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2 REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.3 Identificação e análise dos comportamentos

5.3.6 Recursos materiais

Esta categoria abrangeu os 23 (10%) comportamentos relacionados ao provimento adequado de materiais e equipamentos durante a RCP, tanto positivos, como negativos. Como falas positivas, são exemplificadas a seguir:

“Quando chegamos para o atendimento de código azul no setor de imagem, o paciente havia parado na realização da endoscopia. Os dois médicos que sempre realizam estes exames, em conjunto com a equipe de enfermagem do setor, já estavam realizando a reanimação, então como a cena estava controlada ficamos mais para dar um suporte aos profissionais...Quando saímos para os atendimentos em qualquer unidade, sempre levamos nossa mochila de emergência contendo nossos materiais. Na mochila temos os medicamentos sedativos, as lâminas e os laringoscópios, eletrodos, oxímetro de pulso portátil, seringas, agulhas e cateteres e assim não perdermos tempo durante o atendimento...” (E5)

A categoria profissional de enfermagem mantém-se 24 horas junto ao paciente hospitalizado, identificando na maioria das vezes os eventos de PCR, com acionamento da equipe especializada, o início imediato das intervenções de RCP e a aproximação do carrinho de emergência contendo materiais e equipamentos essenciais para o atendimento (PEREIRA et al., 2015).

As emergências clínicas ocorridas nas instituições de saúde exigem além do conhecimento teórico e prático, de pessoas capacitadas, de materiais e equipamentos adequados para prover uma assistência segurança e de qualidade, com vista ao restabelecimento do quadro do paciente sem ocasionar-lhe lesões irreversíveis (BEZERRA et al., 2015).

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Sobre a segurança do paciente, diversos autores enfatizam a importância da disponibilização de equipamentos e materiais, de modo a garantir as condições de trabalho adequadas, o aumento da segurança e da eficiência da assistência realizada aos pacientes (MELLO; BABOSA, 2013; MINUZZI et al., 2016; SOUZA; CORTEZ; CARMO, 2017).

Quando a provisão de recursos materiais e equipamentos tornam-se insuficientes durante os atendimentos, em código azul, nas unidades de internação não crítica, a assistência realizada fica prejudicada com o comprometimento imediato das atividades de RCP, conforme demonstram os exemplos, a seguir, relatados pelos entrevistados:

“...uma situação negativa foi um atendimento em código azul na unidade de internação, em que precisei de um determinado material e a funcionária teve que sair da enfermaria para buscar porque não estava disponível no carrinho de emergência...Também não continha os eletrodos descartáveis para monitorizar o ritmo cardíaco do paciente e o medicamento que havia solicitado durante a reanimação não estava em número suficiente para administrar a dose de ataque...Isso acaba gerando muita dificuldade na hora da emergência, precisava sempre deslocar um profissional para conseguir algo de que estávamos precisando. Sabemos que precisamos manter todo o recurso material necessário ao alcance, para que não ocorra prejuízo ao paciente durante o atendimento”...(M13)

“Lembro de um caso recente que aconteceu na unidade masculina, a enfermeira nos acionou em virtude de um código azul e ao chegar no quarto o paciente estava monitorizado. Verifiquei pelo monitor que era uma parada em ritmo chocável e na hora de administrar o choque o aparelho não funcionou. Precisaram emprestar um aparelho da unidade ao lado, para que fosse administrado o choque. Para piorar a situação, depois da intubação orotraqueal retornou muito sangue pelo tubo e cavidade oral do paciente, que tinha um quadro de cirrose grave e o aspirador de parede também não funcionou. De novo foi preciso buscar um aparelho de aspiração portátil para evitar que o paciente

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evoluísse para uma broncoaspiração...Aqui é um hospital público, então vivenciamos uma infraestrutura muito precária, alguns equipamentos sucateados e quando se depara com um paciente que precisava ser rapidamente desfibrilado e ter o seu tubo aspirado, você se depara em uma situação dramática. Estamos aqui para atender e custa ter um equipamento que funcione! Muitas vezes nós levamos nosso estetoscópio, nosso oxímetro de pulso portátil, então precisa melhorar a infraestrutura, não só para o time, mas para todo o hospital...” (M18)

Constatou-se pelas falas anteriores que a morosidade da disponibilização imediata de recurso material e tecnológico para os atendimentos em código azul, acarreta em prejuízo da qualidade da assistência prestada aos pacientes.

De acordo com Palhares et al. (2014), compete aos profissionais de enfermagem o abastecimento de materiais e equipamentos utilizados durante o atendimento da vítima de PCR, tais como monitor cardíaco, cardioversor, carrinho de emergência, fármacos, dentre outros; a deficiência desses prejudica o comprometimento dos atendimentos realizados.

Pesquisa desenvolvida com os enfermeiros das unidades de internação não crítica que realizam os atendimentos de código azul em conjunto com os profissionais do TRR em um hospital universitário público demonstrou insatisfação devido a escassez de recursos materiais para o atendimento do paciente que se tornava grave nos setores (DIAS; GRION; MARTINS, 2015).

A deficiência de materiais impacta no trabalho dos profissionais de saúde e demanda na obrigação de procurá-los, o que gera perda de tempo que poderia ser atribuído ao cuidado do paciente grave, tal fato ocasiona sentimentos de cansaço e irritabilidade nos profissionais (SILVA; MATSUDA; WAIDMAN, 2012). Isso se torna agravante nos atendimentos realizados em código azul, visto que, não pode ocorrer a interrupção durante o atendimento.

Em estudo realizado em um hospital escola na cidade de São Paulo, os participantes da pesquisa afirmaram que a escassez de materiais, problemas com equipamento e o desconhecimento dos itens que compõem o carrinho de emergência, frente aos atendimentos de código azul, prejudicam a qualidade da RCP prestada aos pacientes nos setores de internação (CITOLINO FILHO et al.,

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2015).

Complementa pesquisa realizada com profissionais de um hospital público na cidade do Rio de Janeiro, em que a infraestrutura inadequada, a indisponibilidade de materiais e equipamentos, aliada a escassez de trabalhadores de enfermagem, principalmente no horário noturno, foram os maiores dificultadores durante os eventos de RCP (SÁ et al., 2012).

Para Almeida e Silva (2016), a insuficiência ou inexistência de material ou equipamento não deve postergar ou interromper o atendimento à PCR, uma vez que o fator tempo é crucial para o restabelecimento da circulação e ventilação espontâneas, que são determinantes para o sucesso no atendimento. Portanto, o suprimento de materiais e equipamentos deve ser indispensável em qualquer unidade hospitalar, necessitando estarem disponíveis em quantidades suficientes a qualquer momento, contemplando assim, uma rotina de reposição e manutenção.

Depreende-se, então, que o gerenciamento dos recursos materiais e equipamentos tornam-se essenciais nas organizações de saúde, pois interferem no produto final ou atividade fim que é a assistência aos pacientes, por meio de ações que não podem sofrer interrupções. Logo, o provimento imediato desses recursos é imprescindível para favorecer um atendimento seguro e eficaz, principalmente em atendimentos de urgência e emergência.