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3 Procedimentos Metodológicos

3.1 Delimitação da área de estudo

O território central da cidade do Recife foi e é alvo de diferentes estudos e levantamentos, que geraram uma grande diversidade de dados. No entanto, as bases territoriais desses levantamentos nem sempre corresponderam aos objetivos desse trabalho. Assim, foi necessário sobrepor distintas bases cartográficas a fim de compatibilizar os dados disponíveis à área que se pretendia estudar no Sítio Histórico da Boa Vista.

Essa sobreposição para a comparação dos dados e delimitação da área de estudo teve lugar sobre uma base cartográfica atualizada de ortofotocartas datadas do ano de 2008, disponibilizadas pela Prefeitura do Recife. Os dados municipais estão disponíveis tendo como base as Regiões Político-Administrativas e os bairros da cidade. Essa base também é parcialmente utilizada pelo IBGE para seus levantamentos das características demográficas e dos domicílios. A seguir, a Figura 3 identifica no território recifense a área correspondente à Região Político Administrativa 1 (RPA1), composta por 19 bairros. A Figura 4 aproxima-se do centro histórico para, em seguida, na Figura 5 mostrar o Bairro da Boa Vista, com destaque para o sítio histórico.

Figura 4 – Detalhe. 01 – Centro do Recife – RPA1. Fonte: Prefeitura do Recife, 2009. Imagem tratada pela autora.

Figura 3 – Município do Recife com destaque para a Região Político-Administrativa 1. Fonte: Prefeitura do Recife, 2009. Imagem tratada pela autora.

Figura 5 – Detalhe. 02 – Destaque para o bairro da Boa Vista, indicação do sítio histórico. Fonte: Prefeitura do Recife, 2009. Imagem tratada pela autora.

Constatou-se que o polígono que define o bairro da Boa Vista abarca ambiências com feições muito distintas. A delimitação da sua porção “histórica”, que consta na Figura 6,

DET. 01 RPA1 DET. 02 BOA VISTA SOLEDADE ILHA DO LEITE OLINDA JABOATÃO DOS GUARARAPES RPA2 RPA3 RPA4 RPA5 RPA6

ocorreu a princípio pela contraposição do mapa de 1820 (autoria desconhecida) e de uma ortofotocarta atual. A partir de observações in loco, o polígono foi redefinido pelo fato de algumas partes do tecido antigo se terem modernizado o ponto de não mais corresponderem, do ponto de vista tipológico, às feições do restante do núcleo inicial de ocupação do Bairro.

Figura 6 – Sobreposição do limite atual do bairro da Boa Vista em um mapa de 1820. Polígono da área de estudo delimitado pela autora em vermelho.

Figura 7 –Bairro da Boa Vista em destaque com polígono da área de estudo delimitado pela autora em verde.

Já para a compreensão da evolução demográfica da área entre 1991 e 2000, o trabalho lançou mão de dados censitários. O IBGE subdivide a unidade do bairro em partes menores, denominadas “setores censitários” ,24 segundo os quais é possível obter dados mais detalhados

a partir das dezenas de variáveis levantadas pelos censos e tabuladas pelo Instituto. Foram selecionados três setores censitários correspondentes à área de estudo. Os perímetros que definem esses setores mantiveram a sua geometria entre os censos de 1991, 2000 e 2010, o que facilitou a comparação dos dados. A área delimitada por tais setores, no entanto, não abrange toda a área de interesse deste estudo. A seguir, contrapõe-se em imagem o polígono da área de estudo, de elaboração própria em decorrência de critérios morfo-tipológicos e cronológicos do Sítio Histórico da Boa Vista, e a área correspondente aos setores censitários.

Figura 8 - Perímetro de estudo para a caracterização da condição urbana e do estoque edificado (elaboração própria) e área delimitada pelos setores censitários. Fonte da Imagem: IBGE. Imagem tratada pela autora.

A definição dos setores por parte do IBGE está pautada nas quadras. No entanto, para a análise espacial, considerou-se que a rua, como um elemento definidor de “ambiências”, proporcionaria dados mais adequados às análises urbana e arquitetônica. Nota-se ainda que os setores censitários selecionados para o estudo não abrangem toda a área de interesse da pesquisa. Para além dos limites do polígono definido por esses, considerou-se importante a incorporação da face norte da Rua da Imperatriz. A incorporação do setor censitário correspondente a essa face, no entanto, resultaria em um território de análise mais heterogêneo, já que ali se encontram muitos edifícios de grande porte nas imediações da Avenida Conde da Boa Vista. Pela ausência de uso habitacional em toda a Rua da Imperatriz,25

considerou-se que os dados censitários baseados apenas nesses três setores

25 Segundo levantamento contratado pela Prefeitura do Recife e realizado em 2006.

Rua da Imperatriz Avenida Conde da Boa Vista

seriam capazes de ilustrar as características quanto aos domicílios e à população residente no Sítio Histórico da Boa Vista.

A pesquisa utilizou ainda o mapeamento de uso e ocupação, de atividades instaladas e de estado de conservação26 dos imóveis, datado de 2006, e dos dados decorrentes dos estudos

do Perímetro de Reabilitação Integrada (PRI) do Programa Morar no Centro.27 É importante

ressaltar que a delimitação da área de estudo deste trabalho é bastante semelhante à área do entorno do PRI definido pelo mencionado Programa (Figura 9), abarcando, para além desste entorno, apenas a Rua da Imperatriz.

Figura 9 - Perímetro de estudo para o Programa Morar no Centro (URB), definido em amarelo, e o seu entorno, definido em vermelho. Fonte: Prefeitura do Recife, 2005.

Diante disso, define-se como área de estudo desta pesquisa, o que para efeitos deste trabalho se denomina de Sítio Histórico da Boa Vista, o conjunto de edificações do período colonial situado a sudoeste da Avenida Conde da Boa Vista. Nas figuras a seguir, onde se destaca a Ponte da Boa Vista, em continuação à Rua da Imperatriz, é possível perceber o contraste entre o gabarito das edificações do Sítio Histórico da Boa Vista e as quadras que margeiam essa Avenida.

26 Levantamento realizado em 2006 pela Consultoria Geosistemas, contratada pela Prefeitura da

Cidade do Recife.

27 Levantamentos realizados de 2003 a 2005.

Figura 10 - Vista aérea do Recife, anos 1960, com destaque em verde para a Ponte da Boa Vista. Fonte: IPHAN. Imagem tratada pela autora.

Figura 11 – Detalhe da ortofotocarta do Recife com área de estudo colorida. Destaque em verde para a Ponte da Boa Vista. Fonte: Prefeitura do Recife. Imagem tratada pela autora.

Pelo valor do conjunto edificado, o Sítio Histórico da Boa Vista é definido como uma ZEPH28 (Zona Especial de Preservação Histórica), de número 8, pela lei municipal de Uso e

Ocupação do Solo, LUOS, Lei N.º 16.176/1997. Além do conjunto edificado, algumas das edificações são tombadas nos níveis municipal, estadual e federal. Portanto, sobre o sítio incidem leis de preservação de distintos níveis. Os espaços livres públicos, tais como logradouros, largos, pátios e praças, não são, no entanto, alvo de legislação específica. Na Figura 12, no mapa do Sítio Histórico da Boa Vista, estão assinalados o polígono de estudo, os imóveis de destaque, os espaços públicos, e a delimitação da Zona Especial de Preservação Histórica Rigorosa e da Zona Especial de Preservação Ambiental.

28 A ZEPH é subdividida em Zona de Preservação Rigorosa (ZEPH-R) e Zona de Preservação

Ambiental (ZEPH-A).