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Departamento de Perícia do Estado do Ceará (PEFOCE)

Parte I: Delimitação Teórica

1.7. Departamento de Perícia do Estado do Ceará (PEFOCE)

O Departamento do Estado do Ceará (PEFOCE), foi instituído por meio da Lei nº 14.055/2008, e regimentada pelo Decreto nº 29.304/2008. Estabelecido como órgão técnico- científico com abrangência em todo o Estado, submetido à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social – SSPDS, com esse regulamento tornou-se independente administrativamente, financeira e patrimonial, desvinculou-se da Polícia Civil e incorporou as atividades dos extintos Instituto de Identificação (II), Instituto de Medicina Legal (IML) e o Instituto de Criminalística (IC). Além da criação do Laboratório de Perícia Forense (SSPDS, 2018).

Após dez anos da instituição legal do Departamento de Perícia do Ceará (PEFOCE), verifica- se mudanças em sua estrutura física e organizacional (Figura 6), além de novas incorporações passaram a fazer parte da rotina operacional do órgão de perícia do Estado. O novo formato organizacional possibilitou a criação das Coordenadorias de Tecnologia de Informação (CTI) e de Planejamento e Gestão (Cplag), além de núcleos específicos, como o de DNA Forense, o de Atendimento Especial à Mulher, Criança e Adolescente (Namca), de Informática Forense e de Engenharia Legal e Meio Ambiente. Atualmente, é dirigida por um Perito Geral e um Perito Geral- Adjunto, e integram a estrutura uma Coordenadoria de Medicina Legal, Coordenadoria de Perícia Criminal, Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas, Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forense, Coordenadoria de Planejamento e Gestão e a Coordenadoria de Tecnologia da Informação. A sede da PEFOCE situa-se em Fortaleza e tem 07 (sete) núcleos no Interior do Estado. O organograma atual da referida instituição será exposto em figura abaixo (SSPDS, 2018)

28 Código de Processo Penal (CPP). Disponível:

Figura 7: Organograma atual do PEFOCE Fonte: Retirada de https://www.ceara.gov.br

Assegurada pela Lei nº 16.710/2018 que regula o formato e altera a estrutura organizacional de gestão do Poder Executivo Estadual, podemos destacar entre as competências do Departamento de Perícia: planejar, coordenar, executar, orientar, acompanhar, avaliar e/ou controlar as atividades de perícias médico-legais, criminalísticas, papiloscópicas e laboratoriais, bem como os serviços de identificação civil e criminal, em assessoria direta ao Secretário da Segurança Pública e Defesa Social; assessorar a atividade de polícia judiciária na prevenção e investigação de delitos, desastres e sinistros, executando perícias e elaborando pesquisas e estudos destinados à execução dos exames de corpo de delito para comprovação da materialidade das infrações penais e de sua autoria, relacionados aos áreas de atuação da Criminalística, Medicina Legal, Odontologia Legal e Identificação papiloscópica; atuar, quando acionada, na produção de provas com fins jurídico- criminais; realização da atividade pericial de apoio às investigações policiais; auxiliar direta e indiretamente a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social -SSPDS na definição de políticas e programas que visem reduzir os índices de criminalidade, acidentes e sinistros, ampliando a satisfação da sociedade em relação aos serviços prestados pelos órgãos de segurança pública29.

Atualmente o departamento conta com cerca de 419 servidores no quadro de pessoal, são classificados como policiais civis de carreira, divididos entre os cargos de:

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Médicos Legistas, Peritos Criminais e Auxiliares de Perícia, o acesso aos cargos ocorre através de concurso público com pré- requisitos específicos de formação para cada área em que há vaga. As áreas de formações exigidas no último edital para preenchimentos vagas constavam as seguintes: auxiliar de perícia curso superior em qualquer área de formação, médico legista com formação em medicina e perito criminal com formação em engenharia civil, elétrica, mecânica, química e eletrônica, física, química, farmácia, ciências contábeis, ciências da computação e análise de sistema. De acordo com a Lei 12.030/2009, no Artigo 2º “No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial” (Brasil, 2009).

Especificamente acerca do trabalho de perícia criminal oficial, é regulado nacionalmente pela Lei nº 12.030/2009. O Perito Criminal atua a serviço da justiça, é considerado um especialista em encontrar ou proporcionar a denominada prova técnica ou prova pericial, mediante a análise científica de vestígios produzidos e deixados na prática de infração. Os peritos criminais de local de crime realizam um exame da cena de crime, identificando, registrando, coletando, interpretando e armazenando vestígios, são responsáveis por estabelecer a dinâmica e a autoria dos crimes, emitir parecer sobre como a vítima foi lesionada ou que tipo de armas e qual comportamento o suspeito teve, e também realizar a materialização da prova que será utilizada durante o processo penal. (Brasil, 2009).

As perícias criminais subdividem-se em diversas categorias, (Giovanelli & Garrido, 2011;Tocchetto & Espíndula, 2013), as classificam do seguinte modo: Exames periciais em locais de crimes contra a vida; Exames periciais em crimes contra o patrimônio; Exames periciais de revelação de impressões papilares; Exames periciais de acidentes de trânsito; Exames de identificação de veículos automotores; Exames periciais de engenharia forense; Exames periciais de balística forense; Exames periciais em documentoscopia forense; Exames periciais em informática forense; Exames periciais em fonética forense; Exames periciais de DNA forense; Exames periciais de toxicologia forense; entre outros. Com base na Lei 12030/2009 foi elaborado pelo Ministério da Justiça (MJ) através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) um manual oficial de Procedimento Operacional Padrão Perícia Criminal (POP), esse documento visa objetivamente a padronização dos procedimentos operacionais relacionados às

principais atividades periciais necessárias ao esclarecimento das inflações criminais. Deste modo, O POP apresenta separadamente os procedimentos para a balística forense, genética forense, informática forense, local de crime, medicina legal, papiloscopia e química forense, em cada parte versa de modo detalhado sobre os métodos e procedimentos, os locais, os materiais exigidos, resultados entre outros (Brasil, 2013). Os procedimentos estabelecidos no POP é um modelo de referência nacional, porém cada um dos estados brasileiros tem autonomia para elaborar seu próprio POP respeitando especificidades de cada região, desde que, atenda os princípios básicos do regulamento nacional.

Com isso, enquanto a investigação policial busca provas circunstancial, obtida por meio de declaração de vítimas, testemunhas e suspeitos, a PEFOCE atua na prova técnica, utilizando-se de análises científicas dos vestígios coletados nos locais de crime para examinar DNA, assinaturas, resíduos químicos, impressões digitais, armas de fogo e registro em computadores entre outros. Deste modo, a investigação policial adota uma tese ou linha investigativa; enquanto a perícia elabora exames científicos que poderão comprovar ou refutar tais linhas de investigação. Posto que um dos objetivos centrais da atividade pericial, estipulados pela legislação, é de prestar um serviço complementar a atuação da polícia judiciária na prevenção e investigação de delitos (Brasil, 1994).

A execução da atividade pericial com objetivo de atender á demanda do município de Fortaleza e Região Metropolitana abrangente, é acionada por meio da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O exercício dos peritos criminais dá-se em diversas ocorrências e a quantidade e os tipos de exames periciais de um evento variam conforme a necessidade de esclarecimentos e os vestígios coletados pelos peritos. Além dos crimes contra a vida, os peritos examinam suicídios, ocorrências de trânsito, falhas estruturais, análise de material balístico, crimes de informática e cibernéticos, adulteração de documentos, entre outras situações delituosas, em que haja a necessidade de apurar as causas, circunstâncias e/ou suspeitos envolvidos. “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior” (Brasil, 2008)30.

Diante disso, até outubro do ano de 2018 havia uma equipe da PEFOCE composta

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por um perito criminal, dois motoristas e um auxiliar para recolher o cadáver, a referida equipe trabalhava em regime de plantão de 24 horas dentro das instalações do DHPP. Esse perito estava disponível especificamente para levantamento em cenas de crimes de sangue, e realizava o deslocamento juntamente com a equipe do DHPP, assim chegavam as duas equipes ao mesmo tempo no local do crime. Contudo, a contar de novembro de 2018 o plantão do perito passou para as instalações do Departamento de Perícia do Estado do Ceará (PEFOCE), especificamente no Núcleo de Perícia Externa (NUPEX). Desta forma o perito pode chegar antes ou depois da equipe do DHPP no local do crime, essas equipes têm as funções interligadas nos locais de crimes, caso o perito chegue primeiro, aguardará a equipe do DHPP para autorizar o exame pericial, enquanto a equipe da DHPP aguardará o perito para cumprir as análises necessárias. Atualmente os peritos criminais trabalham em regime de plantão de 12 horas para perícia externa e 12 horas interna para elaboração dos laudos periciais. Os laudos são fixados pela legislação um prazo de 10 (dez) dias, porém a lei permite prorrogação deste prazo sem tempo limite. “O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos” (Brasil, 1994)31.