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Em 2013, ingressei como professora efetiva do curso de Licenciatura em Teatro, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, Campus, Jequié. Fiquei imensamente feliz porque, para mim, já era o momento de lecionar no nível superior. Ao mesmo tempo, a expectativa de residir no interior do estado – apesar de ter nascido no município de Castro Alves, Bahia, há tempos residia na capital –e de reencontrar alguns colegas da Escola de Teatro, da UFBA, em outra fase de nossas vidas –professores da mencionada Universidade – me deixou bastante apreensiva e curiosa.

Os primeiros dois anos foram dedicados à compreensão do funcionamento da Universidade; também à adaptação à cidade, enfim, à nova vida. A demanda de trabalho foi enorme, mas me dediquei de corpo e alma, aliás, como sempre fiz em toda minha vida quando tive que optar por fazer algo.

Em dezembro de 2014, tinha acabado de montar com alunos do quarto semestre, na disciplina “Estágio em Interpretação Teatral II: Rupturas, Vanguardas e Referências Contemporâneas”, o texto, “Hamlet-Machine”, de Heiner Müller. Planejava férias e o retorno à pesquisa de Doutorado, que certamente, foi interrompida parcialmente com a mudança para Jequié, no que diz respeito aos experimentos práticos, porém, foi o momento que tive para aprofundá-la teoricamente.

Foi nesse período de final de ano que o amigo e colega, professor, Doutor em Artes Cênicas, Roberto Ives de Abreu Schettini, começou a me perguntar se não gostaria de substituí-lo na coordenação do “Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID”28, no Subprojeto de Teatro “Jogos Performativos”,

28

- As Licenciaturas do campus de Jequié, desde 2010, integram-se ao Projeto Institucional “Microrede Ensino-Aprendizagem-Formação: Ressignificando a Formação Inicial e Continuada de Professores” com a participação dos Cursos de Biologia, Pedagogia, Letras, Matemática e Química, ampliando suas ações, a partir de 2012, para o Curso de Educação Física e Teatro e em 2014 para Dança. São 10 subprojetos e 21 linhas de ações, incluindo o Subprojeto Interdisciplinar, que

com atuação no Ensino Médio, no Colégio Estadual Luiz Viana Filho. Ele dizia que estava cansado de atuar na referida coordenação (desde 2012) e que iria gozar de abril a julho de 2015, de licença prêmio e, por isso, já pensava na possibilidade de que eu, por afinidade pedagógica e estética, o substituísse. Logo, expliquei que não poderia por conta da finalização da pesquisa de Doutorado.

Em fevereiro de 2015, esse jovem e precoce artista-pesquisador-docente veio a falecer de maneira inesperada e trágica. Dez bolsistas29 e uma supervisora30 do Colégio parceiro perderiam as bolsas, se não houvesse interesse de algum professor em substituí-lo, e o Subprojeto seria interrompido. Foi então que refleti, ainda em estado de choque, e resolvi aceitar esta nova empreitada.

Decidi que manteria o título do Subprojeto “Jogos Performativos”, contudo, desenvolveria ações inseridas no meu Projeto de pesquisa “Dispositivo sorobô: Procedimentos para uma pedagogia do olhar”, aprovado sem ônus, na UESB, com cinco bolsistas de Iniciação Científica, também sem ônus, os quais já faziam parte do PIBID/Subprojeto sob a coordenação do Prof. Abreu.

Em março de 2015, após assumir a coordenação, reiniciamos os encontros – interrompidos, obviamente, pela passagem do Prof. Abreu – e apresentei para o grupo a pesquisa que seria desenvolvida; as ações; os estudos, enfim, tracei os novos caminhos. Tive receio que os bolsistas e a supervisora do Colégio não ficassem estimulados com as mudanças, por isso, tentei adaptar minha proposta à que já vinha sendo desenvolvida.

Diante disso, como já sinalizado, mantive o título proposto pelo prof. Abreu “Jogos Performativos”31

, o qual tinha o objetivo de fazer uma abordagem metodológica a partir do Sistema de Jogos Performativos32 no campo da Pedagogia do Teatro. Na substituição, agreguei ao perfil até então vivenciado, a proposta desenvolvida na pesquisa de Doutorado e ao Projeto de pesquisa da UESB, ambas em andamento, intitulado “Dispositivo sorobô: Procedimentos para uma pedagogia desenvolvem ações formativas com 224 discentes das diversas licenciaturas, em parceria com 22 escolas da rede pública, sendo: 12 da rede municipal e 10 da rede estadual.

29

- Alunos-bolsitas: Joadson Prado, Emanuelle Nascimento, Pedro Rodrigues, Vonei Nascimento, Jomir Gomes, Lincoln Aguiar, Nágela Almeida, Leonam Sandes, Uillian de Jesus e Luan Rodrigues.

30

- Supervisora do Colégio Estadual Luiz Viana, Profª Antonieta Brito.

31

- Pode ser verificado no Subprojeto “Teatro no Ensino Médio”, na página virtual do PIBID: http://pibid.uesb.br/ava/course/category.php?id=23

32 - Sistema proposto pelo professor em sua tese de Doutorado “O Marujeiro da Lua - Jogos

Performativos e as Dimensões Política, Poética e Espetacular na Formação de Professores de Artes Cênicas”.

do olhar”. As ações planejadas seriam realizadas no Colégio Estadual Luiz Viana Filho, durante o ano de 2015, constituídas de Oficina de Dramaturgia (criação de texto dramatúrgico), Oficina de Jogos (viewpoints) e Oficina de Composição de cena. Além disso, todas as Oficinas fariam mostras do processo, dos materiais cênicos produzidos nas mesmas e os alunos participariam das apresentações da aula- espetáculo “O quinto criador: O público” como atividade formativa no que diz respeito ao espectador como agente criador da cena.

O plano de trabalho metodológico desta linha de ação contemplou: experimentação, fruição, contextualização estética e aplicabilidade das referidas ações em monitoria didática.

Postas essas considerações, explico que tivemos encontros, nas terças- feiras, das 19h às 22h, durante o ano de 2015, em sala fornecida pela UESB para a preparação e planejamento das ações do PIBID no Colégio a partir de agosto de 2015.

Foi necessário que os alunos-bolsistas compreendessem, teoricamente e no corpo, o que seria desenvolvido. Disponibilizei textos que fazem parte da bibliografia e trechos já escritos da minha pesquisa e organizei alguns seminários para a reflexão e aprofundamento teórico. Paralelamente, aconteceram também para prévia experimentação, oficinas (Dramaturgia, Viewpoints e de Composição de cena), orientadas por mim.

Acredito que antes de ser professor, o estudante precisa experimentar artisticamente, precisa sentir no corpo, na prática, o que vai ensinar para depois partir para o campo do planejamento do ensino, na sala de aula (professor) e depois ir além, escrever e refletir sobre suas produções e criações artísticas (pesquisador). Sobre isso, Gabriel Perissé afirma:

É inconcebível, por princípio, um professor ministrar arte-educação e ser ele mesmo imaturo, alheio a uma compreensão abrangente de arte, carente de uma experiência apaixonada da fruição artística, ou até mesmo da prática artística em alguma medida (2009, p. 58). Após essa preparação, planejaríamos pedagogicamente as ações que seriam desenvolvidas no Colégio posteriormente, assim como o último experimento da aula-espetáculo “O quinto criador: O público” –que seria culminância das atividades, com a formação do “Núcleo de produção criativa” – com a participação

de todos os alunos-bolsistas, desenvolvendo funções artísticas escolhidas por eles e o público; além de alunos do Colégio, convidados externos à escola.

Pensando nessa vertente, iniciamos as práticas fazendo as oficinas preparatórias para a monitoria ministradas por mim, na Sala zero da UESB, nos nossos encontros semanais. Logo após esse período preparatório, os alunos- bolsistas escolheram as oficinas que gostariam de monitorar, de maneira compartilhada (as oficinas foram dadas por grupos de alunos bolsistas do PIBID), no Colégio Estadual Luiz Viana Filho, oferecidas aos estudantes daquela instituição. Todos os bolsistas participaram de todas as oficinas, porém, optaram pela qual mais se identificaram, para assim, ministrá-la no Colégio, para estudantes do Ensino Médio.

Assim, esse último experimento foi programado seguindo as etapas, como demonstra a tabela a seguir:

Esquema 3– Etapas de Execução do experimento III

FASE UM FASE DOIS FASE TRÊS

Oficinas preparatórias para a monitoria e para a aula-

espetáculo “O quinto criador: O público” ministradas pela profª Cristiane Barreto para os alunos-bolsistas do PIBID

(Sala zero, UESB)

Oficinas ministradas pelos alunos-bolsistas do PIBID (monitores) para

estudantes do Colégio Estadual Luiz Viana Filho, do Ensino Médio.

Experimento 3 da aula-espetáculo “O quinto criador: O público, no Colégio Estadual Luiz Viana Filho com a participação dos alunos-bolsistas do PIBID como os jogadores-artistas e jogadores- espectadores (estudantes do Ensino Médio e outros). Dramaturgia Dramaturgia Viewpoints Viewpoints

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