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2.1. SISTEMA ORÇAMENTÁRIO NO BRASIL

2.1.2. Despesas Públicas

Assim como há receitas públicas, existem as despesas públicas, no qual correspondem a realização dos gastos de forma a implicar a manutenção, funcionamento e expansão dos serviços públicos. Para tanto, faz-se necessário distinguir as despesas públicas a fim de diferenciar devidamente as obrigações assumidas pelo Estado, as quais, de certa maneira, cada vez mais têm se mostrado heterogêneas entre si.

Para tanto, Andrade (2013) trata as despesas públicas como saídas de recursos com o intuito de liquidação dos gastos estabelecidos na Lei de Orçamento Anual (LOA).

Para o setor público a despesa pública é de vital importância pois é a lei orçamentária que fixa a despesa pública autorizada para um exercício financeiro. Trata-se de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade. Os dispêndios e os ingressos são tipificados em orçamentários e extraorçamentários (MCASP, 2017).

Por sua vez, a despesa extraorçamentária é aquela cuja autorização não foi previamente estabelecida em legislação as quais correspondem, por exemplo, às saídas do passivo financeiro, entrega de cauções, depósitos, etc. Já a despesa orçamentária é aquela que possui um crédito correspondente e só se realiza mediante a uma autorização prévia estabelecida na legislação (KOHAMA, 2013)

Dessa forma, despesa orçamentária é toda transação que depende de autorização legislativa, na forma de consignação de dotação orçamentária, para ser efetivada. Dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta na lei orçamentária anual, compreendendo determinadas saídas de numerários decorrentes de depósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação de receita e recursos transitórios. Para fins contábeis, o MCASP (2017) relata que a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em:

a. Despesa Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo diminutivo. b. Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo.

Lima (2013) afirma que as despesas orçamentárias são os gastos necessários para o funcionamento dos serviços públicos.

Castro e Lima (2009) afirmam que as despesas públicas serão classificadas em duas categorias econômicas, sendo elas divididas em: Despesas Correntes e Despesas de Capital. As despesas correntes contemplam as despesas de custeio e as transferências correntes, enquanto que as despesas de capital compreendem os investimentos, inversões financeiras e transferências de capital, conforme disciplina o artigo 12 da Lei 4320/64.

As despesas de custeio são, conforme o parágrafo 1º do artigo 12 da Lei 4320/64, os gastos incorridos para manutenção dos serviços públicos. As transferências correntes, de acordo com o parágrafo 2° do artigo 12 da Lei 4320/64, são “dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e

subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado”.

Em se tratando de investimentos, são classificados conforme o parágrafo 5° do artigo 12 da Lei 4320/64 como as dotações necessárias para a realização de obras públicas, aquisição de imóveis necessários para a realização de obras, equipamentos e instalações, material permanente e aumento do capital de empresas industriais ou agrícolas.

Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva como, por exemplo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos. A despesa não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva como, por exemplo, as transferências de capital, que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva (MCASP, 2017).

As Inversões Financeiras, por sua vez, são explicadas pelo parágrafo 5° do artigo 12 da Lei 4320/64 como sendo capitais destinados à aquisição de imóveis, aquisição de títulos representativos de capital de empresa em funcionamento, concessão de empréstimos e participação no aumento ou constituição de capital de empresas comerciais ou financeiras.

Entretanto as transferências de capital, enfim, são entendidas de acordo com o artigo 13 da Lei 4320/64 como as dotações para amortização da dívida pública, auxílios para obras públicas, auxílios para equipamentos e instalações e auxílios para realização das inversões financeiras.

Slomski (2013) relata que as Despesas Públicas possuem três estágios de execução:

a) Empenho: segundo o artigo 58 da Lei 4320/64, empenho é o ato que cria para o

Estado a obrigação de pagamento. Todavia o artigo 60 da Lei 4320/64, trata que a despesa não poderá ser realizada sem o empenho prévio.

b) Liquidação: o artigo 63 da referida Lei 4320/64, estabelece que no estágio de

liquidação aconteça a verificação, ou seja, com base em títulos e documentos comprobatórios ocorrerá a verificação do direito de receber do credor.

c) Pagamento: de acordo com o artigo 64 da Lei 4320/64, é a ordem para que a despesa

seja paga. Este estágio consiste na entrega de todos os recursos equivalentes à dívida líquida ao credor, mediante emissão de ordem bancária assinada pelo ordenador de despesas e pelo responsável pelo setor financeiro.

Sendo assim, o planejamento orçamentário e a execução dos gastos públicos no Brasil se dão por meio de três peças orçamentárias que juntas compõem o sistema orçamentário brasileiro: Plano Plurianual (PPA - para o período de quatro anos), a Lei de Diretrizes

Orçamentárias (LDO - lei anual que estabelece as metas do orçamento do exercício seguinte) e Lei Orçamentária Anual (LOA – corresponde ao orçamento propriamente dito). Todavia, o texto constitucional estabelecido no artigo 165 relata que é uma lei de inciativa do Poder Executivo que evidencia os instrumentos de planejamento utilizados no Processo de Planejamento-Orçamento.

Sendo assim, serão expostos a seguir sobre o Plano Plurianual, com a finalidade de compreensão referente aos aspectos que regem a formação dos orçamentos públicos.