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Formado em economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e mest re em economia pela Universidade de São Paulo (USP). Foi Minist ro do Planej ament o, Orçament o e Gest ão, no governo Fernando Henrique Cardoso, de j ulho de 1999 a abril de 2002. Foi t ambém diret or-president e da BRVias, que explora concessões na área de inf raest rut ura no país, e vice-president e execut ivo da Federação das Indúst rias do Est ado de São Paulo (Fiesp). Tem passagens pela Secret aria de Economia e Planej ament o do est ado de São Paulo e pelo Banco Int eramericano de Desenvolviment o. At ualment e, é vice-president e de Gest ão e Inovação da Bunge Brasil e é conselheiro administ rat ivo da REDE Energia S. A. e da SADIA S. A. , onde part icipou do Comit ê Especial Independent e que avaliou a relação de t roca ut ilizada no processo de incorporação de ações pela Perdigão/ BRF, at endendo o Parecer nº 035/ 2009 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

RESUMO

O Minist ro Mart us Tavares relembrou em sua conf erên-

cia a import ância do fi m da cont a moviment o e da re-

negociação das dívidas est aduais e municipais. Segundo ele, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) t rouxe uma

solução para a quest ão das fi nanças públicas e a apro-

vação de um conj unt o de medidas de curt o prazo para enf rent ar problemas que eram recorrent es. Graças a ela, criou-se um modelo de comport ament o de longo prazo que é um passo no caminho rumo à sust ent abilidade da polít ica fi scal.

ABSTRACT

Minist er Mart us Tavares recal l ed in his l ect ure t he im- port ance ending t he movement account and t he rene- got iat ion of st at e and municipal debt s. He cl aimed t hat t he Fiscal Responsibil it y Law (LRF) has brought a sol u- t ion t o t he issue of publ ic fi nances and has adopt ed a series of short -t erm measures t o address probl ems t hat were recurrent . Thanks t o it , of l ong-t erm behavior model was creat ed which is a st ep on t he pat h t owards sust ainabil it y of fi scal pol icies.

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Ministro Martus Tavares

Histórico e perspectivas sobre a

Lei de Responsabilidade Fiscal

CONFERENCIAS

CONFERÊNCIA

Sint o uma alegria muit o grande por t er t ido um papel ef et ivo na aprovação desse proj et o e por saber da sua import ância para a economia brasileira. Inicialment e, considero relevant e lembrar as pergunt as que eram f ei- t as quando começamos a escrever esse proj et o de lei. A que mais me chama a at enção hoj e diz respeit o ao nosso hist órico polít ico e administ rat ivo: essa lei vai pegar? É algo que dói, mas é a nossa realidade. É a hist ória da lei que pega. O cint o de segurança vai pegar ou não? O código de t rânsit o vai pegar ou não? Isso não deveria exist ir, mas exist e.

Nesse caso, não f oi dif erent e. Quando começa- mos a discut ir o proj et o de Lei de Responsabilidade Fis- cal (LRF), pela sua complexidade, pela própria nat ureza

do t ema, a difi culdade de comunicar à sociedade e ao

Congresso do que se t rat ava era uma sit uação compli- cada. Era nat ural que a pergunt a viesse à t ona. E, se est amos aqui comemorando 10 anos da lei, é porque ela pegou e a respost a est á dada. Ela exist e, est á em vigor, e é efi caz.

Não signifi ca que é 100%, que t udo est á perf eit o e nada precisa ser observado, que não precisamos ser mais vigilant es. Essa é uma quest ão que t ambém t emos que incorporar à nossa cult ura. O brasileiro-cidadão t em que

cont inuar vigilant e. Isso f az part e do exercício da cida- dania, não se t rat a de aprovar a lei e ir para casa acre- dit ando que, aut omat icament e, t udo vai ser cumprido.

Farei um breve hist órico sobre a evolução inst i- t ucional legal, pois vej o muit os j ovens na sala. Gost aria de cit ar aspect os que considero ext remament e impor- t ant es, porque a lei é um passo desse progresso inst it u- cionalment e legal que se iniciou em 1985, 1986.

Muit a gent e não sabe o que é uma cont a movi- ment o. Mas, naquela época, exist ia a possibilidade do Minist ro da Fazenda mandar um of ício para o Banco do Brasil (BB) com o seguint e cont eúdo: dê t ant os milhões

para a pref eit ura de São Paulo. No fi nal, o BB deposi-

t ava o dinheiro na cont a da pref eit ura, que se t orna- va devedora. Mas o BB, apesar de regist rar o f at o, não cobrava a dívida e o Tesouro passava a dever para ele. Quando uma empresa est at al precisava de ref orço, o Mi- nist ro da Fazenda podia recorrer ao mesmo expedient e. Tudo isso era f eit o em cima dessa t al cont a moviment o e confi gurava um gast o fi scal que não era regist rado no orçament o. Signifi cava um descont role monet ário, mas, principalment e, um descont role da sociedade. Exist ia um ef eit o monet ário de uma expansão que era f eit a em nome do Tesouro, que não passava por um orçament o,

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pelo crivo da sociedade e do Congresso Nacional. Era t udo f eit o no gabinet e, depois numa reunião.

Uma vez, coment ei que não f oi f ácil ser Minist ro da Fazenda ou do Planej ament o. Hoj e em dia, depois da Const it uição de 1988, avançamos e criamos uma base inst it ucional legal ext remament e import ant e. E a LRF f oi um passo nesse progresso que se iniciou em 1985. A separação ent re o Tesouro e o Banco Cent ral (BC) f oi ou- t ro avanço import ant e. O BC f azia emprést imos ao set or agrícola, com recursos de permissão monet ária, sem que est es passassem pelo crivo do Congresso Nacional. O Mi- nist ro Nelson Jobim mencionou t udo o que acont eceu no período e ressalt ou a import ância do capít ulo das fi nan- ças públicas, cuj o relat or f oi o governador José Serra e o president e da comissão, o senador Francisco Dornelles.

Acho ext remament e válido conhecermos o pro- cesso de const rução de um consenso para a aprovação de um inst rument o dessa nat ureza. Foi aprovado o capít ulo

das fi nanças públicas na Const it uição de 1988 e depois a

Emenda nº 19. At é hoj e não sabemos exat ament e t odo o hist órico de como esse disposit ivo passou no Congresso, mas há coisas que só daqui a 20 ou 30 anos virão à t ona. A rolagem da dívida dos est ados e municípios f oi t ambém um marco que ant ecedeu a LRF e est abeleceu um novo padrão de relacionament o ent re os governos f ederal, es- t aduais e municipais.

Ent rei para o governo f ederal em 1986, dois me- ses depois da criação da Secret aria do Tesouro Nacional. Os governadores t inham acabado de ser eleit os, desem- barcaram no gabinet e do Andrea Calabi pedindo uma ro- lagem de dívida, e aquilo nos assust ou. Est ávamos preo- cupados com a sit uação. A propost a deles era a seguint e: nós t emos uma dívida, queremos uma nova rolagem e carência de no mínimo quat ro anos. Esse t empo coincidia exat ament e com o do mandat o. Porque essa era a nossa cult ura polít ico-administ rat iva. E por isso a rolagem da dívida em 1987 f oi t ão decisiva.

A LRF veio ent ão como uma respost a est rut ural a t odas essas quest ões, como um passo a mais nesse cami-

nho. Ela t rouxe uma solução para a quest ão das fi nanças

públicas e aprovou um conj unt o de medidas de curt o prazo para enf rent ar problemas que eram recorrent es

nas quest ões fi scais. A lei, nesse sent ido, est abeleceu um padrão e cont ribuiu para a sust ent abilidade de uma

polít ica fi scal. Ela criou um modelo de comport ament o

de longo prazo e não apenas para um ano, um t riênio ou um mandat o. A LRF est abelece regras, princípios, limit es a fi m de dar cont inuidade à polít ica fi scal. Evident emen- t e, o consenso que f oi f ormado nesse país se ref ere ao

combat e à infl ação. Nós nos benefi ciamos de uma con-

cordância ainda muit o recent e que havia sido const ruída quando o president e Fernando Henrique era Minist ro da Fazenda, com a liderança do Congresso Nacional. Era preciso consolidar esse processo.

Foi o desej o de f ort alecer aquela sit uação macro- econômica que f ormou um senso comum relat ivament e rápido para a aprovação da LRF. A crise da Rússia, em set embro de 1998, evident ement e, f oi um f at or cat ali- sador, mas não o pont o principal. Tivemos out ras crises, da Áf rica, do México e da Ásia, por exemplo, e nenhuma produziu consenso algum. Mas a da Rússia veio no boj o dessa consciência de que era preciso mudar o padrão. E é nesse moment o que surge a LRF.

Como disse o Minist ro Jobim, fi zemos uma con-

sult a pública de t rês meses que f oram prorrogados por mais t rês. Se não me engano, pela primeira vez f oi f eit a

uma consult a pública pela int ernet . Temos arquivos que

most ram t odo esse hist órico, de como f oi f eit o o t raba- lho, quem respondeu e que t ipo de ret orno f oi obt ido. Ant es de fi nalizar o proj et o para o Congresso Nacional, fi zemos reuniões em t odo o Brasil, com t odos os governa- dores, secret ários municipais da Fazenda e de Finanças, Tribunais de Cont as do país int eiro e Tribunal de Cont as da União. Acho que o êxit o desse proj et o se deve a dois f at ores: primeiro, a det erminação e a liderança do presi- dent e Fernando Henrique Cardoso, depois, a consciência

que ele t inha do processo hist órico e do que signifi cava

CONFERENCIAS

Deput y Pedro Novais, f rom t he Brazil ian Democrat ic Movement Part y (PMDB) of Maranhão, is in his sixt h t erm in t he Chamber of Deput ies, where he works as a f ul l member of t he Finance and Taxat ion Commit t ee and of t he Joint Commit t ee on Pl ans, Publ ic Budget s and Audit ing. Graduat ed in Law f rom t he Federal Universit y of Espírit o Sant o (UFES), al so st udied Law in London and Financial Pl anning in Tax Administ rat ion in Washingt on. Bet ween 1975 and 1978, and t hen f rom 1988 t o 1990, he was t he Secret ary of Treasury of t he St at e of Maranhão.