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Depois de despachada a última cabaça, ao voltar, o cliente deve tomar banho de folhas frescas com um pouco de efun misturado.

No documento O Verdadeiro Jogo de Buzios Jeje-Nago (páginas 170-173)

(3)

Ejilaxébora foi o signo que surgiu quando Xla e o homem vieram ao mundo.

O Xla encontrou-o na floresta e seu advinho ordenou que oferecesse garras de ferro em sacrifício e, como a hiena se negasse, o sacerdote reuniu tudo o que receitara, e ofereceu o ebó as suas próprias custas. Um dia Xla sentia uma fome terrível! e nada encontrava para comer. Caminhando pela floresta, encontrou um advinho que se fazia acompanhar por um menino.

“Es tu o meu Bokonõ! Dá-me algo para comer pois fazem muitos dias que não coloco nada em meu estômago!” Exclamou a hiena.

“Como conseguir carne neste local?” Indagou o Oluwo. “E mesmo que surgisse alguma caça, tu és caçador, e não eu!”

Xla então respondeu: “Vejo uma bela caça caminhando ao teu lado. E a esta caça que estou me referindo. Encontrei muita gente em meu caminho, sem nada lhes pedir, mas como tu és o meu Bokonõ, tens a obrigação de me ajudar!”

Assustado, o sacerdote falou: “Sabes muito bem que os Bokonõ existem para salvar as pessoas e não para conduzi-las à morte. Se eu tenho alguma coisa que sirva para salvar tua vida, podes pegá-la!” Imediatamente, Xla saltou sobre o menino devorando-o, enquanto o Bokonõ gritava estarrecido: “Xla devorou o menino!”

Depois de saciada a fome, a hiena pôs-se a lamentar:

N’du buulu de!

(Eu comi aquilo que ninguém pode comer)!

Todos aqueles para quem surgir este signo, devem encher-se de desconfiança e cuidar para que o mal ceda lugar ao bem.

Ebó; Um galo, 12 quiabos, dendê, mel, pano vermelho, aguardente, efun e mel. Passa-

se o galo no consulente e sacrifica-se a Legba, arruma-se a cabeça, as asas, os pés e o rabo

dentro do alguidar, coloca-se os 12 quiabos em volta, com as pontas viradas pra cima, enfeita-

se com as penas, rega-se com mel, dendê e aguardente, cobre-se com pó de efun. O corpo do

bicho é aberto, retira-se as axés, frita-se no dendê e oferece-se a Elegba num recipiente a

parte, cobrindo-se também, com pó de efun. As carnes são preparadas e comidas pelas

pessoas da casa, guisadas com quiabo. Depois da refeição, coloca-se os axés junto com as

coisas no alguidar, levanta-se o ebó, envolve-se no pano vermelho e despacha-se no mato.

(4)

No país de Tapa, apareceu um homem que, em pouco tempo, ficou famoso e conhecido pelas bravatas que se dizia capaz de realizar.

Sabendo de sua existência, Lonfin, rei do país, mandou intimá-lo à sua presença, para puní-lo ou premiá- lo, de acordo com o seu merecimento.

Chegando a presença do rei, o estranho não se intimidou e, de forma audaciosa e irreverente, começou a descrever os prodígios de que era capaz.

Dentre as vantagens que afirmava ser capaz de fazer, uma deixou o rei muito curioso. Segundo ele mesmo, possuía a capacidade de plantar sete inhames assados, fazendo com que, em poucos dias, os sete brotassem, deixando ramas e folhas.

Indignado com tal absurdo, o rei ordenou que o portento fosse realizado sob a promessa de que, se desse certo, faria do estranho um homem muito rico e, se ao contrário, os inhames não brotassem no prazo de vinte e um dias, mandaria cortar-lhe a cabeça.

Vendo perigar sua vida, o homem resolveu consultar Ifá, sendo-lhe exigido um ebó composto de um galo, um preá e todas as coisas que são do agrado de Elegbara.

Depois de oferecer o sacrifício, o homem foi aos campos do rei e, num sítio que ficava próximo a uma grande cachoeira, abriu sete pequenas covas, nas quais plantou sete inhames que o rei mandara assar por pessoas de sua confiança, entregando-os pessoalmente nas mãos do aventureiro.

Uma forte guarda foi colocada dia e noite no local, para evitar que o homem substituísse os inhames assados por outros bons para serem plantados.

No terceiro dia, depois do plantio dos inhames. Elegbara se apresentou diante do homem, entregando-lhe sete inhames já brotados para substituírem os que foram enterrados.

“De que forma - perguntou o infeliz - poderei substituir os inhames, se a guardas real não se afasta um minuto sequer do local da plantação.

Elegbara apenas lhe disse: “Vá pra o local e fique atento, quando surgir a oportunidade, substitua os inhames assados por este brotados.

O homem colocou os inhames num saco e dirigindo-se ao local determinado, permanecendo escondido, enquanto aguardava sua oportunidade de agir.

Depois de algumas horas de espera, viu quando Elegbara se aproximou dos guardas e falou: “Vejam! O homem que plantou estes inhames assados que vocês estão agora vigiando, não passa de um vigarista mentiroso que na verdade ele pretende é roubar a minha fama de realizar eventos extraordinários. Os inhames ai plantados jamais brotarão e, sabedor disto e do castigo que lhe será imposto pelo rei, já deve ter fugido, encontrando-se agora, muitas milhas de distância deste local. Se querem testemunhar um verdadeiro milagre, aproximem-se da cachoeira que eu farei com que suas águas desobedecendo todas as regras da natureza subam, ao invés de cairem como sempre fizeram.

Curiosos, os guardas abandonaram seus postos, reunindo-se todos em frente a cachoeira, para assistirem ao milagre anunciado por Elegbara que, aproveitando-se da confusão desapareceu de vista. Os guardas aguardaram durante horas o evento prenunciado por Elegbara e, como nada acontecesse e as águas continuassem a cair como sempre resolveram voltar aos seus postos.

O tempo em que estiveram afastados foi mais que suficiente para que o esperto aventureiro substituisse os inhames e, quando os guardas chegaram aos seus postos, notaram com espanto que brotos de inhame já despontavam na superfície da terra.

Comunicado do acontecido, o rei resolveu verificar pessoalmente a veracidade do fato e, três dias depois, quando chegou na roça, deparou com todos os inhames já brotados e com as ramas repletas de folhas verdes que se espalhavam pelo chão. Maravilhado, mandou chamar o aventureiro, a quem confiou o cargo de primeiro ministro do reino, tornando-o rico e poderoso como prometera.

Este caminho indica que a pessoa para quem surgir, deve usar de astúcia e audácia para atingir o objetivo pretendido, além de oferecer o sacrifico determinado.

Ebó: Um galo, um preá, sete inhame assado com casca, epô pupa, mel, aguardente e

velas. Sacrifica-se o galo e o preá à Elegbara, seguindo o rito normal, Leva-se os sete inhames e

os animais sacrificados à uma cachoeira e arria-se o carrego num local qualquer, de maneira

que se possa fazer sete buracos em volta. Em cada buraco se enterra um inhame e acende-se

No documento O Verdadeiro Jogo de Buzios Jeje-Nago (páginas 170-173)

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