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3 A INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9/2016 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO

3.2 Inovações do Novo Código de Processo Civil aplicáveis ao Processo do

3.2.4 Relativas a aspectos diversos

3.2.4.1 Da tutela provisória

79 CPC/2015 - Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo

órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. § 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada.

§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.

§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno.

§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.

§ 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

80 IN nº 39/2016 – TST - §2º O prazo para interpor e contra-arrazoar todos os recursos trabalhistas,

inclusive agravo interno e agravo regimental, é de oito dias (art. 6º da Lei nº 5.584/70 e art. 893 da CLT80), exceto embargos de declaração (CLT, art. 897-A).

instituto da Tutela Provisória (arts. 294 a 311), agregando novas nuances e substituindo o instituto da Tutela Antecipada do artigo 273 do CPC de 1973.

Desse modo, temos que, sob a categoria “Tutela Provisória”, o novo CPC, em seus artigos 294 a 311, reúne três técnicas processuais de tutela provisória que correspondem, em regra, a incidentes do processo – não mais a processos autônomos ou distintos -, sobre as quais traremos breve conceituação, para que, em seguida, abordemos sua aplicação ao Processo do Trabalho.

Vale salientar, a priori, que o artigo 294 segmenta a tutela provisória em duas classes: a tutela e urgência e a tutela de evidência.

As tutelas de urgência têm em comum a meta de combater os riscos de injustiça ou de dano derivados da espera da solução definitiva de mérito (pericullum in mora) que possam ser suportados pela parte que se acha numa situação de vantagem aparentemente tutelada pela ordem jurídica, com meios para evidenciá-la de plano (fumus boni iuris)81, pressupostos para a concessão da tutela de urgência gravados no art. 300 do CPC/201582

Correspondem esses provimentos extraordinários, em primeiro lugar, às tradicionais medidas de urgência – cautelares (conservativas) e antecipatórias (satisfativas) –, todas voltadas para combater o perigo de dano, que possa advir do tempo necessário para cumprimento de todas as etapas do devido processo legal.

. Bastante elucidativa a lição de Theodoro Júnior:

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A tutela de urgência satisfativa, por sua vez, é aquela requerida no bojo do processo em que se pretende pedir a tutela definitiva, visando adiantar seus efeitos em Portanto, temos, sob o rótulo da tutelas de urgência, a tutela cautelar, que visa garantir a utilidade da futura decisão de mérito por meio de medida assecuratória, que resguarde o objeto litigioso ou de alguma outra forma proteja eficácia da futura decisão, por exemplo, do perecimento ou de atos atentatórios a que se possa estar sujeita em face da demora na prolação da decisão final.

81 THEODORO JR, op. cit. p. 609

82 ”A redação do art. 300, caput, superou a distinção entre os requisitos da concessão para a tutela cautelar

e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a probabilidade e o perigo na demora a requisitos com u n s para a prestação de ambas as tutelas de forma antecipada" (enunciado n. 143 do Fórum Permanente de Processualistas Civis).

momento anterior à formulação do pedido de tutela final. Pretende-se, portanto, adiantar os efeitos da sentença final de mérito.84

Não propriamente afastar o risco de um dano econômico ou jurídico, mas, sim, o de combater a injustiça suportada pela parte que, mesmo tendo a evidência de seu direito material, se vê sujeita a privar-se da respectiva usufruição, diante da resistência abusiva do adversário. Se o processo democrático deve ser justo, haverá de contar com remédios adequados a uma gestão mais equitativa dos efeitos da duração da marcha procedimental. É o que se alcança por meio da tutela sumária da evidência: favorece-se a parte que à evidência tem o direito material a favor de sua pretensão, deferindo-lhe tutela satisfativa imediata, e imputando o ônus de aguardar os efeitos definitivos da tutela jurisdicional àquele que se acha em situação incerta quanto à problemática juridicidade da resistência manifestada.

A por fim, paralelamente à categoria tutela de urgência, temos a tutela da evidência, inaugurada pelo ordenamento no artigo 311 do novel diploma processual, que tem como objetivo, segundo nos apresenta Theodoro Júnior:

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Todas podem ser obtidas em caráter antecedente ou de maneira incidental ao processo principal (art. 294, § único, NCPC), o que, no caso da tutela de urgência cautelar antecedente, extinguiu a necessidade de ação cautelar autônoma que havia sob a égide do CPC de 1973 (arts. 796 e 800 a 8004, CPC/73)86

Delineado o instituto, partindo para a seara laboral, verifica-se que, observando a estrita disposição da legislação obreira, a Consolidação das Leis Trabalhistas não possui disposições tratando genericamente do instituto da tutela provisória, contemplando apenas duas hipóteses expressas de concessão de liminar no processo de conhecimento

.

Quanto ao momento do processo em que podem ser solicitadas, prevê o § 2 do art. 300 do NCPC que o a tutela de urgência pode ser concedida liminarmente (no início do processo, inaudita altera pars) ou após justificação prévia.

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84 DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria. Curso de Direito

Processual Civil – Volume II: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. 10ª ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. p. 602

85 THEODORO JR, op. cit. p. 610 86 THEODORO JR, op. cit. p. 613 87 LEITE, 2016, op. cit. p. 630

. Elas estão insculpidas nos incisos IX e X do artigo 659 da CLT, in verbis:

Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas (atualmente, juiz da vara do trabalho), além das que lhes forem conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições:

IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 desta Consolidação.

X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador. (Incluído pela Lei nº 9.270, de 1996)

Todavia, em que pese a timidez da previsão da tutela antecipada na seara trabalhista, é precisamente nela que se mostra inolvidável a necessidade das ferramentas de antecipação de tutela em toda a sua plenitude, mormente em face dos princípios gerais da celeridade (“evitar os males que o tempo podia fazer ao processo”88), da utilidade e da efetividade do processo, bem como dos princípios específicos da proteção e da finalidade social do processo trabalhista89

Com efeito, os pedidos vinculados nas iniciais trabalhistas são, via de regra, relativos a salário, ou seja, parcelas com nítida natureza alimentícia.

. Tal posicionamento ressoa uníssono na doutrina, da qual se extrai excerto:

Aliás, é seguramente no Processo do Trabalho, dado o seu escopo social de tornar realizável o direito material do trabalho, que o instituto da antecipação da tutela se torna instrumento não apenas útil, mas, sobretudo, indispensável.

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A tutela antecipada é aplicável ao Processo do Trabalho, por força de que a CLT não trata do assunto e é compatível com os princípios processuais trabalhistas (art. 769 da CLT). Assim, seria plenamente aplicável nos dissídios individuais, dada a omissão da CLT e compatibilidade com seus preceitos. No que diz respeito aos dissídios coletivos, os de natureza jurídica comportariam a tutela, apenas para declarar a existência ou não de determinada relação jurídica ou da interpretação de certa norma. Quanto aos dissídios de natureza econômica, o objetivo é realmente a criação de novas e melhores condições de trabalho para a categoria, pois ainda não há direito concreto a ser deferido, mas está ele sendo discutido para a criação ou modificação das condições de trabalho. Teoricamente também é cabível nos dissídios coletivos de natureza econômica.

Nesse azo, sedimentado é o posicionamento pela aplicação do instituto da tutela antecipada do Processo Civil ao processo trabalhista, tanto na seara dos dissídios individuais, como nos coletivos. Vejamos o escolho de Pinto Martins, ainda na década passada:

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88 MARTINS, op. cit. p. 540 89 LEITE, 2016, op. cit. p. 99-105 90 Id. p. 632

Por óbvio, a tutela antecipada vem sendo há tempos e de maneira corriqueira aplicada na Justiça do Trabalho, ainda nos moldes do Código de Processo Civil anterior92

92 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 13ª ed. São Paulo: Ed.

Saraiva, 2015. p. 970

, conforme farta jurisprudência do TST:

Súmula n. 405 – AÇÃO RESCISÓRIA. LIMINAR. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (conversão das OJs ns. 1, 3 e 121 da SDI-II – Res. 137/2005 – DJ 22.8.2005). I – Em face do que dispõe a MP 1.984-22/00 e reedições e o art. 273, § 7º, do CPC, é cabível o pedido liminar formulado na petição inicial de ação rescisória ou na fase recursal, visando a suspender a execução da decisão rescindenda. II – O pedido de antecipação de tutela, formulado nas mesmas condições, será recebido como medida acautelatória em ação rescisória, por não se admitir tutela antecipada em sede de ação rescisória. Súmula n. 414 – MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR). CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (conversão das OJs ns. 50, 51, 58, 86 e 139 da SDI-II – Res. 137/2005 – DJ 22.8.2005). I – A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso. II – No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou liminar).

MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMINARMENTE CONCEDIDA. Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela antecipada para reintegração de empregado protegido por estabilidade provisória decorrente de lei ou norma coletiva (SBDI-2, OJ n. 64).

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. COMPETÊNCIA. Nos Tribunais, compete ao relator decidir sobre o pedido de antecipação de tutela, submetendo sua decisão ao Colegiado respectivo, independentemente de pauta, na sessão imediatamente subsequente (SBDI-2, OJ n. 68).

De bom alvitre, além de inadiável, a opção do TST em optar expressamente pela adoção do regramento da tutela provisória do Novo CPC em seus artigos 294 a 311, com os benefícios e clareza de sistematização que lhe vieram de berço. Não poderiam os juízes trabalhistas continuar trabalhando anacronicamente com o sistema processual obsoleto de antecipação de tutela outrora vigente.