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Este itan determina que o cliente deve ser iniciado no culto de Orunmila, devendo para isso, ser conduzido e confiado aos cuidados de um Babalawo.

No documento O Verdadeiro Jogo de Buzios Jeje-Nago (páginas 125-128)

(5)

Titigotin, passarinho muito pequeno e malvado, de peneas acinzentadas, afirmou um dia ao elefante Ajinaku, que poderia vencê-lo em combate singular. Espantando com tamanha ousadia, Ajinaku indagou: “Como poderás, pequeno como és, ocasionar-me algum dano para derrotar-me?”

O pássaro no entanto, continuava a afirmar que podia derrotar o elefante que, para não ficar desmoralizado, teve que aceitar o desafio.

No dia marcado, Titigotin, antes do combate, aconselhou ao elefante que se alimentasse bem, para que não viesse atribuir a derrota a algum estado de fraqueza, por encontrar-se mau alimentado.

Antes da luta, Titigotin reunira algumas pedras vermelhas chamadas zen, que depois de transformadas em pó, foram misturadas com água, produzindo um líquido pastoso, muito parecido com sangue, tendo em seguida, guardado o líquido numa pequena cabaça chamada atukungwe.

Do fundo do rio, recolheu pedaços de calcário, com os quais produziu uma pasta branca ainda mais espessa, que guardou noutra cabaça.

O mesmo foi feito com pó de carvão vegetal que, depois de misturado com água e transformado numa pasta negra, foi guardado numa terceira cabaça.

Naquela época, reinava no pais um rei muito bondoso, cujo nome era Dada xé. Curioso em saber de que forma o valente passarinho tencionava derrotar seu enorme adversário, Dada xé dirigiu-se a floresta para, em companhia dos animais selvagens, assistir à curiosa luta.

Em dado momento, Titigotin declarou-se pronto para o combate e solicitou ao rei que autorizasse o inicio da luta.

Ao sinal, munido de suas três cabaças, pousou na cabeça do elefante que pôs-se a rir, sacudindo a tromba, na tentativa inútil de afugentar Titigotin que, dotado de grande agilidade, mudava sempre de lugar. Da orelha do elefante, voava rápidamente para a testa e dali para o alto da cabeça, evitando as violentas pancadas que o elefante desferia com a tromba, na intenção de atingi-lo.

Agora, o elefante já estava realmente irritado, vários golpes desferidos com sua própria tromba haviam martelado violentamente sua própria cabeça e o passarinho continuava incolume.

Em determinado momento, Titigotin derramou, sobre a cabeça do elefante, o liquido vermelho que armazenara na primeira cabaça, voando em seguida até Dada xé, a quem solicitou um médico para examinar Ajinaku que, segundo ele, estava acometido de forte hemorragia, proviniente de um grande ferimento no alto da cabeça.

Ao ver o que julgou ser sangue, Dada xé admoestou Ajinaku: “Como pudestes ser tão gravemente ferido por um passarinho tão pequeno?” Ajinaku, como não sentisse nenhuma dor, passou a tromba sobre a cabeça e ao vê-la suja do líquido vermelho, que também pensou ser sangue, tomou-se de grande fúria e resolveu acabar com a brincadeira.

“Ao combate!” Bradou irado e o passarinho pôs-se novamente a voltear sua cabeça.

Dada xé que a tudo assistia, exclamava indignado: “Que vergonha!” E todos os animais repetiam em coro: “Que vergonha!”

Titigotin gritava: “Renda-se Ajinaku, ou racharei seu crânio e seu cérebro será espalhado pelo chão!” “Jamais!” bradava cada vez mais irritado o elefante, chocando a própria tromba contra a cabeça, cada vez mais violentamente, tentando desta forma, atingir o adversário.

E a luta prosseguia cada vez mais acirrada... em dado momento, Titigotin derramou sobre a cabeça de Ajinaku, a pasta branca da segunda cabaça e gritou pra Dada xé: “Veja! Ajinaku teima em continuar a luta apesar do meu aviso e agora seu célebro já começa a escorrer através de seu ferimento!”

Dada xé, vendo a pasta branca escorrendo da cabeça do elefante, pede-lhe que se renda e este, cada vez mais furioso, afirma que seu crânio não pode estar fraturado, uma vez que não sente nenhuma dor, absolutamente nenhuma!

Com a visão prejudicada pela pasta que já lhe penetra os olhos, Ajinaku continua a castigar-se, com golpes cada vez mais violentos de sua propria tromba, enquanto Titigotin voa agilmente ao redor de sua cabeça e de seu imenso corpo. Decidido a acabar com a luta, a avezinha derrama o conteudo negro da terceira cabaça, sobre a cabeça de seu contedor e chamando o rei, mostra-lhe o que considera uma verdadeira catrastrofe: “Veja, ele não aguenta mais! Seu sangue, seus miolos e tudo o que escorre do seu crânio estão completamente negros! É grangrena, sem dúvida! Isto é sinal evidente de morte e eu me nego a continuar a dar combate a um morimbundo!”

Todos viram a pasta negra escorrendo da cabeça do elefante, mas ninguem, nem de longe, desconfiou do artificio utilizado pelo pasarinho.

Desolado, Ajinaku lamentava: “Sim... ele me matou...” E muito envergonhado, pôs-se a bater a cabeça contra as árvores, até ferir-se mortalmente.

É por isto, que se diz, que as coisas podem, se não forem controladas em tempo, crescerem de tal forma, que acabam se transformando em problemas enormes e sem solução.

Cânticos do Itan:

Titigotin ma so ate bo Ajinaku!

N’hu agbanga!...

Agete, agete, du do agete!

N’hu afgangba!

Agete!

Tradução:

Titigotin, o pequenino, derrotou Ajinaku!

Eu posso derrotar qualquer coisa mesmo que seja grande como o mundo! Alegria! alegria! O signo dez que terei alegria!

Eu posso derrotar qualquer coisa, mesmo que seja grande como a terra! Alegria!

Ebó: Pegar três cabaças (de pescoço), pequenas, três galinhas, sendo uma branca, uma

vermelha e uma preta; três cabritos, sendo um branco, um vermelho e um preto. Preparar um

fio trançado de palha da Costa e prender nele as três cabaças já abertas.

Marcar Ejionile no yerosun e depois despejar o pó, dentro das cabaças. A galinha branca é

No documento O Verdadeiro Jogo de Buzios Jeje-Nago (páginas 125-128)

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