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Gestão de custos, preços e resultados na atividade agroindustrial da economia familiar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS,

ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

MARIANA SCHIMANOWSKI WIZBICKI

GESTÃO DE CUSTOS, PREÇOS E RESULTADOS NA ATIVIDADE

AGROINDUSTRIAL DA ECONOMIA FAMILIAR

IJUÍ (RS)

2019

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MARIANA SCHIMANOWSKI WIZBICKI

GESTÃO DE CUSTOS, PREÇOS E RESULTADOS NA ATIVIDADE

AGROINDUSTRIAL DA ECONOMIA FAMILIAR

Trabalho de conclusão do curso apresentado no DACEC - Curso de Ciências Contábeis da UNIJUÍ, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Prof.ª. Orientadora: EUSELIA PAVEGLIO VIEIRA

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida, pela força e perseverança para superar os desafios e conseguir chegar até este momento, nesta linda jornada que é a graduação acadêmica.

A minha família, em especial aos meus pais Dirceu e Lidia e meus irmãos Andreia e Gabriel, pelo incentivo, carinho e amor que vocês sempre me deram, me ensinando que a vida nunca seria fácil, mas cabe a nós lutarmos todos os dias pela felicidade, minha gratidão eterna a vocês, pois essa conquista é nossa, vocês são meus maiores exemplos.

Ao meu namorado Giordano, meu companheiro que sempre esteve ao meu lado me dando conselhos, me vendo sorrir e também chorar, saibas que você veio para completar a minha felicidade e trouxe mais sentido para a minha vida, eu te amo imensamente, você também faz parte desta conquista.

Aos representantes de cada umas das 6 agroindustrias, agradeço de coração pela receptividade e oportunidade de desenvolver este estudo em seu negócio e espero que ele tenha lhes ajudado de alguma forma.

A minha querida orientadora Euselia Vieira, que acreditou no meu potencial e aceitou esse desafio sem pensar duas vezes, você é um exemplo de mulher contabilista, professora, determinada, corajosa e muito batalhadora, minha gratidão por estar ao meu lado neste estudo.

A todos os meus professores da graduação, por porporcionarem tantos momentos de aprendizagem e alegrias, pessoas de luz, com este lindo dom que é ensinar, sem vocês eu jamais estaria aqui.

Agradeço aos meus amigos, Fatima, Eduardo, Marjory, Patrícia e Tatiele, agora seremos também colegas de profissão, tantos momentos intensos de alegria e conhecimento, sentirei muitas saudade das fritas no intervalo e dos aniversários, vocês sempre estarão no meu coração. Também agradeço a todos aqueles que não foram nomeados, mas que de alguma forma ou outra sempre estiveram ao meu lado.

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“Só é verdadeiramente digno da liberdade, bem como da vida, aquele que se empenha em conquistá-la”.

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RESUMO

A agroindustrialização familiar se faz fortemente presente na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, é neste cenário que o estudo se desenvolve, em seis agroindústrias dos ramos de embutidos, panificados e melados. O objetivo deste trabalho consiste em estruturar um modelo de gestão de custos na atividade agroindustrial da economia familiar que instrumentalize os gestores no processo de gerenciamento e na busca do melhor desempenho. A gestão de custos, se tornou essencial para o ambiente da agricultura familiar, pois é uma ferramenta de controle e gestão, que auxilia na administração da propriedade e na tomada de decisões, todavia, de acordo com alguns estudos pelo Brasil, como de Coelho et al., (2018), Hamman et al., (2010) , Carpes e Sott (2007) e para Crepaldi (2019) , observa-se que até o momento as pequenas propriedades rurais carecem de maior controle e gestão. A metodologia da pesquisa é de abordagem qualitativa, de natureza aplicada e descritiva; do ponto de vista dos meios utilizados para investigação, a pesquisa é bibliográfica, documental e estudo de caso, por meio de entrevistas não estruturadas com os gestores de cada agroindústria, coletaram-se os dados, os quais foram sistematizados em planilhas eletrônicas, para após apurar os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis, pelo método de custeio por absorção, e chegar ao custo total do produto, também foram feitos os cálculos e a análise dos indicadores de precificação. Considerando, que a gestão de custos era praticamente inexistente, nas pequenas propriedades estudadas, os resultados obtidos com a análise dos indicadores, de certa forma, surpreenderam; já que, o preço de venda que as agroindústrias praticavam, condizia e se mostrava muito adequado em relação aos custos elencados, e em virtude disso o resultado foi satisfatóriamente positivo em 100% das agroindústrias. Posteriomente foi elaborado o modelo de sistema de custo, atingindo o objetivo proposto. Conforme contato com os gestores, foi amplamente perceptível o entendimento por parte de cada um deles a cerca da importância da gestão de custos no ambiente da agrícultura familiar. Conclui-se que a gestão de custos, preços e resultados na agroindústria familiar é indispensável para o seu gerencimento e consequentemento no melhor desempenho.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Grau de instrução dos entrevistados ... 46

Figura 2 - Constituição da mão de obra ... 48

Figura 3 - Principais clientes de cada agroindústria ... 49

Figura 4 - Faturamento mensal de cada agroindústria ... 49

Figura 5 - Origem da matéria prima utilizada na produção ... 51

Figura 6 - Disponibilidade de produtos em estoque. ... 52

Figura 7 - Percepção de custo dos entrevistados ... 53

Figura 8 - Escolha do ramo de produção. ... 54

Figura 9 - Processo de fabricação do melado na agroindustria Cana 1 ... 54

Figura 10 - Processo de fabricação do pão de trigo na agroindústria Panificados 2 . 55 Figura 11 - Processo produtivo salame colonial agroindústria Embutidos 1 ... 56

Figura 12 - Conhecimento sobre o indicador margem de contribuição ... 83

Figura 13 - Projeção de vendas nas agroindústrias ... 83

Figura 14 - Dificuldade em analisar as práticas de preço ... 88

Figura 15 - Etapas da apuração do custo com matéria prima do produto ... 107

Figura 16 - Processo de apuração do custo com a mão de obra ... 107

Figura 17 - Custos indiretos ... 108

Figura 18 - Custo total ... 108

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Mão de obra direta ... 27

Quadro 2 - Vida útil e taxa dos bens ... 29

Quadro 3 - Diferenças entre o método de absorção e variável ... 30

Quadro 4 - Informações de constituição das agroindústrias... 45

Quadro 5 - Periodicidade da produção ... 50

Quadro 6 - Custos com matéria prima agroindústria Cana 1 e Cana 2 ... 57

Quadro 7 - Custos com embalagens agroindústria Cana 1 ... 58

Quadro 8 - Custos com embalagens agroindústria Cana 2 ... 58

Quadro 9 - Tempo e processos para fabricar o melado agroindústria Cana 1 ... 59

Quadro 10 - Custo do minuto para fabricação do melado agroindústria Cana 1 ... 59

Quadro 11 - Tempo e processos para fabricar o melado agroindústria Cana 2 ... 60

Quadro 12 - Custo do minuto para fabricação do melado agroindústria Cana 2 ... 60

Quadro 13 - Custo direto total por kg agroindústrias de Cana ... 61

Quadro 14 - Custos diretos totais embalagens 350 gramas... 61

Quadro 15 - Custos com matéria prima Panificados 1 ... 62

Quadro 16 - Custos com matéria prima Panificados 2 ... 62

Quadro 17 - Custos com embalagem Panificados 1 e Panificados 2 ... 63

Quadro 18 - Tempo para fabricar o pão de trigo agroindústria Panificados 1 ... 63

Quadro 19 - Tempo para fabricar o pão de trigo agroindústria Panificados 2 ... 63

Quadro 20 - Custo do minuto para fabricar o pão de trigo Panificados 1 ... 64

Quadro 21 - Custo do minuto para fabricar o pão de trigo Panificados 2 ... 65

Quadro 22 - Total dos custos diretos agroindústria Panificados 1 e Panificados 2 . 65 Quadro 23 - Custos com matéria prima Embutidos 1 ... 66

Quadro 24 - Custos com matéria prima Embutidos 2 ... 66

Quadro 25 - Custos com embalagem Embutidos 1 e Embutidos 2 ... 67

Quadro 26 - Tempo e processos para fabricar o salame na Embutidos 1 ... 67

Quadro 27 - Tempo e processos para fabricar o salame na Embutidos 2 ... 67

Quadro 28 - Custo do minuto para fabricação do salame na Embutidos 1 ... 68

Quadro 29 - Custo do minuto para fabricação do salame na Embutidos 2 ... 69

Quadro 30 - Total dos custos diretos agroindústria Embutidos 1 e Embutidos 2 .... 69

Quadro 31 - Custos com depreciação agroindústria Cana 1 ... 70

(8)

Quadro 33 - Custos indiretos agroindústria Cana 1 ... 71

Quadro 34 - Custos indiretos agroindústria Cana 2 ... 71

Quadro 35 - Custos com depreciação agroindústria Panificados 1 ... 72

Quadro 36 - Custos com depreciação agroindústria Panificados 2 ... 73

Quadro 37 - Critério rateio agroindústria Panificados 1 ... 73

Quadro 38 - Critério rateio agroindústria Panificados 2 ... 74

Quadro 39 - Custos indiretos agroindustria Panificados 1 ... 74

Quadro 40 - Custos indiretos agroindústria Panificados 2 ... 75

Quadro 41 - Custos com depreciação agroindústria Embutidos 1 ... 76

Quadro 42 - Custos com depreciação agroindústria Embutidos 2 ... 76

Quadro 43 - Critério rateio agroindústria Embutidos 1 ... 76

Quadro 44 - Critério rateio agroindustria Embutidos 2 ... 77

Quadro 45 - Custos indiretos agroindústria Embutidos 1 ... 77

Quadro 46 - Custos indiretos agroindústria Embutidos 2 ... 78

Quadro 47 - Apuração custo total do melado agroindústrias Cana 1 e Cana 2... 79

Quadro 48 - Apuração custo total do pão de trigo Panificados 1 e Panificados 2 ... 79

Quadro 49 - Apuração custo total do salame colonial Embutidos 1 e Embutidos 2 80 Quadro 50 - Modalidades de pagamento das contas a pagar das agroindústrias... 82

Quadro 51 - Critérios utilizados para definição do preço de venda ... 82

Quadro 52 - Modalidades de recebimento das vendas das agroindústrias ... 84

Quadro 53 - Conhecimento do ponto de equilibrio na agroindústria ... 84

Quadro 54 - Ferramentas de controle de entradas e saídas das agroindústrias ... 85

Quadro 55 - Formação do preço de venda por kg do melado ... 88

Quadro 56 - Formação do preço de venda pote 350 gramas ... 89

Quadro 57 - Demonstração do resultado do mês de junho Cana 1 ... 89

Quadro 58 - Demonstração do resultado do mês de junho Cana 2 ... 90

Quadro 59 - Formação do preço de venda pão de trigo ... 91

Quadro 60 - Demonstração do resultado do mês de junho Panificados 1 ... 91

Quadro 61 - Demonstração do resultado do mês de junho Panificados 2 ... 92

Quadro 62 - Formação do preço de venda salame colonial ... 93

Quadro 63 - Demonstração do resultado do mês de junho Embutidos 1 ... 94

Quadro 64 - Demonstração do resultado do mês de junho Embutidos 2 ... 94

Quadro 65 - Cálculo da margem de contribuição agroindústria Cana 1 ... 96

(9)

Quadro 67 - Cálculo da margem de contribuição Panificados 1 e Panificados 2 .... 97

Quadro 68 - Cálculo da margem de contribuição Embutidos 1 e Embutidos 2 ... 99

Quadro 69 - Ponto de equilibrio contábil agroindústria Cana 1 ... 100

Quadro 70 - Ponto de equilibrio contábil agroindústria Cana 2 ... 100

Quadro 71 - Ponto de equilibrio contábil Panificados 1 e Panificados 2 ... 101

Quadro 72 - Ponto de equilibrio contábil Embutidos 1 e Embutidos 2 ... 102

Quadro 73 - Margem de segurança operacional agroindústria Cana 1 ... 103

Quadro 74 - Margem de segurança operacional agroindústria Cana 2 ... 103

Quadro 75 - Margem de segurança operacional Panificados 1 e Panificados 2 ... 104

Quadro 76 - Margem de segurança operacional Embutidos 1 e Embutidos 2 ... 104

Quadro 77 - Modelo proposto apuração do custo com a matéria prima ... 108

Quadro 78 - Modelo proposto custo com mão de obra ... 109

Quadro 79 - Modelo proposto para apurar os custos com embalagens ... 109

Quadro 80 - Modelo proposto para apurar os custos indiretos... 110

Quadro 81 - Modelo proposto apuração custo total método de custeio absorção. 110 Quadro 82 - Modelo proposto apuração custo total método de custeio variável ... 111

Quadro 83 - Modelo proposto mark-up e preço de venda do salame defumado .. 111

Quadro 84 - Modelo proposto apuração margem de contribuição unitária e total . 112 Quadro 85 - Modelo proposto para apurar o ponto de equilíbrio contábil ... 112 Quadro 86 - Modelo proposto para apurar a margem de segurança operacional . 113

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

1.1 AREA DE CONHECIMENTO CONTEMPLADA (TEMA) ... 14

1.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÔES EM ESTUDO ... 16

1.3 PROBLEMA ... 18 1.1 OBJETIVOS ... 19 1.1.1 Objetivo geral ... 19 1.1.2 Objetivos específicos ... 19 1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ... 20 2 REFERENCIAL TEÓRICO... 22 2.1 CONTABILIDADE ... 22 2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS ... 23 2.2.1 Classificação de custos ... 24

2.2.2 Elementos formadores do custo ... 26

2.2.3 Métodos de custeio ... 29

2.2.4 Gestão de custos (análise do custo, volume e resultado) ... 31

2.3 CONTABILIDADE E GESTÃO DE CUSTOS NA ATIVIDADE RURAL ... 33

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 40

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 40

3.2 COLETA DOS DADOS ... 42

3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS... 43

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 45

4.1 DIAGNÓSTICO DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS ... 45

4.2 APURAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS DE PRODUÇÃO DE CADA AGROINDÚSTRIA ... 50

4.2.1 Custos diretos de produção agroindústrias de melado ... 56

4.2.2 Custos diretos de produção agroindústrias de panificados ... 61

(11)

4.3 APURAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO ... 70

4.4 APURAÇÃO DO CUSTO TOTAL PELO MÉTODO DE ABSORÇÃO ... 79

4.5 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADO ... 81

4.5.1 Formação e análise de preços ... 81

4.5.2 Margem de contribuição ... 95

4.5.3 Ponto de equilíbrio ... 100

4.5.4 Margem de segurança operacional ... 102

4.6 PROPOSIÇÃO DE UM MODELO DE CUSTOS, PREÇOS E RESULTADOS PARA AS AGROINDUSTRIAS FAMILIARES ... 105

4.6.1 Processo de apuração dos custos ... 106

4.6.2 Informações gerenciais de custos para a gestão. ... 112

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 114

REFERÊNCIAS ... 117

(12)

1 INTRODUÇÃO

Os acelerados avanços tecnológicos permitiram que a Ciência Contábil obtivesse uma grande evolução, incluindo um dos campos de atuação, a contabilidade de custos, a qual evolui constantemente no que se refere aos sistemas e métodos de custeio. Nessa linha de pensamento Fonseca (2018, p. 10) afirma que “essa área da contabilidade se mostra cada vez mais necessária para as empresas, e os profissionais que dominam os conhecimentos relacionados a esse tema se tornam indispensáveis para essas organizações”.

A contabilidade de custos trata-os de uma maneira diferenciada e por meio disso, produz diversas informações que objetivam atender às necessidades gerenciais, uma vez que estabelece vários sistemas de custos, cálculos, alocação e ainda adota diferentes critérios de avaliação, para fornecer informações especificas exigidas por ambientes de produção e de administração em constante mutação (LEONE, 2010).

A gestão de custos, se tornou essencial para o mundo dos negócios e também no ambiente da agricultura familiar, por se tratar de uma ferramenta de controle e gestão, que auxilia no gerenciamento da propriedade e na tomada de decisões. Contudo no setor rural a gestão de custos ainda é pouco utilizada, fator esse que acaba prejudicando o processo de desenvolvimento da área rural (CREPALDI, 2011).

Utilizar-se de uma boa gestão é fundamental para manter-se no ambiente dos negócios, por meio do conhecimento das condições de mercado, que gera o desenvolvimento da atividade econômica. Cabe ao agricultor, decidir o que irá produzir e como fará, além do mais com o controle da atividade é possível avaliar os resultados alcançados e compará-los com o previsto (CREPALDI, 2019).

A gestão estratégica de custos é utilizada como um instrumento essencial para fins gerenciais na condução dos negócios, logo, para uma melhor compreensão de sua aplicação é fundamental entender as diferenças dos resultados obtidos com aplicações de metodologias tradicionais e de gestão estratégica (PACHECO, 2003).

Um eficiente processo de gestão de custos é norteado pela eficácia das atividades de planejamento, execução e controle, uma vez que as empresas estão buscando a redução de custos e o aumento da produtividade. Por exemplo, um produto diferenciado pode ser uma boa alternativa estratégica (PORTER, 1989).

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intermédio dele é possível definir preço de venda, controlar estoque, analisar a cultura que apresenta maiores gastos ou maiores retornos, analisar resultados, produção, volume de vendas, margem de lucro, custos de produção, custos fixos, custo de mão de obra, custo de cada cultura, dentre outros (KOLHS et al., 2018).

A baixa rentabilidade dos sistemas agrícolas aos pequenos produtores rurais levou-os a diversificar e a buscar novas atividades que proporcionem mais renda e a melhor utilização da mão de obra. Portanto uma solução encontrada pelos produtores foi transformar os produtos agropecuários de pequenas unidades produtivas, nas chamadas agroindústrias (MENEGUCE et al., 2008).

A agroindustrialização familiar se faz presente intensamente na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como mostram os dados da Emater (2018). Prevalecem nesta região as pequenas agroindústrias familiares que, além de plantar as culturas tradicionais de soja, trigo, milho, aveia e outros em suas lavouras, ainda produzem diferentes tipos de embutidos, leguminosas, hortaliças, farináceos e outros, a fim de complementar a renda da família, ou em muitos casos como principal fonte geradora de renda.

No cenário da economia familiar, a gestão de custos é uma ferramenta útil que pode auxiliar na gestão da unidade de produção, bem como no controle dos custos e apuração dos resultados da produção rural. Não obstante, mesmo diante da importância da agricultura familiar na economia, os produtores ainda apresentam dificuldades em manter o hábito de controlar os seus custos e receitas (ALVES, 2010). Diante do exposto, observa-se que até o momento as pequenas propriedades rurais carecem de maior controle e gestão conforme os estudos de Coelho et al., (2018), Hamman et al., (2010) e Carpes e Sott (2007). Para Crepaldi (2019) a contabilidade rural ainda é pouco utlizada, devido ao desconhecimento por parte dos gestores da sua importância e do diferencial que essas informações proprorcionariam para a tomada de descisão. Portanto a contabilidade e a gestão de custos acabam sendo muito pouco utilizadas neste setor, apesar da expansão, modernização da agricultura e economia familiar

Neste contexto, a proposta do estudo consiste em estruturar um sistema de gestão de custos e análise dos resultados na atividade agroindustrial da economia familiar, que instrumentalize os gestores no processo de gerencimento e na busca do melhor desempenho. A partir dos modelos apresentados pelos autores Silvano et al., (2018), Zanin A., Zanin R., e Nesi Filho (2007) e Meneguce et al., (2008), possibilita

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replicar na região do estudo, assim como, incluir itens fundamentais para a gestão de pequenos negócios localizados na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

A questão central é: De que forma a análise dos modelos de gestão de custos e resultados já publicados pode contribuir na proposição de um modelo que se adeque as pequenas agroindústrias familiares na região noroeste do Estado do RS, que instrumentalize o processo de gestão na busca do melhor desempenho? Para responder esse questionamento faz-se necessário analisar os modelos já publicados e a partir destes, construir um modelo que atenda às necessidades das pequenas agroindústrias familiares localizadas na região noroeste do RS.

Quanto a estrutura deste estudo, apresenta-se, primeiramente o capitulo 1, que aborda a área de conhecimento abrangida, com uma breve descrição do setor das agroindústrias familiares em estudo, bem como a questão do estudo, o problema, objetivo geral e específicos e a justificativa.

O capítulo 2 contempla o referencial teórico, com os embasamentos referentes ao estudo, na área da contabilidade e gestão de custos e economia familiar, com a detalhamento dos aspectos referentes a estes temas. Logo, no capítulo 3 aborda-se os procedimentos metodológicos e os procedimentos de coleta e análise de dados deste estudo.

No capítulo 4 destaca-se a análise dos resultados, por meio dos dados obtidos com as entrevistas realizadas com cada um dos representantes das agroindústrias, inicialmente apresentando sua caracterização, percepção e levantamento dos custos, apuração e análise dos custos diretos e indiretos de cada uma das agroindustrias, formação e análise do preço de venda, demonstração de resultado mensal e os indicadores de precificação, comparando os resultados obtidos com cada um dos ramos de agroindústria pesquisadas, que possibilitou ao final deste capítulo a elaboração do modelo de gestão de custos para as agroindústrias.

Por fim, o estudo apresenta as considerações finais e as referências bibliográficas utilizadas durante a elaboração.

1.1 AREA DE CONHECIMENTO CONTEMPLADA (TEMA)

Na atualidade para manter-se de forma competitiva no mercado é fundamental inovar. Isto se aplica também as empresas rurais e agroindústrias, uma vez que, a sua produção é influenciada por diversos fatores, tanto ambientais, como

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humanos e financeiros; logo, para que o negócio possa atingir bons resultados, torna- se fundamental que se utilize da gestão estratégica de custos. Na visão de Padoveze (2003, p. 5), “a contabilidade de custos é o segmento da ciência contábil especializado na gestão econômica do custo e dos preços de venda dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas”.

A contabilidade é a radiografia de uma empresa rural, pois ela apresenta o desempenho do negócio, ou seja, mostra se a organização está atingindo o seu objetivo final, que é o lucro; por meio da apuração do resultado. Portanto, a análise econômica da empresa rural através dos cálculos de custos, é um potente subsídio que fortalece e fundamenta a tomada de decisão, (CREPALDI, 2019).

A gestão de custos na atividade das pequenas agroindústrias é uma ferramenta importante, embora seja pouco utilizada, com ela é possível definir preço de venda, controlar estoques, analisar a cultura que apresenta maiores gastos ou maiores retornos, analisar resultados, produção, volume de vendas, margem de lucro, custos de produção, custos fixos, custo de mão de obra, custo de cada cultura, dentre outros (KOLHS et al., 2018).

Nestas circunstâncias a gestão de custos no agronegócio, é uma ferramenta fundamental na formação e análise do preço de venda e com a utilização dos indicadores de precificação, é possível ter em mãos um instrumento de gestão que auxilie na tomada de decisão, apuração do resultado e administração da propriedade. Logo, para o ambiente do agronegócio familiar o uso de modelos de gestão que facilitem ao agricultor o processo de tomada de decisão são muito relevantes, principalmente porque permitem a alavancagem financeira (QUEIROZ; BATALHA, 2005).

É no âmbito da agricultura familiar que se desenvolveu este estudo, uma vez que a agricultura familiar vem ganhando força ao longo do tempo, impulsionada, principalmente, pela geração de emprego e renda, segurança alimentar e desenvolvimento local (FAO/INCRA, 2000).

A comercialização dos alimentos é complexa para os agricultores familiares, sendo necessário conhecimentos financeiros, gerenciais, para planejar e estruturar a produção, controlar os custos, formular e analisar o preço de venda, atender a demanda dos clientes e conhecimento técnico dos produtos. Outro fator relevante é a baixa escolaridade o que acaba influenciando nesse processo e além do mais, estes não recebem nenhum tipo de assistência financeira e econômica para auxiliar na

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gestão do seu empreendimento familiar (FONSECA, 2018).

É neste cenário do agronegócio em que a contabilidade e gestão de custos norteia o gerenciamento na busca do melhor resultado, objeto deste estudo. Conforme relatado pelo Governo Federal no que trata da Secretaria da Agricultura Familiar e Cooperativismo, a agricultura familiar é um segmento estratégico para o desenvolvimento do país, sendo responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos, por 38% da renda agropecuária e por 75% da mão de obra do campo.

A partir destes conceitos citados e diante da importância da gestão de custos no agronegócio, foi efetuada uma análise dos sistemas de gestão de custos já propostos por outros pesquisadores em outros estados, uma vez que a região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul é fortemente movida pelo agronegócio e pelas pequenas agroindústrias familiares. Assim sendo, este trabalho de conclusão de curso tem como tema: o desenvolvimento de um sistema de gestão de custos e resultados para a atividade agroindustrial da economia familiar.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÔES EM ESTUDO

As seis agroindústrias pesquisadas neste estudo se localizam na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e produzem alimentos, na linha de panificados, embutidos e de produtos à base de cana de açúcar. Escolheu-se para fins deste estudo o produto mais vendido de cada setor de agroindústria em cada segmento. As agroindústrias em estudo são constituídas pela mão de obra familiar em sua maioria, geralmente por marido e esposa e ainda em alguns casos contam com a ajuda dos filhos, principalmente na questão da comercialização.

Quanto ao tempo de existência destas agroindústrias no mercado, apresenta uma diferença significativa, uma vez que em sua maioria, existem a pouco mais de cinco anos; e as demais permanecem por gerações, ou seja, a ideia em que foi dada continuidade pelos familiares.

Na parte da comercialização, os principais locais de venda são os mercados, feiras locais e regionais de grande e pequeno porte, onde se englobam vários produtores ou agroindústrias, dessa forma o preço de venda acaba sendo tabelado pelos organizadores desses eventos, e com isso, a margem gerada ao pequeno produtor rural acaba sendo menor. Também ocorre a venda para as escolas e em

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alguns casos é feita a venda de porta a porta. É interessante ressaltar que as agroindústriais em estudo são registradas e inscritas no Programa da Agroindústria Familiar pela Emater, ainda todas contam com a Inscrição Estadual e a venda é registrada por nota fiscal do bloco de produtor.

Referente à área destinada para cultivo das culturas de cada agroindústria, em sua maioria trata-se de pequenos agricultores que possuem até 15 hectares, ou seja, a agroindústria é fonte principal de renda e a lavoura com soja, milho e trigo é apenas complementar, porém nos demais casos a lavoura é utilizada como fonte principal de renda, em virtude do maior número de hectares disponíveis, que nas agroindústrias deste estudo chegou a 65 hectares e portanto a agroindústria trata-se de uma renda complementar. Em relação ao faturamento, as pequenas agroindústrias faturam em torno de R$ 6.000,00 mensais e as demais que possuem uma estrutura maior, com mais pessoas envolvidas, o seu faturamento por chegar até R$ 30.000,00 mensalmente.

É importante ressaltar que estas agroindústrias do estudo, não apresentavam controle contínuo das receitas e despesas em seu empreendimento, conforme entrevista preliminar respondida. Essa falta de controle se deve por alguns fatores, entre eles a falta de organização em relação as finanças, ou seja as contas da agroindústria se misturam com as da família. Por hora, algumas agroindústrias até tem uma breve noção dos custos pela forma de percepção pessoal ou feeling, porém isso nunca foi colocado em prática no papel ou até mesmo em planilhas eletrônicas; e o terceiro fator, a falta de controle pela escassez tanto de tempo, como de conhecimento em finanças.

Inclusive, a partir dessas informações obtidas com a entrevista preliminar, constatou-se também que as agroindústrias em estudo não utilizavam as ferramentas de análise de resultado, como margem de contribuição unitária e total, ponto de equilíbrio e margem de segurança, uma vez que esses indicadores são de total desconhecimento por parte dos produtores.

Percebeu-se a dificuldade em estabelecer a política de preços, que pelos fatores citados, muitas vezes são estabelecidos com base no preço do concorrente, ou também se vende pelo preço estabelecido pelo mercado. Contudo, o desejo era de mudança dessa situação, por meio da assistência necessária que este estudo proporciona; para conhecer seu custo, despesas, indicadores, bem como a apuração do seu resultado, por intermédio do modelo de gestão de custos proposto.

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1.3 PROBLEMA

A contabilidade de custos é uma área fundamental na gestão das organizações, pois ela vai determinar custos por departamento, por função, atividade, produtos e entre outros, e ainda projetar e operar sistemas de custos, assim como estabelecer padrões, calcular custos e os comparar com a realidade (LEONE, 2008). Por outro lado, a gestão de custos tem o foco em demostrar os indicadores de precificação, de margens, ponto de equilibro, entre outros. Estes, servem para que os gestores possam analisar e tomar decisões de forma que potencializem os resultados de suas organizações. Para Wernke (2011, p. 41) a análise de custo, volume e lucro é uma “expressão que abrange os conceitos de margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança, cujo conhecimento é de fundamental importância para gestores de custos em virtude do número de benefícios informativos que proporcionam”.

A agroindustrialização familiar se faz presente de maneira intensa na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Predominam nessa região as pequenas propriedades de agricultura familiar que, além de cultivar diferentes culturas nas lavouras, ainda produzem outros tipos de hortaliças, leguminosas, embutidos, farináceos entre outros, como forma de complementar a renda familiar, e ou também como principal fonte geradora de renda.

A Emater Regional por meio do Programa da Agroindústria Familiar - PEAF presta assessoria e auxilia essas agroindústrias nas questões de regularização, implantação e controle. De acordo com as informações disponibilizadas via contato com a Emater Regional, até o ano de 2018 estão cadastradas 31 agroindústrias na região de estudo (EMATER, 2018).

Coelho et al., (2018) relata que quando se trata do controle de custos e receitas das suas unidades produtivas na agricultura familiar, os produtores não tem por habito registrar os custos e receitas da unidade produtiva, porém demonstram conhecer o que seriam custos. Ressalta também, que o setor agrícola, especificamente as agroindústrias familiares, são de suma importância para o desenvolvimento regional além de fortalecer a economia local, também contribuem para a geração de trabalho e renda no meio rural. Por outro lado, confirma que os pequenos agricultores tem dificuldade em realizar o controle dos custos, receitas e despesas, bem como desconhecem as estratégias de precificação.

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Da mesma forma, Hamman et al., (2010) salienta que as agroindústrias familiares apresentam deficiência em seus controles gerenciais, além de não apresentarem sistemas de custos, uma vez que não têm conhecimento de quais os benefícios que um sistema de custos estruturado pode oferecer.

Ao analisar a sistemática de gestão de custos das agroindústrias familiares, Carpes e Sott (2007) constataram que não há uma ferramenta ou metodologia para registro, identificação e avaliação dos custos de produção e, que a gestão de custos neste segmento possui algumas limitações para sua implantação.

É neste cenário que esta pesquisa se estabelece, a partir de outros estudos já realizados no Brasil, a respeito da preocupação, do desenvolvimento e aprimoramento do contexto da agroindústria familiar, que é tão importante para desenvolvimento regional, como mercado fornecedor de alimentos, gerador de renda e empregos. Em criar um sistema de gestão e controle de custos alternativo para as seis agroindústrias participantes da pesquisa.

Diante do apresentando, a questão que norteia o estudo é: De que forma a análise dos modelos de gestão de custos e resultados já publicados pode contribuir na estruturação de um sistema de custos para as pequenas agroindústrias familiares na região noroeste do Estado do RS, que instrumentalize o processo de gestão na busca do melhor desempenho?

1.1 OBJETIVOS

Na sequência, são explicitados os objetivos gerais e específicos, os quais são também norteadores do desenvolvimento desta pesquisa.

1.1.1 Objetivo geral

Estruturar um sistema de gestão de custos e análise dos resultados na atividade agroindústrial da economia familiar que instrumentalize os gestores no processo de gerenciamento e na busca do melhor desempenho.

1.1.2 Objetivos específicos

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gerencias de custos, custos no agronegócio, modelos de custos já publicados.

- Propor um sistema de custos e gestão para as agroindústrias objeto da pesquisa;

- Levantar as informações das agroindústrias, dos sistemas de custos e preços, bem como relatar o processo de produção dos produtos escolhidos para estudo;

- Apurar os custos e os indicadores de gestão de custos no modelo proposto;

- Analisar os resultados encontrados para cada agroindústria;

- Instrumentalizar os gestores para a utilização da estrutura proposta.

1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

As estratégias de precificação e gestão de custos são de altíssima importância para qualquer empreendimento, inclusive na área rural, mais especificadamente no setor de agroindústrias (CREPALDI, 2012). Constatou-se nos estudos teóricos já realizados por outros pesquisadores, que nas agroindústrias a gestão de custos é inexistente, ou seja, os agricultores vendem a muitos anos e não sabem se seu resultado financeiro é positivo ou negativo, muito menos qual a margem de lucro aplicada em cada produto, conforme os estudos de Coelho et al., (2018), Hamman et

al., (2010) e Carpes e Sott (2007).

Quanto aos modelos bases, para a elaboração dos sistemas de custos, o estudo realizado por Silvano et al., (2018), na região do Vale do Aço em Minas Gerais com o objetivo de apurar e analisar os custos de uma pequena panificadora caseira naquela região, bem como evidenciar se os preços de venda dos produtos oferecidos pelo mesmo são capazes de cobrir os gastos totais de produção e gerar um resultado positivo, concluiu que as vendas de todos os produtos fabricados em relação aos respectivos custos, apresentaram R$ 1.033,14 de prejuízos, ainda que o Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) 513, 604 e 187 unidades da rosca de coco, rosca rainha e do pão de cebola respectivamente, devendo ter uma receita total no mês de R$10.204,27, no mínimo.

Outra pesquisa, de autoria de Zanin A., Zanin R. e Nesi Filho (2007), na Cidade de Chapecó (SC), tinha o objetivo de analisar os custos e a formação de preços de venda de uma agroindústria familiar desta região que processa e

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comercializa produtos de origem suína, constatou que alguns dos preços praticados não condizem com os custos envolvidos no processo. Devido a essa situação, o empreendedor necessita examinar a viabilidade de praticar os preços sugeridos, ou então adequá-los o mais próximo possível, a fim de garantir a sobrevivência do negócio

A pesquisa de Meneguce et al., (2008), na região do Sudoeste do Paraná traz informações e indicadores de duas agroindústrias de derivados de cana de açúcar dos municípios de Santo Antônio do Sudoeste e Ampére, com o objetivo de mostrar os benefícios, articulações, ameaças, oportunidades e os resultados esperados da forma de produção associativa, oportunizando a estas agroindústrias a devida assistência técnica a estes produtores quanto a área de gestão e finanças.

Desta forma, este estudo se diferencia dos apresentados, em função de que foi realizado na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e também por contemplar seis agroindústrias em três diferente ramos de produção, sendo duas de panificados, duas de embutidos e duas de produtos à base de cana, as quais até o momento não possuem nenhuma forma de controle ou sistema de custos, bem como desconhecem os indicadores de precificação.

Tendo em vista a ausência de gestão de custos, este estudo justifica-se pela oportunidade de estruturar sistemas de custos para as agroindústrias familiares, a partir de modelos já aplicados em outros estudos, para calcular e apresentar os indicadores de precificação e demonstrar a performance do resultados de cada agroindústria no mês de junho de 2019. Assim, o estudo auxlia as agroindústrias pesquisadas, além de outras que tiverem interesse na área, possibilitando a capacidade de desenvolver controles e também de gerenciar a sua produção e margens de resultados, contemplando com o propósito de contribuir no desenvolvimento das pequenas propriedades.

Para a Unijui, que é uma universidade regional e comunitária, o estudo contribui com o propósito desta instituição que é promover por meio da educação o desenvolvimento regional. Na condição de acadêmica do Curso de Ciências Contábeis, é basicamente uma forma de consultoria para cada agroindústria do estudo, a fim de colocar em prática os conhecimentos obtidos durante o curso, na área de custos, por meio da elaboração do sistema de custos para apurar os resultados e como forma de aprimorar os negócios de cada unidade produtiva.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo do estudo, são abordados e aprofundados os principais conteúdos necessários para fundamentar o tema de estudo, iniciando com a contabilidade, contabilidades de custos e gestão de custos na atividade rural; são estes temas que deram o suporte para o desenvolvimento da pesquisa aplicada.

2.1 CONTABILIDADE

Na visão de Sá (2002, p. 46), a “Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos”.

Na percepção de Basso, Brizolla e Filipin (2017, p. 26) a Contabilidade é o “conjunto ordenado de conhecimentos próprios, leis cientificas, princípios e métodos, é a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio de modo quantitativo e qualitativo”. Koliver (2010) refere-se a contabilidade como uma ciência social que objetiva estudar o patrimônio das entidades e suas variações.

A contabilidade estuda, registra e controla o patrimônio das entidades, e suas mutações. Demonstrando ao final de cada exercício social o resultado obtido pela entidade e sua situação econômico-financeira (FABRETTI, 2003).

Na mesma linha de pensamento Marion (2015, p. 30) “é o instrumento que fornece informações úteis para a tomada de decisão dentro e fora da empresa”. Uma vez que ela é muito antiga e com o passar do tempo “o governo começou a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a tornou obrigatória para a maioria das empresas”.

Ainda na percepção de Marion (2015), e do exposto pelos demais autores já citados, pode-se verificar que a contabilidade é uma ferramenta essencial para o mundo dos negócios, seu objetivo é a geração de informação para a tomada de decisão e seu campo de atuação é muito amplo. Entretanto, muitos contadores ainda são vistos apenas como calculadores de impostos, mas a profissão contábil significa muito mais do que isso, é um instrumento de gestão e controle de suma importância para qualquer empreendimento.

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2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade de custos é uma ramificação da contabilidade, e tem como objetivo a gestão dos custos e resultados de uma empresa ou entidade, através da coleta de dados relativos a atividade empresarial e também rural (CREPALDI, 2011). Na mesma linha de pensamento Padoveze (2003, p. 5) ressalta que “é o segmento da ciência contábil especializado na gestão econômica do custos e dos preços de venda dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas”.

A contabilidade de custos “ocupa-se com variações patrimoniais integrantes do ciclo operacional interno das entidades, ou seja relativas a circularização de valores no âmbito interno da entidade” (KOLIVER, 2010, p. 1).

Nas palavras de Vieira (2013, p. 12),” a contabilidade de custos, faz o registro dos dados operacionais das atividades da entidade, e os transforma em indicadores gerenciais. Após, interpreta este dados para produzir relatórios com as informações de custos solicitados para a alta administração”.

Referente a terminologia aplicada na contabilidade de custos, Crepaldi (2019) indica os termos mais usuais, como gasto, que é todo o sacrifício que a entidade arca para obter um bem ou serviço, estes se concretizam quando os serviços ou bens adquiridos passam a ser de propriedade da Empresa Rural, pode-se citar por exemplo, gasto com a aquisição de máquinas e equipamentos. Os gastos podem ser investimentos, custos ou despesas. Desembolso, é o pagamento referente a aquisição de um bem ou serviço, pode ser à vista ou a prazo. Ainda na percepção desse autor, o Investimento é o gasto com o bem ou serviço que trará benefícios futuros, como exemplo, a aquisição de imóveis rurais. Custo, são os gastos referentes a atividade de produção, como exemplo os combustíveis das máquinas agrícolas. Já as despesas, são os gastos com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade da obtenção de receitas, como exemplo a energia elétrica do escritório.

Desta forma, a partir dos conceitos apresentados por Vieira (2013), Crepaldi (2019) e Padoveze (2003), observa-se a dimensão da contabilidade de custos, é o ramo da Ciência Contábil que é especializado no controle de custos e despesas para uma maximização dos resultados. Uma vez que as mudanças, atreladas às novas tecnologias no mundo econômico, evidenciam o quanto ela é essencial dentro das empresas, onde as informações geradas são estratégicas e de grande importância

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para a tomada de decisão.

2.2.1 Classificação de custos

A contabilidade de custos preocupa-se com a apuração do resultado, além disso com o controle e análise dos custos, e com a tomada de decisão, como por exemplo, qual a quantidade mínima para se produzir e vender para não obter prejuízo. Quanto a classificação dos custos, estes podem se classificar quanto a sua natureza, quanto a identificação material com o produto e quanto a variação quantitativa conforme o volume produzido, (CALLADO et al., 2005).

A primeira classificação de custos é por natureza, engloba o grupo de contas em sua fase primordial de elaboração. Como controlar os custos com salários, materiais, aluguel, energia, impostos e etc., é a grande preocupação da administração, ela analisa todos os itens relevantes que são classificados por natureza (LEONE, 2008).

Nesta classificação os custos podem ser: materiais ou insumos, que são os materiais brutos necessários ao processo de obtenção do novo produto, como fertilizantes e sementes; mão de obra direta, que seriam os salários e encargos do pessoal empregado diretamente na produção; mão de obra Indireta, pessoal empregado indiretamente na produção; manutenção das máquinas e equipamentos, que são os gastos com os reparos destes equipamentos; depreciação das máquinas e equipamentos, que é a depreciação decorrente do uso destas máquinas e os combustíveis e lubrificantes, utilizados pelas máquinas de produção agropecuária (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2008).

Todos os gastos que ocorrem na fabricação ou prestação de serviços são classificados como custos, estes são apropriados aos produtos ou serviços, através de critérios. Ou seja, conforme a sua identificação, classificam-se em diretos e indiretos (MEGLIORINI, 2012).

Conforme Wernke (2008, p. 13), os custos diretos são “os gastos facilmente apropriáveis às unidades produzidas, ou seja, são aqueles que podem ser identificados como pertencentes a este ou aquele produto e não necessitam de rateio”. Identificam-se com a precisão no produto acabado, por meio de um sistema de medição, como a mão de obra e gastos com funcionamento.

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prestam serviço de forma direta e mensurável nas operações agrícolas ou no manejo dos animas, conforme o número de horas trabalhadas. Os custos com materiais e insumos também são diretos, sendo os materiais adquiridos ou produzidos pela empresa, utilizados no ciclo produtivo (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2008).

Os custos que necessitam de critérios de rateio para a sua correta alocação, são denominados custos indiretos, estes são difíceis de identificar, sendo assim, é necessário alocá-los, causando dificuldade no sistema de custeio (BORNIA, 2002). Não podem ser alocados de forma direta ou objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional (PADOVEZE, 2003).

Quanto a variação quantitativa conforme o valor produzido, os custos classificam-se em variáveis ou fixos. São os custos que variam ou permanecem inalterados referentes à quantidade produzida. Portanto, alguns custos podem apresentar variação de modo proporcional ao volume produzido, já outros permanecem constantes (CALLADO et al., 2005).

Os custos variáveis estão relacionados ao processo produtivo, se houver uma ou mais unidades produzidas, haverá diferença no custo variável (CORTIANO, 2014). Conforme Bornia (2002, p. 42), “os custos variáveis estão intimamente relacionados com a produção, ou seja, crescem com o aumento do nível de atividades da empresa, como os custos de matéria-prima”. Na perspectiva de Leone (2008, p. 73) “um custo variável é um custo que é proporcional ao nível de atividade, os custos variáveis só aparecem quando a atividade ou produção é realizada”.

Para Crepaldi (2011, p. 101), “o custo fixo não varia em função do volume produzido, como por exemplo, o aluguel do prédio, embora a quantidade produzida se altere, este custo será o mesmo, ou seja o custo fixo existe mesmo sem a produção". Na mesma linha de pensamento, Bruni e Fama (2004, p. 32) afirmam que “são os custos, que em determinado período de tempo e em certa capacidade instalada, não variam, qualquer que seja o volume de atividade da empresa e vão existir mesmo que não haja produção”.

A partir das exposições dos autores Crepaldi (2011), Santos; Marion; Segatti (2008) e Callado (2005), apresentou-se a classificação dos custos, quanto a natureza, quanto a identificação material e sua variação quantitativa, percebeu-se as diferenças entre estes e foi possível definir também exemplos de cada um deles.

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2.2.2 Elementos formadores do custo

Os elementos de custos representam-se por quatro grandes tipos de necessidades de recursos, são eles: materiais consumidos para o produto; custos com pessoal, custos indiretos e depreciação (PADOVEZE, 2003).

2.2.2.1 Custos com materiais

Na perspectiva de Bomfim e Passarelli (2008, p. 96), “o princípio contábil de Custo de Aquisição determina que se incluam no custo dos materiais, todos os outros custos decorrentes da compra de matéria prima, e que se deduzam todos os descontos e bonificações eventuais recebidos”. Já na atividade rural, os materiais são os insumos rurais produzidos ou adquiridos pela empresa utilizados durante o ciclo produtivo, como no cultivo das plantas e também na criação de animais”, (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2008).

Na visão de Vieira (2013, p. 37) “os materiais diretos compreendem as matérias-primas, as embalagens, e os demais itens dos produtos para a produção, no caso do comércio, as mercadorias adquiridas para a revenda”. Ainda na perspectiva desse autor, “o valor a ser registrado corresponde ao custo histórico de aquisição. Onde são incluídos todos os gastos desde a aquisição até a sua disponibilização para a produção ou comercialização”.

Para Padoveze (2003, p. 24) “as matérias primas passam por um processo de transformação, por exemplo, em um kg de açúcar não se vê a cana, mas é uma matéria prima observável no produto final”. Ainda na visão desse autor, “os materiais indiretos consumidos no processo de fabricação, não fazem parte do produto final, e são de difícil percepção no produto final “, como exemplo, cita-se os materiais de expediente e material para manutenção dos equipamentos da fábrica.

2.2.2.2 Custos com pessoal

Para Koliver (2010) os custos com pessoal apresentam grande relevância para a formação dos custos das empresa no país. Na mesma linha de pensamento, Santos (2005, p. 130) afirma que “além dos salários contratados, as empresas são obrigadas a recolherem aos cofres públicos contribuições ao INSS, pagamento de férias, décimo-terceiro salário, RAT, Senai, salário educação, Sebrae etc.”

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Bruni e Fama (2004, p. 93) descrevem que “a mão de obra direta refere-se ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, faz a mensuração do tempo de trabalho, sem necessidades de qualquer apropriação indireta ou rateio”. Já a mão-de-obra indireta para Martins (2001) “compreende os gastos com pessoal que trabalha indiretamente na fabricação dos produtos, como exemplo supervisor, encarregado de setor, carregador de materiais, pessoal da manutenção, ajudante e etc.”.

Para ser efetuado o cálculo da mão-de-obra direta, é necessário encontrar o valor por hora de trabalho, de acordo com a legislação e no contrato de trabalho também. Deve ser levado em consideração para os fins deste cálculo todos os direitos trabalhistas, como repouso semanal remunerado, férias, 13º salário, contribuição para o INSS, remuneração dos feriados, faltas abonadas, FGTS, e demais garantias de acordos ou convenções coletivas de trabalho, (VIEIRA, 2013).

Considera-se mão de obra indireta, os gastos com o pessoal que desempenham as atividades de apoio ao setor direto, pode-se afirmar que esse setor desempenha as funções de suporte, planejamento, e controle de produção (PADOVEZE, 2003).

Quadro 1 - Mão de obra direta

Colaboradores Percentuais

Salários Base

Adicional por tempo de serviço Subtotal

Férias 8,33%

13º salário 8,33%

1/3 sobre férias 2,78%

Adicional de Insalubridade ou Periculosidade Subtotal

INSS e FUNRURAL 1,5%

Provisões 7%

FGTS 8%

(=) Custo total mão de obra direta Fonte: Vieira (2013)

A Lei 13.606/2018, instituiu que a alíquota do FUNRURAL sobre a comercialização da produção seria de 1,2%, e portanto o recolhimento total de é 1,5%, sendo que 1,2% refere-se ao INSS; 0,1% ao RAT e 0,2% ao Senar.

O custo da mão de obra direta, conforme o exposto até o momento por Vieira (2013), Padoveze (2003) e Martins (2001), é o custo de todas as atividades

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relacionadas com a área de pessoal, que está relacionado diretamente à produção ou serviço, incluindo os proventos de salário, descontos, encargos sociais e trabalhistas.

2.2.2.3 Custos indiretos de produção

Os Custos Indiretos são aqueles gastos que não estão atribuídos a um único produto, e sim a vários produtos ao mesmo tempo. Segundo Bruni e Famá (2004, p. 30), “os custos indiretos necessitam de aproximações, isto é, algum critério de rateio, para serem atribuídos aos produtos”.

De acordo com Leone (2008, p. 59) “custos Indiretos são aqueles outros custos que dependem do emprego de recursos, de taxas de rateio, de parâmetros para o débito às obras”. Para Wernke (2008, p. 14) “nos custos indiretos incluem-se os materiais secundários, a mão de obra indireta (chefia e supervisão) os custos com manutenção de maquinas”.

É preciso ter cuidado no momento de definir a base do critério de rateio a ser usado, pois dependendo da definição este poderá provocar um resultado equivocado que não reflete o valor real deste custo, afetando assim a avaliação dos estoques, bem como para fins gerenciais (tomada de decisão) e de controle do sistema de custos, (VIEIRA, 2013).

Como exemplos de custos indiretos, o mesmo autor afirma, que são materiais ou serviços consumidos de modo indireto pela fabricação como: atividades administrativas, salários de gerentes, aluguéis de instalações, gastos com manutenção, seguros e entre outros

2.2.2.4 Custos com depreciação

A depreciação aplica-se apenas aos bens tangíveis, como exemplos as máquinas e equipamentos; a exaustão aplica-se somente aos recursos naturais exauríveis, como por exemplo as reservas florestais e por fim, a amortização aplica- se somente aos bens intangíveis, como as marcas e patentes (CREPALDI, 2012). Ainda na visão desse autor na área rural, a depreciação é de extrema importância, pois com toda a mecanização e desenvolvimento conforme os anos, a depreciação dos equipamentos agrícolas vem aumentando a sua participação

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(PADOVEZE, 2003). Representa a perda de valor dos bens do ativo imobilizado de uma empresa ou entidade (KOLIVER, 2008). É necessário conhecer alguns conceitos referentes a depreciação, como vida útil e valor residual.

Para Santos (2014, p. 20) a vida útil é “o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo ou o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo”. Na mesma linha de pensamento, este autor define valor residual, como sendo “o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperada para o fim de sua vida útil.”

Quadro 2 - Vida útil e taxa dos bens

Bem Vida útil Taxa anual depreciável

Veículos automóveis e tratores 4 anos 25%

Máquinas e aparelhos de uso agrícola 10 anos 10%

Móveis para escritório 10 anos 10%

Instalações 10 anos 10%

Computador 5 anos 20%

Fonte RFB (2019)

A resolução CFC nº 1.136/08 aprova a NBC T 16.9 que define os critérios e procedimentos para o registro contábil da depreciação, amortização e da exaustão e conceitua a depreciação como uma redução do valor dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

2.2.3 Métodos de custeio

Nesta pesquisa, serão utilizados como ferramenta de apropriação de custos os métodos de custeio variável e por absorção, que serão especificados em seguida, com suas definições e características por diversos autores.

O custeio por absorção utiliza os princípios contábeis, baseia-se na apropriação dos custos de produção aos bens elaborados, diretos e indiretos (MARTINS, 2006). Esta é a forma de custeio usada no Brasil, pois segue os Princípios da Contabilidade e é aceito pela legislação fiscal e comercial. Ao custear um produto fabricado pela empresa, é atribuído a esse produto, além dos seus custos variáveis, os custos fixos; essa modalidade caracteriza o custeio por absorção (BOMFIM; PASSARELLI, 2008). Os custos indiretos comuns precisam ser rateados conforme um

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critério estabelecido, objetivando-se de obter ter o custo total (direto e indireto) de cada objeto de custeio a fim de determinar a rentabilidade de cada atividade, também para estabelecer o preço de venda e a tomada de decisão, (VIEIRA, 2013).

No custeio variável, apenas os custos e despesas variáveis são alocados aos custos dos produtos fabricados, os custos fixos serão elencados como despesas do período a ser analisado (STARK, 2007). A finalidade principal deste método é determinar a contribuição marginal total ou unitária de cada objeto de custeio, contudo esse método de custeio não é aceito pela legislação (LEONE, 2008).

Matéria prima, mão de obra direta, energia e embalagem são exemplos de custos diretos variáveis, uma vez que esse tipo de custeio atribui apenas esse tipo de custo ao produto final. Uma vez que os custos com depreciação, seguros e outros gastos gerais de fabricação são custos fixos e indiretos, pois são despesas e portando são alocados com a apuração do resultado de exercício, (NASCIMENTO, 2011). Conforme Leone é possível apresentar um quadro comparativo entre os dois métodos de custeio conforme o quadro 3.

Quadro 3 - Diferenças entre o método de absorção e variável

Custeio Variável Custeio Absorção

Classifica os custos em fixos e variáveis Não há preocupação por essa classificação Classifica os custos em diretos e indiretos Também classifica os custos em diretos e indiretos Debita o segmento, cujo custo está sendo

apurado, apenas os custos que são diretos ao segmento e variáveis em relação ao parâmetro escolhido como base.

Debita o segmento, cujo custo está sendo apurado, os seus custos diretos e também os custos indiretos através de uma taxa de absorção

Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de vendas.

Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de produção.

É um critério administrativo, gerencial, interno É um critério legal, fiscal, externo Aparentemente sua filosofia básica contraria os

preceitos geralmente aceitos na contabilidade, principalmente os fundamentos de “regime de competência”.

Aparentemente, sua filosofia básica alia-se aos preceitos contábeis geralmente aceitos, principalmente do “regime de competência”

Apresenta a Contribuição Marginal – diferença entre as receitas e os custos diretos e variáveis do segmento estudado.

Apresenta a Margem Operacional – diferença entre as receitas e os custos diretos e variáveis do segmento estudado.

O custeamento variável destina-se a auxiliar, sobretudo, a gerencia no processo de planejamento e tomada de decisões.

O custeamento por absorção destina-se a auxiliar a gerência no processo de determinação da rentabilidade e de avaliação patrimonial.

Como o custeamento variável trata dos custos diretos e variáveis de determinado segmento, o controle da absorção dos custos da capacidade ociosa não é bem explorado.

Como o custeamento por absorção trata dos custos diretos e indiretos de determinado segmento, sem cogitar de perquirir se os custos são variáveis ou fixos, apresenta melhor visão para o controle da absorção dos custos da capacidade ociosa.

Fonte: Leone (2008, p. 405)

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visão de Leone (2008), apresentam também algumas semelhanças, mas a principal diferença é a questão da apropriação dos custos diretos, e a sua interpretação, sendo o variável para fins gerenciais e o absorção é aceito pela legislação societária e fiscal.

2.2.4 Gestão de custos (análise do custo, volume e resultado)

A análise do custo, volume e resultado é um instrumento que auxilia na gestão das entidades e na formação do preço de venda, para Wernke (2008, p.41) a análise do custo, volume e lucro é uma “expressão que abrange os conceitos de margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança, cujo conhecimento é de fundamental importância para os gestores de custos em virtude do número de benefícios informativos que proporcionam”.

O processo de formação de preço de venda é um assunto de alta importância, uma vez que as decisões de preços são diretamente dependentes da quantidade vendida, eficiência em termos de resultado direto, nível de despesas de vendas e administrativas, assim como as despesas financeiras para o atendimento do volume de operação projetada (VIEIRA, 2013). Uma boa administração dos preços de venda requer conhecimento sobre o custo do produto, a demanda, preço da concorrência, conhecimento do público alvo e as estratégias de marketing (MARTINS, 2006). O preço de venda é calculado a partir dos custos, acrescidos de uma margem de lucro (BORNIA, 2002).

Um método muito comum adotado na formação do preço de venda é o mark-

up, que trata-se de uma margem fixa adicionada a um custo base, (NASCIMENTO,

2011). Este método pode ser calculado como mark-up multiplicador, que é o mais utilizado ou mark-up divisor (BRUNI; FAMÁ, 2004).

Quanto a margem de contribuição, para Padoveze (2003, p. 278), “é a diferença entre o preço de venda unitário do produto ou serviço e os custos e despesas variáveis por unidade de produto ou serviço”.

Para Crepaldi (2011) para calcular a margem de contribuição, é necessário subtrair os custos dos produtos vendidos e os custos variáveis da receita, essa sobra é o valor da margem de contribuição”.

Existe a necessidade de classificação dos custos antes de determinar a margem de contribuição. O procedimento básico contábil segue alguns pontos

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relevantes como “identificar seus custos diretos, eleger o parâmetro representativo e classificar os custos em fixos e variáveis diante desse parâmetro” (LEONE, 2008, p. 382).

Outro instrumento de auxílio para a gestão das empresas é o ponto de equilíbrio. Na perspectiva de Jiambalvo (2009), o ponto de equilíbrio é uma das ferramentas para a análise do custo volume lucro, ou seja, é o número de unidades que precisam ser vendidas para uma empresa atingir o equilíbrio.

A determinação do ponto de equilíbrio objetiva uma avaliação do desempenho da empresa pelos seus gestores, possibilitando ações corretivas em tempo oportuno da mesma forma que contribui para o planejamento, uma vez que pode-se estabelecer metas de superação deste ponto, sabendo que quanto maior o afastamento para o lado positivo, maior será a margem de segurança da empresa (BOMFIM; PASSARELI, 2008).

Portando com o cálculo do ponto de equilíbrio é possível descobrir quando os gastos totais vão se igualar às receitas totais. Ou seja, não há lucro, nem prejuízo, mas os gastos serão cobertos. Ele pode ser analisado sob três âmbitos diferentes: ponto de equilíbrio contábil; ponto de equilíbrio econômico; e ponto de equilíbrio financeiro (BERTI, 2009).

No ponto de equilíbrio contábil a quantidade vendida precisa cobrir todos os custos e despesas fixas, já no ponto de equilíbrio econômico são consideradas todas as despesas e receitas financeiras, e os demais efeitos monetários e no ponto de equilíbrio financeiro, a depreciação é excluída, (PADOVEZE, 2003).

De acordo com Bruni e Famá (2004, p. 262) “a margem de segurança consiste na quantia ou índice das vendas que excedem o ponto de equilíbrio da empresa. Representa o quanto as vendas podem cair sem que a empresa incorra em prejuízo, podendo ser expressa em quantidade, valor ou percentual”.

Na perspectiva de Megliorini (2012, p. 159), “a margem de segurança é a quantidade de produtos ou receitas operadas acima do ponto de equilíbrio. Quanto maior a margem de segurança, maior será a capacidade de geração de lucro e a segurança de que a empresa não incorrerá em prejuízos”.

Percebe-se a importância dos indicadores de precificação que foram apresentados com a perspectiva dos autores Berti (2009), Padoveze (2003), Crepaldi (2011) e Megliorini (2012), pois conforme esses conceitos citados é possível avaliar que estes são imprescindíveis para a análise do volume, lucro e resultado.

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2.3 CONTABILIDADE E GESTÃO DE CUSTOS NA ATIVIDADE RURAL

Nesta parte do referencial teórico, apresentam-se os principais conceitos referentes a contabilidade e gestão de custos, informações e estudos realizados que norteiam este trabalho de conclusão de curso.

Tamanha é a importância da Contabilidade Rural em gerar informações para a tomada de decisões, para obter sucesso, deverá existir uma administração eficiente, que conheça o negócio, sobre o capital, a especialização e modernização da agropecuária. Contudo é nesses aspectos que a empresa rural apresenta carências e prejudica todo um processo de desenvolvimento e modernização desse setor. (CREPALDI, 2011).

O controle de custos na propriedade rural é uma ferramenta importante, pois com ele é possível definir preço de venda, controlar estoque, analisar a cultura que apresenta maiores gastos ou maiores retornos, analisar resultados, produção, volume de vendas, margem de lucro, custos de produção, custos fixos, custo de mão de obra, custo de cada cultura, dentre outros (KOHLS et al., 2018).

No estudo de Coelho et al., (2018), realizado com 14 feirantes da agricultura familiar da cidade de Nova Olímpia (MT), por meio de formulários com perguntas mistas, devido a necessidade de se conhecer como é feito o gerenciamento das unidades produtivas familiares, seu perfil, para poder subsidiar a gestão pública para criação de ações direcionadas a realidade e necessidade deste público e também porque estudos desta natureza em Nova Olímpia-MT ainda são incipientes. Como resultado, observou-se que os feirantes não tem por hábito registrar os custos e receitas da unidade produtiva, mas demonstraram conhecer o que seriam custos denominados por eles como “gastos”.

Também na pesquisa de Hamann et al., (2010), na região de Planaltina (DF), aplicou-se um questionário a cada um dos representantes das 621 agroindústrias dessa região, a fim de evidenciar quais são os métodos de custos utilizados e como é realizada a tomada de decisão nas agroindústrias familiares da região. Como resultado verificou-se que as agroindústrias familiares dessa região apresentam deficiência em seus controles gerenciais, além de não apresentarem sistemas de custos, bem como não têm conhecimento de quais os benefícios que um sistema de custos estruturado pode oferecer, uma vez que estas agroindústrias ainda não se

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adaptaram ao mercado competitivo e também apresentam deficiência na gestão da produção.

No estudo de Carpes e Sott (2007), na região do Extremo Oeste de Santa Catarina, compreendendo 21 agroindústrias entrevistadas de 16 municípios, através do levantamento ou survey, com o objetivo de avaliar a sistemática de gestão de custos das agroindústrias familiares destes locais. Como resultados, constatou-se que não há uma ferramenta ou metodologia para registro, identificação e avaliação dos custos de produção e que a gestão de custos do segmento estudado, possui algumas limitações, como por exemplo a inexistência de planilhas informatizadas para registro das informações.

Na pesquisa de Callado et al., (2005) na cidade de João Pessoa (PB), utilizando uma amostra de 20 empresas agroindustriais cadastradas na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba – FIEP-PB, com o objetivo de analisar a gestão de custos e o processo de formação de preços das agroindústrias paraibanas. Como resultado, observou-se que a maioria das empresas agroindustriais possui sistema de custos ou alguma forma de estrutura de custos, mas ainda existem fatores limitantes para melhorar a implantação do sistema de custos.

Vorpagel, Hofer e Sontag (2015) realizaram uma pesquisa na região de Marechal Candido Rondon – Paraná, para verificar de que forma que é realizado o controle nas propriedades, constatou que 22% afirmam fazer o controle informal, sem anotações apenas mentalmente, o que leva a crer que por vezes alguns controles passam despercebidos. Por outro lado, 64% dos produtores fazem o controle manual de suas atividades, por meio de anotações em um caderno. Além destes controles, 13% dos produtores administram suas atividades com apoio de planilhas no excel. E cerca de 2% possuem sistemas informatizados próprios ou realizam contabilidade em escritório terceirizado. Alguns produtores alegaram utilizar mais de um tipo de controle, como o informal associado ao controle manual ou controle manual juntamente com planilhas informatizadas em excel.

No estudo de Guse et. al. (2011) no município de Santa Maria – RS com uma amostra de 25 agroindústrias desse local, com o objetivo de avaliar a utilização das informações contábeis no processo de composição do custo de produção das agroindústrias no ano de 2011. Como resultados, verificou que a maioria dos proprietários das agroindústrias tem o conhecimento da contabilidade de custos e a maior parte realiza registros de custos em cadernos ou papéis diversos, porém a maior

Referências

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