalha no turno vespertino com 39 alunos, na faixa etária de 02 a 06 anos.

A Creche-Escola Comunitária Frutos de Mães “Margaridas” desenvolve um trabalho com:

 Creche, tendo como responsável a professora “Hel” que trabalha nos turnos matutino e vespertino e tem 58 crianças, na faixa-etária de 01 a 03 anos. A professora conta com o apoio de três ajudantes: uma tem 14 anos, a outra, tem 16 anos e a terceira tem 20 anos.

 Na Educação Infantil, tendo como responsável a professora “Isa” a qual trabalha no turno matutino e tem 32 alunos, na faixa-etária de 04 a 06 anos. Conta com o apoio de duas ajudantes: uma tem 14 anos e a outra, 18 anos.

 Ainda na Educação infantil, temos a professora “Jan” que trabalha no turno vespertino e tem 38 alunos, na faixa etária de 04 a 06 anos. Conta com o apoio de duas ajudantes: uma tem 16 anos e a outra, 19 anos.

2.2.4.2.3 - As conversas e entrevistas com os sujeitos das comunidades e das escolas investigadas

CONVERSAS

Sem a ajuda dos responsáveis pelos espaços educativos e das técnicas do Projeto Ágata Esmeralda, seriam impossíveis as caminhadas fora das escolas e aproximação com os pais/responsáveis pelos alunos, por dois motivos:

Primeiro: andar pelas comunidades não é uma tarefa das mais fáceis – as ruas são de difícil acesso, na maioria das vezes; as pessoas ficam olhando-nos com “ar de desconfiança”, o que é muito natural; afinal, não fazemos parte daquele espaço, e elas sabem disso.

Segundo: para entrevistá-los, seria importante conquistar-lhes a confiança. E quem confia em estranhos? Abrir a casa, deixar entrar, responder perguntas... Isso levaria tempo, e, somente sabendo tratar-se de uma estudante que estava sempre naquela escola da comunidade e uma pessoa preocupada com a educação, poderia fazer com que a aproximação interpessoal se concretizasse.

Depois de muita conversa, iniciamos as entrevistas. Como é difícil entrevistar! As pessoas aproveitavam nossas perguntas, que supúnhamos serem diretas, e começavam a falar de seus problemas, suas frustrações; sua Fé em Deus como o único a ser capaz de melhorar as coisas. E o que perguntávamos seria respondido, mas não na hora em que desejávamos, mas no momento que lhes aprazia.

No início, as entrevistas eram realizadas somente na sala ou na cozinha das casas, mas, com o passar do tempo, estavam também acontecendo enquanto as mulheres varriam a casa, lavavam banheiro, passavam a colher na panela, torciam as roupas, brigavam com as crianças. Era um ritmo de vida impossível de ser ignorado, assim como o grande numero de pessoas – 10, 20, 23 e até 32 pessoas - morando em um mesmo e reduzido espaço, a maioria, desempregada ou vivendo de biscates ou de uma aposentadoria mínima. Vai-se levando a vida..., e com as crianças na escola, é garantia de alimentação para elas. Isso é o que, de certa maneira, as mantêm naquele espaço chamado escola.

ENTREVISTAS

Na primeira etapa da pesquisa, tivemos como roteiro de entrevista um formulário estruturado, com espaço para justificativas (“porquês”) – o que daria à pesquisadora possibilidade de captar e registrar o que os sujeitos entrevistados exemplificavam, usando suas vivências e, assim, revelando um pouco mais sobre os próprios dizeres iniciais.

Os pais/responsáveis, escolhidos aleatoriamente nas comunidades; os responsáveis pelas escolas (gerentes administrativo-financeiros da mantenedora) e os professores das escolas responderam às mesmas questões e isso nos ajudou a compreender a concepção, o significado e a importância de educação e da/de escola-comunitária para cada um desses grupos em investigação.

Nas comunidades, as entrevistas foram realizadas de maneira muito especial. Raramente ficávamos em pé às portas, com a prancheta nas mãos anotando tudo o que ouvíamos, pois éramos convidados a entrar e ouvíamos sempre-sempre estes discursos – “Entre, a casa é sua”. “Pode entrar, mas não olha a bagunça”. “Teve algum problema na escola?”. “A casa é de pobre, mas senta aqui”. “Se eu soubesse tinha feito um cafezinho”. “Não repara, não. Hoje não tive tempo de arrumar a casa”. “Se a Srª não se incomoda, senta aqui. Casa que tem menino é bagunça o tempo todo.”

Enquanto as mães passavam a colher nas panelas e lavavam banheiros, íamos ouvindo as vozes das frustrações, das decepções e das esperanças de cada dia. Histórias de vida que se confundem com a de tantas outras pessoas. Histórias tristes de abandono na infância, violência sexual na adolescência, casamentos prematuros, maridos infiéis, desemprego, falta de condições financeiras para pagar as contas de água, energia, falta de feijão, de arroz, de farinha, de remédios..., discursos de sujeitos subjugados socialmente, pela pobreza, pela falta de emprego, de instrução...

Às vezes, enquanto aquelas pessoas falavam, ficávamos em silêncio a nos perguntar – “quando, finalmente iriam responder o que fora perguntado?”-. Desistimos, então, de querer saber a resposta para isso. Não dava para fingir que aquelas pessoas queriam ser ouvidas; estávamos ali querendo ouvi-las e sabíamos que, quando menos esperássemos, as respostas para as perguntas apareceriam, mas, antes, precisávamos ouvi-las, ver as fotos da família,

conhecer a mãe velhinha doente, o pai que estava com câncer, o irmão tetraplégico... a vida como é.

Nas escolas, as entrevistas foram realizadas nos dias agendados ou nos dias em que havia oportunidade para sua realização. Nem sempre era possível cumprir a agenda da entrevista com a entrevista de fato. Muitas vezes, nossa programação era alterada por conta de uma série de fatos que aconteciam dentro das escolas. Era o cotidiano das escolas falando mais alto do que a nossa necessidade de pesquisadora.

Por vezes as entrevistas começavam dentro das escolas, de maneira bastante tímida, e iam ganhando mais liberdade no ponto ou dentro do ônibus, na esquina da escola, na casa da professora ou na escadaria das ruas onde as casas parecem se amontoar desenhando uma paisagem difícil de se acompanhar. Havia medo, prudência, estratégia do falar, no espaço de algumas escolas.

CAPÍTULO 3 _________________________

ANALISANDO AS LINGUAGENS EXPRESSAS E CAPTADAS NOS ESPAÇOS-