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Formação específica para levantamento em cena de crime

Parte III: Resultados e debate

3.4. Formação específica para levantamento em cena de crime

Em conformidade com os estudiosos deste campo do saber, a instrução de qualidade e especificamente conduzida a práticas é crucial para desenvolver de forma satisfatória todas as etapas concernentes as amostras coletadas desde a cena do crime até o processamento desse material em laboratório. Com fundamento no Manual das Nações Unidas referente a local de crime e as evidências materiais (Malmith, 2007; Del- Campo, 2008; UNODC, 2010; Marinho, 2014; Costa, 2001, 2010, 2015,), e avaliação anterior pertinente as condições de local de crime em Fortaleza, entendemos que o recurso educacional deve perpassar diferentes profissionais, os quais, dependendo da situação, pode ocorrer de serem os primeiros presentes em uma cena de crime (first responders) , normalmente são os policiais da ronda ostensiva, mas ainda pode ser o delegado, o agente de polícia civil, os bombeiros militares, guardas municipais e socorristas, conforme expressa citação:

Os first responders, sejam eles policiais, investigadores independentes dos direitos humanos ou qualquer outra pessoa, desempenham um papel fundamental em todo o processo de exame do local de crime. As suas responsabilidades iniciais correspondem a preservar a integridade do local e da evidência. Ademais, eles são responsáveis pelo primeiro registro do local do crime, das evidências e de todas as atividades ocorridas no local. Como, na maioria dos casos, os first responders não possuem conhecimento técnico-científico pericial; logo, oferecer treinamento adequado para capacitar estas pessoas é uma

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tarefa crucial (UNODC, 2010, p. 4).

A vertente da formação policial foi bastante abordada, na percepção dos entrevistados os policiais militares carecem de instrução conduzida diretamente às vivências práticas e com maior carga horária. Entretanto, os participantes também consideram escassa a instrução entre policiais civis e outras equipes profissionais presentes no local de crime. No tocante a educação profissional das polícias (Azevedo, 2003 & Barreira, 2004) a fim de transformar essa realidade, sustentam que a educação de policiais militares deve ser multidisciplinar e acontecer em parceria com as universidades. Entre as possibilidades de educação profissional para policiais, recomenda-se conteúdos que contemplem o respeito às diferenças e aos valores socioculturais, o respeito aos direitos humanos e a valorização da cidadania e a criação de vínculos com as comunidades atendidas. Segundo Barreira (2004):

“(...) trata-se de uma “mudança de mentalidade”, que envolve necessariamente uma formação mais humanista dos contingentes profissionais. Tal formação, que não deve resumir-se à melhor capacitação técnica, dá ênfase aos princípios das ciências humanas de respeito à diferença e aos valores socioculturais. Obtêm cada vez mais espaço a formação e a qualificação dos profissionais da área de segurança no domínio dos direitos humanos e no respeito à cidadania. No espaço de formação e qualificação, as universidades, como depositárias dos conhecimentos humanistas, são as grandes parceiras deste projeto, caminhando concomitante à linha de preocupação crescente da população com os direitos humanos e os princípios democráticos. A democracia e, especificamente, as estratégias utilizadas para a manutenção da ordem pública dependem diretamente da qualidade de sua polícia” (BARREIRA, 2004, s/n).

Entretanto, trata-se de uma formação profissional limitada entre diferentes grupos de policiais em que desenvolvem intervenções em locais de crimes, tais como policiais civis do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa e do Departamento (DHPP) de Perícia do Estado do Ceará (PEFOCE). Para Lima (2013), as academias de polícia e os cursos de Direito não promovem uma educação voltada para a realidade da prática típica do cotidiano policial. Salientando que essa prática acontece informalmente, ou seja, é um aprendizado em que o agente de segurança pública aprende de maneira informal e não por meio escolarizado e isso contribui para eles naturalizarem os hábitos, desagregando-os

das “teorias” que possivelmente entendem através da educação formal. Ainda assim, a pesquisa de Costa (2010, p.76) atesta uma discrepância na formação entre a polícia investigativa e a polícia de proximidade (ostensiva), as quais, por sua vez, são todos responsabilizados em desempenhar funções em local de crime. Certificando com tal fragilidade o comprometimento da “cientifização das polícias” e consequentemente o sucesso da investigação criminal.

“(...) tem melhorado bastante a formação dos novos policiais militares ao longo desses 5 anos, notamos essa melhora na preservação do local de crime (....) mas ainda existe muita violação... existe uma cultura aqui no Ceará, infelizmente vou ter que me referir, mas a Polícia Militar não tem a educação de simplesmente isolar os locais de crimes ou objetos relacionados, eles tem o hábito de chegar e procurar alguma coisa, de mexer em tudo, quando acha que estão ajudando, estão atrapalhando e muito (...) inclusive, é crime violar esses locais” (AI03);

“(...) o local de crime, lamentavelmente, a PM que é a primeira que chega, eu já vi casos, que eles fazem um isolamento 2x2 e, às vezes, isso não é suficiente, existe o local primário, o local secundário (...) Então, às vezes é necessário fechar uma rua toda e não existe essa qualificação para os PM’s, eles são os primeiros a chegar no local, lamentavelmente, muitos mexem no corpo, muitos mexem no local de crime, isso altera tudo, às vezes, uma prova que eu posso está coletando de uma forma, ela já foi mexida, ela foi colocada lá (...) Eu já peguei casos aqui, em que fizemos todo o local de crime, voltamos para a delegacia, concluímos o relatório e tudo... no dia seguinte chega um PM aqui na delegacia para entregar o celular que estava no bolso da vítima (...) Então, precisa acaba esta cultura da PM mexer no cadáver (...) a preservação de local de crime aqui, por parte da PM, que é quem primeiro chega no local de crime, se eu for dá uma nota de 0 a 10, minha nota é 2” (AI05).

Quanto à cultura policial referida na fala dos participantes (AI03) e (AI05), os estudos de Lopes, Ribeiro & Tordoro (2016) conceitua como sendo o agrupamento dos valores, crenças e preceitos informais orientadores do modo de percepção dos policiais com relação sua visão do mundo social e de como deveriam agir nele. Complementando Silva (2011, p. 78) defende que “as corporações produzem uma cultura própria, autônoma e pouco racionalizada, dependendo em sua maioria das decisões e trajetórias pessoais de cada policial e dos conflitos internos entre seus diversos grupos”. Porto (2004) versa que essa cultura do agir policial, muitas vezes, nota-se um sujeito com o entendimento de exigir o cumprimento da lei para os outros, mas não para si. Conforme cita:

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“A convicção de que o policial não é um cidadão, um indivíduo como os demais, funciona no sentido de colocá-lo fora dos parâmetros legais: “‘a missão’ o coloca acima da lei e algumas vezes até mesmo contra a lei, na medida em que respeitá-la é ver- se impossibilitado de cumprir com seu dever. (...) o policial se percebe “protegido” por uma cultura institucional que inclui a violência como possibilidade para conter a violência (e as transgressões de modo mais amplo). Entre o dito, o não-dito e o interdito estão sentidos, valores e visões de mundo que orientam práticas e conduzem ao agir em uma dada direção”. (PORTO, 2004, p. 136).

A percepção do investigador (AI03) coincide com os resultados dos estudos citados ao expressar que os próprios agentes de segurança cometem ações que legalmente é considerada delito, no caso, violar a cena do crime. No entanto, o mesmo agente (AI03) salienta que, muitas vezes, é procurando ajudar que os agentes cometem certos equívocos. Nesse sentido, Costa (2010) sustenta que a precária formação e a escassez de recursos materiais contribuem para uma intervenção ineficaz dos primeiros policiais que atendem o local de crime. A proatividade na tentativa de salvaguardar alguma prova pode enviesar esse local e comprometer toda a investigação. Realmente, em conversa com policiais militares em cena de crime durante o período da pesquisa, eles mostraram que os recursos materiais disponibilizados para o trabalho em local de crime era uma fita plástica, e cones que estavam na viatura para vários outros eventos, também frisaram que receberam boa instrução na academia, mas foi muito rápido e fazia tempo. Pensando na complexidade das cenas de crime em que podem surgir para esses policiais efetuar o isolamento e preservação do ambiente, vimos que eles precisariam está melhor equipados de recursos materiais. Conforme o depoimento abaixo:

“(...) geralmente usamos aqueles cones e a fita, mas o único material que recebemos que é específico pra isso é a fita porque os cones estão na viatura para várias situações diferentes (...) eu achei as aulas na academia muito boas, só foi muito rápido, digo pouco tempo desse tipo de aula (...) também acho que terminei o curso de formação já faz mais de 6 anos (Diário de campo, 2018). Embora todos os participantes, os quais exercem funções em local de crime tenha expressado a falta de preparo técnico. Verifica-se ainda que a deficiência no processo de formação profissional perpassa outras esferas policiais, principalmente, instrução relacionada ao trato com material genético como prova criminal. Inclusive, em conversa

informal durante a observação participante, um dos gestores (delegado) das investigações em cena de crime relatou que não recebeu em seu curso de formação doutrina sobre vestígios de material genético e/ou investigações criminais a partir de material genético. Nomeadamente, o agente (AI04) lembra que quando entrou na polícia sua primeira experiência foi atuar em local de crime, destacando que não tinha nenhuma referência de vivência prática nesse tipo de serviço porque até aquele momento somente contava com uma formação rápida e superficial do curso de formação policial, que em sua visão foi insuficiente para atuar em um ambiente complexo como uma cena de crime.

“(...) não temos nenhuma formação para desempenhar esse papel em local de crime, para você tem uma ideia, eu cheguei aqui, logo que entrei no concurso, e fui logo para o plantão fazer local de crime. O único conhecimento que eu tinha era da academia de uma disciplina sobre local de crime, que foi dada por uma pessoa que não tinha experiência prática nenhuma em local de crime, então foi muito rápido e superficial (...) eu não tinha noção do que era importante, de como relatar uma cena de crime, o que observar com maior atenção no local do crime, o que poderia ser importante para a investigação? (...) E também, eu acho, por exemplo, esta parte do relatório sem orientação adequado, acaba deixando o relato muito pobre e sem informações importantes para a investigação” (AI04);

“(...) todos fazem local de crime sem formação, ninguém tem formação, nem o pessoal da PEFOCE, nem o pessoal que isola (...) eles fazem cursos por ead (educação a distância), não têm noção da prática (...)” (AI06);

Na percepção do agente (AI06) a falta de instrução direcionada ao levantamento em cena de crime atinge todas as equipes que estão envolvidas em desenvolver atividades profissionais nesse cenário, tanto o pessoal da perícia técnica como os policiais responsáveis pelo isolamento, ressaltando que considera inábil educação a distância como preparo para ofício em local de crime. A fala do entrevistado (AI06) faz-me recordar também de atores como o motorista do veículo (rabecão) em que conduz o cadáver e o seu auxiliar, nas cenas de crimes em que acompanhei, eles foram proativos na intervenção por solicitação e necessidade do perito. Mas, normalmente, o papel deles é marcado por uma invisibilidade nesse cenário e são negligenciados no processo educacional. Houve momento em que observei intervenção ativa do condutor auxiliando o trabalho do perito:

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prestativo, aliás, os dois funcionário do “rabecão” foram em todos os momentos bastante proativos e presente no perímetro fechado do local de crime, também foi o motorista do “rabecão” quem colocou as placas para preservar as cápsulas das munições disparadas espalhadas pelo chão, foi ele quem retirou um anel do dedo da vítima e o colar do pescoço, enfim ele ajudou o tempo todo o perito com manobras no corpo da vítima etc” (Diário de campo, 2018).

A figura desses funcionários responsáveis em conduzir o cadáver dos locais de crimes até a PEFOCE passa despercebida como atores que também intervêm na cena do crime, vale salientar que, muitas vezes, estão transportando uma amostra de material genético que será retirada do corpo pelo médico legista. Eles são funcionários terceirizados36

e alguns são relativamente novatos neste tipo de serviço, no caso, os dois em que cito anteriormente, o condutor do veículo (rabecão) estava trabalhando há um ano e o auxiliar tinha 10 meses de experiência nesse trabalho. Inclusive, um dos entrevistados destacou:“(...) o cadáver é conduzido somente por dois funcionários terceirizados (motorista do rabecão e o auxiliar), sem nenhuma formação específica para o trabalho... e outra, são trocados constantemente (...)” (AI06). São aspectos que merecem reflexão, uma vez que a legislação reguladora (SENASP/Portaria nº 82/2014) estabelece a necessidade de instrução para todos os envolvidos na cadeia de custódia.

Assim, embora haja reconhecimento que a formação policial avançou e vem galgando melhores qualificações, esta investigação demonstra ainda diversos desafios a serem perseguidos no propósito da qualificação abranger todos os atores envolvidos na rede relacionada a construção da prova criminal científica.

36 São profissionais contratos por outras empresas para prestarem serviços, ou seja, no caso dos referidos funcionários no

texto acima, eles não possuem vínculos empregatícios com o Estado e não são regido por estatuto que lhes confere estabilidade (https://brasilescola.uol.com.br/geografia/terceirizacao-trabalho.htm, consultado em: 01/10/2019.

Considerações finais

Os resultados dessa investigação são interpretados sob a lente sociológica da Teoria Ator- Rede, podemos destacar a consonância com a teoria ao analisar os resultados a partir da observação dos atores humanos (investigadores) e não-humanos (vestígios) interagindo em rede no processo de construção dos fatos (prova criminal), isto é, a compreensão de uma ciência que é produzida na conexão estabelecida entre a natureza das coisas e a sociedade (Latour, 1994, 1997, 2000). Assim “(...) o ator não é o indivíduo e a rede não é a sociedade. O ator é a rede e a rede é um ator, ambos são mediadores em uma associação” (Lemos, 2013, p. 23). Nesta perspectiva, os dados alcançados remetem-nos a uma profunda reflexão acerca da confiança atribuída à prova criminal, a partir de material genético oriundo do cenário identificado em Fortaleza relacionado às condições do isolamento e preservação dos locais de crimes de homicídios apresentados, a escassa formação técnico-científica de recursos materiais com fins à adequada coleta de vestígios em local de crime por parte das forças policiais, e a decorrente cadeia de custódia concebida. Ou seja, isso resulta em obstáculos a uma boa execução do processo investigativo criminal e a cientificidade da atividade policial (Costa, 2010, 2014, 2017 & Santos, 2014).

Os dados do estudo, essencialmente qualitativo, apontam diversas dificuldades relacionadas à investigação dos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) no Ceará, dentre as questões levantadas podemos destacar a deficiência quanto ao isolamento e à preservação do local de crime relativo a homicídio, implicando contaminação desse ambiente, o desenvolvimento de uma cadeia de custódia sem padronização nos métodos de execução referente aos vestígios coletados em cena de crime, subutilização dos recursos tecnológicos disponibilizados no laboratório de DNA do Departamento de Perícia do Estado do Ceará (PEFOCE), posto que a coleta de dados genéticos em cena de crime não configura um evento comum aplicado às práticas cotidianas. A principal justificativa apresentada para a inviabilidade da coleta de vestígios biológicos, foi o contexto de contaminação do local de crime e a falta de recursos materiais adequados para a execução dos procedimentos.

No que tange aos dilemas encontrados durante o percurso dessa investigação, é possível citar alguns pontos que considero também impulsos importantes para o amadurecimento como pesquisadora.

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de homicídios em que foram coletados material genético, porém durante a incursão em campo verifiquei a inviabilidade de explorar esse propósito em virtude do prazo que levaria e comprometeria a conclusão do curso. Outra questão foi a inexistência de literatura capaz de indicar uma associação de trabalho similar referente ao Brasil, causando obstáculos no processo das análises e possibilidades de comparação. Assim, outros estudos desenvolvidos em parâmetros diferentes do contexto brasileiro foram apreciados e caracterizados, porém não entraram como base comparativa à complexidade da realidade do Brasil. O prazo para realização do estudo configura-se um fator restritivo para maior aprofundamento teórico e empírico sobre o assunto, dada a complexidade do tema e do contexto selecionado como campo empírico, inviabilizando a elaboração do objetivo relativo a análise de processos alusivos ao crime homicídio, os quais houve coleta de vestígios genético no processo investigativo.

Dada a escassez de estudos semelhantes no âmbito de Brasil e, principalmente, no Estado do Ceará, pode-se destacar dentre os aspectos colaborativos da pesquisa, um avanço para o setor da Segurança Pública do Estado do Ceará, especialmente ao que se refere às investigações criminais envolvendo vestígios genéticos, designando maior sensibilização para a relevância da cadeia de custódia como uma das etapas mais significativas da investigação criminal. Favorece uma compreensão no sentido da implementação de políticas públicas articulando, efetiva e harmonicamente, a parte legislativa com os avanços tecnológicos e as práticas habituais; frisa uma reflexão entre o resultado final de um laudo pericial e os encaminhamentos percorridos durante o processo de construção da prova criminal; contribui com o esclarecimento de informações para o avanço da atuação policial; desperta um olhar para atores, os quais, intervêm diretamente no local de crime e, normalmente, são desapercebidos, como por exemplo, o motorista do rabecão e o auxiliar. Além de contribuir com acesso à cidadania na perspectiva de promover informações junto à sociedade em geral, a respeito dos trâmites burocráticos, procedimentais e encaminhamentos relativo à investigação policial e pericial.

A partir do recorte dessa investigação, é significativo que seja útil para o despertar de outras questões relativas a informações genéticas introduzida por meio das novas tecnologias à investigação criminal. Ao considerar a complexidade do cenário brasileiro somos direcionados a diversas vertentes de reflexão, especificamente, podemos embasar as questões seguintes: uma análise sobre os inquéritos e processos de homicídios em que foram

utilizados no processo investigativo dados genéticos como prova criminal. Outro aspecto no âmbito desse assunto é a possibilidade de verificar como tem colaborado com a investigação criminal o Banco Nacional de Perfis Genéticos envolvendo laboratórios forenses entre os Estados brasileiros? Uma análise comparativa entre o trabalho investigativo envolvendo dados genéticos entre a Polícia Federal e a Polícia Civil Estadual. Como tem sido utilizado as informações genéticas armazenadas nos laboratórios forenses em virtude da aplicação da Lei 12654/2012 no sentido de contribuir para diminuição da violência no país? Qual o entendimento dos operadores do direito atuantes nos tribunais, como juízes, promotores, defensores públicos e outros, ao lidar com questões envolvendo dados genéticos na investigação criminal, e qual será a formação instrucional desse público incumbido das decisões condenatórias? Como é conduzido pelos tribunais os processos com material genéticos como prova criminal? Qual o impacto do material genético na elucidação dos homicídios? Qual o perfil das vítimas em que os dados genéticos são utilizados como ferramentas esclarecedora do crime? É relevante a produção de novos estudos acadêmicos nesta perspectiva com foco a ampliação teórica e empírica para que a sociedade possa avaliar com clareza os fins e a utilidade da inserção de tecnologias adotadas com justificativas de diminuir a violência etc. Na perspectiva de refletir a respeito das potencialidades e os limites da Ciência e da Tecnologia no combate ao crime, podemos afirmar que as potencialidades podem ser múltiplas, embora ainda existam grandes limitações e desafios no campo empírico. No entanto, verificaram-se várias mudanças acontecendo, por exemplo, investigadores mais atentos e buscando informações sobre aplicação das novas tecnologias, detectaram-se melhoras nos últimos 5 anos quanto ao isolamento e a preservação do local de crime. Enfim, se houver um avanço pertinente ao cumprimento dos métodos apropriadamente no sentido de salvaguardar e preservar a prova visando a preservação da cadeia de custódia, certamente o potencial será impactante e, consequentemente, promoverá um avanço na atividade policial em contexto forense, fomentando maior credibilidade da investigação criminal junto a Justiça. Assim, a tecnologia DNA aplicada em conformidade com os requisitos necessários, poderá se tornar um poderoso instrumento agregado ao trabalho policial, à investigação criminal e à justiça