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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2 Delimitação da pesquisa

Nesta seção, são apresentadas a instituição e a população objetos da pesquisa, de uma forma mais detalhada.

3.2.1 Caracterização da rede EBSERH

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares foi criada, em 2011, por meio da Lei nº 12.550, como uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação. Sua criação integra um conjunto de ações empreendidas pelo Governo Federal no sentido de recuperar os hospitais vinculados às universidades federais.

Essa decisão foi uma estratégia de modernização da gestão, recomposição da força de trabalho, reestruturação física e tecnológica e qualificação da gestão orçamentária e financeira dos hospitais universitários federais. Essa parceria se consolidou por meio de contrato firmado com as universidades federais que assim optaram.

Nesse contexto, a EBSERH tem como finalidade a prestação de serviços gratuitos de atenção médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, bem como a prestação, às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres, de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública, observada, nos termos do art. 207 da Constituição Federal, a autonomia universitária. (EBSERH, 2016).

De acordo com o seu portal, a referida empresa tem o propósito de “ensinar para transformar o cuidar” e como valor ser a “maior rede de hospitais públicos, proporcionando assistência humanizada, resolutiva e de vanguarda com o melhor campo de prática para as universidades federais, desenvolvendo ensino, pesquisa, extensão e gestão com sustentabilidade e transparência”. Sua visão é “ser referência nacional no ensino, na pesquisa, na extensão e inovação no campo da saúde, na assistência pública humanizada e de qualidade, em média e alta complexidade, e na gestão hospitalar, atuando de forma integrada com a universidade e contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde” (EBSERH, 2019).

A estrutura de governança das unidades hospitalares administradas pela EBSERH está no seu Regimento Interno, capítulo IV, artigo 60, sendo composta da seguinte forma: a) Superintendente do hospital; b) um Gerente de Atenção à Saúde; c) um Gerente

Administrativo; e d) um Gerente de Ensino e Pesquisa (quando se tratar de hospitais universitários ou de ensino) e estes membros constituem o Colegiado Executivo do hospital.

O Colegiado Executivo é o responsável pela direção e administração de todas as atividades da unidade, em consonância com as diretrizes, coordenação e monitoramento da EBSERH, e no que for pertinente ao ensino e à pesquisa, de acordo com as necessidades e orientações da universidade a qual a unidade hospitalar estiver vinculada, conforme estabelecido no artigo 61 do Regimento Interno da EBSERH.

Além do Colegiado Executivo, outro órgão permanente de assessoramento é o Conselho Consultivo que, dentre outras, tem a atribuição de orientar o Colegiado Executivo no cumprimento de suas atribuições e manifestar-se sobre as linhas gerais das políticas, diretrizes e estratégias dos hospitais.

Essa composição de governança indicada pode ser alterada em caso de complexo hospitalar ou de alguma excepcionalidade detectada nas unidades hospitalares, mediante aprovação do Conselho de Administração, a partir de proposta da Diretoria Executiva, ambos da estrutura da sede.

Cada hospital tem seu próprio regimento interno e, dependendo do porte do hospital (grande, médio, pequeno, maternidade ou especialista), os níveis hierárquicos abaixo da governança também sofrem pequenas alterações, mas para efeito desta pesquisa tal constatação não terá impacto. Esses níveis estão distribuídos em divisões, setores e unidades.

O Superintendente de cada um dos hospitais universitários é selecionado e indicado pelo Reitor. As Gerências são ocupadas por pessoas selecionadas por uma comissão composta por membros da Diretoria Executiva da EBSERH e pelo Superintendente da unidade hospitalar, indicados a partir de análise curricular que comprove qualificação para o atendimento das competências específicas de cada Gerência, de acordo com a normativa interna que trata do assunto, Resolução da Diretoria Executiva 008, de 24 de setembro de 2012.

O organograma da estrutura de governança das unidades hospitalares está representado na Figura 11.

Figura 11 – Estrutura de Governança dos hospitais da EBERH

Fonte: EBSERH (2017b).

3.2.2 Caracterização da população e amostra

Muitos são os estudos empíricos que envolvem fazer uma seleção de um grupo para o qual as proposições serão avançadas no final.

Sublinha Flick (2013, p. 77) que a amostra na pesquisa quantitativa “deve ser uma representação minimizada da população em termos de heterogeneidade dos elementos e da representatividade das variáveis e os seus elementos têm de ser definidos” e a população deve ser claramente limitada.

Para Gil (2008, p. 94), a amostragem intencional “[...] consiste em selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a população.” E “[...] requer considerável conhecimento da população e do subgrupo selecionado.” Alerta ser uma desvantagem quando esse conhecimento prévio não existe, tornando-se necessário a formulação de hipóteses, que pode comprometer a representatividade da amostra.

A despeito desse tipo de amostra oferecer como principal vantagem baixos custos de sua seleção (GIL, 2008), “[...] elas carecem de precisão, em decorrência de vieses de seleção que possam surgir e em função dos resultados não poderem ser generalizados [...] (AMARANTE, 2014, p. 195).

Dessa forma, a pesquisa foi realizada em 39 hospitais que compõem a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares para a construção de um mapeamento mais abrangente que analise a maturidade da Gestão do Conhecimento em toda a rede.

A empresa tem apenas sete anos de criação e, segundo os estudos de Souza (2017), a Gestão do Conhecimento ainda não foi formalizada e grande parte dos seus servidores desconhece ou não domina o assunto. Diante dessa realidade, foi motivador a escolha dos gestores da alta e média governança como respondentes pelo fato de se encontrarem no nível estratégico. Sendo-lhes permitido uma visão mais holística e sistêmica da instituição, presume-se que têm um maior conhecimento dos processos organizacionais, estando melhor preparados para avaliarem a Gestão do Conhecimento na EBSERH.

Os gestores da alta governança definidos foram o superintendente e os três gerentes – gerente administrativo, gerente de ensino e pesquisa e gerente de atenção à saúde; os da média foram os chefes de divisões da gestão do cuidado, do apoio diagnóstico e terapêutico, médica, da enfermagem, da divisão administrativa-financeira, da logística e infraestrutura hospitalar e de gestão de pessoas. Foram incluídos, também, os seguintes integrantes: ouvidor, auditor interno, chefes da unidade de planejamento, do setor jurídico e do setor de gestão de processos e tecnologia da informação dos 39 hospitais pesquisados.

Assim, foi selecionado o público-alvo para esta pesquisa, totalizando 623 gestores, cuja composição, amostra e representativa na pesquisa está demonstrada no Quadro 9.

Quadro 9 – Composição da população, amostra e sua representatividade

Gestores População Amostra Representatividade

Superintendente 39 22 56,41% Gerente Administrativo 38 30 78,94% Gerente de Atenção à Saúde 39 21 53,84% Gerente de Ensino e Pesquisa 39 24 61,53% Demais Gestores 468 144 30,76% Total 623 241 38,68%

Verificando o Quadro 9, percebe-se que houve uma boa representatividade por parte dos gestores de alta governança, com índices elevados de participação, sendo o destaque para os gerentes administrativos, com um percentual de 78,94%. Na sequência, os gerentes de ensino e pesquisa (61,53%); os superintendentes (56,41%), os gerentes de atenção à saúde (53,84%) e os gestores de média governança na ordem de 30,76%.

Esse universo permite uma margem de erro máxima de 5% (cinco por cento) e um nível de confiança de 95% (noventa e cinco por cento). Tais margem e nível de confiança ficaram ratificados por meio de uma calculadora constante do Survey Monkey8. Foram coletados 241 questionários, independentemente do cargo do respondente ou do hospital onde atua.

Para seleção da amostra, calculou-se a quantidade pela ferramenta já referida, cujos dados estão apresentados no Quadro 10, sendo a amostra medida de 238 gestores, portanto, abaixo do que foi coletado de respondentes no total de 241, este último quantitativo utilizado na pesquisa.

Quadro 10 - Cálculo Amostral

Tamanho da População 623

Grau de Confiança (%) 95

Margem de Erro (%) 5

Tamanho da Amostra 238

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

É bom tornar claro que o que se pretendeu identificar nesta pesquisa foi a situação da maturidade da Gestão do Conhecimento na EBSERH, tão somente sob a percepção de seus gestores da alta e média governança, sem intenção de generalizar os dados obtidos na amostra para a população, nem tão pouco para os demais colaboradores da empresa.

Na próxima seção, será abordado o método de coleta de dados relativos a maturidade da Gestão do Conhecimento na EBSERH, respaldado nos fundamentos teóricos e metodológicos.

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