• Nenhum resultado encontrado

A educação superior, além de outras finalidades importantes para o desenvolvimento econômico de um país e consequentemente de seus cidadãos, está relacionada a formação de docentes para outros níveis de ensino. Esta atribuição e reforçada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96. No Brasil em específico, o ensino superior é promulgado na Constituição Federal de 1988 no qual é estabelecido 18% da receita anual resultante dos impostos

da União, assegurando as atividades de ensino, pesquisa e extensão em nível universitário. De certa forma, enfatiza a autonomia universitária.

A universidade pública é um patrimônio da sociedade brasileiro, no qual deve ser preservada. A educação superior é um bem político público e não pode ser vista como um bem econômico de caráter privativo (OTRANTO, 2006).

Por ser de responsabilidade do Poder Público, a avaliação do ensino superior no Brasil é realizada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), uma entidade pública federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Além de conduzir estudos e pesquisas sobre o Sistema Educacional Brasileiro, o INEP ainda avalia escolas, universidades e o desempenho dos estudantes, produzindo informações fundamentais para melhorar a educação no país.

Sendo assim é normatizada pela Constituição Federal da República e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Estas leis estabelecem que a educação é direito de todos os cidadãos, e dever da família e do Estado, baseada em princípios que têm por finalidade o pleno desenvolvimento do exercício da cidadania e a sua qualificação profissional para o trabalho.

Segundo INEP (2013), o percentual no ano de 2012 de pessoas frequentando a educação superior representava quase 30% da população brasileira, na faixa etária de 18 a 24 anos, e em torno de 15% estava na idade teoricamente adequada para cursar esse nível de ensino. No Censo de 2013, apresentava também a existência de 2.391 Instituições de Ensino Superior (IES), distribuídas em 2.090 instituições privadas (87%) e 301 instituições públicas (13%), sendo, das IES públicas, 106 federais, 119 estaduais e 76 municipais.

A educação de ensino superior é de fundamental importância estratégica para o desenvolvimento social e econômico de qualquer país. De acordo com Menezes e Santos (2002), as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) são um conjunto de instituições criadas ou incorporadas e mantidas pelo governo, constituindo o Sistema de Instituições Federais de Ensino Superior e a Rede Pública de Ensino. As IFES também são compostas por universidades, instituições isoladas e pelos centros de ensino tecnológico, sendo que desempenham papel relevante no desenvolvimento científico e tecnológico do país, respondendo, aproximadamente, por 90% da produção científica e pela formação de diversos profissionais.

O governo federal tem buscado com várias medidas, o crescimento do ensino superior público criando condições para que as universidades federais promovam a expansão física, acadêmica e pedagógica. Para tanto, o governo busca a expansão da educação superior, por

meio de várias ações (SAVIANI, 2007); dentre elas está o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que tem como principais objetivos ampliar o acesso e a permanência na educação superior. As ações contidas no programa visam o aumento de vagas nos cursos de graduação, a ampliação da oferta de cursos noturnos, a promoção de inovações pedagógicas e o combate à evasão, com a finalidade, dentre outras, de diminuir as desigualdades sociais no país e promover o desenvolvimento econômico (BRASIL, 2007). O REUNI é uma das ações que integram o Plano de Desenvolvimento da Educação (BRASIL, 2001) e foi instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007.

Para isso, os programas de governo voltados para o ensino superior público demandam uma quantidade significativa de recursos financeiros no intuito de essas instituições possam desenvolver suas atividades com qualidade. Entretanto, a gestão desses recursos deve ser realizada com base nos princípios que regem a administração pública previstas na Constituição de 1988, citada anteriormente.

A eficiência está relacionada à maneira como um sistema utiliza os recursos disponíveis, a fim de otimizar seus resultados. É um critério econômico que mostra a capacidade administrativa de realizar o máximo com uma certa quantidade de recursos.

As Instituições Federais de Ensino Superior estão cada vez mais pressionadas a prestar contas à sociedade e aos órgãos reguladores e fiscalizadores do país, acerca dos impactos e resultados de suas ações, uma vez que os seus recursos financeiros são verbas públicas provenientes em geral de impostos (CAVALCANTE; ANDRIOLA, 2012).

Devido à escassez de recursos financeiros e às disputas envolvidas no momento da distribuição, a questão é se as IFES estão sendo eficientes na utilização de recursos públicos quanto à relação custo-benefício dos recursos aplicados (SILVA et al. 2013).

Em universidades federais, a média do gasto por aluno foi de R$ 40.900. Universidades públicas estaduais custam menos do que as federais, mas ainda são muito mais caras do que as privadas, custando aproximadamente de R$ 32.200. O custo por aluno dos institutos federais, a maior parte fundada desde o ano de 1987, é de aproximadamente R$ 27.850 (WORLD BANK DOCUMENT, 2017).

Fernandes (2009) ressalta a importância do monitoramento em gastos sociais do governo federal, em que estes têm função alocativa, tal como prover a sociedade de bens e serviços, sendo necessário a criação de indicadores que permitam um melhor diagnóstico de problemas na condução de prestação de serviços.

Em seu trabalho, é avaliada a importância de indicadores para as universidades, e o desempenho dos gastos das Universidades Federais. Sendo assim relaciona os gastos das

Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) com a qualidade de suas respectivas funções acadêmicas (ensino pesquisa e extensão) entre 1998-2006, usando a técnica de Análise Fatorial, e constatou-se que as IFES que tinham maiores gastos correntes quando comparada com outras IFES, não obtiveram maior qualidade nos diferentes níveis de ensino (graduação, pós- graduação). Da mesma forma, o estudo mostra que maior proporção de gastos complementares não implicou em melhoria de qualidade no tocante a pós-graduação (FERNANDES, 2009).

Nos modelos apresentados em seu trabalho no período de gastos financiados pelo tesouro não implicou melhora da graduação e pesquisa, sendo não compatíveis com a proporção dos gastos realizados, recursos aplicados nas IFES e a qualidade de suas funções acadêmicas para a sociedade (FERNANDES, 2009).

Todavia Costa (2010) discorre a relevância da educação na economia ao comparar a forma de financiamento do ensino superior entre Brasil e países membros da OCDE. Observou- se que o financiamento no Brasil se assemelha com a maioria dos países membros da organização. No Brasil o meio de recursos públicos, entidades não governamentais, empresas privadas. No Brasil a forma de financiamento ocorre mediante a recursos públicos, entidades não governamentais, empresas privadas e estudantes, sendo os recursos os recursos públicos a principal fonte de financiamento das Instituições Federais, Estaduais e Municipais de ensino superior.

Ainda o autor utilizou a metodologia de Análise Envoltória de Dados (DEA), para estimar a eficiência das IFES no Brasil entre 2004 e 2008 em 49 instituições, divididas em dois grupos (A e B) para facilitar a estimação. O grupo A representou 28 universidades onde 64% mostraram eficientes sob a ótima intemporal. Já no gruo B, com 21 IFES, 76% provaram ser eficientes também sob a ótica da trajetória intertemporal. Sobre as estimações das IFES no grupo A, demonstrou que dentre as que sempre caíram na fronteira (nos 5 anos) representavam cerca de metade do grupo, e a UFMG além eficiente em todos os anos, foi a mais benchmark em todo o período selecionado. Sobre as estimações das IFES referente ao grupo B, UFOP e UFSJ foram consideradas ineficientes ao longo dos 5 anos (COSTA, 2010).

Os desafios são muitos e que, atualmente se afrontam para a maioria dos gestores de políticas públicas sobre o ensino superior mundial. Johnstone (1998) sintetizou os principais desafios para a maioria dos gestores públicos: pressão da sociedade por expansão e diversificação da oferta, pressão fiscal, demanda por maior justificação (Accountability), demanda por melhoria qualitativa e maior eficiência.

2.6. GASTO PÚBLICO COM EDUCAÇÃO SUPERIOR NAS UNIVERSIDADES