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O deput ado Pedro Novais cumpre seu sext o mandat o na Câmara dos Deput ados, pelo Part ido do Moviment o Democrát ico Brasileiro (PMDB) do Maranhão, onde at ua como membro t it ular da Comissão de Finanças e Tribut ação e da Comissão Mist a de Planos, Orçament os Públicos e Fiscalização. Advogado pela Universidade Federal do Espírit o Sant o (UFES), est udou direit o fi nanceiro em Londres e planej ament o em administ ração t ribut ária em Washingt on. Ent re 1975 e 1978 e, depois, de 1988 a 1990, f oi secret ário da Fazenda do est ado do Maranhão.

Histórico e perspectivas sobre a

Lei de Responsabilidade Fiscal

RESUMO

Pedro Novais descreve as mudanças t razidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Pont os como a exigência

dos anexos de met as e riscos fi scais na Lei de Diret ri-

zes Orçament árias (LDO), e a responsabilidade no t rat o da receit a f oram abordados, assim como a imposição de uma disciplina no relacionament o ent re Tesouro Nacional

e Banco Cent ral (BC), o superavit primário e a exigência

de cont as abert as e t ransparent es. Para Pedro Novais, a

LRF dignifi ca a Administ ração Pública, o Congresso e o

Judiciário, e, ao mesmo t empo, é f rut o e inst rument o da democracia.

CONFERÊNCIA

No ano de 1989, a Lei nº 4. 320 disciplinava muit os as- pect os da administ ração pública, mas est ava com quase 40 anos e precisava ser at ualizada diant e dos novos de-

safi os. Além disso, ainda eram necessárias normas e sal-

vaguardas de modernização de procediment os adminis- t rat ivos de t ransparência, divulgação, acompanhament o e cont role, muit as das quais j á haviam sido preconizadas na f orma de lei complement ar pela Const it uição Federal promulgada havia quase 20 anos.

Por out ro lado, o proj et o da chamada Lei de Res- ponsabilidade Fiscal (LRF), que cont inha ideias brilhan- t es para o cont role das despesas governament ais, pode- ria ser aperf eiçoado e ampliado. Sem subst it uir a Lei nº 4. 320 e sem pret ender dar cumpriment o aos disposit ivos inst it ucionais mencionados, nos propusemos a t ornar aquele proj et o o mais abrangent e possível, suprindo as carências que pudessem criar obst áculos ao obj et ivo que

se impunha: a responsabilidade fi scal dos agent es públi-

50 | 51 C A D E R N O S F G V P R O J E T O S : L E I D E R E S P O N S A B I L I D A D E F I S C

ABSTRACT

Pedro Novais describes t he changes brought by t he Fiscal Responsibil it y Law (LRF). Point s such as t he requirement of t he annexes of goal s and fi scal risks in t he Budget Guidel ines Law (LDO), and responsibil it y in deal ing wit h revenue were discussed, as wel l as imposing a discipl ine on t he rel at ionship bet ween Treasury and Cent ral Bank (BC), t he primary superavit and t he requirement of open and t ransparent account s. For Pedro Novais, t he LRF dignifi es Publ ic Administ rat ion, t he Congress and t he Judiciary, and at t he same t ime, it is t he resul t and an inst rument of democracy.

cos. Formalizamos, no subst it ut ivo, normas de valoriza- ção para o Plano Plurianual, para a Lei de Diret rizes Or- çament árias (LDO) e para o Orçament o Anual, para que cumprissem o papel de inst rument os burocrát icos, mas t ambém para que se t ornassem pilares do planej ament o est rat égico desde a sua concepção, elaboração, mensa- gem, t ramit ação at é a sua execução e cont role.

Tornamos ef et iva a exigência dos anexos de me-

t as e riscos fi scais na LDO. E, na mensagem da lei, as

met as de polít ica monet ária, credit ícia, cambial e do su- peravit primário. Na execução orçament ária, limit amos

o cont ingenciament o possível ao cumpriment o das met as

fi scais. A geração de despesas e o cont role delas, com

ênf ase nas de pessoal e nas demais de duração cont i- nuada, mereceram t rat ament o especial. Fixamos limit es e est abelecemos crit érios de procediment o para a sua redução, se ult rapassados os parâmet ros est abelecidos.

Incluímos capít ulos sobre responsabilidade no t rat o da receit a, com dest aque na busca da qualidade e abast eci- ment o de providências para arrecadar adequadament e. Gost aria de mencionar, com ref erência ao que disse o Minist ro Nelson Jobim, que a nossa ideia, na época, era a de que a LRF f osse o moment o de ent endiment o dos Poderes. Sugeri que a previsão da receit a f osse de co- nheciment o de t odos, para que os Poderes ent rassem em acordo. Mas não consegui colocar essa ideia no papel. Também houve a preocupação quant o à gest ão e à pre- servação do pat rimônio público, em nos t er sido proibida a dest inação do result ado da alienação de bens de direi- t o ao fi nanciament o das despesas corrent es.

Aprof undamos os aspect os sobre a dívida pública e endividament o, e procuramos disciplinar o relaciona- ment o ent re Tesouro Nacional e Banco Cent ral (BC), re- t irando dest e a possibilidade de se endividar por cont a daquele a qualquer t ít ulo. Int roduzimos a exigência dos demonst rat ivos dos balanços do BC, das operações reali- zadas por ele em not as explicat ivas sobre a enumeração das disponibilidades do Tesouro, o cust o da manut enção das reservas e a rent abilidade de sua cart eira de t ít ulos. Apont amos a obrigat oriedade de que, semest ralment e, o president e do BC compareça perant e o Congresso Nacio- nal para, em audiência pública, prest ar cont as de seus

at os, da infl ação da moeda e do comport ament o da eco-

nomia de f orma geral, evidenciando o impact o fi scal de

suas operações.

Cent ralizamos na Secret aria do Tesouro Nacional a quest ão da dívida pública. Vieram assim o acompanha- ment o e o cont role das dívidas dos est ados e municípios que, em qualquer caso, são dependent es de pleit os que deveriam t er início nas Secret arias do Tesouro Municipais e Est aduais.

Procuramos, embora ainda não t enhamos conse- guido, f azer com que o Senado Federal fi xasse os limit es de endividament o que se ref erem aos it ens 6 a 9 do ar- t igo 52 da Const it uição. Inovamos, no que diz respeit o à operação de crédit o para est ados e municípios, ao cor- responsabilizar os agent es fi nanceiros privados e públicos pelas irregularidades na cont rat ação de emprést imos ou

fi nanciament os. Alargamos a abrangência dos cont roles

ext ernos e int ernos, valorizando os Tribunais de Cont as, t endo sido obj et os de at enção part icular as prest ações de cont as, seus prazos e a idoneidade de document os.

Ampliamos o conceit o de t ransparências para exigir clareza, limpidez e inf ormação abert a com a di- vulgação das ações de t odos os meios e f ormas possíveis, em especial pela mídia elet rônica, e sempre com a par- t icipação popular. Sobret udo, emprest amos relevância aos relat órios de gest ão fi scal – document os largament e aceit os e ut ilizados pelas diversas áreas do governo – nos Poderes Execut ivo, Legislat ivo e Judiciário.

No moment o da discussão, f oram eleit os dois “ ca- valos de bat alha” . O primeiro, o superavit primário, pro-

vidência t ão respeit ada hoj e. Tant o que o meu est ado, Maranhão, t eve de anular uma série de empenhos f eit os

no fi m do ano para que pudesse f echar o seu balanço com

o superavit compromissado com o governo f ederal.

E o segundo era a absorção pelo Tesouro Nacio- nal dos prej uízos do BC na sua polít ica nunca sat isf at o- riament e explicada de def esa da moeda. Era necessário que aquelas despesas pelo menos passassem pelo orça- ment o subsequent e, assim como os event uais lucros da aut arquia e ganhos dos vot os; em relação à apreciação do Execut ivo, nenhum desses dois t ópicos merece hoj e dist inção digna de not a.

As crít icas dos que at é ent ão se cont rapunham à nossa visão sem dúvida nos serviram de balizament o e nos valeram de advert ência cont ra deslizes e exces- sos. Felizment e, depois de aprovada na Câmara, a LRF só recebeu pequena alt eração no Senado. Os reclamos f o- ram do Senador Jef f erson Peres, de saudosa memória, a quem nest e moment o prest o a devida homenagem. Men- ção dest acada mereceu e merece o Deput ado Joaquim Francisco, sábio e compet ent e president e da Comissão Especial. A LRF cont inua alt aneira e impolut a, quase

incólume, dignifi cando a administ ração pública, o Con-

gresso, o Judiciário e a democracia, de que é ao mesmo t empo f rut o e inst rument o.

CONFERENCIAS

Graduat ed in Mechanical Engineer f rom t he Federal Universit y of Pernambuco (UFPE); in Economics f rom t he Cat hol ic Universit y of Pernambuco (Unicap); in St at ist ics f rom t he Universit y of Madrid, Spain. Hol ds a mast er’s degree in Operat ional Research f rom t he Federal Universit y of Rio de Janeiro (UFRJ). He was Secret ary of St at e f or Housing and Educat ion, Cul t ure and Sport s of Pernambuco. He was al so a Federal Deput y f or sixt een years, f rom 1983 t o 1998, and at t he end of t hat period he was el ect ed Senat or, a posit ion hel d unt il 2007. In 2001, he became t he Minist er of Mines and Energy. Act ual l y, he is Minist er of t he Federal Court of Audit ions (TCU).