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O novo CPC e o processo do trabalho: a instrução normativa nº 392016 do TST

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Academic year: 2018

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FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

ÂNGELO CARLOS SILVA DE QUEIROZ

O NOVO CPC E O PROCESSO DO TRABALHO: A INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TST

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O NOVO CPC E O PROCESSO DO TRABALHO: A INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TST

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Coordenação do Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito em conformidade com os atos normativos do MEC e do Regulamento de Monografia Jurídica aprovado pelo Conselho Departamental da Faculdade de Direito da UFC. Área de concentração: Direito Processual

Orientadora: Profa. Ma. Janaína Soares Noleto Castelo Branco

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O NOVO CPC E O PROCESSO DO TRABALHO: A INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TST

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Coordenação do Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito em conformidade com os atos normativos do MEC e do Regulamento de Monografia Jurídica aprovado pelo Conselho Departamental da Faculdade de Direito da UFC.Área de concentração: Direito Processual

Aprovada em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Ma. Janaína Soares Noleto Castelo Branco (Orientadora) Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________

Mestranda Catherine Rebouças Mota Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________

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A Deus, por ser início, meio e fim. Por me acompanhar, orientar e intuir. À minha mãe, pelo esforço incansável em me proporcionar dia após dia as condições mais propícias possíveis ao estudo.

Ao meu pai, em dcparticular, por ter me apresentado o tema, pelo acompanhamento dedicado, pelas condições proporcionadas, pelas palavras de força, pelos choques de realidade, pelas advertências, pela cobrança e fé inesgotáveis em meu potencial.

Aos familiares, aos amigos e à minha namorada pela confiança depositada, pelo apoio incondicional, pela motivação e pela compreensão nos momentos de ausência.

À professora e orientadora Janaína Soares Noleto Castelo Branco, pela disponibilidade, pela compreensão ante às dificuldades percorridas e a exigüidade dos prazos, pela prestatividade sem reservas e pelo empenho na revisão, além do primor apresentado como docente que conquistou o apreço unânime da instituição.

Aos caros colegas mestrandos integrantes da banca examinadora, pela disponibilidade em momento crucial.

Aos meus colegas de turma, pelo mútuo apoio de grande valia na trajetória do curso.

Aos amigos feitos durante os dois anos de estágio no Ministério Público Federal, por haverem transcendido as barreiras do profissional e criado laços de amizade que tornaram a rotina de trabalho um deleite diário.

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Com a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015 mostra-se mais do que necessária a delimitação da relação que esse diploma processual possui com o Processo do Trabalho, tendo em conta que o artigo 769 da CLT prescreve a aplicação das normas do processo civil ao processo do trabalho em casos de omissão, de forma subsidiária, naquilo que lhe for compatível. Portanto, o referido contexto urge o delineamento, nessa zona gris de possível conflito entre normas do novo Código de Processo Civil e do Processo Trabalhista, de quais inovações trazidas pelo diploma beneficiar-se-á a Justiça do Trabalho. Nesse sentido, o Tribunal Superior do Trabalho editou a Instrução Normativa nº 39/2016, que delimita um rol exemplificativo de normas do NCPC aplicáveis, não aplicáveis ou aplicáveis “em termos” à seara laboral. Todavia, nem de longe se esgota a necessidade à mera indicação de normas a serem ou não aplicadas, pois, se assim o fosse, bastaria uma mera indicação limpa e seca de dispositivos conforme efetuado em sede da instrução normativa mencionada. Urge ao aplicador do Direito saber por que determinada norma é aplicada, e por que outra norma não o é, com base em que dispositivos legais, sejam da legislação trabalhista ou processual civil, entendimento jurisprudencial ou sumular essa escolha foi baseada. Ainda mais, urge saber que princípios – gerais do processo ou específico dos ramos trabalhista ou civil – estão envolvidos nos conflitos e zonas cinzentas apreciadas, e qual foi homenageado na norma definida como aplicável. Isso faz com que o presente trabalho alce, no atual contexto de inauguração do NCPC, o patamar de instrumento autossuficiente e indispensável à interpretação da aplicação do novo diploma ao Processo do Trabalho.

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With the entry of the Code of Civil Process of 2015 it shows up more than necessary the definition of the relationship between civil and labour process, taking into account that Article 769 of the CLT prescribes the application of the civil process standards to the work process in case of failure, a subsidiary manner, when compatible. So, that context asks the definition, in this gray area of possible conflict between the new rules Code of Civil Procedure and the Labour Process, of which innovations brought by the diploma will benefit to the Labour Court. In this sense, the Superior Labor Court edited the Normative Instruction No. 39/2016, which defines an illustrative list of NCPC applicable standards, not applicable or applicable "in terms" to Labour Justice. However, not by far is exhausted the need to the mere indication of rules to be applied or not, because if it were so, it would be sufficient a clean and dry indication of devices as made in the mentioned normative instruction. It’s imprescindible to the law applicator to know why a particular standard is applied, and that other standard is not, and based in which legal provisions, whether the labor law or civil procedure, legal understanding or sumular this choice was based. Further, it is important to know what principles – general or specific from the labor process – are involved in conflicts and appreciated gray areas, and which was chosen in the standard defined as applicable. This makes this work reach in the current context of the inauguration of the NCPC, a self-sufficient and indispensable instrument to the interpretation of the application of new legislation to the Labour Process.

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LEGENDAS

CF – Constituição Federal

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CPC – Código de Processo Civil

IN – Instrução Normativa

NCPC – Novo Código de Processo Civil

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

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1 INTRODUÇÃO...11

2 O PROCESSO DO TRABALHO...13

2.1 Autonomia...13

2.2 Princípios peculiares do Processo do Trabalho...15

2.2.1 Princípios em comum ao Processo do Trabalho e ao Novo Código de Processo Civil...17

2.3 A do NCPC ao Processo do Trabalho...21

3 A INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO...27

3.1 A competência do TST para edição da Instrução Normativa nº 39/2016...27

3.2 Inovações do Novo Código de Processo Civil aplicáveis ao Processo do Trabalho...29

3.2.1 Relativas a Formalidades Processuais...29

3.2.1.1 Do saneamento da incapacidade processual ou de irregularidade de representação...29

3.2.1.2 Do valor pretendido na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral e da correção de ofício do valor da causa...33

3.2.2 Relativas a Sujeitos Processuais...34

3.2.2.1 Do amicus curiae...34

3.2.2.2 Dos poderes, deveres e responsabilidades do juiz...35

3.2.3 Relativos a meios de impugnação de decisões...37

3.2.3.1 Do juízo de retratação e do efeito devolutivo do recurso ordinário...37

3.2.3.2 Da remessa necessária...41

3.2.3.3 Da ação rescisória...44

3.2.3.4 Da reclamação constitucional...45

3.2.3.5 Do agravo interno, salvo quanto ao prazo de interposição...47

3.2.4 Relativas a aspectos diversos...48

3.2.4.1 Da tutela provisória...48

3.2.4.2 Da distribuição dinâmica do ônus da prova...52

3.2.4.3 Da fundamentação da sentença...56

3.2.4.4Da jurisprudência dos tribunais e do incidente de assunção de competência...60

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4 ASPECTOS NÃO APLICÁVEIS...71

4.1 Relativos a prazos processuais...71

4.1.1 Da contagem de prazos em dias úteis...71

4.1.2 Do prazo para contestação...72

4.1.3 Da prescrição intercorrente...75

4.1.4 Do prazo para interposição de agravo...79

4.2 Da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias...80

4.3 Relativos a negociação processual...81

4.3.1 Da modificação da competência territorial e da eleição de foro...81

4.3.2 Da cláusula geral de negociação processual e da distribuição diversa do ônus da prova por convenção das partes...83

4.4 Relativos a recursos...86

4.4.1 Do procedimento de julgamento não unânime de apelação...86

4.4.2 Das notas taquigráficas para substituir acórdão...88

4.4.3 Da desnecessidade de o juízo a quo exercer controle de admissibilidade na apelação...90

4.4.4 Dos embargos de divergência...92

5 ASPECTOS QUE SE APLICAM “EM TERMOS”...94

5.1 Da vedação das “decisões surpresa”...94

5.2 Do julgamento antecipado parcial do mérito...96

5.3 Do incidente de desconsideração da personalidade jurídica...97

5.4 Do julgamento liminar de improcedência...99

5.5 Do incidente de resolução de demandas repetitivas...100

5.6 Dos embargos de declaração...102

5.7 Da inquirição direta das testemunhas pela parte...104

5.8 Dos fundamentos em recurso de revista...104

5.9 Dos títulos executivos...105

5.10 Dos Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos...105

5.11 Do pedido expresso de intimação...107

5.12 Da hipoteca judiciária, do protesto de decisão judicial e da inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes...108

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...110

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho versa sobre a aplicação das normas do recém inaugurado Novo Código de Processo Civil, Lei nº 13.105, ao Processo do Trabalho. Nesse ímpeto, do Tribunal Superior do Trabalho editou por meio da Resolução nº 203, a Instrução Normativa nº 39/2016, que, em posse das normas do novo diploma processual, apresenta rol exemplificativo de normas aplicáveis, não aplicáveis e aplicáveis em termos (com ressalvas e esclarecimentos) ao Processo do Trabalho.

Desse modo, a proposta da presente monografia é estritamente pragmática: consiste basicamente em indicar quais institutos do NCPC se aplicam ao Processo do Trabalho, delineá-los e perscrutar quais princípios e qual a finalidade das normas que embasam sua aplicação. No caso de institutos que não se aplicam ao processo laboral, de acordo com a IN nº 39 do TST, considerando a omissão da instrução em fundamentar essa posição, destacar-se-á a razão para tal. Seja esta razão um princípio específico do Processo do Trabalho que não esteja alinhado com o NCPC, seja alguma norma da CLT que regule inteiramente a matéria ou disponha de maneira contrária e não deixe espaço à aplicação subsidiária da legislação processual civil.

Nessa linha, os objetivos específicos são: mostrar a autonomia legislativa, científica e judiciária do Processo do Trabalho; apresentar a principiologia do Processo do Trabalho e em que termos ela está alinhada com a tônica principiológica do NCPC; mostrar como se dá a aplicação das regras de Processo Civil ao Processo Trabalhista; demonstrar o embasamento legal da competência do TST, bem como a intenção pretendida na edição da IN nº 39/2016 do TST; delinear quais as inovações do NCPC são aplicáveis ao Processo do Trabalho, definir os institutos envolvidos e demonstrar em que medida essas normas aplicáveis se alinham à disciplina do Processo do Trabalho e seus princípios orientadores; por fim, delimitar quais normas do NCPC não são aplicáveis ao Processo do Trabalho, quais são aplicadas somente em termos, e demonstrar que normas e princípios do Direito do Trabalho embasam a não aplicação.

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Prosseguindo ao segundo capítulo, inicia-se o debruçamento sobre o conteúdo da Instrução Normativa nº 39 do TST, abordando-se primeiramente a Competência do TST para editar a instrução normativa em estudo e as razões que motivaram o pretório nesse ímpeto. No mesmo capítulo, traremos os institutos do NCPC aplicáveis ao Processo do Trabalho listados no art. 3º da IN nº 39/2016.

No terceiro capítulo, que trata de quais normas do NCPC não serão aplicáveis ao Processo do Trabalho, expostas no artigo 2º da instrução. Nesse momento, além de se efetuar a conceituação dos institutos envolvidos, esclarecer-se-á os motivos por que tal norma não se aplica, seja por não se alinhar aos princípios específicos do Processo do Trabalho, ou seja, por se referirem a institutos suficientemente disciplinados pela CLT ou disciplinados de maneira incompatível, não restando espaço para a aplicação Subsidiária do NCPC.

O último capítulo, por sua vez, trará as normas aplicáveis “em termos”, definidas no artigo 4º e seguintes da IN nº 39/2016 do TST. Seguir-se-á a mesma metodologia dos capítulos anteriores, definindo os institutos abordados e mostrando sua compatibilidade ao Processo do Trabalho, prestando-se, porém, especial atenção às ressalvas feitas pela própria instrução visando a não aplicação de certos termos, seu esclarecimento ou adaptação aos ditames da legislação laboral.

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2 O PROCESSO DO TRABALHO

A fim de que façamos o embate entre institutos do Processo Civil ou Comum e do Processo do Trabalho, objeto da presente obra, inolvidável que estabeleçamos os patamares da autonomia científica, legal e jurisdicional do processo laboral, bem como definamos o feixe de princípios gerais e específicos desse peculiar ramo processual.

2.1 Autonomia

O primeiro pilar a ser estabelecido para que iniciemos nosso estudo é o da autonomia do Direito Processual do Trabalho, em suas acepções científica, legal e jurisprudencial.

A esse respeito, existem duas teorias, uma monista e uma dualista. De acordo com a teoria monista, o Direito Processual é um só, não sendo o Direito Processual do Trabalho regido por leis próprias ou estruturado de modo específico. Os autores que defendiam este ultrapassado posicionamento defendiam que o Direito Processual do Trabalho ainda não conseguira se separar do Direito Processual, sendo a legislação processual do trabalho quase como um simples capítulo ou “legislação extravagante” do Código de Processo Civil.1

1 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 22ª ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2004. p. 54

A teoria atualmente em voga, que corresponde a nossa realidade legal, jurisdicional e doutrinária (científica) é a teoria dualista, que prega a autonomia do Processo do Trabalho, havendo uma corrente radical que defende a total emancipação desse ramo do Direito Processual e uma corrente moderada, que defende uma autonomia relativa, notadamente em face da coexistência de institutos e princípios exclusivos com a intercomunicação com as normas do Processo Civil.

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Todavia, conforme observar-se á, a legislação trabalhista não é autossuficiente para regrar todas as nuances do Processo do Trabalho, de modo que, por muitas vezes, a própria legislação obreira recorre de maneira expressa a normas do Processo Civil, ou abre espaço à sua aplicação subsidiária em casos omissos, no comando permissivo do art. 769 da CLT. Este aspecto em particular será objeto de estudo específico.

Nesse sentido, pondera oportunamente Pinto Martins a respeito da relativa autonomia legislativa do Processo do Trabalho:

Não se pode dizer, assim, que haja uma autonomia legislativa do Processo do Trabalho, pela inexistência de um código sobre a matéria. É certo, porém, que o Brasil, ao contrário de outros países, como a Itália, não tem as regras de Processo do Trabalho insertas no Código de Processo Civil. Entretanto, existe um número suficientemente grande de normas a tratar do Processo do Trabalho, seja na CLT ou na legislação esparsa.2

Dado o patamar da autonomia legislativa do processo laboral, temos que também no setor doutrinário-científico goza o Processo do Trabalho de autonomia, na medida em que verificamos que os institutos do Processo do Trabalho são diversos das demais áreas do Direito. Como exemplo temos os dissídios coletivos, de competência originária dos tribunais trabalhistas, no âmbito dos quais são proferidas decisões normativas, que valem para toda a categoria sindical, instituto sem qualquer paralelo no processo comum.3

No que tange ao aspecto jurisdicional, a autonomia do Processo do Trabalho está bem caracterizada desde a Constituição de 1946, que trouxe a Justiça do Trabalho como órgão integrante do Poder Judiciário, o que, no cenário internacional, traz como exemplos a Argentina, Uruguai, México, Alemanha e Espanha. Essa autonomia Desfruta o Processo do Trabalho de conceitos e vocabulário específicos, como ação de cumprimento para a observância de dissídio coletivo, reclamações plúrimas, bem como está baseado até mesmo em uma gama de princípios específicos, conforme se observará logo em seguida. Essa riqueza de conteúdo autônomo, por óbvio, resultou na pluralidade de doutrinas específicas e especializadas no cenário nacional, da qualidade de Carlos Henrique Bezerra Leite, Amauri Mascaro Nascimento, Sergio Pinto Martins, Wilson de Souza Campos Batalha, Wagner Giglio, Humberto Theodoro Júnior, entre outras, algumas sobre as quais tomará alicerce essa obra.

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jurisdicional resultou farta jurisprudência específica, consubstanciada em julgados icônicos, Orientações Jurisprudenciais, Súmulas e Instruções Normativas.

2.2 Princípios peculiares do Processo do Trabalho

A apreensão dos princípios peculiares ao Processo do Trabalho é imprescindível à percepção da carga axiológica que está impregnada em cada instituto a ser analisado no presente trabalho. Presta-se, inclusive, a determinar a aplicação ou não de institutos do processo civil ao Processo do Trabalho, pelo que passamos a sua análise.

O primeiro dos princípios específicos do Processo do Trabalho é comum também ao direito material do trabalho. O princípio da proteção, ou princípio da correção da desigualdade no direito laboral está alinhado com o objetivo da República Federativa do Brasil insculpido no artigo 3º, III da Carta Magna: a redução das desigualdades sociais e regionais.

Nesse diapasão, leciona Carlos Henrique Bezerra Leite:

O princípio da proteção deriva da própria razão de ser do Processo do Trabalho, o qual foi concebido para realizar o Direito do Trabalho, sendo este ramo da árvore jurídica criado exatamente para compensar a desigualdade real existente entre empregado e empregador, naturais litigantes do processo laboral.4

4 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 14ª ed. São Paulo: Ed.

Saraiva, 2016. p. 101

Conforme exemplo da presença desse princípio no texto legal, artigo 844 da CLT, que aduz importar no arquivamento da reclamação trabalhista o não comparecimento do reclamante à audiência. Por outro lado, o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Temos, ainda, o artigo 899, §4º da CLT, que traz a obrigatoriedade do depósito recursal apenas para o empregador.

Entre outros exemplos, citam-se também a assistência judiciária gratuita e a gratuidade do processo a isentar os trabalhadores do pagamento de custas e despesa.

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Alçado por muitos como o mais importante princípio a reger o processo trabalhista, distinguindo-o do processo comum, a finalidade social no Processo do Trabalho derroga parcialmente a isonomia entre as partes5

A diferença básica entre o princípio da proteção, acima referido, e o princípio da finalidade social é que, no primeiro, a própria lei confere a desigualdade no plano processual; no segundo, permite-se que o juiz tenha uma atuação mais ativa, na medida em que auxilia o trabalhador, em busca de uma solução justa, até chegar o momento de proferir a sentença.

em busca da aplicação de uma justiça reparatória à parte hipossuficiente da relação laboral.

Carlos Henrique Bezerra Leite também se manifesta sobre esse tema:

6

Não é a Justiça do Trabalho que tem cunho paternalista ao proteger o trabalhador, ou o juiz que sempre pende para o lado do empregado, mas a lei que assim o determina. Protecionista é o sistema adotado pela lei. Isso não quer dizer, portanto, que o juiz seja sempre parcial em favor do empregado, ao contrário: o sistema visa proteger o trabalhador.

Percebe-se, então, que no Processo do Trabalho o juiz assume uma postura mais ativa, sem perder, todavia, a postura de imparcialidade. De acordo com essa orientação principiológica, portanto, não possui interesse ou parcialidade pela vitória do empregado ao final do processo. Busca, por outro lado, com a maior atenção possível, perscrutar os meandros do caso para que, com sua decisão, proporcione a decisão mais justa e alinhada com a realidade possível, buscando, com isso amenizar as desigualdades existentes entre reclamante e reclamado desde que amparado pelo Direito. Atua, portanto, dentro dos próprios limites que lhe proporcionou o ordenamento obreiro em suas normas protetivas. Observemos o escolho de Pinto Martins:

7

Outro princípio norteador do Processo do Trabalho é o da busca pela verdade real. Derivado do princípio do Direito material do Trabalho da primazia da realidade, a partir dele extrai-se a orientação de que é mais importante para o magistrado saber efetivamente do ocorrido na relação empregatícia questionada no processo do que do teor das provas existentes nos autos, que pode ser desconstituído por outros meios de prova que surjam nos autos, demonstrativos da verdadeira realidade dos fatos. Nessa

5 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Os princípios do direito processual civil e o Processo do Trabalho.

In: BARROS, Alice Monteiro de (Coord.). Compêndio de direito processual do trabalho: obra em homenagem a Celso Agrícola Barbi. 1. Ed., 1998; 2. Ed., 2001. São Paulo: LTr.

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linha, confere o Artigo 765 da CLT ampla liberdade na direção do processo, podendo determinar qualquer diligência necessária ao seu esclarecimento.8

Justifica-se a peculiaridade do princípio da indisponibilidade nos sítios do Processo do Trabalho, pela considerável gama de normas de ordem pública do direito material do trabalho, o que implica a existência de um interesse social que transcende a vontade dos sujeitos do processo na efetivação dos direitos sociais trabalhistas e influencia a própria gênese da prestação jurisdicional especializada. Numa palavra, o Processo do Trabalho tem uma função precípua: a efetiva realização dos direitos sociais indisponíveis dos trabalhadores.

Outro princípio peculiar ao Processo do Trabalho é o da indisponibilidade, que decorre da irrenunciabilidade do direito material do trabalho e assume o importante papel de proteger o trabalhador, parte em desvantagem técnica e econômica da relação. Bastante elucidativa a lição de Bezerra Leite que ora colacionamos:

9

De início, importante pontuar que o novo diploma processual traz inovação ao ordenamento ao elencar de maneira explícita em seu artigo 8º diversos princípios constitucionais, tais como a dignidade da pessoa humana, a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Desse modo, esses princípios

Na sequência, temos o princípio conciliatório. Não é exclusivo da seara trabalhista, mas é aqui que ele se revela com mais evidência, sendo erguido a cláusula geral do Processo do Trabalho no art. 764 da CLT, ao pugnar que todos os conflitos submetidos à Justiça do Trabalho serão sujeitos à conciliação. O art. 831 da CLT estampa o princípio da conciliação ao afirmar ser condição intrínseca para a validade da sentença trabalhista a tentativa de conciliação feita antes de seu proferimento. Traz também em seu art. 846 que o juiz proporá a conciliação às partes ao abrir a audiência.

2.2.1 Princípios em comum ao Processo do Trabalho e ao Novo Código de Processo

Civil

Direcionando a exposição ao mote do presente trabalho, daremos enfoque doravante aos princípios e diretrizes do Novo Código de Processo Civil que traduzam a tônica do novel diploma processual e que transcrevam inovações ao ordenamento, na medida em que compatíveis com a base axiológica do Processo do Trabalho.

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fundamentais constitucionais passaram a ser ao mesmo tempo princípios fundamentais do processo.

A doutrina trabalhista atualizada pugna pela aplicação desses princípios ao Processo do Trabalho, e não poderia ser diferente, tendo em vista que, por estarem insculpidos na Magna Carta, hão de ser aplicados, inviavelmente, a toda a atuação estatal, não se furtando a tanto função jurisdicional. Alinhado com essa orientação, o magistrado, além de exercer suas funções institucionais tradicionais voltadas à prestação jurisdicional, também deverá atuar como um verdadeiro administrador público da justiça.10

Orienta o magistrado a tomar uma posição de agente-colaborador do processo, de participante ativo do contraditório e não mais de um mero fiscal de regras. Essa participação não se resumiria à ampliação dos seus poderes instrutórios ou de efetivação de decisões judiciais (arts. 131 e 461, §5º, do CPC). O magistrado deveria adotar uma postura de diálogo com as partes e com os demais sujeitos do processo: esclarecendo suas dúvidas, pedindo esclarecimentos quando estiver com dúvidas e, ainda, dando orientações necessárias quando for o caso. Encara-se o processo como produto de atividade cooperativa: cada qual com suas funções, mas todos com o objetivo comum, que é a prolação do ato final (...). O princípio da cooperação gera os seguintes deveres para o magistrado (seu três aspectos): a) dever de esclarecimento; b) dever se consultar; c) dever de prevenir.

Podemos citar como princípio comum a ambos os ramos processuais o da concentração, que decorre da aplicação conjunta de vários preceitos procedimentais no sentido de orientar a apuração de provas e a decisão judicial em uma única audiência. Os dispositivos estão insculpidos nos arts. 334, 357 e 358 do NCPC, e no art. 849 e 852-C da 852-CLT.

Outro princípio comum é o chamado princípio da colaboração ou cooperação processual, em que as partes, juntamente com o juiz assumem uma postura ativa baseada na boa fé e orientada à defesa dos direitos fundamentais envolvidos no processo. Observemos o que leciona Fredie Didier Jr.:

11

Como princípio orientador de uma série de normas do Novo Código de Processo Civil adotadas pelo Processo do Trabalho está o Princípio da vedação das “decisões surpresa”. Segundo sua diretriz, o juiz não pode decidir, qualquer que seja o grau de jurisdição, com base em fundamentos a respeito dos quais não tenha sido dada às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria perante a qual deva decidir

10 LEITE, 2016, op. cit. p. 109

11 DIDER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria geral do processo e processo de

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de ofício (art. 10, NCPC). Tal princípio possui vinculação íntima com o princípio do contraditório e com a participação do cidadão na Administração Pública da Justiça.12

O princípio da economia processual é princípio comum a todos os ramos do direito processual, ligado ao princípio constitucional da eficiência, consiste em obter da prestação jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de atos processuais, de modo a evitar gastos desnecessários de tempo e dinheiro para a administração pública e os jurisdicionados.

O princípio da primazia da decisão de mérito é outro símbolo da tônica do novo CPC, aplicável também ao Processo do Trabalho e expressamente adotado pelo Tribunal Superior do Trabalho no diploma normativo adiante estudado. Informa este axioma que somente em situações excepcionais e quando não for possível a correção de vícios ou irregularidades é que poderá o juiz, somente depois de conceder oportunidade de manifestação e de saneamento às partes, extinguir o processo sem resolução de mérito. Visa, portanto, o conserto de irregularidades visando munir o juiz de meios para proferir decisão de mérito, evitando encerrar o processo por meras irregularidades formais, como vícios na inicial ou no instrumento de mandato. Está ilustrado, a título de exemplo, nos artigos 6º, 317, 321 e 488 no NCPC.

13

Como aplicações práticas do princípio de economia processual, podem ser citados os seguintes exemplos: indeferimento, desde logo, da inicial, quando a demanda não reúne os requisitos legais; denegação de provas inúteis; coibição de incidentes irrelevantes para a causa; permissão de acumulação de pretensões conexas num só processo; fixação de tabela de custas pelo Estado, para evitar abusos dos serventuários da Justiça; possibilidade de antecipar julgamento de mérito, quando não houver necessidade de provas orais em audiência; saneamento do processo antes da instrução etc.

Em suma o processo deve-se inspirar no ideal de propiciar às partes uma Justiça barata e rápida, idéia que se vincula diretamente à garantia do devido processo legal, porquanto o desvio da atividade processual para os atos onerosos, inúteis e desnecessários gera embaraço à rápida solução do litígio. Humberto Theodoro Júnior ilustra as aplicações do referido princípio:

14

O princípio da irrecorribilidade de imediato das decisões interlocutórias, de aplicabilidade mais enfática na seara laboral, determina que, em regra, as decisões interlocutórias somente serão apreciadas quando da decisão definitiva, estando previsto

12 LEITE, 2016, op. cit. p. 96 13 LEITE, 2016, op. cit. p. 96

14 THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Volume I. 56ª ed. Rio de Janeiro:

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no art. 893, §1º da CLT. Na seara processual civil, também está delineado, uma vez que os artigos 995 e 1.015 do NCPC restringiram sobremaneira a recorribilidade imediata das decisões interlocutórias, na medida em que prevê rol restrito de decisões interlocutórias agraváveis.

Mais um alicerce do ordenamento jurídico brasileiro, gravado dentre os princípios constitucionais fundamentais do processo, trazido pela EC nº 45/2004 que acrescentou o inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal, Princípio da celeridade ou da duração razoável do processo está a orientar todo o Direito Processual brasileiro, inclusive em sua faceta administrativa.

Desse modo, assevera que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. O novo código processual, em sua senda de reiterar os princípios constitucionais, trouxe a mesma diretriz em seus artigos 4º e 139, inciso II, o qual trata dos deveres do juiz. Observar-se-á de maneira recorrente no presente trabalho este princípio a orientar diversos preceitos de ambos os segmentos processuais e também com o papel de definir a aplicação ou não aplicação de certos preceitos do Processo Civil ao Processo do Trabalho.

Por fim, insculpido no art. 12 do NCPC, consubstanciando novidade polêmica no ordenamento, está o princípio da observância da ordem cronológica de conclusão de processos. Para dar cabo a tal ensejo, as varas e tribunais deverão elaborar listas de processos aptos a julgamento, que deverão constar permanentemente à disposição em meio físico e on line. Tal visa evitar o retardamento ou o privilégio no julgamento de processos por quaisquer motivos espúrios, a bem da igualdade e da transparência, vez que, com o novo diploma processual, foi acentuado o papel de "gestor” do juiz.

Por homenagear a isonomia e a publicidade, o princípio da observância da ordem cronológica no julgamento deve ser aplicado com razoabilidade tanto no processo civil quanto no Processo do Trabalho, segundo pugna a doutrina.15

15 LEITE, 2016, op. cit. p. 98

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2.3 A aplicação do NCPC ao Processo do Trabalho

Partindo do pressuposto já firmado da autonomia relativa do Processo do Trabalho em relação ao Processo Civil no campo legislativo, verifica-se que o ramo processual não possui substrato apto a regular todas as facetas possíveis no âmbito de um processo, de onde surgem casos em que a legislação trabalhista revela-se omissa para resolver a lacuna do caso concreto. Conforme sabido, os fatos sociais refletidos no processo caminham mais rápido do que o potencial de previsão e de atualização do Direito.

Pontua Maria Helena Diniz16

• Normativa: na qual há ausência de norma sobre determinado caso; existirem três espécies de lacunas:

• Ontológica: existe a norma, que, todavia, sofre de envelhecimento em relação aos valores que impregnavam os fatos sociais, políticos e econômicos que lhe deram origem. Ou seja, é incompatível com os fatos sociais atuais, por não ter acompanhado seu desenvolvimento;

• Axiológica: ocorre aqui a ausência de uma norma justa, isto é, existe comando normativo, o qual, todavia, se aplicado ao caso, trará solução flagrantemente injusta.

Nesse ínterim, visando combater tais lacunas e evitar o vazio normativo (estado de anomia) dela decorrente, notadamente em razão do princípio da vedação do non

liquet17

Portanto, pondera a doutrina ter apresentado o artigo 769 da CLT, além da lacuna normativa, mais simples de assimilar, as lacunas ontológica e axiológica, o que , posto pelo inciso XXXV da Carta Política, que assegura ao jurisdicionado o direito à manifestação jurisdicional, estabeleceu o legislador processual trabalhista o artigo 769 da Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, que preceitua:

Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

16 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do Direito. 14. ed. São Paulo: Saraiva,

2001. p.437

17 BIGAL, Valmir. A obrigatoriedade das decisões judiciais. Direitonet, 03 de agosto de 2006.

(23)

representa o pensamento da teoria evolutiva ou ampliativa da aplicação subsidiária18

Observa-se, desse modo, diversos aspectos em que o Processo Civil representa “progresso” em relação ao Processo do Trabalho, agregando contribuição mesmo em relação às normas e princípios específicos da seara obreira, tendo em vista a já aventada interseção principiológica entre ambos os ramos processuais. Portanto, ante a inércia do . A compreensão da aplicação desses termos hermenêuticos à legislação trabalhista é fundamental para entender a sobredita aplicação subsidiária das normas do processo civil.

A lacuna ontológica pode ser verificada quando, ante o desenvolvimento das relações sociais, políticas, jurídicas e econômicas a legislação trabalhista permanece tímida, de onde vem a necessidade da influência de inúmeros institutos do processo civil ao Processo do Trabalho, tais como astreintes, os provimentos antecipatórios, as multas por litigância de má fé e por embargos procastinatórios.

De outra banda, a lacuna axiológica ocorre quando a aplicação de determinada regra trabalhista, interpretada literalmente, revela-se, na prática, injusta e insatisfatória em relação ao jurisdicionado trabalhista quando comparada com as novas regras do sistema processual civil sincrético, que possam vir a propiciar obtenção de vantagem material e/ou processual ao titular do direito objeto da demanda. Como pontuais exemplos podemos trazer o caso da multa de 10% e a intimação do advogado do devedor para o cumprimento de sentença.

A colmatação da lacuna axiológica implica, portanto, o afastamento de norma processual trabalhista que efetivamente existe e está positivada, mas que, todavia, dada a sua redação, revela-se contraproducente à justiça da decisão e à satisfação das partes, a fim de aplicar a norma do Processo Civil mais adequada ao caso. Necessita, para tanto, de alta dose de ponderação, atenção, visão e sensibilidade do juiz ás necessidades dos casos sub judice além de certa dose de proatividade do membro.

Exatamente por isso lacuna axiológica é a mais difícil de identificar, admitir e aplicar, principalmente em face de uma mentalidade retrógrada ainda presente em muitos magistrados trabalhistas de obediência ao sentido estrito das normas em dissonância e em falta de atenção às necessidades dos litigantes e os valores que deveriam ser realmente protegidos na aplicação das normas.

18 “Teoria Evolutiva, ampliativa ou sistemática ou ainda corrente moderna – defendida por Mauro

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legislador em atualizar a legislação, urge a atuação da jurisprudência no sentido de incorporar as sobreditas novidades ao Processo do Trabalho, segundo observar-se-á exaustivamente nos capítulos seguintes19

Interessante trazer à tona que o Tribunal Superior do Trabalho findou por adotar essa hermenêutica de romper com o dogma da autonomia absoluta do Processo do Trabalho e hoje aplica a norma do art. 769 da CLT mesmo em lacunas axiológicas, como se pôde observar na elaboração da Súmula 330 do Egrégio. Nesse icônico exemplo, constatou-se que, mesmo em havendo disposição legal expressa no art. 1º, V do Decreto-Lei 779/69, que determinava ser sujeita a remessa necessária decisão de qualquer valor contra a Fazenda Pública, resolveu aplicar os limites míniminos para remessa necessária do §2º do CPC de 1973

.

20

Atualmente, porém, a realidade é outra, pois o NCPC passou a consagrar, em muitas situações, a otimização do princípio da efetividade da prestação jurisdicional, de modo que devemos, sempre que isso ocorra, colmatar as lacunas ontológicas e axiológicas das regras constantes da CLT e estabelecer a heterointegração do sistema mediante o diálogo das fontes normativas e com vistas à efetivação dos princípios constitucionais concernentes à jurisdição justa e tempestiva. A utilização desta nova hermenêutica, portanto, pode ser adotada “sem ruptura no desenvolvimento aberto do Direito”.

, em atenção à celeridade processual que a aplicação do preceito proporcionaria, vez que livraria da remessa necessária uma plêiade de condenações de baixo valor.

Consideração importante nos traz Carlos Henrique Bezerra Leite a respeito do papel do artigo 769 da CLT ante o novo diploma processual inaugurado, senão vejamos:

Com efeito, quando criada (em 1943), a referida norma consolidada funcionava com uma “cláusula de contenção” destinada a impedir a migração indiscriminada das regras do processo civil, o que poderia comprometer a simplicidade, a celeridade enfim, a efetividade do processo laboral.

21

Analisando o lado oposto dessa interseção de ramos processuais, podemos verificar normas do próprio Código de Processo Civil de 2015 prevendo sua aplicação subsidiária a outras searas processuais específicas. Em primeiro lugar está o artigo 15 do diploma, segundo o qual “na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente”. Na sequência, temos o §2º do Art. 1.046, do Livro Complementar, de Disposições Finais e Transitórias do NCPC a dispor que

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permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, aos quais se aplicará supletivamente este Código.

Importante frisar que a aplicação das normas do processo civil em estudo por diversas vezes dar-se-á em face de remissões específicas feitas na legislação trabalhista, senão vejamos exemplo:

Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil

Todavia, dado o advento recente do NCPC e da não atualização das normas trabalhistas, a quase totalidade dessas remissões traz menção a dispositivos do Código de 1973, sendo de bom feito a ponderação feita pelo §4º do art. 1.046 do novo código, dispondo que “as remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código”. Portanto, observar-se-á que em momentos recorrentes desse trabalho será efetuada a transposição de institutos do diploma revogado para seus correspondentes no inaugurado.

É de se observar que o artigo 15 do novo CPC prega sua aplicação de dois modos, supletiva e subsidiariamente, pelo que novamente recorremos à conceituação desses termos hermenêuticos, aplicando-os ao Processo do Trabalho.

Supletivamente: significa aplicar o CPC quando, apesar da lei processual trabalhista disciplinar o instituto processual, não for completa. Falamos aqui de lacunas ontológicas e axiológicas. Nesse momento, o diploma processual será aplicado de forma complementar, aperfeiçoando e propiciando maior efetividade e justiça ao Processo do Trabalho, como ocorre nos casos dos institutos de impedimento e suspeição, ônus da prova e depoimento pessoal.

(26)

Nota-se, em adição, a preocupação dos estudiosos trabalhistas com a argumentação de que haveria revogação dos artigos 769 e 889, da CLT pelo advento do novo Código de Processo Civil, haja vista o mesmo, pelo critério cronológico, ser mais recente que CLT. Todavia, argumentam que estes artigos são normas específicas do Processo do Trabalho, e o CPC norma geral. Pelo critério da especialidade, as normas gerais não derrogam as especiais.

O próprio Tribunal Superior do Trabalho, quando da elaboração da Instrução Normativa nº 39 de 2016, diploma normativo sobre o qual será concentrado o estudo no presente trabalho, faz considerações que repisam todo o exposto. Consta da exposição de motivos da norma:

A proposta que ora se apresenta toma como premissa básica e viga mestra a não revogação dos arts. 769 e 889 da CLT pelo art. 15 do CPC de 2015, seja em face do que estatui o art. 2º, § 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, seja à luz do art. 1046, § 2º do NCPC.

Daí que a tônica central e fio condutor da Instrução Normativa é somente permitir a invocação subsidiária ou supletiva do NCPC caso haja omissão e também compatibilidade com as normas e princípios do Direito Processual do Trabalho.

Entendemos que a norma do art. 15 do NCPC não constitui sinal verde para a transposição de qualquer instituto do processo civil para o Processo do Trabalho, ante a mera constatação de omissão, sob pena de desfigurar-se todo o especial arcabouço principiológico e axiológico que norteia e fundamenta o Direito Processual do Trabalho.

No mesmo sentido, disposições dos considerandos e do primeiro artigo da Instrução Normativa:

considerando que as normas dos arts. 769 e 889 da CLT não foram revogadas pelo art. 15 do CPC de 2015, em face do que estatui o art. 2º, § 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,

considerando a plena possibilidade de compatibilização das normas em apreço, considerando o disposto no art. 1046, § 2º, do CPC, que expressamente preserva as “disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis”, dentre as quais sobressaem as normas especiais que disciplinam o Direito Processual do Trabalho,

[...]

(27)
(28)

3 A INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

Abordar-se-á, doravante, a Instrução Normativa nº 39/2016 do Tribunal Superior do Trabalho, norma que apresenta rol exemplificativo de relações entre o Processo Civil e o Processo do Trabalho, ao redor da qual orbitará o presente estudo.

3.1 A competência do TST para edição da Instrução Normativa nº 39/2016

O art. 296 do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho prevê que os atos de competência do Tribunal, normativos ou individuais, dividem-se em Resoluções

Administrativas e Resoluções. Nas Resoluções, segundo o art. 297, incluem-se “as

deliberações referentes à aprovação de Instrução Normativa, Súmulas e Precedentes Normativos”. É exatamente sob essa figura da resolução, de número 203, que foi Editada a Instrução Normativa nº 39/2016

Nesse sentido, Regimento Interno do TST traz o conceito resolução em seu artigo 296 como um ato normativo ou individual – concreto – editado nos limites de suas competências definidas no artigo nº 68. Trata-se, portanto, de ato administrativo no mesmo nível, ao lado de regulamentos, portarias, circulares, etc.

Essa natureza da instrução normativa é fonte de celeuma quanto a sua possibilidade de inovar na ordem legal. Ora, em tese, por tratar-se de um ato administrativo – não permite invasão da reserva legal, isto é, regulação de matérias reservadas pelo ordenamento jurídico ao tratamento por lei. Deve, portanto, a elas estar submetida.

Portanto, hão as instruções normativas, a bem do princípio da reserva legal, de revestirem-se de conteúdo meramente informativo e interpretativo, sem qualquer viés impositivo. Nesse sentido, observemos excertos tese desenvolvida pela Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho – ANAMATRA, conforme aprovada em seu conselho plenário e disponível de seu sítio eletrônico.

(29)

tempo, o princípio da separação dos poderes (CF, art. 2º e 60, § 4º, III) e o princípio da reserva legal(CF, art. 5º, II).

[...]

Feitas tais considerações, a conclusão é que a Instrução Normativa nº 39 não poderá se impor como elemento jurisdicional dotado de qualquer tipo de imposição ao magistrado. Sua eficácia, de outro modo, reside no componente interpretativo, como elemento informativo a servir de referência para o juízo de admissibilidade quanto à aplicação de normas do novo Código de Processo Civil ao Processo do Trabalho. De resto, a vinculação do magistrado se dará restritamente às normas pertinentes ao tema da heterointegração, notadamente os art. 15 do NCPC e o art. 769 da CLT.22

Foi com base nessa argumentação que a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho ingressou em maio de 2016 com a ADI 5516 perante o STF, sustentando inconstitucionalidade formal e material da Instrução Normativa ora em estudo. O julgamento ainda está pendente e a relatora é a Ministra Carmem Lúcia.23

22 SANTOS, Juliano Braga. Tese: A Instrução Normativa nº 39 do TST e sua função estritamente

informativa. CONAMAT – Conselho Nacional dos Magistrados Trabalhistas, 2016. Disponível em <http://www.conamat.com.br/listagem-teses-aprovado.asp?ComissaoSel=4>. Acesso em 18 jun. 2016

23 _______. Supremo Tribunal Federal. Magistrados questionam norma do TST que regulamenta

aplicação do novo CPC. Notícias STF, 09 de maio de 2016. Disponível em <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=316195>. Acesso em 20 jun. 2016

Dadas as bases de sua competência, editou o Tribunal Superior do Trabalho, em 15 de março de 2016, por meio da Resolução nº 203, a Instrução Normativa nº 39, que dispõe sobre as normas do Código de Processo Civil de 2015 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho, de forma não exaustiva.

Nesta perspectiva, a Instrução Normativa identificou e apontou três categorias de normas do NCPC, de modo a determinar sua aplicação, ou não, ao Processo do Trabalho:

a) as não aplicáveis (art. 2º);

b) as aplicáveis (art. 3º);

c) as aplicáveis em termos, isto é, com as necessárias adaptações (as demais referidas na IN a partir do art. 4º).

(30)

Ao fim da exposição de motivos, a comissão tece considerações a respeito da intenção pretendida e dos impactos relacionados à edição da Instrução Normativa em foco:

Anoto, de outra parte, que a aprovação da Instrução Normativa, tal como proposta, acarretará impacto substancial ou de atualização formal em dezenas de súmulas e orientações jurisprudenciais do Tribunal Superior do Trabalho. [...]

Enfim, no que tange às normas aplicáveis, a Comissão buscou, de forma bastante criteriosa e seletiva, transpor para o Processo do Trabalho as inovações relevantes que valorizam a jurisprudência consolidada dos tribunais, privilegiam a qualidade da tutela jurisdicional e não descuram da segurança jurídica.

3.2 Inovações do Novo Código de Processo Civil aplicáveis ao Processo do Trabalho

Havendo procedido à análise dos critérios de aplicação subsidiária e supletiva das normas do diploma processual civil ao Processo do Trabalho há pouco estudados, o Tribunal Superior do Trabalho definiu no artigo 3º da Instrução Normativa em estudo um série de preceitos veiculadores de institutos do Código de Processo Civil de 2015 de aplicação possível à seara laboral.

Conforme verificar-se-á, a adoção dos referidos preceitos deve-se à compatibilidade com a legislação trabalhista e seus preceitos regentes, em face da omissão ou da necessidade de completude (aplicação subsidiária) ou de acréscimo (aplicação supletiva) de que venha a padecer a legislação trabalhista.

3.2.1 Relativas a Formalidades Processuais

3.2.1.1 Do saneamento de incapacidade processual ou de irregularidade de representação

O inciso I do art. 3º da IN nº 39/2016 do TST permite a aplicação do art. 76, §§ 1º e 2º do NCPC24

24 CPC/15 - Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,

o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. §1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:

, que versa sobre os vícios de representação processual e seu

I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor; II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;

III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. §2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou

tribunal superior, o relator:

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saneamento, ao Processo do Trabalho. Desse modo, a fim de evitar “decisões surpresa” que põem fim ao processo sem manifestação das partes, o que será abordado em tópico específico, o novo Código dispõe que os sujeitos processuais serão intimados, inclusive, e é onde inova o código, em grau recursal, para proceder na sua regularização25

Observa-se, portanto, que o novo diploma privilegia o contraditório como uma garantia de aproveitamento da atividade processual, por meio da oferta à parte prejudicada do contraditório dinâmico, que é aquele em que são observadas as nuances do processo e prestado o direito à manifestação à parte pertinente tão logo necessário ao processo. Todo o sistema de nulidades do NCPC, portanto, está cingido pela cooperação entre juiz e as partes, endereçados a salvaguardar e facilitar o julgamento definitivo do mérito da causa, em lugar da invalidação desnecessária do processo.

. Somente após o não atendimento do comando judicial de saneamento do vício é que os consectários traçados no art. 76 deverão, sendo desfavoráveis à parte autora ou ré, conforme o caso, ser aplicados pelo julgador.

26

Pode acontecer, contudo, e esse é o âmago do problema, que o poder organizador, ordenador e disciplinador do formalismo, em vez de concorrer para a realização do direito, aniquile o próprio direito ou determine um retardamento irrazoável da solução do litígio. Neste caso o formalismo se transforma no seu contrário: em vez de colaborar para a realização da justiça material, passa a ser o seu algoz, em vez de propiciar uma solução rápida e eficaz do processo, contribui para a extinção deste sem julgamento do mérito, obstando a que o instrumento atinja a sua finalidade essencial.

Evita-se, desse modo, que um formalismo prejudicial à efetividade e ao aproveitamento útil do processo impere nos processos civil e trabalhista. Anote-se que, conforme já apresentado no embasamento principiológico do processo trabalhista, na dinâmica desse ramo processual somente hão de prosperar as formalidades e o rigor técnico na medida em que estejam a resguardar valores preciosos ao direito do trabalho, como a proteção dos hipossuficientes. Fora desses casos, o formalismo exacerbado tem largo potencial danoso ao processo, conforme nos mostra a doutrina:

27

Com a adoção sem reservas do artigo 76 do NCPC ao Processo do Trabalho, o Tribunal Superior do Trabalho optou tacitamente pela superação de vasta jurisprudência

II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

25 ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL: SEÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL. Novo Código de Processo Civil anotado - OAB. Porto Alegre: OAB RS, 2015. p.97

26 OAB-RS. op. cit.p.97

27ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. O Formalismo-valorativo no confronto com o Formalismo

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trabalhista28

Indubitavelmente estão nessa mesma linha outros dispositivos do novel diploma processual adotados o Processo do Trabalho, ainda no corpo da Instrução Normativa nº 39/2016 do TST, em seu artigo 10, que trata das normas “aplicáveis em termos” ao Processo do Trabalho. Preceitua o referido verbete que se aplicam ao processo laboral as normas do parágrafo único do art. 932 do CPC, §§ 1º a 4º do art. 938 e §§ 2º e 7º do art. 1007

que impunha uma série de requisitos à representação processual e ao seu instrumento de mandato, sob pena de inadmissibilidade recursal, tais como as Orientações Jurisprudenciais número 373 (regularidade da representação de pessoas jurídicas, convertida na Súmula 456 do TST), 374 (mandato com poderes limitados), 120 (veda mandato apócrifo) da SBDI-1 do TST; a Súmula 383 (veda procuração em âmbito recursal) e 395 (condições do mandato e do substabelecimento) do TST; o Ato Conjunto nº 21/2010 TST.CSJT.GP.SG (que institui a obrigatoriedade de recolhimento das custas via Guia de Recolhimento da União e seus requisitos). Haverá sempre, portanto, o juiz de prestar prazo para saneamento da irregularidade da representação e de outros requisitos recursais.

29

Todas versam sobre a vedação de decisões surpresas desfavoráveis a parte por ocorrência de vícios processuais sanáveis, segundo as quais haverá o juiz de conceder prazo para saneamento de vício, correção do valor do preparo, fornecimento de

.

28 LEITE, 2016, op. cit. p. 956

29 CPC/2015 - Art. 932. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá

o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.

Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.

§ 1o Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o

relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes.

§ 2o Cumprida a diligência de que trata o § 1o, o relator, sempre que possível, prosseguirá no julgamento

do recurso.

§ 3o Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o julgamento em diligência,

que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução.

§ 4o Quando não determinadas pelo relator, as providências indicadas nos §§ 1o e 3o poderão ser determinadas pelo órgão competente para julgamento do recurso.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.

§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.

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documentação pendente ou renovação de ato processual antes de manifestar-se pela admissibilidade ou mérito de recurso.

Todavia, faz o mesmo dispositivo da instrução normativa, em seu parágrafo único, pequena ressalva à necessidade de concessão de prazo para saneamento de irregularidades recursais, determinando que “a insuficiência no valor do preparo do recurso, no Processo do Trabalho, para os efeitos do § 2º do art. 1007 do CPC (segundo o qual há de ser concedido prazo para correção de pagamento feito a menor), concerne unicamente às custas processuais, não ao depósito recursal.”

Tal se deve em face de que, diferentemente do processo civil, no qual é exigido apenas o pagamento de custas para fins de interposição de recursos, no Processo do Trabalho há, em certas modalidades recursais, não só a exigência do recolhimento das custas, mas também do depósito recursal (depósito prévio pecuniário).30

O depósito recursal, ou depósito da condenação, por sua vez, não tem a natureza de taxa, mas sim de garantia do juízo recursal e sendo forma controversa de prevenção da interposição de recursos protelatórios e de má fé. Está disciplinado pelo art. 899, §1º a 6º da CLT. O caput do artigo vincula o conhecimento do recurso ao prévio depósito recursal, seus valores, que dependem da modalidade recursal, estão disciplinados na Instrução Normativa nº 3/1993 do TST.

As custas são taxas, espécie do gênero tributo (CF, art. 145, II), ou seja, contraprestações devidas pelo jurisdicionado (usuário) ao Estado pela prestação do serviço público que é a prestação jurisdicional. Seu pagamento é pressuposto processual exigido pelo art. 789, §1º da CLT, feito por meio de recolhimento de GRU, salvo os sujeitos processuais isentos do art. 790-A da CLT (beneficiários da justiça gratuita, entidades públicas e o MPT) e outros.

31

30 LEITE, 2016, op. cit. p. 961 31 Id. p. 973

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3.2.1.2 Do valor pretendido na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral e da correção de ofício do valor da causa

Os incisos IV e V do art. 3º da IN nº 39/2016 do TST trazem a aplicação do art. art. 292, V e V - art. 292, § 3º do NCPC32

Outros se posicionavam pela sua desnecessidade de indicação na inicial, tendo em vista o poder do juiz de fixá-lo de ofício em caso de omissão da peça vestibular

, que versam sobre o valor pretendido na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, e sobre a correção de ofício do valor da causa ao Processo do Trabalho.

No que tange ao valor da causa, elemento essencial da petição inicial, tal dispositivo do novo diploma processual civil estabelece a obrigatoriedade de sua atribuição já na peça inicial, mesmo em ações indenizatórias fundadas em dano moral. Põe fim, portanto, à possibilidade de “pedido genérico” de atribuição do quantum devido a título de danos morais por arbitramento do juiz, fato comum na práxis forense. Até a tomada de posicionamento pela aplicação do presente dispositivo do NCPC ao Processo do Trabalho, imperavam divergências quanto à exigência da explicitação do valor da causa na petição inicial trabalhista. Alguns o consideram obrigatório por ser requisito essencial ao estabelecimento do tipo de procedimento a ser adotado (ordinário, sumário ou sumaríssimo), o que define, por reflexo, os recursos cabíveis.

33.

Obrigatoriedade à parte, fato é que o valor da causa serve de base à resolução de diversas questões práticas como o cálculo das despesas processuais, os honorários sucumbenciais devidos ao réu em caso de improcedência da ação etc34

De acordo com a legislação trabalhista, o valor da causa já constituía requisito obrigatório nas ações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, que exigem pedido líquido (arts. 852-A e 852-B, inc. I, §1º da CLT. Já nos procedimentos sumário e ordinário, se

.

32 CPC/15 - Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,

o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. §1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:

I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor; II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;

III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. §2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou

tribunal superior, o relator:

I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;

II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

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omissa a petição inicial, o juiz deve fixá-lo de ofício, ainda que na própria sentença, ou, preferencialmente, antes de passar à instrução da causa, para fim da determinação da alçada (Lei nº 5.584/70, art. 2º).35

Ademais, não furta o código ao magistrado a sensibilidade de perscrutar o conteúdo econômico da questão e discordar do valor da causa atribuído pelo autor, pois, de acordo com o §3º do mesmo artigo, também acatado pelo Tribunal Superior do Trabalho, “o juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando

verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito

econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das

custas correspondentes”. Isso traz como conseqüência que havendo readequação do

valor da causa, exigir-se-á do autor que complemente o adiantamento das custas processuais, pena de indeferimento da inicial36

O inciso II do art. 3º da IN nº 39/2016 do TST permite a aplicação do art. 138, e parágrafos do NCPC

.

Desse modo, com a opção adotada pelo Superior Egrégio Trabalhista, cessa a celeuma de outrora, com a aplicação irrestrita da obrigatoriedade da apresentação do valor da causa.

3.2.2 Relativos a Sujeitos Processuais

3.2.2.1 Do amicus curiae

37

35 LEITE, 2016, op. cit. p. 620 36 OAB-RS. op. cit. p.232

37CPC/15 - Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema

objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o.

§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae.

§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.

, que versa sobre o amicus curiae, ao Processo do Trabalho.

O amicus curiae, ou amigo da corte, previsto pelo NCPC entre as hipóteses de

(36)

Não constitui propriamente parte na lide, porém, em razão de seu interesse jurídico (institucional) na solução do feito, ou por possuir conhecimento especial que contribuirá para o julgamento, é convocado ou se dispõe a atuar como colaborador do juízo.38

Registre-se, por oportuno, que o Projeto de Lei do Novo CPC traz inovação quanto o tema, tratando diretamente da figura do amicus curiae dentro do capítulo referente à intervenção de terceiros. Assim dispõe a redação do art. 322 do PLNCPC: [...] Em que pese ausência de previsão normativa do instituto na seara trabalhista, não se pode descartar a sua relevância e utilidade de aplicação no Direito Processual do Trabalho, especialmente nas ações coletivas, em que o interesse transindividual emerge cristalino.

Em que pese o instituto não contar com previsão expressa na legislação trabalhista, há precedentes jurisprudenciais mostrando sua aplicação na Justiça do Trabalho, notadamente em demandas de direito coletivo do trabalho (dissídios coletivos). Observemos este excerto do TST de 2014:

39

Parece-nos que o amicus curiae poderá ser admitido no Processo do Trabalho, tendo em vista a lacuna do Processo do Trabalho e a ausência de incompatibilidade com a sua principiologia (CLT, art. 769; NCPC, art. 15), mormente pelo fato de que tal modalidade de intervenção também poderá ocorrer nos casos de matérias altamente relevante, cuja especialidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia implicar a real n representatividade daqueles que poderão ser atingidos pela decisão judicial. A doutrina trabalhista especializada, por sua vez, já pregava a aplicabilidade desse instituto civil ao Processo do Trabalho antes mesmo do advento da IN 39/2016 do TST, se não vejamos:

40

O inciso III do art. 3º da Instrução Normativa permite a aplicação do art. 139, exceto a parte final do inciso V, do NCPC

Portanto, acertada e previsível a opção de adoção do instituto feita pelo tribunal.

3.2.2.2 Dos poderes, deveres e responsabilidades do juiz

41

38 THEODORO JR, op. cit. p. 282

39 TST - RR: 811004320095010281, Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de

Publicação: DEJT 20/10/2014

40 LEITE, 2016, op. cit. p. 588

41 CPC/2015 - Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,

incumbindo-lhe:

(37)

No referido artigo consolidam-se, sem prejuízo de sua repetição em dispositivos esparsos, os poderes/deveres do juiz que antes estavam dispersos em artigos como o 12542 e o 34243

Dentre esses deveres, temos como exemplos: a) zelar pela duração razoável do processo, b) prevenir ou reprimir atos contrários à dignidade da justiça e aplicar de ofício as sanções por litigância de má-fé, c) valer-se da técnica de tutela mandamental ou executiva (sub-rogatória), d) buscar a conciliação das partes, e) exercer o poder de polícia e requisitar força policial quando necessário (acrescentando-se também menção expressa à possibilidade de acionar a segurança dos fóruns e tribunais), f) determinar o comparecimento das partes e g) o de determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outras nulidades processuais.

do CPC/1973. Esses poderes e deveres alinham-se com e retratam todo o leque principiológico que rege o novo diploma processual.

44

Não há nas normas do processo trabalhista disposição específica tratando dos poderes, deveres e responsabilidades do juiz, pelo que a regra geral do processo civil encontra terreno livre à aplicação. A jurisprudência já era pacífica na aplicação das

I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

II - velar pela duração razoável do processo;

III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;

VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;

VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;

VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;

IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347,

de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso,

promover a propositura da ação coletiva respectiva.

Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular.

42 CPC/1973 - Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:

I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela rápida solução do litígio;

III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes

43 CPC/1973 - Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o

comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.

44 AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Editora Revista dos

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