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1 INTRODUÇÃO

2.5 Modelos de gestão do conhecimento

2.5.5 Modelo de Gestão do Conhecimento para a Administração Pública

Na introdução deste trabalho, foi destacado que Batista (2012) apurou que os modelos de GC construídos para o setor privado não são adequados para o setor público e que era necessário construir um modelo genérico, holístico e específico de GC voltado essencialmente à administração pública brasileira.

Com essas características, foi criado o MGCAPB a partir da revisão de literatura em Gestão do Conhecimento, realizada por Batista (2012), e em outros modelos, instrumentos de avaliação e roteiros de implementação utilizados em organizações públicas brasileiras. Esses estudos foram atualizados por seu criador em 2014, em parceria com outros pesquisadores, relatando a experiência da implementação de modelos de GC em várias organizações.

O autor esclarece que o MGCAPB tem o foco em resultados e é específico para a administração pública brasileira, tendo como finalidade orientar as organizações públicas na implementação da Gestão do Conhecimento. Segundo o autor, para que esse modelo seja aplicável em organizações públicas brasileiras, deve reunir as seguintes características:

[...] ser simples; ser prático; ter definição clara, objetiva e contextualizada de GC para a administração pública; contemplar as partes interessadas da administração pública, em especial o cidadão e a sociedade; ter sólida fundamentação teórica baseada em revisão sistemática de literatura sobre modelos de GC (KM Frameworks) para a administração pública e na análise de modelos utilizados por organizações públicas e privadas; ser relevante e útil para as entidades dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, dos níveis federal, estadual e municipal e da administração pública direta e indireta; ter linguagem e conteúdo adequados à administração pública; estar relacionado com as iniciativas da administração pública na área de excelência em Gestão Pública (em especial o Programa Nacional da Gestão Pública e Desburocratização) e, consequentemente, que associe GC com resultados institucionais ou desempenho organizacional; contemplar fatores críticos de sucesso na implementação da GC [...]. (BATISTA, 2012, p. 19- 20).

O modelo é estruturado em seis componentes, conforme representado na Figura 8: 1. direcionadores estratégicos: visão, missão, objetivos estratégicos, estratégias e metas; 2. viabilizadores: liderança, tecnologia, pessoas e processos; 3. processo de GC: identificar, criar, armazenar, compartilhar e aplicar; 4. ciclo KDCA; 5. resultados de GC; e 6. partes interessadas: cidadão-usuário e sociedade. É essencial a integração de todos esses componentes para que a implantação da GC na administração pública atinja os melhores resultados para a sociedade em geral.

Figura 8 - Modelo de Gestão do Conhecimento para a Administração Pública Brasileira

Fonte: Batista (2012, p. 52).

O primeiro componente desse modelo são os direcionadores estratégicos da organização: visão, missão, objetivos estratégicos, estratégias e metas. É fundamental para o sucesso da iniciativa alinhar à GC com esses direcionadores, para que haja possibilidade de se alcançar os resultados esperados. (BATISTA, 2012).

O segundo componente do modelo são os fatores críticos de sucesso ou viabilizadores da GC: liderança, tecnologia, pessoas e processos.

A liderança é apontada como um aspecto essencial para o sucesso da implementação da GC nas organizações públicas. Cabe a alta governança dirigir o esforço de implementação da GC; estabelecer a estrutura de governança e os arranjos organizacionais para formalizar as

iniciativas de GC; alocar recursos financeiros para viabilizar as iniciativas de GC; assegurar a utilização da GC para melhorar processos, produtos e serviços e, ainda, deve servir de exemplo e aplicar os valores de compartilhamento do conhecimento e de trabalho colaborativo.

A tecnologia se apresenta como o segundo viabilizador de GC importante para acelerar os processos de GC por meio de práticas e ferramentas que contribuem para a criação, o armazenamento, o compartilhamento e a aplicação do conhecimento. Oferece uma plataforma para a retenção do conhecimento explícito, mediante várias ferramentas, tais como: mecanismos de busca, repositórios de conhecimentos, intranets e extranets.

As pessoas desempenham um papel fundamental nos processos principais de GC, sendo um viabilizador de vital importância para o sucesso nos principais processos: identificação, criação, armazenamento e aplicação do conhecimento. Por essa razão, de acordo com o pesquisador, a organização pública deve investir em programas de educação e capacitação, nos de desenvolvimento de carreiras para incrementar a habilidade dos servidores e gestores públicos. Isso contribui para melhorar o desempenho institucional.

Processos foram enquadrados como outros viabilizadores para implantação do MGCAPB. Batista (2012, p.60) afirma que:

Processos sistemáticos e modelados de maneira efetiva podem contribuir para aumentar a eficiência, melhorar a qualidade e a efetividade social e contribuir para a legalidade, impessoalidade, publicidade e moralidade na administração pública e para o desenvolvimento nacional.

Como práticas ligadas à estruturação dos processos organizacionais, Batista et al. (2014) elencam as seguintes: Melhores práticas, Benchmarking, Memória organizacional/Lições aprendidas/Banco de conhecimentos, Banco de competências organizacionais, Banco de competências individuais ou Banco de talentos e Gestão do capital intelectual ou Gestão dos ativos intangíveis

Apresenta-se, no seguimento, o terceiro componente do modelo, os processos de Gestão do Conhecimento. Esses processos são sistematizados em cinco atividades principais: identificação, criação, armazenamento, compartilhamento e aplicação do conhecimento. Dessa forma, faz-se necessário que essas atividades estejam interligadas com os processos organizacionais e se procure planejá-las e executá-las em conformidade com as peculiaridades desses processos.

Para operacionalizar os processos de GC preconizados nesse modelo é indicado, como quarto componente do MGCAPB, o ciclo KDCA, uma adaptação do PDCA, modelo bastante utilizado no controle de processos nos modos de Gestão da Qualidade Total. O PDCA é traduzido para o português como planejar, executar, verificar; agir e corrigir. Todavia, o autor sugere a substituição da letra “P” pela “K” por considerar que o planejamento deve ser realizado com foco no conhecimento.

O quinto componente do MGCAPB são os resultados de GC, que podem ser divididos em resultados imediatos e resultados finais. Os resultados imediatos são a aprendizagem, a inovação e o aumento da capacidade de realização individual, das equipes, da organização e da sociedade. Os resultados finais são o aumento da eficiência, melhoraria da qualidade e da efetividade social e a contribuição para a legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade na administração pública. (BATISTA, 2012).

O último componente diz respeito às partes interessadas na administração pública: o cidadão-usuário e a sociedade. O foco no cidadão é fundamental para que o serviço público cumpra sua missão e atenda às necessidades dos destinatários dos seus serviços. Isso significa que a preocupação com a sociedade deve contemplar temas como desenvolvimento, responsabilidade pública, inclusão social, transparência, interação e gestão do impacto da atuação da organização na sociedade.

O modelo de GC para a administração pública, apresentado por Batista (2012, p. 70), foi construído, resume ele, para “introduzir o tema de forma simples e prática para facilitar a institucionalização da GC nas organizações públicas.”