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QUADRO 1 – NÍVEIS DO DESENVOLVIMENTO MORAL SEGUNDO DEWEY, PIAGET, KOHLBERG E HABERMAS

REVISÃO DE LITERATURA

QUADRO 1 – NÍVEIS DO DESENVOLVIMENTO MORAL SEGUNDO DEWEY, PIAGET, KOHLBERG E HABERMAS

DEWEY (3 NÍVEIS) PIAGET (3 ETAPAS) KOHLBERG (3 NÍVEIS E 6 ESTÁGIOS HABERMAS (2 TIPOS DE ATITUDES) Pré-Moral ou Pré-Convencional Pré Moral Pré-Convencional: E1 – Moralidade heteronômica (5-8 anos)

E2-Moral instrumental e individualista (8-14 anos)

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Convencional Heteronomia Convencional: é percebido o que “é” E3-Moral normativa interpessoal (pré-adolescência ou adolescência) E4-Moral de sistema social (moral relativista)

(Metade da adolescência e Toda a vida

E4½ - Nível transacional – Opção pessoal

PÓS-CONVENCIONAL

(Inicio da Adolescência e toda a vida)

Agir Estratégico

Autonomia Autonomia Pós-Convencional (até antes dos 20 anos)

É percebido o que é real e o que deveria ser (conduta correta desejável)

E5 – Moral do contrato e dos direitos humanos

(últimos anos da adolescência) E6 – Moral de princípios éticos universais

Agir Comunicativo

Dessa maneira, compreende que:

Para Dewey (1971), existem três níveis de desenvolvimento moral:

 O Pré-Moral ou Pré-Convencional cujas condutas são guiadas pelos impulsos sociais.

 O Convencional cujas condutas são guiadas por modelos estabelecidos no grupo a que pertencem baseada numa forma submissa sem reflexão.

 E o Autônomo quando o indivíduo atua, de acordo com seu pensamento, e estabelece juízos em relação aos modelos estabelecidos.

Para Dewey a principal finalidade da educação moral é propiciar o desenvolvimento do educando nessa faceta da sua personalidade, entendendo-se o desenvolvimento não como uma mera mudança comportamental, mas como a passagem de um modo de adequação a si e ao meio social, de um estágio menos adequado a outro mais adequado.

Para Piaget (1967), existem três etapas de desenvolvimento moral:

 O Pré-Moral, etapa em que não existe sentido de obrigação com respeito às regras.  A Heteronomia que se dá, quando um discurso estranho entra em mim, me domina e quer falar por mim, e existe obediência por obrigação submissa á autoridade e as conseqüências, e o sujeito considera que as conseqüências verbais e/ou físicas da ação determinam o significado ou valores expressos.

Os sujeitos que se encontram nesse estágio tendem a estabelecer uma relação de causa e efeito entre desobediência e o castigo/controle – é melhor obedecer e evitar danos físicos a pessoas e coisas.

Os sujeitos consideram que o justo e o correto é agir de modo a satisfazer as próprias necessidades e, ao chegarem a um acordo sobre o intercambio de benefícios, agem, de modo que sejam satisfeitas as necessidades que acreditam importantes para si mesmos.

No entanto, o benefício que os outros podem obter não é resultado da lealdade ou solidariedade, mas, produto de um cálculo de reciprocidade mercantil: “você me concede este benefício, e eu proverei sua necessidade”.

 E a Autonomia é a etapa em que entram na vida do sujeito, elementos tais como: cooperação, reciprocidade, solidariedade. A autonomia se dá, quando um discurso é compactuado por mim, porque o reconheço como necessário/importante.

A autonomia põe e funcionamento vários dinamismos morais, desde o juízo e a reflexão até os sentimentos e comportamentos. È preciso considerar, no entanto, que o desenvolvimento moral é um processo complexo que inclui vários níveis de formação, desde a aquisição de convenções sociais até a configuração da consciência moral autônoma.

Os sujeitos que se encontram nesse estágio consideram que o comportamento correto é aquele que agrada a si mesmo e aos demais, vivendo de modo coerente com as suas próprias expectativas e das pessoas próximas sobre sua conduta.

O comportamento correto consiste em cumprir o próprio dever, que reside em cumprir os compromissos assumidos; respeitar, com tal comportamento, a autoridade estabelecida e manter a ordem social, porque é percebida como valiosa por si mesma.

Os sujeitos consideram que o justo e o correto é agir de modo a satisfazer as prioridades – observando a si mesmo e as necessidades dos outros, como por exemplo, construindo e aceitando as regras sociais como principais elementos que devem ser levados em conta na convivência.

Para Piaget a educação moral tem como objetivo prioritário construir personalidades autônomas, e, para que esse objetivo seja atingido, devemos proporcionar experiências que favoreçam o abandono da moral heterônoma e convidem a adotar e valorizar a moral da autonomia.

Para Kolhberg (1969), apud Puig (1998), existem três níveis e seis estágios de desenvolvimento moral:

 No Pré-convencional, encontramos os seguintes estágios: Estágios E1–Moralidade Heteronômica (5-8 anos) e

E2 – Moral Instrumental e Individualista (8-14 anos);

 No Convencional, encontramos os seguintes estágios:

E4 –Moral de Sistema Social, Moral Relativista (metade da adolescência a Toda a vida) e

E4 ½ - Nível Transacional – Opção Pessoal

 E no Pós-convencional, encontramos os seguintes estágios:

Estágios E5 –Moral do Contrato e dos Direitos Humanos (últimos anos da adolescência) e

E6 –Moral de Princípios Éticos Universais (antes dos 20 anos).

É exatamente nesses dois últimos estágios – E5 e E6, que sentimos a presença de uma determinada linguagem capaz de traduzir:

No E5 - O comportamento correto que deverá estar presente tanto nos direitos humanos individuais e gerais, que estão acima de qualquer outra consideração, como também as normas que se elaboraram criticamente e foram aceitas por toda a sociedade.

Neste comportamento devemos considerar os direitos humanos individuais, assim como as normas que tenham sido elaboradas e aceitas por toda a sociedade/comunidade; quando as regras sociais entram em conflito com os direitos básicos dos indivíduos, estas deverão ser modificadas em benefício do grupo como um todo.

No estabelecimento do diálogo em busca constante do consenso, como procedimentos de organização social, impõem-se às normas concretas. Quando as normas sociais entram em conflito com os direitos individuais, o pacto que as fundamenta deverá ser modificado para que se consiga um cumprimento adequado dos direitos humanos essenciais, isto é, o que é conversado, discutido e acordado [consensualmente] em um dado momento, diz respeito a uma determinada situação específica na qual os sujeitos asseguram o direito de definição sobre um fato/fenômeno.

No desenvolvimento do procedimento consensual é aplicada a justificativa das normas sociais desejáveis. O consenso atua como elemento racional que aproxima e complementa a variedade de valores e opiniões dos membros da sociedade e, de certo modo, isso significa que, apesar do caráter relativo da maioria das normas e regras sociais, existem alguns valores

ou direitos que não são relativos e devem permanecer como a vida e a liberdade, que devem ser defendidos e respeitados em todas as culturas e sociedades.

Dessa maneira, os sujeitos sentem-se na obrigação de obedecer às normas e regras porque as instituíram mediante um contrato social e esta responde a valores universalmente desejáveis: o conceito-chave desse estágio é o contrato social de acordo com valores, “o maior bem para o maior número de pessoas.”

No E6 - A linguagem que encontramos nesse estágio diz que o correto para um indivíduo que tenha atingido esta etapa será proceder de acordo com a decisão de sua consciência e de acordo com os princípios éticos de caráter universal e geral que a própria consciência escolhe.

Tal perspectiva permite derivar acordos sociais a partir de uma posição moral prévia e direcionada. Reconhecer que há algum critério de natureza moral que deve reger a vida coletiva é um dos primeiros requisitos. Tal perspectiva supõe: orientar-se por princípios éticos auto- escolhidos; considerar justas as leis sociais na medida que se apóiam em tais princípios; modificá-los, em caso contrário.

Aqui, neste estágio, os princípios éticos que são alcançados no fim do desenvolvimento do juízo moral referem-se ao conteúdo universal da justiça: a igualdade entre os seres humanos e o respeito à sua dignidade, liberdade e autonomia. E tais princípios de justiça têm sido formalizados de maneira diferente por vários filósofos, como, por exemplo, Habermas.

Nesse estágio, esperamos que o sujeito expresse em suas linguagens as razões para agir com base na justiça amparada na crença, como pessoa racional, na validade de alguns princípios morais universais e o sentimento de compromisso pessoal com esses valores. Nesse caso, a linguagem esperada é a que permite a ação comunicativa, porque requer parceria, envolvimento, sentimento de pertença ao grupo, sentimento de identidade partilhada, isto é, não estou no grupo e na comunidade apenas porque estou, mas estou porque me sinto comprometido com os projetos ali pensados e discutidos.

Kohlberg coincide com Dewey e Piaget, ao considerar que a finalidade básica da educação moral é propiciar ao aluno as condições que estimulem o desenvolvimento do juízo moral e que esse desenvolvimento comportamental é entendido como progressão contínua das formas de raciocínio moral.

Para Habermas (1989b, 1990), existem dois tipos de linguagens e atitudes:

- A linguagem voltada para o Agir Estratégico que promove uma atitude a qual permite/possibilita a coerção, coação, inibição; o respeito unilateral, amedrontamento, o impedimento (...)

O agir estratégico está apoiado em uma deficiência de utilização do mecanismo de entendimento que trabalha na construção das interações. Não é interativo e dificulta a ordem social porque é minada a utilização das expressões de validez e do possível consenso.

Dentro do agir estratégico, a constelação do agir e do falar modificam-se e a linguagem encolhe-se, enfraquece-se e, debilitada, passa a preencher apenas as funções de informação que restam, quando se retira do entendimento lingüístico a formação do consenso.

Encolhida, enfraquecida e debilitada, a linguagem funciona apenas como um mero instrumento para transmissão de informações, mas vive parasitariamente do uso normal da linguagem, perdendo o papel de coordenação da ação em favor de influência externa à linguagem.

-A linguagem voltada para o Agir Comunicativo que promove uma atitude a qual permite/possibilita a parceria, cooperação, solidariedade, reciprocidade, o respeito mutuo, o consenso advindo de discussões de idéias (...)

O agir comunicativo está apoiado numa determinada concepção de linguagem, de entendimento e significados que abrem um leque de múltiplas visões de mundo, através de jogos de argumentação e contra-argumentação.

Dentro do agir comunicativo, a linguagem é a fonte de integração social e dirige o télos do entendimento que habita na própria linguagem. E através desse entendimento

lingüístico que existe a promoção do consenso o qual, por sua vez, reside nas ações de fala e escuta pelo meio efetivo da participação e da coordenação das ações de um comportamento.

Assim, percebemos que a linguagem tem o poder de afastar ou de aproximar as pessoas, os objetivos, a visão de vida e a visão de mundo, e, nesse momento, somos chamados a perceber, de acordo com Gardner (1995), que a linguagem é um comportamento que se caracteriza como um conjunto de habilidades/capacidade/inteligência humanas que podem ser trabalhadas, construídas, experienciadas, constando entre os diferentes tipos de inteligência por ele reconhecida como: “a musical”, “a espacial”; “a corporal-cinestésica”; “a lógico- matemática”; “a lingüística”; “a interpessoal” e “a intrapessoal.

Gardner (1995, p. 26-9), referindo-se à inteligência interpessoal e a inteligência intrapessoal, respectivamente, afirma que

“A inteligência interpessoal está baseada numa capacidade nuclear de perceber distinções entre os outros; em especial, contrastes em seus estados de ânimo, temperamento, motivações e intenções. Em formas mais avançadas, esta inteligência permite que um adulto experiente perceba as intenções e desejos de outras pessoas, mesmo que os escondam...”

[e]

“A inteligência intrapessoal refere-se ao conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao sentimento da própria vida, à gama das próprias emoções, à capacidade de discriminar essas emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e orientar o próprio comportamento”.

Dessa maneira, compreendemos que saber-ser, saber-falar, saber-fazer são dimensões que estão para a inteligência inter e intrapessoal e o desenvolvimento dessas inteligências perpassam pela utilização saudável da linguagem que valoriza a inter-comunicação e a inter- subjetividade humanas.

CAPÍTULO 2 _________________________