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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 DIAGNÓSTICO DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS

A pesquisa ocorreu em seis agroindústrias da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, que produzem alimentos, na linha de panificados, embutidos e de produtos à base de cana de açúcar; para fins deste estudo, foram escolhidos os produtos com maior procura ou venda, sendo, portanto, o melado para as agroindústrias de produtos à base de cana, o pão de trigo para as agroindústrias de panificados e o salame colonial para as agroindústrias de embutidos. O quadro 4 apresenta as informações de constituição das agroindústrias.

Quadro 4 - Informações de constituição das agroindústrias

Cana 1 Cana 2 Panificados 1 Panificados 2 Embutidos 1 Embutidos 2

Nº Hc. 24 4,5 65 15 3,2 2,3

Pessoas 2 2 3 3 4 3

Tempo 15 10 5 7 6 7

Produto Melado Melado Pão sovado Pão Sovado Salame Salame

Situa. Fiscal IE IE IE IE IE IE

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Foi possível evidenciar que se referem a agroindústrias familiares, essa informação também foi constatada na pesquisa de Carpes e Sott (2007), que evidenciou que 76,20% das agroindústrias do estudo são familiares. Além da unidade produtiva, elas também dispõe de propriedade e lavoura para cultivo de diferentes culturas como soja, milho e trigo, e também em alguns casos para o cultivo da própria matéria prima utilizada na produção do produto, como por exemplo, a cana de açúcar na fabricação do melado, e desta maneira são objeto principal de renda, e portanto a agroindústria trata-se de uma renda complementar, este é o caso de 3 das

agroindústrias em estudo, ou 50%. Os demais 50%, ou outras 3 agroindústrias representam o cenário em que a unidade produtiva fornece a renda principal da família e estas ainda apresentam alguns hectares para cultivo próprio ou criação de alguns animais, como vaca leiteira, suínos, aves e que por conseguinte geram renda secundária a família.

Foi possível verificar que 67% das agroindústrias possuem até 20 hectares de terra em suas propriedades, nas demais 33% a quantidade de terra da propriedade é superior a 20 hectares. Esse resultado também foi encontrado no estudo de Coelho

et. al., (2018), uma vez que 78,57% das propriedades dos feirantes atingem entre 1

a 20 hectares de terra.

Quanto ao nível de formação dos participantes do estudo, no sentido em questão, pode-se constatar a diferença no grau de escolaridade dos agricultores entrevistados, uma vez que 50% dos entrevistados possuem apenas o ensino fundamental completo, cerca de 33% concluiram até o ensino superior, e, apenas 17% dos entrevistados concluíram o ensino médio, informações apresentadas pela figura 1. Esse resultado também foi encontrado no estudo de Vorpagel , Hofer e Sontag em 2015 no município de Marechal Cândido Rondon – PR, com uma amostra de 130 produtores rurais entrevistados, onde a maioria ou 35% dos entrevistados completaram o equivalente ao 1º grau. E no estudo de Guse et. al. (2011) no município de Santa Maria - RS, a mesma informação foi constatada, ou seja, verificou-se em relação à escolaridade dos proprietários das agroindústrias, que a maioria possui apenas o ensino fundamental.

Figura 1 - Grau de instrução dos entrevistados

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Ensino Fundamental 50%

Ensino Médio 17% Ensino Superior 33%

A ideia do negócio representa o motivo pela constituição de cada agroindústria, e que consequentemente foi identificada neste estudo. Observou-se que na agroindústria Panificados 2, inicialmente o casal proprietário realizava a comercialização da produção de modo popularmente chamado “de porta em porta” e com o aumento da demanda, a ampliação da produção e incentivos governamentais optou-se por construir então a agroindústria de panificados e confeitaria.

Na agroindústria de Panificados 1, a ideia manifestou-se em decorrência da necessidade de aumento da renda familiar, uma vez que a renda principal origina-se da lavoura e da produção leiteira, com a composição da agroindústria, a família descontinuou com as atividades da produção leiteira e mantêm o foco de suas atividades na lavoura e subsequentemente na agroindústria.

No tocante a agroindustria Cana 1, é importante ressaltar que o proprietário deu sequência à produção de melado, no qual seu pai iniciou, e com o passar dos anos e com o aumento da demanda pelo produto, foi necessário ampliar a sua estrutura, no entanto, a renda principal da família deriva da lavoura, em decorrência da sazonalidade da produção. O mesmo cenário representa a agroindústria Cana 2, ou seja, também se deu continuidade as atividades de seus familiares.

No ramo dos embutidos, a agroindústria Embutidos 1 enquadrava-se como uma empresa, contudo em 2014 quando os filhos do proprietário assumiram o negócio da família, decidiram por torná-la uma agroindústria familiar para dar continuidade a idéia do pai. Quanto a agroindústria Embutidos 2, inicialmente a família vendia verduras em feiras e de porta em porta, porém apresentava dificuldade neste tipo de negócio devido a perecebilidade dos alimentos, contudo a família decidiu mudar a atividade e experimentar produzir e vender embutidos, como obtiveram sucesso na comercialização destes, a família decidiu investir e se dedicar em uma agroindústria deste ramo.

É essencial ressaltar que o surgimento destas agroindústrias se deu pela necessidade da legalização, ou seja, em parceria com os órgãos rurais, foram disponibilizados incentivos governamentais para que houvesse essa regulamentação, que prevê alvará e uma série de características e normas de funcionamento da agroindústria, apesar do investimento inicial para que haja a construção da agroindustria no local, esta proposta sem dúvidas, proporciona melhores condições da estrutura para a produção, uma vez que as unidades produtivas passam por constante fiscalização dos órgãos locais.

Quanto às informações relativas à mão de obra de cada uma das agroindústrias em estudo, apresentadas na figura 2, constatou-se que em 83% das agroindústrias a força de trabalho é exclusivamente familiar, no qual os casais e seus filhos trabalham juntos no empreendimento, os 17% restantes são alusivos às agroindústrias que além da mão de obra familiar, contam também com a ajuda de funcionário, contudo, neste caso a agroindústria paga uma remuneração mensal ao terceiro e ainda sua contribuição de INSS, décimo e férias, contudo como não há registro deste funcionário, ele não tem direito ao fgts, mas o proprietário ressaltou que futuramente o funcionário será devidamente regularizado.

Um resultado similar também foi encontrado no estudo de Carpes e Sott (2007), na região do Extremo Oeste de Santa Catarina, compreendendo 21 agroindústrias entrevistadas de 16 municípios, a pesquisa evidenciou que em 76,20% das agroindústrias os empenhos na produção são familiares.

Figura 2 - Constituição da mão de obra

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Com base nas entrevistas realizadas com o representante de cada unidade produtiva, no tocante a comercialização dos produtos em estudo. Conforme a figura 3 percebe-se que os principais clientes são os mercados para 50% das agroindústrias, e ainda conforme relato do entrevistado A, vender para os grandes mercados apresenta suas vantagens e desvantagens, mostra-se vantajoso pela grande quantidade que ele compra, mas por outro lado, o preço de venda para o mercado acaba sendo menor também, todavia o lucro dessa operação se dá pela quantidade em si. Por hora, 16,67% das agroindústrias vendem apenas para mercados e escolas,

Apenas Mão de Obra Familiar 83% Familiar e com terceiros 17%

outros também 16,67% vendem para mercados e feiras e os demais 16,67% representam as agroindústrias que seu foco de venda são as escolas e as feiras municipais e regionais.

Figura 3 - Principais clientes de cada agroindústria

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Referente às informações sobre o faturamento das agroindústrias, conforme a figura 4, pode-se afirmar que cerca de 33% das agroindústrias apresentam faturamento entre R$ 5.000,00 e 10.000,00; 33% também de até R$ 5.000,00, 17% apresentam faturamento superior a R$ 20.000,00 por mês e os demais 17% representam as agroindústrias que faturam cerca de R$ 10.000 a R$ 20.000,00 mensais. É importante ressaltar que, conforme relato dos entrevistados essas informações consideram o faturamento total mensal de cada agroindústria e as vendas em uma escala normal dos vários tipos de produtos que são fabricados.

Figura 4 - Faturamento mensal de cada agroindústria

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Mercados 50%

Feiras e Escolas 16,67% Mercados e Feiras 16,67%

Mercados e Escolas 16,67%

Até 5 mil reais 33%

De 5 a 10 mil reais 33% De 10 a 20 mil reais 17%

Destaca-se que cada uma dessas agroindústrias possui inscrição estadual e comercializa sua produção por meio da nota do bloco de produtor, cuja alíquota de imposto é 1,5%. Contudo, de acordo com as informações da Emater Regional, a tendência é que essa situação passe por uma transformação tecnológica, com a questão da nota fiscal eletrônica, que ainda está em processo de implementação.

As seis agroindústrias em estudo fazem parte do PEAF (Programa Estadual da Agroindustria Familiar) que é uma parceria do Governo Estadual junto a Emater Regional, este programa é de grande representatividade para as agroindústrias, pois foi mais que importante principalmente pelo auxilio na questão da legalização de suas unidades produtivas e também para o aprimoramento da produção, através dos diversos cursos, treinamentos e incentivos que essa parceria local promove.

4.2 APURAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS DE PRODUÇÃO DE CADA