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A Diferença Entre Cinema E Áudiovisual

A diferenciação entre audiovisual e cinema é recente e se dá em larga escala devido à ampliação de maneiras alternativas de consumo de ambos a ponto de se questionar a demarcação entre o que é cinema e o que é audiovisual.

No entanto, a separação do cinema com o audiovisual transgride as barreiras da história e ocorre por outros motivos. A diferença é de ordem ontológica. As produções audiovisuais formam uma categoria através da junção de uma série de produções díspares que atendem a fins variados e são conteudistas. Exemplos claros do que podem ser considerados produções áudio visuais são: Telejornais, comerciais, telenovelas, programas de auditório, vídeos das mais diversas ordens.

A frequente confusão dos dois formatos se dá principalmente por serem produzidos através das mesmas tecnologias, no entanto, tal compartilhamento tecnológico não é um parâmetro adequado para julgar a equiparância de uma área para outra.

Já ocorreu havendo ocorrido dentro da própria história do cinema. O cinema nasceu por meio de fotogramas

O cinema em seu início muito se parecia com a fotografia, câmeras semelhantes desempenhavam as mesmas funções -até mesmo porque a essa altura não havia o advento da fita magnética que posteriormente permitiu a incorporação de som a fita de filme- admitindo que o cinema ocorre através da reprodução contínua de fotogramas estáticos, mas mesmo aquela época era a comparação entre os dois formatos era inadequada da mesma forma que pode o ser equiparar o cinema ao audiovisual.

Semelhantes conforme dito anteriormente pertence comparação entre as duas coisas se assemelha a comparação da música com o rádio ou a pintura com uma fotografia.

Os telejornais que tem com fim a narração de uma série de acontecimentos sob um certo olhar editorial, ou as telenovelas que em essência tem de possuir alguma narrativa ou anúncios publicitários que tem como fim inflamar o consumo algo completamente aquém de um conjunto de fotogramas, conforme (RAMOS 2003 p.38) : “A redução da pluralidade do universo das imagens à confluência uniformizadora, resulta em um conceito amorfo que designa uma realidade plural pelo conceito nivelador de audiovisual”, o cinema é dotado de uma tradição ampla a ponto de ser formalmente reconhecido como uma área do conhecimento por eminentes instituições universitárias, além disso, é dotado de determinadas qualidades que lhes são únicas como iremos explorar nos segmentos adiantes. Entre as duas

áreas advindas de radicais comuns, entretanto, no presente momento, muito diferem em aspectos tais estética, tradições e teorias.

Apesar de o cinema ser a grande matriz da linguagem narrativa televisiva, a televisão possui uma realidade própria que vai bem além da forma narrativa com imagens em movimento e sons que encontramos em telefilmes, minisséries, telenovelas. O universo da inserção social e de linguagem de programas de auditório, noticiários, transmissões ao vivo, musicais, talk shows, eventos esportivos etc., compõem um horizonte para além do campo cinematográfico que pode e deve ser estudado em sua especificidade. Do mesmo modo, a tradição cinematográfica, ainda que veiculada através do meio televisivo, não se restringe a este universo (RAMOS p.37-38)

A diferenciação realizada entre cinema e audiovisual conforme feita até o momento não implica necessariamente que filmes apenas são considerados como tal se forem consumidos nas premissas de um cinema, e que produções audiovisuais consumidas no ambiente do cinema passam a ser cinema automaticamente por conta disso.

Ao sugerir alguns exemplos de produções visuais não pretendemos nos ater ao fetichismo destacado anteriormente, com tal diferenciação queremos tão somente ressaltar as diferenças implicadas pela mudança de um meio e suas diferenças, se é verdade que havia newsreels nos cinemas havia uma série e nítida diferenças entre estes e as atrações principais e até mesmo há uma diferença entre o que os Scholars chamam de Early Cinema dos próprios newsreels que podem por sua vez ser adequadamente chamados de produções audiovisuais mesmo que avant le noun.

Segundo (McLUHAN 1968, p.23) :“the medium is the message.this is merely to say that the personal and social consequences of any medium -that is , of any extension of ourselves, or by any new technology” Não é preciso concordar com Mcluhan e admitir que o meio é a mensagem para admitir que meio tem impacto sobre a mensagem, as diferenças formais entre o cinema, o telejornalismo e videoclipes é considerável. A diferenciação entre ambos reside não pela forma a qual são consumidos nominalmente mas sim pela meio a qual se dirigem , pelo advento de meios formais, estéticos e até econômicos que separam o cinema da categoria de produções audiovisuais, visto que o cinema como ressaltado anteriormente possui uma tradição longínqua que faz com que sua definição não passe a ser pautada meramente por imagens em movimentos mas sim produções que se enquadrem ou até mesmo renovem tal referida tradição, sendo este o motivo de qualquer vídeo não pertencer ao que aqui será referido com cinema. Assim o cinema pode se apresentar em qualquer um dos meios

que geralmente são reconhecidos como audiovisual sem deixar de ser necessariamente cinema apesar das suas supostas semelhanças.

O audiovisual não se pauta por nenhum dos fatores ditos acima, é um conceito que constitui a junção de uma série de produções, que são por excelência conteudistas, isto é, que o fator de relevância completa é seu conteúdo, são um agrupado de tipo de categoria que se utilizam do vídeo para fins outrem tais como a publicidade, um telejornal por exemplo tem em seus atores visuais apenas um adorno para a apresentação das notícias que lhes é essencial, dificilmente há tomadas elaboradas ou recursos expressivos de maior ordem em tal tipologia. Sendo impossível conciliar o cinema em tal categoria, (LANCASTER 2004) implicitamente demonstra tal distinção ao colocar em seu livro seções distintas para áudio visual e para filmes por exemplo.

Tal junção entre filmes e audiovisual só ocorre no contexto universitário brasileiro que ignorou sumariamente os elementos que constituem cada uma produção cinematográfica é totalmente diferente dos que constitui uma produção audiovisual. Ambas pertencem a uma série de categorias radicalmente diferentes e distintas em todos os termos imagináveis, fato esse que não faz qualquer sentido em qualquer outro contexto mundial.