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Ebó: Sacrificam-se os animais sobre Elegbara, deixando o ejé correr um pouco sobre os idés Os bichos são despachados de acordo com a determinação do Jogo e os idés, depois de

No documento O Verdadeiro Jogo de Buzios Jeje-Nago (páginas 137-140)

limpos, são entregues ao cliente para serem usados como amuleto.

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Havia um homem que sofria demasiadamente em sua vida mas que nunca se dignara a oferecer qualquer sacrifico. Onde quer que fosse morar, era perseguido por alguém de poder ou prestígio e, invariavelmente tinha que se transferir para algum lugar distante.

Cansado de viver assim sem paradeiro certo, o homem resolveu internar-se na floresta onde, longe do contato dos seres humanos, julgou poder viver em paz.

Na floresta, encontrou uma caverna onde resolveu habitar, transformando-a em moradia. Depois de arrumar seus pertences, o homen dimensionou-se a uma fonte próxima dali, com a intenção de abastecer- se de água e, ao regressar, deparou com um bando de corujas que, postadas à entrada da caverna, impediam o seu acesso. Repentinamente, as aves alçaram vôo, investindo furiosamente contra ele que, apavorado, fugiu mata adentro, sempre perseguido pelas corujas.

Mais adiante, o homem encontrou uma cabana e para fugir do ataque das aves, adentrou-a, deparando com seu dono que outro não era se não o próprio Orunmila.

Narrada sua desdita, Orunmila ordenou-lhe que oferecesse um ebó que o livraria para sempre de todo e qualquer tipo de perseguição.

Feito o ebó, pode o homem escolher o lugar onde viver, encontrando paz para o resto de sua vida.

Ebó: Um galo, um preá, um ekuru, um peixé assado, uma frigideira de barro sem uso.

Sacrificam-se os animais a Elegbara, retira-se o couro do preá que depois de seco é estendido

dentro da frigideira. Em cima disto, coloca-se o ekuru que dever ser substituído

periodicamente. A frigideira deve ser colocada sobre o telhado da casa do cliente servindo de

defesa para o mesmo.

(5)

Um homem não pode escorregar na lama se tiver na mão uma bengala. Este era o nome do advinho que consultou Ifá para um odé.

O pai do caçador tinha morrido. O caçador não tinha dinheiro para os funerais...

Antigamente não se enterrava os mortos como ser faz agora, eram colocados numa grade sobre quatro pés e acendia-se em baixo, uma grande fogueira para cremá-los, evitando assim, que passassem pelo processo de decomposicão. A cremação durava três luas e, durante este tempo, os parentes do morto deveriam providenciar para que os funerais fossem dignamente celebrados.

O caçador tinha muitos amigos e, sempre que algum deles precisava celebrar um funeral, era a ele que procuravam para encomendar a caça para ser comida durante o ritual e agora, era o caçador que tinha um ritual a celebrar, e nada podia oferecer aos seus amigos.

Quando faltavam sete dias par ao termino da cremação, não tendo nenhum cauri (*) e sem encontrar outra solução, resolveu sair, ele mesmo, a caça.

Embrenhando-se na floresta, deparou com um rio de águas muito escuras e pode ver, na margem, uma grande quantidade de diferentes animais.

“Como atravessar o rio de águas tão negras se não posso avistar o fundo?”

Em busca de uma solução, sentou-se a sombra de uma árvore kpejere ali existente, como estivesse muito cansado, logo adormeceu.

Durante o sono, teve um sonho no qual uma voz lhe dizia: “Levanta-te, atravessa o rio, na outra margem muita caça te espera para ser abatida!” e a voz repetia-se incessantemente.

Acordado, voltou a ouvir a mesma voz que repetia as mesmas palavras de incentivo. Procurou para ver quem poderia estar falando, más não encontrou ninguém...

De repente, a mesma voz: “Sou eu, a árvore quem te está falando, anda, atravessa o rio, do outro lado há muita caça a tua espera!”

“Como poderei atravessar em segurança se não posso ver o fundo do rio, tal escuridão das águas?” “Corta um dos galhos com a ponta enforquilhada, toca a cada passo o fundo do rio local onde irás pisar, assim saberás se é raso ou fundo. Seguindo a orientação da árvore, o caçador pode atravessar em total segurança as águas turvas do rio e, chegando ao outro lado, munido de seu arco (da), pôde com cada flecha (ga) abater três ou quatro animais.

Abateu tanta caça que chegou a pensar que não teria forças para transportar tudo até sua aldeia. amarando os animais com uma corda, tratou de atravessar o rio, arrastando atrás de si, o fruto de seu esforço.

“Eu adoro as vísceras destes animais, foi por isto que te ensinei a forma mais segura de alcançá-los. Agora, em pagamento, deves oferecer-me as vísceras de todos os animais que abatestes.”

Achando justa a proposta, o caçador abriu o ventre de todos os animais, de onde retirou as vísceras que foram depositadas ao redor do tronco da árvore. Depois retornou à sua aldeia com sua preciosa carga que proporcionaria condições de celebrar condignamente os funerais de seu pai.

Passado algum tempo, morreu a mãe do lenhador que, da mesma forma que o caçador, encontrava-se sem recursos para realizar os funerais.

A cremação foi iniciada imediatamente e, quando faltavam quinze dias para seu término, o lenhador resolveu embrenhar-se na floresta a fim de cortar madeira que, depois de vendida, geraria recursos para o custeio dos funerais.

Depois de muito caminhar, foi deparar com o mesmo rio que o caçador havia encontrado e o rio lhe falou: “Lenhador!”

“Ago!”

“Se estás a procura de madeira de bom valor, existe ali adiante uma enorme árvore kpejere. Com alguns golpes de teu afiado machado, podes obter madeira da mais alta qualidade.”

“Meu machado é muito pequeno para um tronco tão grosso!”

“Não faz mal, corta em pequenos pedaços e teu trabalho será muito bem recompensado.”

Assim foi feito e, a madeira obtida foi vendida por mil e quinhentos cauris, importância mais do que suficiente para que, durante os rituais, todos pudessem se regalar.

Mas por que razão teria o rio ordenado ao lenhador que abatesse a grande árvore? Acontece que, por ocasião do incidente com o caçador, a chacina foi tão grande, que os animais se revoltaram e resolveram se afastar em busca de um lugar mais seguro.

Era costume, os animais, em agradecimento aos serviços prestados pelo rio, oferecerem-lhe anualmente, um de seus filhotes. Com o afastamento dos animais, motivo pelo qual mandou o lenhador abatê-la. Kpejelekun e do: Mi na de do-nuto. Toka do: Emi de do ni on, do ton na je we.

(A arvore kpejerekun diz: “Se eu revelar o teu segredo todas as tuas taizes ficarão expostas ao ar!”) (O consulente deve ser discreto com os segredos que lhes são confiados).

(*) dinheiro utilizado na época.

Ebó: Um ofá de ferro pequeno, um machete (miniatura), nove favas de bejerekun, um

prea, um pombo, mel, dendê e oti. Sacrifica-se os bichos a Egun, cobre-se com o pó das nove

favas de bejerekun raladas, mel, dendê e oti e entrega-se aos pés de uma árvore nas margens

de um rio. Este trabalho é indicado pra proteger pessoas que se encontrem sob investigações

No documento O Verdadeiro Jogo de Buzios Jeje-Nago (páginas 137-140)

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