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Desempenho técnico assistencial inicial dos profissionais da unidade frente ao atendimento de emergência

2 REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 Identificação e análise das situações

5.2.4 Desempenho técnico assistencial inicial dos profissionais da unidade frente ao atendimento de emergência

Esta categoria apresentou o maior número de referências, totalizando 30 (34%) relatos positivos e negativos. Foi observado o desempenho técnico assistencial inicial dos profissionais de saúde da unidade frente ao atendimento de emergência, enquanto ocorria o deslocamento dos profissionais do TRR para o atendimento em código azul.

Nota-se essa articulação positiva quando os entrevistados relatam o atendimento emergencial inicial, conforme ilustram as falas a seguir:

“Há duas semanas, tivemos um código azul na unidade de internação masculina, o paciente teve uma PCR e então fomos acionados para o atendimento. Quando cheguei no quarto, percebi que o paciente já estava posicionado no leito, cabeceira baixa, o carrinho de emergência estava ao lado do paciente, então as pessoas da unidade que estavam ali sabiam o que estavam fazendo naquela cena. Inicialmente tinham poucos profissionais mais as pessoas que estavam em outras enfermarias perceberam a movimentação vindo nos ajudar e se prontificaram em revezar nas compressões torácicas. Então isso é fundamental em um atendimento em código azul, as pessoas das unidades já estarem desempenhando os primeiros atendimentos durante a PCR, estando entrosadas e em harmonia. Isso é muito bom porque estou no time há um tempo, então percebo que os profissionais da unidade já estão mais atentos aos atendimentos de resposta rápida em código azul. Então isso é um amadurecimento dos profissionais que estão mais cuidadosos e vigilantes, isso não acontecia no início da

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implantação do time, porque as pessoas antigamente ficavam perdidas...” (F20)

“Estou junto ao TRR desde o início, desde que foi institucionalizado, então a experiência mais gratificante e positiva foi durante um atendimento em uma unidade de internação onde a paciente evoluiu para uma PCR. Nós chegamos para o atendimento no quarto do paciente e percebemos que os familiares já estavam no corredor, a equipe de enfermagem havia monitorizado o paciente, deixado o carrinho de emergência ao lado do leito e iniciado as manobras de compressões torácicas. Então o médico já identificou prontamente o ritmo de parada para condução do protocolo e até as ampolas de adrenalina já estavam dispostas, prontas a serem aspiradas e administradas, o material de oxigenioterapia também estava disposto...Então isso foi um atendimento que considerei que foi positivo, pois a gente nunca trabalha sozinha, precisamos de equipe sempre junta na unidade, que já realize toda essa movimentação prévia, é fundamental para que possamos realizar um excelente atendimento...” (E14)

Por meio das situações exemplificadas (F20 e E14), pode-se observar o desempenho inicial dos profissionais das unidades ao realizarem o atendimento do código azul. Notou-se o dinamismo e o entrosamento dos profissionais, colocando em prática as ações de suporte básico de vida até a chegada do TRR, para dar continuidade às intervenções necessárias.

O fator tempo é uma variável crucial durante o atendimento à PCR, pois a sobrevida do paciente diminui consideravelmente, se forem transcorridos dez minutos sem a devida reanimação cardiopulmonar (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015); logo os profissionais de saúde devem ser especializados e organizados para fornecer intervenções oportunas aos pacientes que se tornam críticos durante sua hospitalização (ABDULLAH, 2014).

É importante ressaltar que a equipe de saúde, ao assistir o paciente que está evoluindo para um quadro de PCR, deve realizar o rápido reconhecimento da

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deterioração clínica, acionar o serviço especializado, apresentar eficiência e qualidade nas ações iniciais em RCP, aplicando o SBV, até a chegada dos profissionais especializados em SAVC (GONZALEZ et al, 2013b; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015).

Gonzalez et al. (2013b) são unânimes em mencionar que a PCR caracteriza-se como uma gravidade médica importante, com possibilidade de desencadear lesões irreversíveis e o óbito do paciente, caso as condutas terapêuticas adequadas e de qualidade não forem adotadas, o mais rápido possível.

Na evolução de um evento de PCR, o diagnóstico deve ser preciso e rápido, o TRR ser imediatamente acionado e a intervenção de reanimação iniciada precocemente (KLEINMAN et al., 2015). Entretanto, a correta execução da RCP realizada pelos profissionais das unidades, que desempenham um atendimento de forma ágil e precisa até a chegada da equipe especializada torna-se fator determinante para a sobrevivência durante as primeiras 24 horas, e também, da melhoria na taxa de sobrevida ao longo do período de internação do paciente (SEMERARO et al., 2015; VANCINI-CAMPANHARO et al., 2015).

Portanto é importante que todo profissional tenha conhecimento sobre a PCR e as manobras que compõem a RCP, para tomadas de decisões rápidas, seguras e eficazes, evitando o caos e o pânico, assegurando um atendimento de qualidade à vítima, com garantia de melhor prognóstico (TALLO et al., 2012).

Porém, nem sempre isso é observado, conforme pode ser visualizado nos relatos a seguir:

“Teve uma situação que a equipe foi acionada em código azul, foi na unidade de ortopedia. Chegando lá, a paciente estava em PCR, ainda não se tinha acesso venoso para administrar as medicações, o carrinho de emergência não estava lá e quando trouxeram faltava uma máscara para ventilar a paciente. A equipe da unidade estava bem perdida, corriam de um lado para o outro e não tinha resolutividade, não haviam realizado nenhuma ação de atendimento de código azul ao paciente. Enfim, conseguimos um acesso para realizar as medicações e realizar todo o atendimento, mas percebi que nada tinha sido feito antes da nossa chegada, nenhuma proatividade dos profissionais da unidade e a gente sabe que tempo é vida...” (E20)

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“Um código azul mais recente negativo aconteceu na unidade masculina, foi até a enfermeira que me ligou. Porém ao chegar no quarto do paciente percebi que a enfermeira não estava lá e não estava ocorrendo nenhuma outra intercorrência no setor. Então, tive que solicitar a presença dela imediatamente no atendimento. O código azul por si próprio já é bem estressante, então preciso da enfermeira no atendimento e não constatei a presença dela realizando as primeiras ações. Não verifiquei o carrinho de emergência no quarto, não vi nenhuma movimentação e sabemos que a partir do momento em que se detecta a parada, não podemos deixar o paciente de lado, precisamos iniciar imediatamente as ações que dão o suporte à vida ao paciente...Então, foi uma somatória de coisas que não aconteceram corretamente, apesar que o paciente retornou da PCR, mas esse atendimento ficou frustrante, porque a equipe da unidade deveria estar realizando todo o suporte até a nossa chegada.” (M15).

As duas falas anteriores indicam que os atendimentos emergenciais realizados pelos profissionais de saúde das unidades assistenciais não apresentaram desempenhos técnico-assistenciais satisfatórios, o que ocasionou prejuízo das manobras de RCP de forma qualificada.

Entretanto, esse desempenho dos profissionais no transcorrer do atendimento da emergência clínica, deve ser pautado em um ambiente de trabalho harmonioso e sincrônico de toda a equipe, para garantir as boas práticas durante o atendimento ao paciente vítima de PCR no ambiente hospitalar (SJOBERG; SCHONNING; SALZMANN-ERIKSON, 2015).

Sabe-se que a dinâmica de atendimento ao paciente em PCR necessita do estabelecimento dos cinco elos da cadeia de sobrevivência recomendados pela AHA, são eles: a vigilância e prevenção; o reconhecimento e acionamento do serviço de emergência; a RCP imediata de qualidade (compressões torácicas efetivas e abertura de via aérea com oferta de oxigênio); a rápida desfibrilação em ritmo chocável; o SAVC e os cuidados inerentes após retorno da vítima a circulação espontânea (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015).

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capacitações aos profissionais de saúde, com a aquisição de habilidades e competências satisfatórias para o início das intervenções de reanimação cardiopulmonar (KALLESTEDT, 2012).

Segundo Gonçalves (2014), as situações de urgências e emergências clínicas, em especial a PCR, são cada vez mais recorrentes em unidades especializadas, devido à mudança do perfil dos pacientes internados e às situações de violência por causas externas as quais os sujeitos, na contemporaneidade, estão expostos.

A autora endossa, ainda, a importância da atualização da temática aos profissionais da saúde, no sentido de engajar a equipe em discussões sobre o cotidiano e os desafios para a construção do gerenciamento de processos e condutas terapêuticas, que irão contribuir para a mudança da situação de vulnerabilidade que a PCR impõe, além de assegurar a confiança e a autonomia profissional. Salienta-se que esse contexto minimiza as taxas de mortalidade intra- hospitalar, se bem conduzido o algoritmo utilizado no processo de RCP.