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demandas sobre novas tecnologias

No documento Ensino e pesquisa na educação geográfica (páginas 91-95)

É fato constatável, inclusive por pesquisas sobre tecnologias educacionais que evidenciam a presença e a dependência da tecnologia no cotidiano dos jovens, que a comunicação atual tem se dado não mais pelo contato presencial, mas, sobretudo, pela conexão virtual. As redes sociais passaram a fazer parte desse dia a dia e vive-se mesmo uma vida paralela virtualmente. Essas ações e reações repercutem no fazer diário, o que demanda uma nova abordagem no ambiente escolar. Compreende-se, portanto, que as novas tecnologias modificam algumas dimensões da nossa inter-relação com o mundo, com a realidade de tempo e espaço, sendo a internet apenas uma das ferramentas possíveis para isso.

A evolução das redes eletrônicas estabelece novos elos e formas de inter-relação pessoal que não necessariamente

precisam ocorrer face a face. Para Setto (2010, p. 90), “esse momento é entendido como virtualização, que serve um novo modo de ser e estar no mundo, criação, relação e contatos sociais, em situação de não presença física”. Através de um notebook ou computador convencional, grupos de pesquisas, de estudos ou empresariais se integram e socializam informações estando em partes diferentes do globo. Pierre Lévy (1999) refere-se a esse espaço como o “ciberespaço”, o qual é definido como uma rede, um novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores e das memórias provenientes deles. A ideia de integração em redes de estudos ou redes sociais de relacionamento coloca-se como elemento da “cibercultura”, que se trata do conjunto de técnicas (materiais e culturais), práticas, atitudes, modos de pensamento e valores que se desenvolvem com a ampliação do ciberespaço.

As novas tecnologias que promoveram o surgimento do ciberespaço e da cibercultura surgiram no século XX. Contudo, foi na segunda metade deste que uma série de inovações midi- áticas contribuiu para as transformações. Ainda de acordo com especialistas, as chamadas novas tecnologias da comunicação e informação surgem a partir de 1975, com a fusão entre as telecomunicações analógicas e a informática. O computador, nesse sentido, é um símbolo emblemático desse novo processo tecnológico; ele possibilitou a apresentação simplificada dos dados e informações nesse ciberespaço.

As inovações e avanços tecnológicos passam a influenciar os comportamentos humanos de diversas formas. Santos (2006) já ressaltava que a influência das técnicas atua sobre os com- portamentos ao afetar as maneiras de pensar, agir e comunicar e ao propiciar uma adaptação à lógica do instrumento. Ainda

que seja um movimento pontual, as redes de socialização de ideias, atitudes e pensamentos estão ganhando, nos últimos tempos, um poder significativo, em poucos segundos milhões de pessoas “curtem” o mesmo vídeo, a mesma poesia, uma mani- festação local que passa a ganhar projeção em escala global. As instituições de educação não podem, portanto, negligenciar o avanço na comunicação e se portar de forma adversa a esse novo mecanismo, assim como não podem ficar à mercê de toda e qualquer informação sem um parâmetro que esteja dentro do planejamento curricular e das atividades pedagógicas.

Desse modo, para Pierre Lévy (1999), aqueles que se contrapõem ou denunciam o fenômeno das tecnologias da informação e comunicação têm uma semelhança com aqueles que desprezaram o Rock nos anos de 1960, expressão máxima da resistência cultural e que depois se tornou indústria. Setto (2010) nos lembra que as técnicas guardam consigo projetos, esquemas imaginários, implicações sociais e culturais variadas e segue sua análise: “por trás das técnicas, agem e reagem ideias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder, toda gama de jogos dos homens em sociedade.” (SETTO, 2010, p. 93).

As reflexões acima fazem emergir questionamentos que precisam ser analisados. Como, no momento atual, as institui- ções de ensino têm se comportado frente a esse novo paradigma das novas tecnologias? Questiona-se ainda: porque é desejável promover a sociedade da informação e que mediações seriam passíveis de realização para integrar a escola a essas novas tecnologias?

A escola ainda mantém os seus elementos tradicionais que a estruturam: sala de aula organizada de forma hierárquica,

cadeiras postas em fila indiana, aula centrada na figura do professor, calendários escolares, avaliações que privilegiam a memorização, currículo, entre outros. Na medida em que a escola mantém resistências não somente à utilização de multimídias como também à inserção delas em seus planejamentos, ela é afetada diretamente pelas novas tecnologias. Como aponta Castells (1999), os efeitos das novas tecnologias têm alta pene- trabilidade. A informação é parte integrante de toda a vida humana, individual e coletiva, portanto, todas as atividades tendem a ser afetadas pelas novas tecnologias.

De fato, as novas tecnologias chegaram às escolas, mas estas sempre privilegiaram mais a modernização da infraes- trutura e a gestão do que propriamente a mudança. Segundo Moran (2013), apesar das resistências institucionais, as pressões pelas mudanças são cada vez mais presentes. É incontestável que a internet e as redes eletrônicas têm revolucionado as formas de ensinar e aprender, mas as escolas precisam estar atentas e preparadas para vivenciar esse novo momento.

Contudo, deve-se fazer uma ressalva, a utilização de novas tecnologias não deverá substituir as aulas expositivas, posto que aquelas se constituem apenas como um recurso que integrará as atividades e o planejamento curricular do professor. Nesse sentido, destaca-se a importância da figura do educador como mediador da aprendizagem, produzindo conflitos cognitivos e incentivando a análise dos conteúdos por meio de mecanismos de aprendizagem como classificação, comparação e observação.

Aponta-se então um novo paradigma na formação de professores, de quem se espera uma mudança de postura diante dos novos conhecimentos e abordagens na relação com os alunos. É fato que muitos profissionais docentes preferem o

distanciamento desses meios digitais, seja por inexperiência, seja por não os contemplarem em seus planejamentos. Assim, o distanciamento se dá pelo não uso dos meios digitais, o que ocasiona o consequente estranhamento da linguagem, que não corresponde a que os alunos estão habituados a utilizar em seu convívio social fora do ambiente escolar.

Faz-se necessário, portanto, promover a sociedade da informação, conforme indica Whertein (2000), porque as novas tecnologias permitem avanços significativos para a vida indi- vidual e coletiva, aumentando o nível de conhecimento e pro- movendo atividades estimulantes de aprendizagem. Contudo, compreendemos que os desafios da sociedade da informação são inúmeros e incluem várias perspectivas que vão desde a técnica até a ética e filosófica.

Desse modo, delineia-se o cenário em que se inserem as novas tecnologias da informação e comunicação no ensino da Geografia. Elas transcorrem de um momento no qual se vive uma linguagem predominantemente informatizada e virtualizada. Cabe, então, à escola atentar para esse momento e se valer das ferramentas disponíveis para promover a realização de aulas mais diversificadas e atrativas, bem como desenvolver uma aprendizagem significativa.

Linguagem multimídia: o uso

No documento Ensino e pesquisa na educação geográfica (páginas 91-95)