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AS DESIGUALDADES DO SANEAMENTO BÁSICO NO ÂMBITO DAS REGIÕES DO BRASIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL

João Daniel Silva¹*, Josycler Aparecida Arana Santos¹, Meibel Ventura dos Santos Lacerda² ¹*Universidade Federal Fluminense. joaodanielsilva@id.uff.br

2Universidade Estácio de Sá

RESUMO

O objetivo do presente trabalho é fazer uma análise comparativa, utilizando embasamentos teóricos e índices oficiais acerca do saneamento básico nas Regiões Nordeste, Sudeste e Sul, do Brasil, buscando uma elucidação das diversas problemáticas envolvidas na questão do tratamento da água; elucidação essa, enviesada pela investigação perspicaz de demonstrativos emitidos pelo Poder Público, através de Órgãos competentes e indicados para tal finalidade, buscando, assim, dar maior credibilidade a este estudo. A metodologia utilizada fora a de pesquisa bibliográfica, seja na internet, seja em livros de autores que discorram acerca do assunto abordado no bojo deste trabalho, tendo sempre em vista, um maior enriquecimento de ideias, bem como de autoridade. Nesse contexto, o resumo exposto, aborda como o saneamento básico no Brasil não é uniforme em suas diversas regiões geográficas, e como isto causa obstáculos para diversas outras áreas correlatas ao desenvolvimento social, como por exemplo, aumento do número de mortalidade infantil e de doenças epidêmicas, que diminuem a expectativa de vida dos cidadãos. O desprezo do legislador constituinte com a questão de saneamento básico se expõe no fato de que entre os 250 artigos do texto constitucional, a citação sobre saneamento básico só ocorre quando da divisão das funções da União, Estados, Municípios e o Distrito Federal. Não há sequer uma menção a estes direitos no artigo 5o da Carta Magna (BRASIL, Constituição Federal de 1988), que é basicamente o cerne de garantias fundamentais ao cidadão. O direito fundamental à saúde e o direito a um meio ambiente equilibrado deveriam estar claramente expostos. A violação ao direito de saneamento básico acaba por ter como consequência às desigualdades sociais, que se aprofundam nas divisões geográficas regionais. De acordo com o Art. 3o da Lei N.o 11.445/07 (Lei de Saneamento Básico), o Saneamento Básico é o conjunto de serviços sanitários, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Nesse contexto, Wagner de Cerqueira Francisco cita dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera que o saneamento básico é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social, ou seja, está inserida como um dos pilares essenciais para a manutenção da saúde. A Organização das Nações Unidas (ONU, 2010), na publicação “Direito à água potável e saneamento básico”, em 2010, declarou o reconhecimento do direito à água potável e ao saneamento como um direito humano essencial para o pleno desfrute da vida e de todos os direitos humanos, porém a realidade brasileira é totalmente inversa ao que é recomendado. As desigualdades regionais nesses quesitos são marcantes. De acordo com o Instituto Nacional de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2008), a região Norte tem-se a pior rede coletora de esgoto de todo o país, apenas 13,36%, sendo que a região sul tem 39,72% e a região sudeste tem o melhor índice de tratamento de esgoto com 95,80%. O Estado brasileiro com o pior índice é o de Rondônia com 9,62% de rede coletora de esgotos; temos o estado de São Paulo com melhor, chegando a 100% no tratamento do esgoto. Um mesmo Estado, porém, pode ter cidades com índices muito elevados e outros muito baixos, inclusive com ausência de serviços de esgoto e água em áreas mais distantes dos centros urbanos. A cidade do Rio de Janeiro é um exemplo cabal, enquanto bairros “nobres”, como Leblon, Botafogo e Urca possuem água potável e esgoto em 100% das residências, comunidades como as do Alemão e da Cidade de Deus, possuem índices de saneamento básicos comparáveis a de lugarejos insalubres, sendo que suas populações não usufruem do mínimo necessário para uma vida saudável e digna, inclusive sem possuírem títulos de propriedade dos imóveis em que habitam. Isto fere as premissas internacionais dos Direitos Humanos, pois não é possível coibir da população o acesso

aos serviços básicos como esses, justificando que não são proprietários legais do local onde residem. A negativa do acesso de serviços básicos deveria constituir crime e agressão à humanidade. A ausência de saneamento básico traz problemas sociais, bem como problemas ambientais, financeiros e sérios problemas de saúde, e é um fator determinante para a proliferação de doenças como a dengue, cólera, hepatite, malária, dentre outras. De acordo com estudos realizados pelo Instituto Trata Brasil (ITB, 2011) os Estudos de Esgotamento Sanitários Inadequados e Impactos na Saúde da População, realizado em 2011, 396.048 pessoas foram internadas por diarréia no Brasil. Dessas, 138.447 eram crianças menores de 5 anos, sendo que o Ministério da Saúde apontou que 60% das internações hospitalares de crianças estão relacionadas à falta de saneamento. Os dados apontados acima demonstram o quanto é aviltante a situação do país que carece de políticas públicas na área de saneamento básico já que não há interesse dos governantes em investir neste segmento, pois na visão daqueles é necessário investir naquilo que dá visibilidade e consequentemente garantia de votos. Entretanto, a existência de saneamento básico dentro das normas jurídicas existentes garantiria melhor qualidade de vida e maior desenvolvimento econômico, além de aumentar a expectativa de vida com qualidade da população. De acordo com o artigo 126 da Lei Maior brasileira, é direito de todos e dever do Estado garantir a saúde mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças. De acordo com o artigo 225 do mesmo texto legal, todos têm direito a um ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Nesse contexto, pode-se auferir que a falta de saneamento básico viola o direito de viver em um ambiente equilibrado. Se torna impossível, para a população em geral, ter uma vida digna, viver em sociedade como cidadãos em igualdade, se o mínimo de condição humana para sua existência não está garantida. Tristemente é essa a realidade do Brasil há décadas e o pior, sem perspectiva de melhoras. Diante de todos os dados informados, fica evidente que a situação do Brasil em relação ao saneamento básico é totalmente alarmante, sendo necessário o debate e aplicação imediata dos parâmetros mínimos a esta questão. Destarte, pode-se afirmar que toda essa discussão deve ser vinculada pela sociedade civil organizada, ao Poder Público, a fim de que este elabore propostas de políticas públicas que possam ser efetivadas, com o objetivo de tornar mais saudável o convívio social, no que tange às necessidades ambientais da população, bem como do próprio meio ambiente, sendo plausível uma adequação humana às exigências naturais do ecossistema e da ecologia, que abarcam toda essa discussão. Por fim, todos esses aspectos, que orbitam no em torno das discussões de foro coletivo, devem ser incentivados e promovidos, tornado possível um maior conhecimento das necessidades e dos direitos, tantos dos seres humanos, quanto da natureza.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal. 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 03 mai. 2019.

BRASIL. Lei de Saneamento Básico n.° 11.445/2007. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 03 mai. 2019.

IBGE, Instituto Nacional de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PNSB. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/meio-ambiente/9073-pesquisa-nacional-de- saneamento-basico.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 03 mai. 2019.

ITB. Instituto Trata Brasil. Estudos de Esgotamentos Sanitários Inadequados e Impactos na Saúde da

População. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/. Acesso em: 03 mai. 2019.

ONU. Organização das Nações Unidas. Direito à água potável e saneamento básico são juridicamente

vinculativos, afirma Conselho de Direitos Humanos da ONU. Disponível em: https://nacoesunidas.org/direito-a-agua-potavel-e-saneamento-basico-e-juridicamente-vinculativo-afirma-o- conselho-de-direitos-humanos-da-onu/. Acesso em: 03 mai. 2019.

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