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(1)

A filha de Metolonfi, rei de Ifé, chamava-se Hwedeu (Tu não podes com ela).

Bese (A Rã) e Agbo (O Búfalo), desejavam casar-se com a princesa e, para resolver a questão, o rei lhes disse: “Darei a mão de minha filha aquele que primeiro trouxér toda a palha que preciso para cobrir a casa que mandei construir em meu quintal.”

A disputa ficou marcada para dai três dias.

Agbo muito feliz dizia: “Que bom, será muito fácil! Bese é muito pequeno e não poderá transportar de uma só vez toda a palha necessária. Assim sendo, não resta dúvidas de que serei o primeiro!”

Conciente de suas limitações, Bese tratou de consultar Ifá para saber de que forma poderia derrotar seu concorrente, muito maior e mais forte que ele.

Na consulta surgiu Osa que exigiu, a guisa de sacrifício, que lhe fossem trazidos três frangos. Quando Bese cumpriu a exigência, Ifá separou para si um frango e meio, entregando o restante ao cliente, sob a recomendação de que, com aquela quantia, preparasse um jantar e convidasse todos os seus parentes. Durante o jantar, Bese explicou aos parentes, o motivo da reunião e todos se prontificaram a ajudá-lo no cumprimento da difícil tarefa a que iria se submeter.

No dia fixado, Agbo aproximou-se de Bese e perguntou com ironia: “Ainda estás aqui? Anda depressa senão ganharei nossa disputa. Eu posso carregar qualquer coisa que quiser!”

Já pronto pra recolher a palha, Agbo passa diante da casa de Bese e pergunta: “Ainda estás ai? Já estou a caminho!”

De dentro uma voz respondeu: “Vá em frente, eu te sigo.”

Agbo já com a palha no lombo retornava a casa do rei e no caminho resolveu conferir: “Bese!” gritou, e um dos parentes da Rã que se encontrava escondido a beira do caminho, respondeu: “Kpãããã!”

Surpreso e achando que estava sendo ultrapassado por seu concorrente, Agbo redobrando os esforços, acelerava a marcha em direção ao objetivo. Um pouco mais a frente, chama novamente: “Bese!” e o mesmo “Kpãããã!” surge aos seus ouvidos!

Entra na cidade, penetra no palácio e, no pátio depara estarrecido com o monte de palha que os parentes de Bese haviam depositados no local. Desesperado, Agbo dá violentas cabeçadas no chão e acaba se matando.

Foi então que todas as pessoas disseram: “A Rã mediu forças com o búfalo. A rã provou ser mais forte que o búfalo.”

Todos para quem surgir este signo, vencerão seus concorrentes se submeterem-se a Ifá e forem suficientemente generosos.

Terminamos esta narrativa dizendo: Sa ! Bese hu so ma non hwi do ja! (A rã matou o búfalo e nem precisou de faca para fazê-lo!)

(2)

Hun Je Nukon (*) era o nome da mulher da águia que foi possuída pelo Vodun pela primeira vez, encontrando-se por isto, recolhida no local da iniciação.

A Águia fez uma investigação para saber onde o Vodun iria fazer suas vodunsi dançarem no dia da saída da iniciação (Hun Hwe, Hun Kpame) de acordo com as cerimônias habituais.

Descoberto o local e o dia, pousou no galho de uma árvore em frente a casa do Vodun, esperando ver sua mulher.

As vodunsi saíram do convento em direção ao rio para recolherem água destinada a purificação e na frente da fila, ia a mulher de Águia.

Recolhida a água, as mulheres voltaram cantando e dançando cadenciadamente quando, repentinamente. Águia saltou de seu abrigo, levando consigo sua mulher, enquanto as outras neófitas escapavam, escondendo-se no interior da casa.

Naquele dia o Vodun passou uma grande vergonha...

No dia seguinte, o Vodun reunido com seus amigos, tramou uma conspiração para novamente, tomar a mulher de águia, o que efetivamente logrou fazer.

Outra vez águia repetiu o feito anterior, escondido na copa da árvore, aguardando que as vodunsi voltassem no rio para novamente resgatar sua mulher.

Todas as vodunsi tiveram que se recolher novamente ao Hunko e a cerimônia de saída teve que ser adiada mais uma vez.

Acabrunhado o Vodun perguntava: “Que fazer? Todos estão zombando de mim... preciso consultar Ifá. Ifá recomendou então que o Vodun procurasse dois galhos em forma de forquilha. Indignado o Vodun disse a Ifá: “Estou falando sério. Que estória é essa de forquilha?” Ifá respondeu simplesmente: “Faça o que estou mandando”.

Quando o Vodun trouxé as forquilhas, Ifá exigiu: “Agora tu me entregarás uma galinha, um pombo, uma galinha d’Angola, uma cabra e cinco moedas.”

Feito o sacrifico, Ifá inscreveu o signo Osa sobre o yerosun e, entregando as forquilhas ao Vodun, ensinou de que forma deveriam ser utilizadas.

Pela terceira vez Vodun tomou a mulher, conduzindo-a a sua casa e, novamente, Águia ficou à espreita, aguardando o momento adequado para levar sua mulher de volta.

No dia seguinte, as mulheres foram ao rio para pegarem água, na volta, a mulher de Águia, na frente da fila, dançava com as duas forquilhas nas mãos. Águia lançou-se sobre ela na intenção de carregá-la, sendo desta vez, recebido com as duas forquilhas no peito. Atordoado e ferido, caiu no chão e todas as Vodunsi caíram sobre ele, aplicando-lhe uma grande surra de vara com forquilhas.

Só então, Vodunsi Hunjenukun, ficou sendo para sempre, mulher do Vodun.

Depois disto, o principal tambor do ritual, passou a ser chamado Hun em vez de Hon (águia).

(*) A primeira promoção no seminário de iniciação onde não se pode obter mais do que uma promoção de cada vez. Vodunsi Hun Je Nukon é a primeira esposa do Vodun a ser tocada pela Divindade e que, chegada a sua vez, virá a ser uma Grã-Sacertodiza (Zeladora do Vodun).

(3)

Naquele tempo, o macaco demonstrava ser o maior Oluwo do país, sendo, por este motivo, invejado e odiado pelos demais Oluwo que eram o galo, o carneiro e o bode.

Certo dia, macaco saiu em longa viagem, tendo antes oferecido um ebó composto de nove idés dourados e um peixé assado.

No dia posterior a viagem, o rei Olofin precisou consultar Ifá e para isto, convocou a sua presença os três advinhos para que fizessem, em conjunto, uma consulta.

Os três, maldosamente, para livrarem-se da concorrência do Macaco, determinaram um ebó no que era exigido o sacrifício deste animal.

Olofin, imediatamente ordenou que seus caçadores saíssem na captura do macaco que, graças ao ebó que havia oferecido, conseguiu escapar de todos as armadilhas que lhe foram armadas.

Frustrados pelo fracasso da caçada, os caçadores voltaram a presença do rei, sem contudo conduzirem o animal para ao sacrifico.

Como o caso era urgente e não mais podendo esperar, Olofin resolveu, na falta do macaco, oferecer o ebó com os animais que tinha a mão, ou seja, um galo, um carneiro e um bode, o que trouxé para ele excelente resultado.

No documento O Verdadeiro Jogo de Buzios Jeje-Nago (páginas 134-137)

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