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QUADRO 6– O QUE EXISTE DE MELHOR E O QUE EXISTE DE PIOR NA COMUNIDADE

2.2.3.1 Fontes de coleta e dados coletados

QUADRO 6– O QUE EXISTE DE MELHOR E O QUE EXISTE DE PIOR NA COMUNIDADE

Sujeitos

Perguntas Moradores 100% Professoras 100% Gerentes

(extratos de discurso) Existe de melhor na comunidade “A escola”; “não sabe”; “não lembra” 50 35 15 “Não sabe”; “A escola”, “A coragem” 50 40 10

“O povo forte, trabalhador, [corajoso], disposto a luta” “Fé em Deus, a força, a coragem, a determinação de todo dia”

“A escola (porque ela dá comida)”

“A escola (porque dá comida, roupas, sapatos)” Existe de pior na comunidade “Pobreza”; “Desemprego”; “Violência” 43 42 15 “Violência”; “Miséria”; “Não sabe”; “O gueto” 40 30 20 10

“Falta de oportunidades para todos”

“Desemprego, falta de esperança, falta de tudo”

“Violência, prostituição e miséria”

“O desemprego”, a malandragem, a matança, marginal por toda parte” Fonte: dados da pesquisa

APÊNDICE A: Gráficos 5 e 6, e Depoimentos 9, 10, 11 e 12. Gráficos 7 e 8, e Depoimentos 13, 14, 15 e 16.

Para 50% dos moradores, “o que existe de melhor na comunidade” é a “escola” porque: “Dá alimentação às crianças”; “Dá comida para as famílias carentes”; “Tira as nossas crianças do meio da rua” e “Leva a Palavra de Deus para as crianças”. 35% “não sabe” e 15% afirmou “não lembra”.

Na opinião dos moradores, a escola é boa, é o que há de melhor na comunidade, não porque educa, instrui, mas, porque dá comida e impede que as crianças fiquem na rua, mantendo contato com a violência, falta de segurança.

Para 43% dos moradores, o que existe de pior na comunidade é a “pobreza”, porque: “As portas ficam sempre fechadas para a gente”; “A gente não tem vez nem voz”; “A gente é sempre desrespeitado”; “Pobre fica sempre em ultimo lugar”.

Para 42% é o “desemprego” e disseram que pensam assim porque: “Traz desesperança”; “Tira a vontade de viver”; “Não deixa a gente sustentar as famílias”.

15% afirmaram ser a “violência” porque: “A violência é filha da pobreza”; “A violência vem do desemprego”; ”Porque tem gente que não vê que: ‘O ódio provoca rixas, mas o amor cobre todas as ofensas.’ (Provérbios – 10; 12) II. O caminho da justiça. O justo e o injusto.

Fica claro que essas três situações são interdependentes, e esse nexo está bem expresso na frase “A violência é filha da pobreza” e “vem do desemprego”.

50% das professoras “não sabe” o que de melhor existe na comunidade onde moram.

Para 40% das professoras é “a escola”, afirmando que pensam assim porque: “Ela dá comida aos pobres/necessitados”; “Ela retira as crianças da rua”. E para 10% é a “coragem”, porque “a coragem faz as pessoas levantarem para a vida”.

Para 40% das professoras é a “violência” o que há de pior na comunidade e afirmaram que pensam assim porque: “[Ela] nos afasta de Deus, Pai Criador”; “Ela destrói a esperança humana”; “Abala as estruturas da pessoa”.

Para 30% é a “miséria” porque “[a coragem] é muita, muita mesmo”; “Causa grande violência entre os homens”. Para 20% “não sabe” porque “não sabe” e para 10% é “o gueto” porque “[lá] tem prostituição”. (Esta última indicação foi pontuada no Candeal Pequeno).

Para dona C.L., gerente da 1ª Escola, o que existe de melhor na comunidade é “o povo forte, trabalhador, gente de coragem... disposta a lutar...” e o que existe de pior é “a falta de oportunidade para todos...”

Assim, entendemos o que essa gerente nos disse, quando, ao estarmos observando “o espaço-escola e as linguagens encontradas”, verificamos situações que revelaram a presença das seguintes linguagens:

“Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, quem acredita em mim nunca mais terá sede”; “Se você vem partilhar, visitar, pesquisar com alegria, amor, paz, compreensão, humildade, atenção, respeito, com vontade de crescer, triste, doente, humilhado, sem fé, com esperança, fome, sede, desanimado... sejam bem-vindos”.

(expressões pintadas na parede da escola)

Para dona C.B., gerente da 2ª Escola, o que existe de melhor na comunidade é “fé em Deus, a força, a coragem, a determinação de todo dia...” e o que existe de pior é “o desemprego... a falta de esperança, falta de tudo, do mínimo para sobreviver...”.

Assim, entendemos o que essa gerente nos disse, pois, observando “o espaço-escola e as linguagens encontradas”, verificamos situações que revelaram a presença das seguintes linguagens:

“Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros (...) Depende de nós, quem já foi ou ainda é criança, que acredita ou tem esperança, quem faz tudo prá um mundo melhor (...) os nossos corações estão em festa com achegada de vocês”.

(expressões coladas nas paredes da escola)

Para dona V.C., gerente da 3ª Escola, o que existe de melhor na comunidade é “a escola... é porque ela é a melhor coisa mesmo... ela dá comida, minha filha, dá comida...” e o que existe de pior é a “violência, a prostituição, a miséria...”

Assim, entendemos o que essa gerente nos disse, pois observando “o espaço-escola e as linguagens encontradas”, verificamos situações que revelaram que:

“A escola não oferece cursos ou outras atividades que possam servir como prestação de serviço à comunidade além do trabalho escolar realizado com as crianças [apesar de muitas vezes ouvirmos] a gerente administrativa dizer que estava pensando em abrir, na escola, espaço para as mães da comunidade, para que elas pudessem aprender alguma coisa de útil para ajudar no sustento da família”. (análise extraída da pesquisa).

Para dona M.A., gerente da 4ª Escola, o que existe de melhor na comunidade é “a escola... aqui a gente dá comida, dá roupa e até sapato...” e o que existe de pior é “o desemprego, a malandragem... a matança... marginal por toda parte... tiroteio, morte...”

Entendemos o que essa gerente nos disse, quando observando “o espaço-escola e as linguagens encontradas”, verificamos situações que revelaram que:

“[(...)as professoras] falavam de coisas significativas fazendo apreciações de situações que estavam no cotidiano da comunidade e que entravam pela porta da escola sem pedir licença, como por exemplo: a violência urbana e no bairro, o desemprego que atingia boa parte das famílias do bairro...” (análise extraída da pesquisa).

Dessa maneira, compreendemos que para expressar “o que existe de melhor” e “o que existe de pior na comunidade”, existem dois tipos de linguagem:

Como melhores: “não sabe”, “não lembra”, “a fé, a força, a coragem, escola”, “a escola’” (porque dá comida, roupas, sapatos) “o povo forte trabalhador”.

E como piores destacam-se: “não sabe”, pobreza”, miséria, “violência”, “desemprego”, “falta de oportunidades para todos”, “falta de esperança”, “malandragem”, “matança”, “prostituição”, “o gueto”, esta última citação, reflete uma realidade da Comunidade BETA.

Aqui verifica-se uma realidade anunciada que reflete, por um lado, a certeza do amparo e da esperança de um povo que tem fé, que tem coragem, que é forte trabalhador, que tem uma escola que dá comida, que supre outras necessidades e, por outro lado, a clareza da existência de mazelas sociais que se renovam e aumentam a cada dia como a pobreza, a violência, o desemprego, a prostituição, a falta de oportunidade para todos.

E, nas linguagens que expressam amparo e esperança e nas linguagens que retratam as mazelas socais observam-se linguagens que revelam um mundo histórico, vivido, experienciado pelos sujeitos que falam e expressam suas emoções, suas críticas e dificuldades, suas necessidades, suas fragilidades e seus descontentamentos.

Nessas linguagens existem narrações de sentimentos e movimentos que invadem a vida de cada sujeito, sujeitos que, juntos, quer tendo ou não um entendimento do que seja viver em comunidade, ajuntam-se em torno de um mesmo sentido e sentimento e com isso revelam suas histórias de vida.

Assim, compreende-se o pensamento de Habermas (1987, p. 164), quando afirma que: “a história de vida é a unidade primária do processo vital que engloba a espécie humana em sua totalidade (...) a historia de vida constitui-se a partir de relações vitais”. Dessa maneira, as linguagens representam e se fazem representar pelos sujeitos que são sujeitos e atores de uma mesma realidade contextual. E, nessa realidade, como devem se comportar os sujeitos? Que tipo de pessoas devem/precisam ser e não devem/não precisam ser?

Assim, continuamos as investigações, perguntando aos sujeitos da pesquisa: “Que características pessoais devem ter as pessoas que vivem em comunidade?” e “Que características pessoais não devem ter as pessoas que vivem em comunidade?”. Juntando- se as respostas encontradas, verificamos que os sujeitos indicam expressões como organizado no quadro 7.

QUADRO 7 – CARACTERÍSTICAS PESSOAIS QUE DEVEM TER E QUE NÃO