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7 de julho A OCUPAçÃO O CORREDOR CULTURAL JÁ EXISTE

Parte do grupo que participou da construção do evento fazia parte do Comitê Popular de Arte e Cultura da APH-BH que se articulou ao coletivo Família de Rua e aos alunos da Escola de Arquitetura da UFMG (UNI009, da prof. Natacha Rena) interessados, antes mesmo dos protestos, em promover um grande ato no Viaduto Santa Tereza. Um aspecto interessante em relação ao nome do evento demonstra o uso da linguagem como ferramenta de disputa. Segundo Gabriel Murilo em entrevista concedida à Paula Bruzzi (2015, p.219) nomear como 'ocupação' enquadraria a ação como uma manifestação, deixando de ser necessário, portanto, um alvará para sua realização. Por outro lado, ele considera ainda que a escolha extrapola essa questão prática: para além de uma atividade lúdica (em sua concepção um simples 'evento'), a ação pretendia se constituir enquanto ato de contestação, distinto, entretanto, de formas tradicionais de manifestação contestatória. Paula Bruzzi (2015) sintetiza que a forma de articulação em torno da ação se complementava entre os canais digitais - o Grupo de Discussão (somente para convidados) e a Fanpage, ambos no facebook e as Planilhas compartilhadas no GoogleDocs - reuniões presencias e o espaço urbano no qual se realizaria o ato, escolhido por votação.

3 de julho -

É realizada uma reunião com o prefeito Márcio Lacerda e delegados da ocupação da Câmara, onde são colocadas as reivindicações para a desocupação da Câmara. André Veloso (2015) descreve o processo de escolha dos delegados, em fatos importantes emergem. Após todos os candidatos defenderem seus motivos para estarem presentes na reunião, sua participação era aprovada ou negada pela plenária. A princípio não havia um número máximo de delegados. É representativo que somente ativistas ligados a grupos que na leitura dos demais tinham uma atitude oportunista em relação à ocupação - Movimento Estudantil Popular Revolucionários (MEPR), União da Juventude Socialista (UJS) e DCE-UFMG (que na época tinha uma gestão em sua maioria do Partido dos Trabalhadores - PT) - foram rechaçados para presenciar a reunião. É representativo ainda que durante o processo houve o pleito de paridade de gênero na escolha dos delegados, o que foi rechaçado pela plenária,

demonstrando que, à época, o feminismo não era ainda uma pauta central, tal como é possível perceber atualmente. Essa foi a primeira vez desde a posse do primeiro mandato de Márcio Lacerda em 2009 que movimentos sociais foram recebidos pela prefeitura tendo a negociação como pauta. Diferentes temáticas foram abarcadas nas exigências apresentadas, refletindo a diversidade da ocupação:

1.Revogação da portaria da BHTRANS de 26 de dezembro de 2012 que institui o aumento da tarifa de ônibus de R$2,65 para R$2,80; 2. Incorporação imediata na redução do preço da tarifa da

desoneração da folha de pagamentos (vigente desde janeiro de 2013) e do PIS COFINS (vigente desde maio de 2013);

3. Divulgação pública dos dados contáveis necessários para a realização de uma auditoria cidadã das empresas de ônibus, com publicação dos produtos parciais previstos com a Ernest Young; 4. Implementação do Passe Livre para todos os estudantes e desempregados;

5.Agendamento de uma reunião com as ocupações urbanas e o Conselho de Habitação;

6. Agenda de reuniões com demais eixos temáticos da Assembleia Popular Horizontal.

É marcante a transmissão da reunião via streaming, o que permitiu que ela fosse acompanhada em tempo real por uma infinidade de pessoas para além dos delegados destacados. Abre-se aí a possibilidade de aportes dessas outras pessoas por meio de chats, sms, aplicativos de mensagens intantâneas etc., permitindo, de certa maneira, a expansão do coletivo ali reunido. Não satisfeitos com a reunião, entretanto, os manifestantes decidem manter a ocupação.

2013

via decreto municipal. Entretanto duas outras isenções já haviam sido concedidas

em nível federal (isenção de PIS/COFIS e de imposto sobre folha de pagamento) que não foram incorporadas à redução da tarifa (elas poderiam representar uma redução de, pelo menos, mais R$0,10). A aprovação da PL no417/2013 no dia 29 de junho de 2013 motivam a ocupação da Câmara Municipal de Belo Horizonte, iniciando um processo que duraria 8 dias. André Veloso (2015) aponta a

representatividade da Ocupação da Câmara Municipal no contexto dos novos movimentos sociais pela dinâmica auto-organizativa da ocupação e sua capacidade de atração de apoiadores - cerca de 500 pessoas -, que contribuíram na organização do local e com mantimentos e doações.

APH-BH mar

protesto durante a sessão extraordinária da Câmara

Municipal para a votação do PL no 417/2013 r

eivindicando a incorporação das emendas apr

esentadas

(incorporação da isenção federal à r edução

da tarifa e abertura da planilha de custos do sistema de ônibus). Entr

etanto,

a Guarda Municipal limita a entrada de manifestantes à

seção e o PL

é aprovado sem as incorporações

propostas.

A Câmara Municipal é, então,

ocupada.

5 de julho - 7º Grande Ato -

Atraiu pouco mais d

e 200 pessoas. P ara

André Veloso (2015) foi um r

epresentativo

do fim d

as movimentações de junho, trazendo aos ativismos, aos antig

os e aos

recém sur

gidos dos pr

otestos, a necessid ade

de pensar estratégias de mobilização e expansão d

as lutas. Questão ainda hoje

central para os ativismos: Como alc ançar

e mobilizar a sociedade de maneira mais ampla, uma vez que grande parte dela é,

em geral, também subjugada pelas dominaç

ãoes contra qual os ativismos lu tam? 5 de julho - Prefeitura anuncia a redução da tarifa em R$0,15 , voltando ao preço original de R$2,65, com a manutenção da taxa CGO e a incorporação da isenção dos impostos

federais 6 de julho - É deliberado em votação pela desocupação da Câmara Municipal. 7 de julho - Um cortejo saiu da Câmara Municipal marcando o fim de sua ocupação em direção ao Viaduto Santa Tereza, local onde ocorria o ato/manifestação "A Ocupação" 2 de julho -

Lançada campanha #OcupaCâmaraBH de apoio aos ocupantes da Câmara Municipal 1 2 3 4 5 6 7 8

A rede de movimentos #resisteizidora

é formada por diversos grupos tais como Brigadas Populares, MLB, Comissão Pastoral da Terra, MLPM, em prol da permanência das cerca de 8 mil famílias da área, segundo informações da rede de apoiadores.

2013

10 de julho - Brigadas Popular es e MLB pr

otocolam um pedido formal de reunião entr e o prefeito Már cio Lacerda e r epresentantes das oc upações urbanas.

A reunião havia sido pr ometida por Lacer da no dia 3 de julho no encontro entr e ele e os ocupantes da Câmara Municipal.

Agosto - Etapa Municipal da 5ª Conferência Nacional

das Cidades -

Parte dos nov os ativismos r

ecém sugidos nos protestos de junho se mobilizam

para participação da Conferência. Para muitos dos ativistas era um

primeir o contato r eal com pr ocessos participativos, entr etanto o diálogo estabelecido com gr upos d e mais acúmulo de ação nesses espaços,

permitiu que dois delegados d a APH-BH fossem eleitos como

repr

esentantes da sociedade civil na etapa estadual.

Agosto-

O COMPUR aprova parecer favorável à instalação de uma escola automotiva no prédio do antigo mercado distrital de Santa Tereza, inativo desde 2007. Para a que a escola se estabelecesse no local, entr

etanto, era necessário flexibilizar a lei que transformou o bairro em Área de Diretrizes Especiais (ADE)

11 de Agosto -

A Ocupação #2 Praia da Ocupação - Ainda como um questionamento ao Programa do Corredor Cultural da Praça da Estação, o ato teve como objetivo ampliar a área de atuação. Outras táticas foram adotadas para burlar constrangimentos para o uso do espaço, como, por exemplo, o uso de carrinhos de supermercado para que equipamentos pesados como caixas de som deixassem se configurar mobiliário fixo, não sendo mais necessário seu licenciamento para sua colocação em

espaços públicos.

Setembro - Tarifa Zero BH (Na época

ainda o GT de mobilidade da

APH-BH) elabora

Projeto de Lei de Iniciativa Popular para a implantação de tarifa zero no transporte público por ônibus (Pr

ojeto de

Lei de Iniciativa Popular T

arifa Zero). O grupo entende que o processo de recolhimento das 95 mil assinaturas necessárias (5% do eleitorado de Belo Horizonte) para que o PL vá a votação na Câmara Municipal é

também uma oportunidade de discussão da proposta com a discussão em geral. Segundo André Veloso, foram recolhidas de 15 a 20 mil

assinaturas para o projeto, que após um período de campanha intensa, acabou perdendo prioridade para outras ações do grupo.

Julho - Brigadas Popular

es e MLB travam

contato com a r ecém sur

gidas Ocupações da

Izidora. T

ais ocupações, sobr

etudo Rosa Leão,

a mais antiga das três, já eram apoiadas pela Comissão P astoral da T erra - CPT - pela Associação Arquitetos Sem Fr onteiras - ASF-Brasil - por pr

ofessores e alunos d a

PUC-Minas e UFMG, por apoiador

es ligados

ao Conjunto Ubirajara, conjunto vizinho à Ocupação Rosa L

eão e com histórico de

luta nos anos 1990, além de outr os apoiador es não ligados a nenhum gr upo.. 29 de julho a 31 agosto Ocupação da PBH -

Moradores das Ocupações Camilo T orres,

Irmã Doroty, Eliana Silva, V

ila Cafezal/São Lucas, Zilah Spósito, Rosa Leão, Dandara e Guarani Kaiowá ocupam a Pr

efeitura de

Belo Horizonte por trinta horas.

A ocupação tinha como pauta

estabelecer uma mesa de negociações com o objetivo de pr

omover a

regularização fundiária das ocupações, além de pr

ovê-las de infra-

estrutura e serviços, de modo a incluir os morador

es dessas áreas à

cidade formal. Ela foi um desdobramento da r

eunião realizada com

Márcio Lacer

da na ocasião da Ocupação da Câmara Municipal, quando foi pactuada a r

ealização de uma r

eunião para tratar especificamente

das ocupações urbanas, o que não ocorr

eu. Como acor

do para a

desocupação, a pr

efeitura se compr

ometeu a criar uma comissão

formada por r

epresentantes das ocupações e dos movimentos apoiadores, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública e Prefeitura de Belo Horizonte para discutir as

especificidades na r

egularização das ár

eas. Foi ainda

acordada a suspensão das ações judiciais de despejo de autoria do município até o fim dos trabalhos

da nova comissão, a mudança do zoneamento das áreas ocupadas para

AEIS-2 (áreas para regularização fundiária) e a articulação junto aos governos estadual e federal para uma ação conjunta r

elativa à regularização da ár ea. Pouco do acor dado se fez. 2 3 4 5 6 7 9 8