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Formado em administ ração de empresas pela Fundação Get ulio Vargas (FGV). Diret or da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Get ulio Vargas (EESP/ FGV) e chef e do Depart ament o de Economia (PAE) da EESP/ FGV. Desde 1969, é prof essor de economia da FGV; f oi secret ário da Fazenda do est ado de São Paulo (1995 a 2001); e secret ário especial de Assunt os Econômicos do Minist ério da Fazenda (1987).

RESUMO

Em sua apresent ação, o prof essor Yoshiaki Nakano lembra que a consolidação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) se deve a uma sólida base inst it ucional e ao apoio popular, mas ressalva que é preciso avan- çar nas quest ões da t ransparência e da efi ciência dos gast os. Ele def ende a fi xa- ção de met as e a subst it uição da cont a- bilidade pública por crit érios cont ábeis universalment e aceit os. A criação de um sist ema em que t oda a unidade t em seu próprio balanço permit iria que a socie- dade acompanhasse e cont rolasse o que

acont ece. Essa mudança e a defi nição de

parâmet ros e t et os para as despesas do Governo, que permit am o aument o do in- vest iment o, são, segundo Yoshiaki Naka- no, f undament ais para um cresciment o sust ent ável do país.

ABSTRACT

In his present at ion, Prof essor Yoshiaki Na- kano remembers t hat t he consol idat ion of t he Fiscal Responsibil it y Law (LRF) is due t o a sol id inst it ut ional base and pop- ul ar support . But he caut ioned t hat pro- gress is needed on issues of t ransparency and effi ciency of spending. He advocat es t hat set t ing t arget s and repl acing pub- l ic account ing f or account ing principl es universal l y accept ed. The creat ion of a syst em in which every unit has it s own bal ance sheet woul d al l ow t he societ y t o monit or and cont rol t he expenses. This change and t he defi nit ion of paramet ers and maximum amount s f or expendit ures by t he government , which enabl es t he increase of invest ment s, are, according t o Yoshiaki Nakano, essent ial f or sust ain- abl e growt h of t he count ry.

Yoshiaki Nakano

A Lei de Responsabilidade Fiscal do Brasil

sob uma perspectiva internacional

CONFERENCIAS

CONFERÊNCIA

Acredit o que consolidar, defi nit ivament e, a quest ão da responsabilidade fi scal envolve, como colocado pela Teresa Ter-Minassian, uma sólida base inst it ucional, o que, para

mim, signifi ca apoio da sociedade. Posso afi rmar que pelo menos aquela parcela da

população que ent ende minimament e do assunt o apoia essa ideia int egralment e. Ali- ás, ant es da lei ser aprovada, t ivemos uma experiência desse t ipo aqui em São Paulo, quando o ent ão governador Mário Covas f ez um enorme e f ant ást ico aj ust e nas cont as públicas, colocando para f ora do est ado, que est ava quebrado, mais de 200 mil pessoas at ivas. Aquilo f oi uma coisa sem precedent es.

E a responsabilidade fi scal resvala t ambém nos t emas da t ransparência, da qua-

lidade e da efi ciência do gast o público. Sem avançarmos nesses dois quesit os, podere-

mos t er um ret rocesso. Na minha experiência, aprendi que ninguém ent ende de con- t abilidade pública. Mesmo quem t em boa f ormação, como os j ornalist as, por exemplo,

t em difi culdade para saber se os recursos est ão, ou não, sendo bem aplicados.

Por isso, t enho uma propost a que é muit o simples e que out ros países j á fi ze-

ram. Em primeiro lugar, é preciso mudar a cont abilidade. Deixar a cont abilidade públi- ca de lado e usar o crit ério cont ábil que as empresas usam e é universalment e aceit o. Em São Paulo, por exemplo, isso j á f oi implant ado at ravés de um sist ema cont ábil

chamado Brazil ian gap, onde é possível t irar t odos os balanços de t odas as unidades do

governo. E é f undament al que isso acont eça desse j eit o. A escola deve t er seu balanço

porque, afi nal, recebeu recursos públicos – que devem const ar do balanço – e t em um

quadro de f uncionários que deve est ar no cálculo da despesa para ot imizar a ut ilização dos recursos públicos. A rigor, ninguém f az gest ão de at ivos públicos.

Temos t ambém a Cont a-Result ado. Nela, você recebe o recurso e t em a recei- t a e despesa. E, se há gast o, ent ra o segundo aspect o f undament al – e que nós ainda t emos que avançar – que é t oda unidade t er met as f ísicas, explícit as e publicadas.

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que ser publicado, precisa ser um compromisso que o administ rador ou servidor deve assumir. Além disso, é int eressant e uma audit oria independent e que, invés de polit izar e j ulgar as cont as, diga se aquele relat ório é

corret o e dê algumas ref erências em t ermos de efi ci-

ência e efi cácia. Exist em ref erências int ernacionais de t udo quant o é t ipo que podem ser usadas quando o gast o é compat ível com o result ado f ísico alcançado.

Ao criar um sist ema desse t ipo, na verdade, permit e-se à sociedade acompanhar o que acont ece. Se você quer saber se uma delegacia de polícia est á f un- cionando bem, por exemplo, t erá acesso às met as, aos recursos e aos at ivos que ela gerencia. Publica-se o com- promisso no início do período e, no fi nal, o relat ório de desempenho. Aprendi sobre esse sist ema quando visit ei a Nova Zelândia e a Aust rália, lugares onde o regime de met a de infl ação e o relat ório periódico são obrigat órios em t odas as unidades de governo. A coisa f unciona e a sociedade, ef et ivament e, t em condições de cont rolar e responsabilizar o Execut ivo. Quando as inf ormações es- t ão disponíveis, uma audit oria vai checar e dizer se os obj et ivos f oram alcançados ou não, se houve excesso de cust o, efi ciência, ent re out ros aspect os.

Mudar a cont abilidade e fi xar met as, na minha

opinião, é um avanço essencial. E criar um sist ema de gest ão por result ados e não simplesment e de cumpri- ment o às leis. Isso é o mínimo que o servidor público t em que f azer, most rar para sociedade que com recursos públicos você pode alcançar os obj et ivos que a própria sociedade fi xou.

Out ro aspect o que deve ser mencionado diz res- peit o ao sist ema int ert emporal. A nossa Lei de Respon- sabilidade Fiscal (LRF) f oi um proj et o de 1999, quando est ávamos no meio de uma crise. E, naquele moment o, o problema era que a dívida pública brasileira est ava cres- cendo excessivament e, e o mercado via o risco da dívida sair do cont role com defi cit s crescent es e out ra explosão

infl acionária acont ecer. A LRF surgiu em um moment o

hist órico específi co, que f acilit ou sua aprovação, e mirou a est abilidade sob o pont o de vist a de cont rolar o cres-

ciment o da dívida pública at ravés do superavit primário.

Ent ret ant o essa f ase j á passou, t odo mundo concorda que a lei f oi um sucesso, e eu t ambém acredit o que ela não deve mudar. Porém, cabe f azer um adendo a ela, uma nova lei adicional, porque a sociedade brasileira de- manda é um país que volt e a crescer a t axas mais alt as. Mas quando o invest iment o começa a se recuperar, ant es

de chegar nos 20%, haverá enormes pressões infl acioná-

rias porque essa porcent agem não cabe no nosso Produt o Int erno Brut o (PIB). Ent ão, é preciso comprimir alguma coisa. O gast o global do governo chega a ser de 40% do PIB. A carga t ribut ária, out ras receit as do governo e o

defi cit do ano passado somam 3,3% do PIB. Se esse defi - cit cont inuar crescendo à mesma t axa com que cresce o

PIB, nunca vamos passar desse cresciment o de 4% para algo maior.

Bast a lembrar que o Brasil, ent re 1940 e 1980, cresceu à t axa média de 7%. Um exemplo muit o simples é o seguint e: imaginemos que o PIB dobre em 10 anos, e passe de 50 para 100. O governo gast a 40% desses 50, que é 20. Se mant ivermos essa proporção, o invest imen- t o não pode crescer mais, porque bat e no t et o de 20% e gera pressões infl acionárias. Se o gast o corrent e do go- verno crescer met ade do que cresce o PIB, se crescer 3, 5% ao ano, o que j á é um cresciment o muit o grande, abre-se espaço de 10 pont os percent uais, porque de 20 vai para 30. E, consequent ement e, cai de 40% para 30%. Daí é preciso reduzir a carga t ribut ária para que, do ou- t ro lado, aument e a poupança do set or primário para que ele possa invest ir. Assim, o invest iment o pode passar de 20% para 25%, 28%, que é o mínimo que nós precisamos para ret omar aquelas t raj et órias de cresciment o.

Port ant o, exist e um problema de inconsist ência, porque, quando o Brasil começa a se recuperar, o Banco Cent ral t em que elevar a t axa de j uros. Se ele não fi zer isso, cert ament e, nós t eremos infl ação. Temos que resol- ver esse problema e acredit o que chegou o moment o de olharmos para f rent e e f azer uma nova Lei Fiscal, defi - nindo parâmet ros e colocando t et os nas despesas do go- verno que abram espaço para o aument o dos invest imen- t os. Aí sim, t eremos dado um grande passo e colocado o Brasil em uma real t raj et ória de cresciment o acelerado.

CONFERENCIAS

Former Brazil ian Minist er of Finances f rom January 2003 t o March 2006, Ant onio Pal occi Fil ho is a Congressman f or t he st at e of Sao Paul o, posit ion t hat he has f or t he second t ime. He is a publ ic heal t h physician and a member of t he Taxat ion and Finance Commit t ee of t he Chamber of Deput ies. He was st at e represent at ive, t wice mayor of Ribeirão Pret o (SP) and Coordinat or, in 2002, of President Lul a’s Government Program. In t he current mandat e, Pal occi report ed some of t he most import ant proj ect s of Congress, such as t he creat ion of t he Social Fund f or t he Pre-Sal t and t he special commit t ee f or t he Financial Syst em and Market , one of f our commit t ees designed t o monit or t he economic crisis. He was al so t he President of t he special commit t ee f or t he Tax Ref orm.