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Definindo os Mestres a serem Entrevistados, o Processo de Técnica e

No documento Dojô: espaço de educação (páginas 47-60)

2 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.3 Definindo os Mestres a serem Entrevistados, o Processo de Técnica e

Em nossas leituras e pesquisas, atentamos ao fato de que todo projeto de história oral necessita de uma boa organização estrutural. No que tange aos procedimentos, optamos pela técnica de entrevistas para contemplar a metodologia da história oral. A seguir, decorreremos detalhadamente acerca de nossas adesões quanto aos conceitos teóricos e procedimentais relacionados à nossa intervenção metodológica, ressaltando, assim, os nossos passos, cuidados e observações neste aspecto.

De acordo com Meihy e Holanda (2014, p. 14), “entrevista em história oral é a manifestação do que se convencionou chamar de documentação oral, ou seja, suporte material derivado de linguagem verbal expressa para esse fim”, contudo, o mesmo afirma que estas documentações orais, quando por intermédio de um

propósito e devidamente registradas através de gravações eletrônicas, tornam-se fontes orais.

Como já ressaltamos na introdução desta pesquisa, podemos dizer que nossa jornada metodológica em busca da sistematização de fontes orais teve início em 2008, enquanto graduando na Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco (ESEF-UPE), juntamente com o auxílio do então estudante de Educação Física, Luciano Flávio Leonídio (hoje, doutor em educação) e o docente titular da disciplina Judô naquela instituição, o prof. Marco Aurélio Lauriano, tivemos a ideia de levantar material histórico que buscasse resgatar a história do Judô no estado de Pernambuco e por onde relacionaríamos as histórias de vida coletadas via metodologia da história oral e focadas em questionamentos que pudessem esclarecer aspectos históricos, sociais e de episódios (contos) técnicos ou competitivos vivenciados por aqueles personagens (senseis).

Este material nunca foi tratado (paramos na fase de registro das entrevistas), ficando arquivado (salvo e protegido intocavelmente) com o presente pesquisador deste estudo por todo este período (de 2008 a 2016) transformando-se em arquivo pessoal. Contudo, ao partirmos para a “primeira”33 fase de transcrições do material (ocorrida durante a fase de escrita desta dissertação), percebemos que aquela versão semiestruturada de perguntas não mais atenderiam ao nosso novo objeto de pesquisa, ou seja, detectamos uma incompatibilidade temporal e conceitual quanto ao (re)aproveitamento daqueles dados, o que é compreensível, uma vez que em um espaço temporal de oito anos avançamos quanto à maturidade científica enquanto pesquisadores. Frente a este novo cenário constatado, fez-se necessário que revisitássemos parte daqueles mestres anteriormente entrevistados, com a finalidade de buscarmos novas informações, porém, agora direcionadas a responder as especificidades desta pesquisa. É importante reafirmarmos a nossa decisão por não utilizarmos nenhuma das antigas entrevistas realizadas em 2008, pois optamos construir um novo percurso metodológico que proporcionasse a formação de um novo acervo documental, e assim, partirmos de um marco zero para nossa presente pesquisa.

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“Primeira” porque nesta nossa pesquisa iniciamos tratando nosso acervo pessoal referente as entrevistas executas em 2008, contudo e como explicamos, decidimos não mais utilizar este material citado, e assim, partimos para novas entrevistas em 2016 juntamente a uma “segunda” fase de transcrição como detalharemos em seguida.

Sobre o nosso antigo banco de dados, possuíamos entrevistas com sete (7) mestres (sendo quatro do judô e três da luta livre/jiu-jitsu34), destes, revisitaríamos apenas três (3)35e realizaríamos mais duas (2) novas entrevistas36, totalizando, assim, 05 novas entrevistas. Com respeito às entrevistas, vale ressaltarmos afirmação de Meihy e Holanda (2014, p. 167) de “que história oral não é só entrevista, ainda que entrevistas façam parte de uma abordagem da história oral”. Desta forma, queremos enfatizar que as etapas seguem após a mesma (fases de pós-entrevistas), e também possuem sua importância enquanto história oral em sua macro análise metodológica.

Sobre o quantitativo selecionado, entendemos que equalizar a definição quanto ao número “ideal” de entrevistas que contemplasse a nossa investigação em sua totalidade não seria tarefa fácil, sobre este quesito, Meihy e Holanda (2014, p. 29), corroboram ao afirmarem que “calibrar o número de entrevistados com o alcance do projeto é quase uma arte”. Em relação à definição quanto ao número de entrevistas, Alberti (2005, p. 36) afirma que “deve ser suficientemente significativo para viabilizar certo grau de generalização de resultados do trabalho”. Concordando com ela, percebemos que, conforme avançávamos no tratamento das entrevistas (processos de transcrições e leituras), percebíamos que o número determinado por nós (cinco no total) não exigia complementação com novos entrevistados, pois aquilo que tínhamos em mãos contemplava a nossa pesquisa.

Para o novo percurso de entrevistas, determinamos que todas seguiriam um roteiro de perguntas previamente estabelecido (entrevista semiestruturada), no intuito de colher o registro de história oral dos mestres aposentados e/ou atuantes dentro e/ou fora do âmbito escolar formal.Sobre este modelo de roteiro de entrevista denominado como semiestruturada (também conhecido como semidiretiva ou semidirigida), nos embasamos em Bardin (2011, p. 93) quando diz que “entrevistas semidiretivas (também chamadas com plano, com guia, com esquema, focalizadas semiestruturadas), são mais curtas e mais fáceis [...]”, sobre este aspecto, entendemos que a autora relaciona estas características (curtas e fáceis) ao controle do tempo e da centralização do tema (foco) por parte do entrevistador durante a

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Com a decisão por realizarmos novas entrevistas, não foi necessário refazermos as mesmas com os mestres Jurandir Moura, Francisco Arruda e nem o José Gomes, pois agora contemplaríamos apenas o objeto Judô e não mais a luta livre e/ou o JiuJitsu.

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Na ocasião, foram revisitados os mestres: Tadao Nagai, Diógenes Moraes e Hayashi Kawamura. 36

Dos novos entrevistados em comparativo ao antigo banco de dados de 2008, tivemos a oportunidade de entrevistar os senseis Marco Aurélio e Byung Kuk Lee.

intervenção prática. Corroborando com nosso entendimento, Matos e Senna (2011, p. 104) afirma que “a mais indicada é a semidirigida, é um meio termo entre a fala única da testemunha e o interrogatório direto”. Segundo este autor, conceitualmente, o que ele denomina como “dirigida”, seria a que engessa o entrevistado a um questionário fechado, e a “não dirigida”, a que pode facilitar o afastamento temático por parte do entrevistado (por ser muito aberta). Evitando conflitos terminológicos, optaremos pelo termo conceitual denominado por semiestruturado.

Sobre o roteiro ou guia (Apêndice A) de perguntas selecionadas (aqui, denominado por semiestruturado), focamos em questões que proporcionassem a análise não apenas da importância social e histórica destes protagonistas, mas principalmente, a importância educacional destes para aqueles que vivenciaram os benefícios educacionais do judô. Assim, objetivamos contemplar um legítimo debate acerca de aspectos históricos e pessoais dos mestres e do judô recifense e, também, sobre a educação em si, já que nossa pesquisa está lotada em um programa de pós-graduação nesta área do conhecimento e, por onde pretendemos traçar uma interrelação que contemple o judô e os aspectos educacionais envolvidos nas vivências do judô pela sociedade (praticantes). Sobre o caminho para a construção do roteiro de perguntas, contemplamos o roteiro com base em Montenegro (2013, p. 150) que traz à tona a importância de que “as perguntas devem sempre ter um caráter descritivo e evitar qualquer indução ou juízo de valor [...] As perguntas devem ser curtas [...]”.

Em relação à seleção dos entrevistados, de acordo com Meihy e Holanda (2014), devemos pensar em responder ao questionamento “de quem?”, para justificar a realização da história oral. Desse modo, o autor pede que justifiquemos as razões pelas escolhas dos entrevistados. Já Alberti (2005) ressalta a importância de que a escolha dos entrevistados seja guiada inicialmente pelos objetivos de pesquisa e de seu domínio por parte do entrevistador. A mesma ainda ressalta a importância de atentar ao aspecto qualitativo quanto ao posicionamento dos selecionados frente ao seu contexto/grupo social e do significativo de suas experiências relacionadas ao tema e objeto de pesquisa.

Quanto aos protagonistas selecionados para a nossa pesquisa, os mesmos foram identificados previamente através de análise de pesquisa documental realizada com o intuito de traçar aqueles que eram mais mencionados por praticantes e também, significativamente, presentes em reportagens e recortes

históricos de jornais e revistas da época (análise documental), como também, através de conversas informais com alguns outros mestres que fortaleciam a citação destes mesmos nomes selecionados na pesquisa.

Dentre os critérios de inclusão para a escolha dos entrevistados, determinamos que todos os entrevistados deveriam ter sua história, total ou predominantemente, ligada especificamente à modalidade judô (e não à outras lutas). Também ficou decidido que, no caso de mestres falecidos, excluiríamos a possibilidade de entrevistas por terceiros (familiares e/ou amigos), visto que acreditamos que não teríamos uma boa riqueza de detalhes informacionais. Vale ressaltarmos que os sujeitos relacionados no quadro 2 (abaixo) foram encontrados e/ou contatados predominantemente através da utilização de redes sociais (principalmente Facebook®37 – através de acesso inicial por seus familiares) além de contatos diretos, onde fomos gentilmente atendidos a partir de agenda pessoal de contatos através de outros mestres que nos passaram gentilmente os telefones e/ou endereços dos senseis selecionados para a pesquisa, para que pudéssemos estabelecer os primeiros contatos.

Ainda sobre os senseis (mestres) selecionados, é importante registrar que existiam laços sociais de boa convivência entre o pesquisador e os mesmos, facilitando não só o acesso aos mesmos, como também, um maior conforto e segurança quanto à amplitude de suas falas, ou seja, daquilo que gostariam de dizer ao serem solicitados através da entrevista. Sobre este aspecto, Tourtier-Bonazzi (2006 apud MATOS; SENNA, 2011, p. 104), afirma que “o sucesso da entrevista depende da relação de amizade – conquistada através de encontros anteriores ao dia marcado para entrevista – entre a testemunha e o pesquisador”. Já Bosi (2013, p. 60) alerta que “a entrevista ideal é aquela que permite a formação de laços de amizade [...] Da qualidade do vínculo vai depender a qualidade da entrevista”. Compactuamos com esta ideia, haja vista que, mesmo após a coleta das entrevistas, continuemos em laço afetivo-social junto aos nossos senseis entrevistados. Esta nossa habilidade comunicacional estabelecida na relação também é corroborada por Guerra (2014, p. 52):

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Claro que se pretende uma relação de neutralidade face ao conteúdo do que é dito, mas a ética da relação estabelecida nas entrevistas é comunicacional e não apenas racional, pelo que se revelam fundamentais as capacidades de empatia e de interação humana.

De acordo com referências teóricas importantes que atuam no estudo da história oral e da análise de conteúdo, tais como, Bardin (2011), Bosi (2013), Guerra (2014), Meihy; Holanda (2014) e Montenegro (2013), a técnica e/ou procedimento de entrevista é parte crucial em uma investigação qualitativa voltada à coleta de dados/depoimentos a partir de fontes orais. Contudo, sabíamos de toda complexidade envolvida neste procedimento metodológico enquanto técnica de coleta informacional de dados, pois Guerra (2014, p. 52) já nos alertava que “parece uma questão simples, mas não é. Pedir a alguém que nos conte a sua vida é complexo [...]”.

Antes de cairmos, de fato, em campo e na prática com as realizações das entrevistas, tivemos alguns cuidados técnicos prévios, que nos proporcionaram melhor qualidade em nossos futuros documentos de registros orais. Neste sentido, criteriosamente, buscamos conhecer previamente o máximo acerca da história dos nossos entrevistados e também sobre o assunto em pauta. Sobre este quesito existe um consenso dos autores quanto à importância destes dois cuidados. Corroborando conosco, podemos citar o que diz Montenegro (2013, p. 151), “o fato de o pesquisador ter um perfil da história de vida do entrevistado aumenta, de forma significativa, a compreensão da própria memória do depoente”. Já a Bosi (2013, p. 59) fortalece o nosso cuidado, dizendo que “convém recolher o máximo de informações sobre o assunto em pauta para formular questões que o estimulem a responder”.

Quanto ao local das entrevistas seguimos os direcionamentos preconizados pelos autores. De acordo com Guerra (2014, p. 60), “as entrevistas devem ser realizadas preferencialmente em local neutro, ou pelo menos de fácil controle pelo entrevistado”, igualmente, Matos e Senna (2011, p. 104) afirmam que “o lugar escolhido também é importante para o sucesso da entrevista: deve ser tranquilo, onde o entrevistado sinta-se a vontade”. Ainda quanto ao aspecto do local a serem realizadas as entrevistas, selecionamos um trecho da fala de Meihy e Holanda (2014, p. 56) no qual o autor refere que devemos “[...] sempre que possível, deixar o colaborador decidir onde gostaria de gravar a entrevista”. Por fim, concordamos com

Bosi (2013) no entendimento de que não existirá o lugar ideal, ou melhor, todos apresentarão prós e contras, como exemplo, podemos citar o ambiente residencial que, por um lado, poderá ser confortável e hospitaleiro, mas por outro, poderá sofrer interrupções por parte de familiares. Em suma, caberá sempre uma análise mediada pelo bom senso e ponderações. Por fim, esclarecemos que todos os locais por onde realizamos as entrevistas foram, satisfatoriamente, relevantes quanto à qualidade do ambiente para captação do áudio, assim como, quanto ao ambiente de conforto aos entrevistados.

Todas as nossas entrevistas foram conduzidas tecnicamente pelo próprio autor da pesquisa e o local de entrevistas variou entre os espaços de atuação dos senseis (Dojôs), suas residências ou outros espaços de trabalho, a exemplo de uma entrevista que fora realizada em uma sala localizada numa instituição de ensino superior (IES) onde o sensei também trabalhava. Importante ressaltar que o local e horário foram plenamente decididos de acordo com a disponibilidade e conforto mencionado por parte do depoente durante primeiro contato para efetivação do convite (via contato telefônico). Foram entrevistados em seus dojôs (Tadao Nagai, Hayashi Kawamura); em suas residências (Diógenes de Moraes e Byung Kuk Lee) e por fim, em seu outro ambiente de trabalho – uma sala da Escola Superior de Educação Física (ESEF) – o sensei e professor universitário Marco Aurélio Lauriano.

Sobre a duração das entrevistas, de acordo com Guerra (2014, p. 60), “as entrevistas têm um tempo muito variável, dependente do tipo de pesquisa [...] De qualquer forma, o tempo desejável para não criar mal-estar no entrevistado é de duas a três horas”. Neste sentido, atendemos a este requisito, conforme podemos conferir no quadro 2 desta pesquisa, nossa menor duração foi de média de 22 minutos, e a nossa maior, ficou em torno de 1 hora e 24 minutos. Torna-se importante ressaltarmos que não gerávamos nenhum tipo de informação quanto a limites de tempo aos entrevistados e que todas elas fluíram naturalmente e de forma confortável a todos (entrevistador-pesquisador e entrevistado).

Quanto à captação de áudio durante as entrevistas, existe atualmente um pleno reconhecimento científico acerca da utilização de recursos tecnológicos. De acordo com Meihy e Holanda (2014, p. 23):

Até pouco tempo resistia-se às mudanças do sistema analógico para o digital. A conquista de mercado digital, porém, se impôs de maneira definitiva. A reprodutividade técnica e a facilidade de armazenamento e

transporte fazem com que, atualmente, não haja dúvida da validade do uso de recursos digitais. Ademais, os expedientes digitais facilitam o arquivamento das entrevistas e seus manejos em programas de computadores.

Para as nossas coletas de entrevistas foram realizados os devidos registros das mesmas, utilizando-se de equipamentos eletrônicos tais quais, um micro gravador digital da marca GPx® (DVR540) e, por segurança, contamos também com mais dois outros gravadores reservas (aplicativo Apple de gravação/captação de voz presente no celular de marca Iphone®38 5s), como também, um mp3 player da marca Philips®39. Todos estes equipamentos eletrônicos foram devidamente colocados em locais importantes dentro do cenário/local da entrevista, visando uma melhor e segura captação do áudio. O gravador central/principal da pesquisa, da marca GPx (DVR540), ficou mais próximo do narrador (geralmente no bolso da camisa dos mesmos), o Iphone® 5s ficou localizado de forma fixa entre o narrador e o pesquisador, e, por fim, o mp3 player da Philips foi usado como microfone na mão do pesquisador.

Estas decisões estratégicas quanto aos recursos tecnológicos foram de extrema importância, uma vez que, nas transcrições (fase pós-entrevistas), foi possível cruzarmos as informações e tirar dúvidas sobre o que foi dito através do comparativo de mais de um aparelho. Outro fator importante deve-se ao fato de, em caso de decisão por uso apenas de um equipamento, incorreríamos no risco de termos que remarcar entrevistas caso os aparelhos apresentassem problemas técnicos e/ou que, por motivos não controlados, houvesse falhas de captação da voz. Entendemos que um eventual processo de remarcação de entrevistas desgastaria a relação pesquisador-entrevistado, visto que interferiria no cotidiano destes mestres e em toda sua logística diária.

Quanto à equipe de trabalho, não foi necessário mais que o entrevistador e seu aparato tecnológico de gravações. Todas as entrevistas foram conduzidas única e exclusivamente pelo próprio pesquisador, não apenas pela proximidade do mesmo aos entrevistados, como também pelo domínio pleno da problemática e dos objetivos de pesquisa, o que garantiu maior rigor metodológico quanto aos procedimentos técnicos.

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Fabricado pela empresa Apple Inc. (Estados Unidos da América – EUA). 39

Após contato prévio, via ligação telefônica, visando a definição de local, horários e melhores datas por parte dos entrevistados, passamos a fase de realização de todas as entrevistas, realizadas através de apenas uma visita/encontro com cada mestre. Todo procedimento padrão metodológico e sequencial fora repetido com todos os entrevistados, e incluíam as seguintes etapas: a) detalhamento da importância do entrevistado à pesquisa; b) leitura do roteiro de perguntas (semiestruturadas) e do termo de consentimento livre esclarecido (TCLE); c) esclarecimentos de eventuais dúvidas que surgissem; d) realização da coleta/entrevista propriamente dita (início da gravação); e) fase final de assinatura dos documentos; f) agradecimentos e considerações finais por parte do entrevistador.

Para a nossa pesquisa, todos os sujeitos selecionados a serem entrevistados assinaram o TCLE (Apêndice B) - onde constam todos os detalhes e procedimentos da pesquisa e pelo qual os mesmos puderam optar livremente pelo fornecimento ou negação de informações à pesquisa.

Como dito anteriormente, para esta pesquisa optamos pelo tipo de entrevista denominada como semiestruturada (Apêndice A), através da qual pudemos traçar um caminho conceitual e focar na temática a ser desenvolvida, e por onde a mesma norteou-se através de um determinado roteiro. Em nosso prévio roteiro (semiestruturado), idealizamos treze (13) perguntas base que seriam agregadas por outras demandas intrínsecas ao próprio momento da entrevista, ou seja, formulam- se perguntas sem fugir do assunto, abrindo possibilidades de flexibilidade para que o entrevistado possa relatar outras ações (caso necessite) e que não se encontram no roteiro previamente estipulado. Desta forma, justificou-se a variabilidade do tempo total entre as entrevistas realizadas, conforme podemos conferir no (quadro 2).

Em relação à estipulação das treze perguntas que constam no roteiro semiestruturado, buscamos contemplar os objetivos da pesquisa, como também o seu problema em investigação. Em fortalecimento à nossa decisão sobre o roteiro, evidenciamos a afirmação incisiva de Bosi (2013, p. 55) quando afirma que “no tocante às técnicas de pesquisa, estas devem ser adequadas ao objeto: é a lei de ouro. Não conheço outra”. Desta forma, dando conta do objeto de pesquisa em questão, as perguntas foram estruturalmente divididas em cinco partes sequenciais: Bloco 1. (Três perguntas relacionadas à gênese do Judô em Recife); Bloco 2. (Quatro perguntas relacionadas ao processo de educação através do judô); Bloco 3.

(Três perguntas relacionadas a especificidade dos aspectos da cultura judoística); Bloco 4. (Uma pergunta contextualizada no âmbito do debate da sociedade x violência – aspectos da civilidade); e, por fim, o Bloco 5 (Duas perguntas relacionadas a reflexões acerca de expectativas para o futuro no que tange ao judô, pela visão dos mestres). Mais adiante, no tópico 2.4 desta seção, detalharemos como nos utilizamos da técnica de análise de conteúdo em relação ao tratamento destes dados informacionais (categorizações das perguntas contidas no roteiro) colhidos pelas entrevistas.

Durante a fase de entrevistas, ressalta-se que, para o pesquisador, era um momento de certa forma sublime, onde, mesmo tendo que manter toda exigência ética e protocolar enquanto investigador científico, não poderia deixar de mencionar que fora uma fase realizada com muita satisfação por parte do pesquisador e por onde se faria presente uma exaltação emotiva e natural por parte deste. Conversar com históricos e reconhecidos mestres de judô, tidos, inclusive, como referencias na vida do próprio pesquisador, possibilitaram oportunidade ímpar de aproximação através de cada encontro realizado. Contudo, reforçamos que, seguindo o rigor metodológico, cumprimos todos os procedimentos necessários a este momento da pesquisa, sem que fatores pessoais e/ou emocionais por parte do pesquisador, pudessem influenciar na pesquisa.

Sobre as narrativas coletadas via entrevistas, existiu uma constante preocupação em relação a possibilidade de que os mestres pudessem falar ao máximo e naturalmente de acordo com suas memórias. Sobre estes momentos de entrega de relatos e narrativas, Bosi (2013, p. 64-65) nos atenta ao fato de que “os lapsos e incertezas das testemunhas são o selo da autenticidade. Narrativas seguras e unilaterais correm sempre o perigo de deslizar para o estereótipo [...] a fala emotiva e fragmentada é portadora de significações que nos aproximam da verdade”. Desta forma, e tomando como base a fala da autora supracitada, sempre nos mantivemos com a clareza de que os entrevistados nunca poderiam ser colocados em situações de réus, mesmo que por parte do investigador/pesquisador, pudesse haver reflexões críticas sobre o fato dos relatos serem integralmente verdadeiros ou não. Cada um conta a sua verdade, e não é nossa função julgá-los (BOSI, 2013).

Muitas vezes durante as entrevistas, e devido a capacidade individual de

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