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CONTRIBUIÇÕES.

Talvez o livro mais notável publicado até agora, ou o com maior densidade descritiva sobre o tema é o escrito por Nora Ellen Groce (1985) intitulado Everyone here spoke sign language. Em uma análise sociohistórica, a autora aponta para a notável Martha’s Vineyard (ilha do estado de Massachussetts, nos Estados Unidos da América) onde, em determinado período histórico, todos eram capazes de se comunicar em língua de sinais, fato esse que fazia com que a interação entre surdos e

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ouvintes, bem como a integração de surdos no cotidiano local fosse diferente de sociedades “industrializadas”.

Sem dúvida esse livro insere inúmeras problemáticas nos então recentes estudos sobre as línguas de sinais e a surdez. A autora propõe que em Martha’s Vineyard não havia grande distinção entre surdos e ouvintes, bem como não havia, a princípio, uma caracterização própria e pejorativa nas definições de surdo, ou enquanto inferior ou não detentor de determinados direitos, ou como passível de atuar em determinadas ações. Ao contrário, pontua que, solucionado o problema linguístico (que se daria por meio do conhecimento de todos da língua de sinais), os surdos fariam parte integralmente da vida social da vila.

Mesmo não tendo tido acesso ao universo social “ativo” da comunidade (já que realizou pesquisa histórica com algumas narrativas contemporâneas sobre os momentos em que a língua de sinais estava em vida na localidade), Groce (1985) demonstra as nuances sociais da localidade e aponta grandes especificidades desse tipo de vila. Diria que, de alguma forma, a autora estimula um campo de estudos bastante rico para a antropologia, que engloba aspectos relacionados à vida social e cultural, com interface em problemas próprios da linguística e das línguas de sinais, bem como da história. Ainda, possui um grande impacto nos “estudos sobre a deficiência” já que demonstra, empiricamente, como esta é socialmente construída e fruto de padrões sociais avaliativos, que passa pelo que determinadas sociedades encaram enquanto importantes nas esferas culturais (GROCE, 2002).

Pontuei as reflexões de Groce (1985; 2002) sobre Martha’s Vineyard, por considerar esse estudo paradigmático para aquelas vilas em que, como é o caso da Várzea Queimada, todos usam a língua de sinais. Além disso, acredito que a autora nos dá elementos importantes, apresentando aspectos relevantes que, posteriormente, foram levados em consideração pelos estudiosos das “vilas surdas”.

Antes disso, temos outros estudos com diferentes enfoques que, de alguma forma, poderiam ser pensados como tendo atuado em duas frentes: (i) que levam em consideração as “línguas de sinais emergentes” em outras esferas, fora dos limites das línguas nacionais, com especial enfoque nas descrições dessas línguas; (ii) que priorizam as relações socialmente estabelecidas entre surdos e ouvintes, salientando aspectos da integração social e das nuances produzidas pela surdez na esfera social. Essa divisão foi realizada para analisar as contribuições dessa bibliografia, em contraponto (ou complementariedade) com os “estudos sobre a surdez e cultura surda” para esta tese. Não se pretende extremamente densa e possui como

objetivo pontuar definições de algumas problemáticas importantes que serão mencionadas no decorrer da escrita.

Angela Nonaka (2009), com o intuito de sistematizar algumas informações com relação às vilas ou comunidades que fazem uso de uma língua específica de sinais (diferente das nacionais), pontua:

the communities where indigenous sign language have appeared are geographically, culturally and linguistically diverse, yet share a remarkably similar constellation of socioeconomic and demographic features, including: (1) high degrees of real/biological or fictive/non biological kinship; (2) labor-intense, no industrial local economies; (3) low intra-community educational differentiation between deaf and hearing people (p. 212)

Essas são, segundo a autora, as similaridades entre essas comunidades que possibilitam, de alguma forma, a criação e manutenção de línguas de sinais. E, sem dúvida, são esses os achados etnográficos que vinculam as diferentes vilas com as mesmas características ao redor do mundo, que podem as colocar em parâmetros reflexivos comuns.

William Washabaugh (1979) faz algumas pontuações com relação à Providence Island, situada na Colômbia. O autor salienta que a grande integração dos surdos na vida social da ilha é facilitada pela economia local e pelo nascimento de surdos em famílias majoritariamente ouvintes. A economia, segundo ele, é dada pela pesca, caça, cuidado com animais e alguns plantios. Não há grande índice de educação formal entre os habitantes de Providence. Isso faz com que todos, surdos e ouvintes, não tenham grande diferença nas divisões de trabalho, bem como que não haja disparidade de funções entre ambos.

O segundo quesito, o nascimento de surdos em famílias de ouvintes, propicia que os habitantes da ilha tenham atitudes positivas com relação ao uso da língua de sinais, aprendendo, na medida do possível, essa forma de comunicação. E isso faz com que surdos estejam “espraiados” por toda a ilha, não provocando isolamentos e possibilitando uma integração total.

Washabaugh (1979) pontua que para compreender a Língua de Sinais de Providence (Providence Sign Language – PSL) é necessário não apenas se ater aos surdos, mas “although sign language genesis may

of the sign language cannot be understood without a consideration of deaf-with-hearing interaction” (p. 198). A PSL, segundo ele, deve ser

estudada na interação entre os vários atores envolvidos. A forma como a língua de sinais se define é fruto de um processo interativo entre surdos e ouvintes e, poderia acrescentar, entre estes e o ambiente sociocultural que os circunda. Apesar de trazer considerações extremamente importantes, como o fato de que a língua de sinais deve ser pensada na interação entre surdos e ouvintes, o autor não nos dá elementos para pensarmos na circulação “viva” da língua e nem como ela é utilizada pelos habitantes.

No Brasil, Lucinda Ferreira Brito (1984), importante teórica da Língua Brasileira de Sinais (Libras), em um estudo pioneiro no país, traz algumas considerações iniciais sobre a língua de sinais dos indígenas Urubu-Kaapor (Língua de Sinais Kaapor Brasileira – LSKB) do Maranhão. A autora compara a forma de comunicação gesto-visual utilizada pelos indígenas com o que ela chama de “Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros” que, posteriormente, é definida como “Língua Brasileira de Sinais”, pontuando diferenças lexicais entre as duas formas de comunicação.

A autora não nos dá grandes definições dos caráteres socioculturais, nem dos Urubu-Kaapor, nem mesmo dos falantes da “Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros”, salientando, somente, questões importantes para seus estudos linguísticos. Vale ressaltar que Ferreira Brito publica o livro “Por uma gramática das línguas de sinais” (1995), importante ferramenta teórica no campo dos estudos linguísticos brasileiros. Ainda, como salienta Assis Silva (2010), é uma importante intelectual na catalogação e “padronização” da língua brasileira de sinais14.

David Dolman (1986) nos apresenta duas línguas de sinais em uso na Jamaica, uma conhecida como língua urbana de sinais e outra como língua de sinais “do interior” (country sing language). A primeira possui ampla vinculação com a língua americana de sinais (ASL), visto a influência dessa língua nas escolas surdas, na televisão e na “comunidade surda”. A outra é usada, segundo o autor, por mais ou menos 200 surdos que vivem a pequena distância entre si em uma parte isolada da ilha.

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Apenas como nota para futuras pesquisas, seria interessante refletir sobre a influência dos estudos de Ferreira Brito com a língua de sinais dos Urubu- Kaapor na homogeneização lexical da Língua Brasileira de Sinais.

Um dos argumentos apresentados no artigo é com relação à economia dessa parte da ilha, que se baseia quase que exclusivamente na agricultura e que, por isso, os surdos estariam inseridos na esfera das relações familiares e auxiliariam no trabalho coletivo. Após apresentar alguns sinais que compõem o léxico da country sign language, o autor pontua que essa última é vista como mais “simples” de compreensão pelos ouvintes. Porém, segundo Dolman (1986), as escolas vêm sendo implantadas nessa região da ilha, o que está modificando, tanto a língua em si, quanto as formas de relação entre surdos e ouvintes.

Referindo-se a Okinawa, um complexo de ilhas no Japão, Torigoe, Takei e Kimura (1995) nos apresentam uma série de variáveis, fruto de entrevistas com surdos e ouvintes das diferentes ilhas, refletindo sobre a história de vida dos surdos, dando especial ênfase a aspectos concernentes à família, experiências na escola ou trabalho (caso tiveram), casamento e infância. Os autores não nos fornecem muitos elementos para refletirmos sobre as relações estabelecidas nas ilhas, porém, cabe salientar que os ouvintes dizem que aprenderam os “gestos” dos surdos “naturalmente” e, os surdos relatam alguns contatos com outros surdos vizinhos. Porém, salienta que esse contato é pequeno e isso faz com que “sinais espontâneos” apareçam e sirvam como porta de entrada para o mundo social e relacional dos surdos que agrega, em grande medida, apenas seus familiares próximos.

Os autores apontam a importância das escolas para surdos para que esses sinais sejam “unificados” e que possibilitaria para os surdos uma “outra forma de sociabilidade”. Essas considerações dos autores vão ao encontro das discussões realizadas pelos estudiosos das “culturas surdas” ou àqueles que se debruçam sobre os usos das línguas nacionais de sinais em contextos de grandes cidades.

Os estudos apontados acima são, em grande medida, indicativos de possíveis campos de pesquisas. Os autores não se debruçam (ou, pelo menos, não nos dão elementos para refletir) sobre a realidade sociocultural das localidades pesquisadas. Alguns nos apontam questões de ordem linguística, refletindo sobre as diferenças lexicais entre as “línguas indígenas” e as “línguas nacionais”. Porém, não temos elementos para pensarmos em termos de como essas “línguas indígenas” são usadas ou pensadas pelos moradores das localidades. Já os autores que apresentarei abaixo realizam o movimento contrário e, considero que, nos dão elementos mais densos para refletir sobre questões de ordem socioculturais.

Iniciarei com as instigantes elaborações feitas por Robert Johnson (1991; 1994) sobre a vila Yucatec Maya. O autor apresenta as relações

entre surdos e ouvintes no vilarejo pontuando que não há uma “comunidade surda” extremamente definida, como é descrito na maioria da bibliografia da surdez. Fazendo uma descrição breve da vida social no vilarejo, apresenta, de forma consistente, a inserção dos surdos em diferentes esferas sociais não tendo, necessariamente, exclusão ou receio de participação.

O autor salienta que as relações estabelecidas pelos surdos não segue a preferência dada pela “não audição”, ou, em outras palavras, que as amizades ou romances dos surdos não são guiados pela surdez. Argumenta também com base em evidência de que, mesmo conhecendo outros surdos em outros vilarejos, os comunitários não se deslocam e não fazem questão, necessariamente, de estarem na presença de apenas surdos. Coloca, porém, uma questão com relação à dificuldade de casamento por parte dos surdos.

Como as demais vilas apresentadas, Johnson (1991; 1994) também salienta a capacidade de surdos e ouvintes fazerem uso da língua de sinais (Maya Sign Language – MSL) o que faz com que surdos não tenham menos acesso aos aspectos socioculturais da localidade. Parece ser, em uma primeira vista, a grande particularidade dessas vilas que estão sendo aqui descritas: surdos e ouvintes são aptos a utilizar a língua de sinais como recurso comunicativo. E isso também parece ser um dos grandes diferenciais desse tipo de comunidade para o que foi comentado no primeiro item como sendo a “cultura surda”.

Refletindo sobre a Tailândia, mais especificamente sobre a vila de Ban Khor, Angela Nonaka (2007) nos dá vários elementos para pensarmos em termos de uma visão mais geral sobre a vila em questão e, consequentemente, sobre as demais com “realidades etnográficas” semelhantes. Passeando pela vida social e cultural da localidade, a autora argumenta em função de uma “comunidade de fala e sinalização” que é aglutinada em termos de questões de ordem econômica (economia baseada na pesca, agricultura e cuidado com os animais), social (surdez não vista enquanto problema) e linguística (o uso de diferentes línguas na comunidade). Esses fatos auxiliam com que a língua de sinais de Ban Khor (Ban Khor Sign Language – BKSL) seja usada por surdos e ouvintes.

Em uma interessante etnografia que mescla elementos da sociabilidade local com questões de ordem linguística e de uso da língua, Nonaka (2007) nos expõe que os habitantes de Ban Khor construíram uma língua e a mantêm em função das formas de sociabilidade estabelecidas na vila. Salienta como questões de ordem prática, como a baixa disparidade entre surdos e ouvintes no que diz

respeito ao sistema educacional, bem como elementos da ordem da “socialização da linguagem” que, a rigor, são as formas através das quais a língua adentra para a esfera da socialização e é, ela mesma, um dos elementos chave para isso.

Em outro trabalho, a autora (NONAKA, 2009) demonstra a importância de etnografias densas sobre esse tipo de realidade etnográfica para que as mesmas sejam pensadas em termos de diversidade linguística. Ela faz uso dessa argumentação para afirmar que só é possível refletir sobre uma língua (e, de alguma forma, registrar e documentá-la), se tivermos os elementos das formas de sociabilidade que constroem e mantêm a língua em funcionamento e ativa na localidade. E, para isso, lança mão das formas de trabalho empregadas em Ban Khor, das relações parentais, de aliança e de vizinhança, bem como dos níveis de “fluência” construídos nas diferentes esferas das relações sociais.

Nonaka (2007; 2009; 2010; 2011), em seus inúmeros artigos, contribui sobremaneira para essa tese por demonstrar, com diferentes aparatos teóricos, a importância de questões como relações parentais, de afinidade e de trabalho para a construção e constituição de uma língua de sinais. Ainda, por levar em consideração as nuances da língua em uso na localidade, que faz com que “bons falantes” (ou bons sinalizadores) sejam construídos em função das redes de relações estabelecidas entre surdos e entre surdos e ouvintes no vilarejo.

Marsaja (2008) é outro importante teórico que descreve esse tipo de comunidade. Ao lado de Groce e Nonaka, talvez seja o estudo mais denso com relação a uma realidade etnográfica semelhante a da Várzea Queimada que tive acesso. O autor se dedica ao estudo do que ele define como uma “pequena e isolada” vila no norte de Bali, na Indonésia, chamada Desa Kolok, em que surdos e ouvintes tem vivido juntos por gerações e que, a partir disso, surge uma língua específica de sinais chamada de Desa Kolok (DKSL).

Marsaja (2008) pontua que a comunidade possui um alto grau de “assimilação” dos surdos, o que é reflexo das formas de sociabilidade local na vila. Demonstra como os surdos atendem os eventos sociais e quase nunca procuram surdos de comunidades vizinhas pela falta de compreensão das línguas de sinais. Porém, a sociabilidade está centrada nas relações dentro da vila e entre famílias sendo que, geralmente, os surdos nascem em e constituem famílias ouvintes.

Além disso, existe na vila, o duplo caráter dos surdos que amplia a rede de relações usuárias da língua de sinais de Desa Kolok: além dos eventos públicos, eles participam de atividades privadas nos seios de

famílias compostas também por surdos, fato esse “não permitido” para ouvintes. Ou seja, circulam por espaços maiores que os ouvintes provocando, assim, um senso maior de coesão do próprio grupo e um uso mais generalizado da língua de sinais local.

Também, os surdos possuem tarefas próprias, como a arte de enterrar os mortos. Esse trabalho é considerado de extrema importância na vila e é realizado exclusivamente por surdos, já que os mesmos possuem uma vinculação com um “Deus surdo” que dá origem aos mitos quando dos primórdios da surdez. Isso modifica o status dentro da vila, não apenas dos surdos, como da língua de sinais. Os surdos são reflexo desse “Deus surdo”, bem como a língua de sinais é também uma forma de comunicação utilizada por essa entidade.

Marsaja (2008) apresenta dados extremamente relevantes também quando escreve sobre a constituição da língua e alguns padrões linguísticos na língua de sinais de Desa Kolok. Argumenta o autor

the community’s sociocultural patterns influence its sociolinguistic organization, which in turn affect the linguistic configuration of its spoken and sign language. Conversely, its resultant linguistic patterning will shape its sociolinguistic arrangement, which finally feed back into the sociocultural system in the community. (p. 03) O caso de Desa Kolok, pelas descrições do autor, também se demonstra paradigmático para essa tese em função do método e das maneiras de relacionar as formas de uso da língua e as relações sociais. Especialmente, torna-se relevante por imbricar a sociabilidade com o uso da língua e dos seus falantes, mesclando elementos de diferentes ordens para pensar a produção da língua. Muito bem argumentado por Marsaja (2008), só é possível pensarmos em uma língua de sinais nesse tipo de comunidade quando a colocarmos em perspectiva com as relações sociais que são produzidas e a produzem mutuamente.

Os estudos mais recentes, e ainda em evolução, são os realizados por uma equipe de pesquisadores na comunidade Al-Sayyid Bedouin, uma vila com mais ou menos 3.500 pessoas no deserto de Negev em Israel. Aronoff, Meir, Padden e Sandler (2008) pontuam algumas peculiaridades da vila, salientando que a língua de sinais de Al-Sayyid (ABSL) parece ter nascido sem a influência de línguas de sinais ou orais vizinhas, sendo extremamente difundida na localidade entre surdos e

ouvintes. O que os estudos começam a pontuar é que, nem a língua de sinais, nem os surdos, são estigmatizados na localidade.

Shifra Kisch (2004; 2008) reflete sobre os modelos explanatórios utilizados pela comunidade mencionada anteriormente para se referir à surdez, visto o alto índice no local. Mesmo fazendo uma relação entre biomedicina e outras formas nativas de explanação, o autor aponta características importantes sobre o uso da língua de sinais. Pelo fato de os habitantes, em grande medida, acreditarem que a surdez é obra divina, os surdos não são vistos como menores e, dessa forma, a língua de sinais circula com relativa fluência entre os habitantes. O autor faz também relação entre o uso da língua de sinais e elementos da sociabilidade, especialmente pontuando que a circulação, conhecimento e formas de uso estão em harmonia com as maneiras como os surdos são vistos na comunidade, bem como os aspectos socioculturais do local que extinguem (ou diminuem) a diferença entre surdos e ouvintes e entre a língua gesto-visual e a oral.

Vários estudos linguísticos estão sendo realizados nessa vila, demonstrando características peculiares da prosódia e sintaxe, bem como especulações sobre “origens das línguas” e emergência de novas línguas. Um estudo de cunho “exploratório”, narrado de forma jornalística, expõe as primeiras expedições dos pesquisadores na vila e aponta “a capacidade inerente e quase biológica” dos humanos em se comunicar e criar línguas (FOX, 2007). Porém, o estudo não nos dá elementos densos para refletirmos sobre a organização social da vila em questão. O que se sabe é que várias perguntas de pesquisa importantes e interessantes vêm sendo lançadas pelos pesquisadores com relação a essa “nova língua”.

Essa pequena revisão apresentou os diferentes estudos que pontuam as especificidades de vilas, em todo o mundo, que possuem línguas de sinais diferentes das nacionais e que estão (ou estiveram) em uso pelos seus habitantes, sejam eles surdos ou ouvintes. De uma ponta a outra, podemos perceber certas similaridades, como as apontadas por Nonaka (2009) no início mas, também o fato de as mesmas não estarem inseridas nas discussões (ou não serem possibilidades de afirmação de teorias) sobre cultura ou identidade surda, bem como não poderem ser tratadas sob a ótica da “deficiência”.

Os autores que trabalharam com as vilas citadas acima, de repente pelo movimento político e intelectual que estava desenhado no mundo, se detiveram nas influências dos estudos linguísticos das línguas de sinais propostos por Stokoe (1960) ou da “cultura e identidade surda”, defendidos por Carol Padden (1999) e outros. Poucos apontam

dados etnográficos densos para serem pensados e comparados com vilas com semelhança etnográfica. Mesmo assim, são questões importantes que foram trazidas à baila para a tese e servem como ponto de partida para as reflexões que aqui serão apresentadas.

Como bem lembrado por Senghas e Monaghan (2002), quando de