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Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP)

Parte I: Delimitação Teórica

1.6. Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP)

Para fins desta pesquisa, elegeu-se o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) o Departamento de Perícia do Estado do Ceará (PEFOCE). Ambas são parte integrante do Sistema Estadual de Segurança vinculado a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Governo Estadual do Ceará. O primeiro órgão acima mencionado compõe a estrutura organizacional da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC)26. Para ingressar no quadro policial da Polícia Civil, ocorre mediante concurso público.

Exigindo como pré-requisito para o cargo de delegado, formação de curso superior na área do direito, e para inspetor e escrivão qualquer curso de nível superior.

O Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), foi inaugurado em setembro de 2010 com denominação de Divisão e pertencia ao Departamento de Polícia Especializada (DPE) da Polícia Civil. E em julho de 2018 através da Lei n.º 16.584, de 03.07.18 foi instituído, legalmente, a condição de Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com atuação em todo o território do Estado do Ceará, dirigido por um Delegado de Polícia Civil de carreira e subordinado, operacional e administrativamente, ao Delegado Geral da Polícia Civil. Dentre as competências definidas assentam: investigar os crimes dolosos contra a vida consumados, de autoria ignorada ou incerta, com tipificação prevista no art. 121 do Código Penal; elucidar os crimes dolosos contra a vida e latrocínios, consumados e/ou tentados, praticados em desfavor de servidores de carreira da Polícia Civil, Militares Estaduais, Perícia Forense e do Sistema

26 A fundação da Polícia Civil consta de 10/05/1808 por ato – Alvará – do Príncipe Regente D. João. O

primeiro Estatuto da Polícia Civil de Carreira do Ceará data do ano de 1969. Atualmente, a Polícia Civil rege-se pela Lei nº 12.124/93 – Estatuto da Polícia Civil de Carreira, e segue a Portaria Normativa nº 578/2013 – SSPDS/GDGPC, a qual institui o Manual de Procedimentos de Polícia Judiciária, no âmbito da Polícia Civil do Estado do Ceará, e dá outras providências. Como parte integrante do Sistema Estadual de Segurança é Instituição permanente, considerada essencial para efetivação da Justiça Criminal, preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, conforme dispõem o art. 144, caput, da Constituição Federal e o art. 1º da Lei nº 12.124/93 – Estatuto da Polícia Civil de Carreira. Conforme a legislação, ressalvada a competência da União, compete à Polícia Civil as funções de polícia judiciária e apuração das infrações penais, com exceção das penalidades militares, de acordo com o disposto no art. 144, §4º, da Constituição Federal. Disponível: https://www.policiacivil.ce.gov.br/, consultado em: junho/2019.

Penitenciário do Estado do Ceará; apurar o desaparecimento de pessoas, executar e/ou difundir pedidos de localização de pessoas desaparecidas (SSPDS, 2018).

A estrutura organizacional do DHPP compõe-se por: um Núcleo de Inteligência, uma Unidade Central de Expediente e Cartório, uma Unidade Central Operacional, e dozes delegacias, sendo uma específica para apurar crimes de homicídios cometidos contra Agentes de Segurança Pública, e outra com foco em casos de pessoas desaparecidas. As outras dez delegacias estão divididas de acordo com a divisão das Áreas Integradas de Segurança (AIS) (Figura 6), essa delimitação da cidade foi adotada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) como estratégias de aperfeiçoamento para trabalhos policiais, periciais e do corpo de bombeiros em território cearense. Esse conceito entrou em vigor através da Portaria nº 090/2014-GS, e colocada em prática no ano de 2014, a partir do programa “Em Defesa da Vida”. Essa delimitação consiste em estabelecer um grupo de bairros pertencentes a uma determinada AIS e assim sucessivamente. Desta forma, as delegacias, as quais compõem a estrutura organizacional do DHPP têm as atividades distribuídas por AIS, ou seja, cada delegacia é responsável para apurar infrações criminais de sua AIS correspondente. O mapa (figura 6) abaixo mostra a divisão da cidade em AIS (SSPDS, 2018).

Figura 6: Mapa das áreas integradas de segurança (AIS) da capital de Fortaleza. Fonte: https://www.sspds.ce.gov.br/ais/

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agentes de polícia e 12 (doze) funcionários terceirizados. Cada delegacia integra uma equipe composta por um Delegado, um agente administrativo, um Escrivão e uma média de três a cinco Inspetores, dependendo da demanda da área correspondente à delegacia. Para assessorar as equipes que atuam diariamente na investigação das inflações, existe uma equipe auxiliando todas as delegacias internas como suporte operacional, e outra equipe de policiais direcionados especificamente aos serviços de inteligência. Além da composição desses grupos, existem duas equipes plantonistas em regime de trabalho de 24 horas, exclusivamente, para realizar levantamentos em cenas de crimes em todo o perímetro de Fortaleza e Região Metropolitana. Essas equipes são formadas por um delegado e dois inspetores. A unidade também dispõe de um xadrez com capacidade para 6 (seis) detidos do sexo masculino, no momento da pesquisa, haviam 5 (cinco) detidos (DHPP, 2018).

Destaca-se como atribuições básicas da Polícia Civil/DHPP, desempenhar, com exclusividade, as funções de polícia judiciária estadual tendo em vista a apuração das infrações penais e de sua autoria, por meio do inquérito policial27 e de outros procedimentos

de sua competência, resguardar a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à liberdade, à segurança e à propriedade de todos os cidadãos brasileiros e estrangeiros residentes no país. Também deve aplicar medidas cautelares, destinadas a preservar os locais, os vestígios, e as provas das infrações penais, requisitar exames periciais, a fim de comprovação da materialidade dos atos infracionais e de autoria. Atuar na prevenção criminal especializada, planejar, coordenar, executar a orientação técnica e o controle das atividades policiais, administrativas e financeiras. Compreendendo ainda, cooperar com a Justiça Criminal, fornecendo as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos criminais e a promoção das diligências requisitadas pelas autoridades judiciárias e pelos representantes do Ministério Público, cumprir mandados de prisão, exercer harmonicamente com órgãos congêneres federais e de outras Unidades do país, visando manter intercâmbio de interesse policial para investigar infrações penais, realizar as atividades procedimentais relativas a menores, nos termos da legislação especial e possibilitar a integração com a comunidade (SSPDS, 2018).

A escolha dessa instituição para compor este estudo ocorreu em virtude da sua

27 O inquérito policial é um procedimento de índole administrativa e de caráter informativo, ou seja, um preparatório para a

ação penal. Conforme (Távora & Alencar,2012, p:100), é salutar que “se investigue com o fito de coligir elementos que demonstrem a autoria e a materialidade do delito, viabilizando-se o início da ação penal”.

especialização em crimes dolosos contra a vida, o DHPP é designado em realizar as investigações preliminares dos locais de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) no município de Fortaleza e Região Metropolitana. São as equipes desse órgão que exercem o domínio dos levantamentos em cenas de crimes juntamente com os exames periciais do perito criminal, responsabilizando-se pelas investigações e inquéritos preliminares. Resumidamente, no prazo de dez dias da ocorrência do crime de homicídio dentro da região referida, as equipes do DHPP efetuam todas as investigações cabíveis, caso não consiga pistas relevantes para esclarecer o crime, e tratando-se de casos que expolam suas diretrizes, serão encaminhados para as delegacias distritais (delegacia do bairro específico da ocorrência do crime) (DHPP, 2018).

Com fins a esclarecer o trabalho conjunto dos dois órgãos (DHPP) e (PEFOCE) diante de um local de crime, podemos, de maneira concisa, relatar o seguinte: Primeiramente a Polícia Militar isolar e preservar a área, em seguida chega a Polícia Civil (DHPP) que recolhe depoimentos de testemunhas, enquanto o perito (PEFOCE) verificar provas para análises laboratorial. Com as apreensões oriundas do local de crime, na delegacia será instaurado o inquérito que pode incluir recursos como utilização de retrato falado, vídeos, fotografias, outros depoimentos e outros. Durante isso, o perito cuidará do trabalho científico, realizando exames de balística, exame em material genético, pesquisas de dados e necropsia etc.

O Inquérito Policial reunirá os laudos resultantes das análises periciais técnicas e detalhes de toda a investigação, com a reunião desses elementos a Polícia Civil obtém uma conclusão sobre o caso. A polícia tem até 30 (trinta) dias para conceder o primeiro parecer ao Ministério Público (MP). Se a investigação não for o suficiente para denunciar o autor, a Polícia Civil pode solicitar um prazo maior para as investigações. Caso haja identificação do autor do crime, o Delegado solicita a denúncia ao Ministério Público (MP) contra o suspeito e a prisão preventiva. Se o MP considerar o relatório completo, enviará a solicitação ao Juiz, que pode aceitar, ou não, a denúncia. Uma vez que a investigação policial seja inconclusiva depois de muito tempo, o Inquérito pode ser arquivado. Entretanto, o mesmo pode ser reaberto, mesmo que anos depois, caso outras provas sejam apresentadas. Se as provas forem aceitas, o inquérito se transforma em uma ação penal, passando por todo o processo de julgamento até a sentença final. As sentenças das prisões que forem expedidas serão de responsabilidade da Polícia Civil para serem cumpridos (Brasil,

58 1994)28.