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Dos pressupostos para a indexação de filmes

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADEFEDERALDORIOGRANDEDONORTE

CENTRODECIÊNCIASSOCIASAPLICADAS

DEPARTAMENTODECIÊNCIADAINFORMAÇÃO

CURSODEBIBLIOTECONOMIA

HARIELLUCASCÂMARAMONTE

DOS PRESSUPOSTOS PARA A INDEXAÇÃO DE FILMES

NATAL 2019

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HARIEL LUCAS CÂMARA MONTE

DOS PRESSUPOSTOS PARA A INDEXAÇÃO DE FILMES

Monografia apresentado ao curso de graduação em Biblioteconomia do Departamento de Ciência da Informação, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profª. Dra. Monica Marques Carvalho Gallotti.

NATAL 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Monte, Hariel Lucas Câmara.

Dos Pressupostos Para a Indexação de Filmes/ Hariel Lucas Câmara Monte. - 2019.

83f.: il.

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências da Informação. Natal, RN, 2019.

Orientador: Profª. Dra. Monica Marques Carvalho Gallotti.

1. Indexação de Filmes - Monografia. 2. Teorias da indexação - Monografia. 3. Teorias cinematográficas - Monografia. I.

Gallotti, Monica Marques Carvalho. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 025.4:791

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HARIEL LUCAS CÂMARA MONTE

DOS PRESSUPOSTOS PARA A INDEXAÇÃO DE FILMES

Monografia apresentada ao curso de graduação em Biblioteconomia do Departamento de Ciência da Informação, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Aprovada em: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Profª. Dra. Monica Marques Carvalho Gallotti

Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________ Prof. Dra. Raimunda Fernanda dos Santos

Universidade Federal Fluminense

______________________________________ Prof. Dra. Jacqueline Aparecida de Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, principais incentivadores da árdua jornada empreendida na escrita deste trabalho por sua solicitude inequiparável.

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“sons of man, you cannot say, or guess , for you only know a heap of broken images” T.S Eliot

“and Sooner or Later we will have a straight out capture of a complete film expression by the serious forces of civilization. The merely impudent motion picture will be relegated to the leisure hours with yellow journalism. Photoplay Libraries are inevitable, as active if not as multitudinous as the book-circulating libraries”. Vachel Lindsay

“movies as a non-verbal form of experience like photography, a form of statement without syntax. In fact, however, like the print, and the photo, movies assume a high level of literacy in their uses and prove baffling to the nonliterate” Marshall. Mcluham

“São inúmeras as possibilidades da indexação de filmes, e, graças à cuidadosa seleção de cabeçalhos, é frequente surgirem novos pontos de vista e de comparação que abrem caminho para uma melhor apreciação do filme e de seu desenvolvimento” Robert L. Collison

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RESUMO

O Presente trabalho almeja compreender os enunciados e abordagens por detrás do conjunto de práticas e teorias envolvidas na indexação de Filmes e a eficácia das iniciativas já anteriormente formuladas constantes neste âmbito. Verifica a possibilidade das convergências entre os postulados teóricos próprios do Cinema e da Indexação. Utiliza para alcançar a referida compreensão, uma pesquisa exploratória por meio de uma pesquisa bibliográfica exaustiva, e pelos subsídios metodólogos oferecidos pelos métodos de procedimentos histórico, tipológico e comparativo. Arrola teorias próprias das áreas cientificas da História bem como teorias do Cinema e da Indexação em seus aspectos particular com a intenção de averiguar convergências e divergências teóricas. Empreende verificação dos elementos constitutivos da natureza de cada campo do conhecimento atentando para suas constituições ontológicas. Constata a dificuldade de compatibilidade entre as inciativas existentes para a solucionar os problemas suscitados entre a indexação de filmes e os moldes teóricos próprios ao Âmbito do Cinema e de pressupostos próprios ao âmbito da indexação.

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ABSTRACT

This work aims to understand approaches regarding a set of practices and theories involved in indexing films and the effectiveness of initiatives already formulated in this field. It verifies the possibility of convergences between the theoretical postulates proper to each area. Thus, in order to reach this a exploratory research was done through an exhaustive bibliographical research, considering historical, typological and comparative methods. The work also considers the scientific areas of History as well as theories of Cinema and Indexing in their aspects with the intention of ascertaining theoretical convergences and divergences. It undertakes verification of the constitutive elements of each field of knowledge emphasizing its ontological constitutions. It notes the difficulty of compatibility between the existing initiatives to solve the problems raised between film indexing and theoretical frameworks pertaining to the Cinema and assumptions specific to the scope of indexing. Keywords: Film Indexing. Indexing theories. Cinema theories.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...11

2 A ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ...16

2.1 A Visão De Bliss A Cerca Da Organização Do Conhecimento ...16

2.2 A Era Moderna Da Organização Do Conehcimento ...21

2.2.1 Organização do conhecimento sob a ótica de Dahlberg ...23

2.2.2 Organização do conhecimento sob a ótica de Mario Barité ...27

2.2.3 Organização do conhecimento sob a ótica de Birger Hjørland ...28

2.3 Organização Do Conhecimento E Organização Da Informação ...30

3 INDEXAÇÃO ...32

3.1 Uma Breve História Da Indexação ...34

3.1.1 Os Primeiros Resquícios da Indexação...34

3.1.2 A importância das Bibliotecas do Mundo Antigo para a História da Indexação ...35

3.1.3 A Importância dos Escritos Sagrados para a Indexação ...36

3.1.4 A Contribuição de Sextus Pythagoreus à História da Indexação ...38

3.1.5 A Contribuição de Eusebius da Caesarea à História da Indexação ...39

3.1.5.1 As Tábuas canônicas ...39

3.1.5.2 O Onomasticon ...41

3.1.6 A Apophthegmata ...42

3.1.7 A Sacra Parralela ...43

3.1.8 A divisão da Bíblia em Capítulos tais com os Modernos ...43

3.1.9 Concordances ...45

3.1.10 Os Desenvolvimentos advindos da Invenção da Prensa ...45

3.2 Da Possibilidade De Se Teorizar Sobre A Indexação ...47

3.3 As Teorias Da Indexação ...49

3.4 A Definição De “Assunto” Na Indexação ...52

3.5 Há Práxis Na Indexação? ...54

3.5.1 A práxis da indexação...55

4 CINEMA ...57

4.1 A Diferença Entre Cinema E Áudiovisual...58

4.2 Introdução Ao Cinema ...60

4.3 Da História Do Cinema ...62

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4.4.1 O Cinema Visto Do Ponto De Vista De Uma Área Do Conhecimento ...63

4.4.2 O Cinema Como Arte ...65

4.4.3 Da Consideração Da Moralidade No Cinema ...70

4.4.4 O Que É Cinema? ...71

5 INDEXAÇÃO DE FILMES ...76

5.1 A Categorização De Filmes ...76

5.2 A Indexação De Filmes Propriamente Dita ...80

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...84

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1 INTRODUÇÃO

A realização de um trabalho que intermedeia questões filosóficas e propriamente teóricas do cinema com o âmbito da biblioteconomia mais especificamente a indexação, pode parecer incomum, excêntrica e até inadequada à primeira vista, mas o presente trabalho propõe a validade desta abordagem.

A indexação pode ser vista de diversas formas e para tanto terá um segmento destinado a discutir tais possibilidades de significâncias, mas pode ser simplesmente definida como um procedimento – ou um conjunto de procedimentos- que tem como fim encontrar formas de descrever um determinado item, usualmente este procedimento atende a um fim, a recuperação de informações documentos somente é possível frente a uma indexação adequada e fiel ao objeto em questão.

A descrição adequada de um item é fundamental para o cumprimento de sua função, entretanto há um problema, os procedimentos que envolvem a indexação sofrem fortes influências de sua longínqua tradição que acompanham as matrizes de história humana desde a era suméria de modo que confunde-se com a história da escrita, esta tradição milenar mas do que competente quando designada a indexação de livros dificilmente se adequa a descrição de filmes quando realizada aos moldes normais.

O Cinema tem apenas 141 anos -caso considere-se as filmagens de Muybridge como Cinema – é a mais jovem das artes – caso considere-se o cinema como arte, visto que tal questão será devidamente discutida posteriormente- é uma realização essencialmente moderna devido a sua relativa juventude poucas iniciativas se manifestam no sentido de elaborar moldes de indexação compatíveis com seus pressupostos.

Tais pressupostos não se limitam a observações particulares acerca da qualidade de determinado filme , ou do seu potencial de evocar determinados sentimentos , há um esforço generalizado por parte daqueles que realizam esforços cinematográficos e os que apreciam tais esforços de sistematizar pressupostos observacionais e filosóficos para a construção de teorias, tais teorias muitas vezes não só descrevem a forma como seu enunciador enxerga tendências gerais ou particulares do cinema mas procura empreender esforços de entender sua constituição, natureza , propósito , linguagem e uma série adicional de tais fatores.

Estas teorias são realizadas através de diferentes pressupostos, algumas consistem em verdadeiros tratados filosóficos acerca do cinema ao passo que outras tratam apenas de algumas particularidades ou elementos -um exemplo é uma corrente de pensadores que se dedica arduamente ao estudo da montagem-

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O presente trabalho pretende levantar os problemas envolvidos na indexação de filmes demonstrado as iniciativas existentes e evidenciado aspectos inexplorados somente contemplados pelos teóricos do cinema. A hipótese principal se dá a fim elencar a importância da consideração de pressupostos teóricos tanto na indexação em geral quanto na da indexação de filmes.

O objetivo geral deste trabalhoé: investigar teoricamente a indexação de filmes de modo a analisar e identificar as diferentes vertentes e de tal campo e advogar a importância das teorias cinematográficas na realização desse tipo de processo. E os objetivos específicos são:

• Analisar as possibilidades de indexação de filmes à luz da literatura científica da área; • Investigar panoramas teóricos próprios ao cinema;

• Analisar as formas teóricas da Indexação; • Apontar convergências entre as duas áreas;

O método de abordagem escolhido é o método indutivo, mas antes de tratar de tal método, se faz necessário tecer algumas considerações acerca do que vem a significar indução (SANTOS, 1965) define como: “processo de raciocinar, partindo do particular para alcançar o geral. Contrário de dedução.” sendo assim o método indutivo consiste em empregar recursos metodológicos com para atender tal fim:

Devemos considerar três elementos fundamentais para toda indução, isto é, a indução realizase em três etapas (fases): a) observação dos fenômenos -nessa etapa observamos os fatos ou fenômenos e os analisamos, com a finalidade de descobrir as causas de sua manifestação b)descoberta da relação entre eles -na segunda etapa procuramos por intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos, com a finalidade de descobrir a relação constante existente entre eles; c) generalização da relação nessa última etapa generalizamos a relação encontrada na precedente, entre os fenômenos e fatos semelhantes, muitos dos quais ainda não observamos (e muitos inclusive inobserváveis). (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.87)

Tal método se adequa a investigação aqui proposta já em sua definição, o conceito de indução, tal procedimento, a inferência de leis ou de indução ao no trabalho em questão o fenômeno a ser observado é a relação entre teorias e a indexação, para a investigação procedida como evidenciado pelos objetivos gerais e específicos presentes, o método

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indutivo é proposto por ser capaz de abrigar tal investigação mas tal fator só poderá ser explicado depois de necessárias considerações acerca das formas de indução :

A indução apresenta duas formas: a) Completa ou formal, estabelecida por Aristóteles. Ela não induz de alguns casos, mas de todos, sendo que cada um dos elementos inferiores é comprovado pela experiência. (…) b) Incompleta ou científica, criada por Galileu e aperfeiçoada por Francis Bacon. Não deriva de seus elementos inferiores, enumerados ou provados pela experiência, mas permite induzir, de alguns casos adequadamente observados (sob circunstâncias diferentes, sob vários pontos etc.), e às vezes de uma só observação, aquilo que se pode dizer (afirmar ou negar) dos restantes da mesma categoria. Portanto, a indução científica fundamenta-se na causa ou na lei que rege o fenômeno ou fato, constatada em um número significativo de casos (um ou mais) mas não em todo (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.89)

O tipo de indução adotado no presente trabalho quando este se refere por indução é a indução incompleta, tal modalidade de indução conforme dito anteriormente é fruto do afloramento do espírito cientifico característico do século 17 que aperfeiçoa as ideias de Aristóteles. Tal indução tem uma série de ordenamentos e regras que são por sua vez:

Regras de indução incompleta: a) os casos particulares devem ser provados e experimentados na quantidade suficiente (e necessária) para que possamos dizer (ou negar) tudo o que será legitimamente afirmado sobre a espécie, gênero, categoria etc.; b) com a finalidade de poder afirmar, com certeza, que a própria natureza da coisa (fato ou fenômeno) é que provoca a sua propriedade (ou ação), além de grande quantidade de observações e experiências, é também necessário analisar (e destacar) a possibilidade de variações provocadas por circunstâncias acidentais. Se, depois disso, a propriedade, a ação, o fato ou o fenômeno continuarem a se manifestar da mesma forma, é evidente ou, melhor dizendo, é muito provável que a sua causa seja a própria natureza da coisa (fato ou fenômeno)

(LAKATOS;MARCONI 2003, p.90)

Mas para o uso adequado de tal alguns postulados devem ser adotados, visto que, na realização de uma pesquisa completamente teórica a experimentação é completamente impossível, mas tal impossibilidade não ocorre para o vocábulo provar, ao caracterizar o requisito da prova como um arranjo forma de argumentos que pode ser obtida através da possibilidade de escrutínio e demonstração de tais argumentos, tal recurso será amplamente tratado ao lidar com os métodos de abordagem. A segunda regra da indução incompleta também terá de ser tratada a partir de uma adaptação a área das ciências sociais aplicadas, a possibilidade de afirmação da natureza de um fenômeno será analisada a partir dos elementos

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que lhe são essenciais afim de evitar a possibilidade da incidência de variações acidentais, para tal fim os métodos de procedimento foram rigidamente escolhidos para garantir tal finalidade. Os métodos de abordagem escolhidos para verificar a hipótese aqui levantadas foram: estudo bibliográfico o método comparativo, o método tipológico, o método histórico e a pesquisa bibliográfica. visto que:

A história nos é útil porque prolonga no presente a experiência do passado e supre as experiências que não podemos fazer: o método histórico, portanto, é bom, mas o método dedutivo, ou o método indutivo, que se aplica aos fatos presentes não é menos bom. (PARETO,1984, p.23)

O método comparativo garante o uso correto do método indutivo e de suas regras, pois como descrito acima lhe é condição essencial. Vide que boa parte de tal método se estrutura por tal procedimento, sendo assim não pode ser omitido por sua função tão fundamental. O método tipológico será utilizado e para entender seu uso particular no presente trabalho é necessário investigar sua formulação e como foi empregado no decorrer da sua história Segundo (CARPEAUX, 2017) tal método surge através da construção de tipos históricos, tais tipos históricos remontam ao conceito hegeliano de espírito da época tal visão é utilizada para compor períodos típicos, tais tipos históricos por sua vez deram origem a tipos ideais por trás das manifestações de uma época, sendo os primeiros tipos o aceta, o clérigo vagabundo e o virtuoso. Tais tipos foram adaptados por Max Weber que acerca dos mesmos tipos enfatiza:

whatever the content of the idea-type, be it an ethical, a legal, an aesthetic or a religious norm, or a technical, an economic or a cultural maxim or any other type of valuation on the most racional form possible ,it has only one function in an empirical investigation. Its function is the comparison with empirical reality in order to establish its divergences or similarities, to describe them with the most unambiguous intelligible concepts, and to understand and explain them casually. (WEBER, 1968, p.43)

No presente trabalho tal tipologia será mais uma vez reorientada, dessa vez a motivação necessária para a realização adequada deste trabalho é a mudança do conceito hegeliano de espírito de época, para a ontologia aristotélica, “uma ciência que estuda o ser enquanto o ser e seus atributos essenciais” (SANTOS, 1967, p.967). Tipologias passaram a ser realizadas por tal lógica.O tipo da pesquisa será o tipo exploratório, este tipo em questão é o mais condizente com a metodologia julgada necessária e por decorrência da baixa incidência de importância frequentemente dada ao tema do trabalho em questão sendo assim exploratória em pois seu ainda é pouco conhecido e segundo (LANCASTER, 2004) um tema

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problemático e complexo, tal pesquisa investigará tal fatores pela via da pesquisa bibliográfica, sendo completamente teórica.

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2 A ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

Antes de se tratar propriamente da indexação é necessário discutir onde esta se inclui no esquema geral do conhecimento. Tal tarefa aparentemente simples se complica por motivos que serão discutidos logo abaixo. Se for verdade que a indexação e o seu estudo no sentido que aqui usaremos está historicamente ligada à biblioteconomia, uma séries de discussões ocorrem acerca do campo que está inserida dentro das ramificações da biblioteconomia ou até mesmo discussões que questionam o mérito de tal associação.

Sendo assim, pretendemos demarcar onde a indexação se encontra e para tanto precisaremos tratar de duas noções: Organização da Informação e a Organização do Conhecimento. Tais noções atualmente ocupam o centro de extensos e numerosos debates que disputam as enunciações mais simples, invariavelmente a presente investigação se inicia sem a prerrogativa de um consenso científico visto que em tal campo é desprovido deste. Pretendemos explanar tais noções por uma pluralidade de perspectivas para finalmente cumprimos o objetivo anteriormente traçado.

Invariavelmente a tarefa de definir tais termos da forma anteriormente mencionada implica em alguns problemas, o maior deste é a diferença entre a Organização do Conhecimento e a Organização da Informação. Pretendemos resolver tal impasse o abordando à medida que se torne necessário para o prosseguimento do desenvolvimento das ideias a serem explanadas.

Pretendemos iniciar tal discussão através da explanação acerca da constituição do termo Organização do Conhecimento. Enfatizamos que a presente abordagem investigativa não implica na inexistência de gestão do conhecimento conforme a ideia implicada tão somente se levarmos em consideração a junção das duas palavras antes do recorte histórico aqui abordado, no entanto discutiremos tão somente a gestão do conhecimento de acordo com os âmbitos a serem destacados posteriormente.

2.1 A Visão De Bliss A Cerca Da Organização Do Conhecimento

A primeira inocorrência do termo Organização do Conhecimento no sentido que trataremos ocorre através de Henry Evelyn Bliss. Tal fato é corroborado por Hilder (2018, p.6):” Henry Bliss would appear to be the first librarian to use the term in a prominent way”. Igualmente corroborado por Dahlberg (1993, p.10): “the term ‘knowledge organization’ in

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its other form ‘organization of knowledge’ was framed long ago already in the thirties in Evelyn Bliss´s Work ‘The Organization of Knowledge”. Ainda por outra perspectiva:

Bliss is almost certainly the first person to insist on the philosophic basis of bibliographic classification, to regard it as a discipline in its own right, and to use the term ‘organization of knowledge’, which today is still widely used to describe the field of subject related information storage, retrieval, and presentation Broughton (2008, p.45)

Bliss trata de tal noção em seus livros The Organization of Knowledge and The System of Sciences e The Organization of Knowledge in Libraries, sendo tais obras responsáveis pelo delineamento desta noção a primeira publicada originalmente no ano de 1929 e a segunda originalmente publicada no ano de 1933.

O autor era conhecido por sua erudição descrito como Broughton (2008, p.45) “the archetype of the scholar librarian” ou “a man of amazingly wide reading” Campbell (1971, p.3) utiliza seu vasto campo de conhecimentos para tratar a noção da organização do conhecimento através de sociológicos, filosóficos e psicológicos.

Por sua ecleticidade intelectual Bliss observa a organização da informação não apenas pelos parâmetros habituais tais como: características, significado e as atividades que se enquadram dentro do conceito. Tal processo é inegavelmente feito, mas se dá em meio de um horizonte de conceitos amplos. De tal forma que além dos aspectos conceituais propriamente ditos Bliss preocupa-se com o impacto sociológico do conhecimento, a importância de sua gestão para o tecido social de uma sociedade de forma que uma das premissas mais essências de sua exposição é “Human life ,biologically organic and mentally social, must also be socially organized on a basis of organized knowledge” Bliss (1929, p.8). Tal importância pode ser subentendida pela concisão da formulação de seu enunciado ou acusada de conter alguma superlativação de tal importância, no entanto nenhum das prerrogativas se faz válidas visto que posteriormente é dito que:

What may well be emphasized here is that all such social and industrial, intellectual and purposive organizations depend on organizations of knowledge, on compilations and classifications of relevant knowledge. Structural organizations and classifications serve functional organizations and systems. Bliss (1929, p.59)

Ainda sob esta perspectiva, propõe que Bliss (1929, p.15) “Each social interest should be organized.” para tanto define o termo da seguinte maneira Bliss (1929, p.15) “An

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organization is not merely a system of organic parts,of components and relations, but it is also functionally an interaction of forces, activities, and purposes”. Tais organizações representam o conjunto de interesses, hábitos, formas de pensar, sentimentos, ideologias, afinidades, profissões e et Cetera.

Devido a vasta quantidade de organizações levando em consideração a complexidade das sociedades modernas foi necessário às organizar mais ainda e as dividir em uma série de categorias, estas sendo sendo: Bliss (1929) Functional organization, structural organization , and organization of will , organization of purpose , organization of knowledge , organization of thought. A qual a penúltima desta série de organizações será preponderantemente relevante para este trabalho.

Tal pressuposto é fundamental para a compreensão da estrutura conceitual de Bliss, e dá ênfase a elementos aparentemente exógenos constituintes de boa parte do corpo de seus escritos acerca desta questão. O conhecimento representa não só estruturas intelectuais representa uma série de elementos tangíveis tais como ativos econômicos, recursos naturais e seus gerenciamentos.

Dividiremos então as formas de conceituação de organização do conhecimento para melhor condizer com a densa argumentação de Bliss e para explanar tais conceitos sem a dissociação de importantes nuances essenciais ao seu entendimento. A primeira definição se dá através de suas etapas, tais são definidas como:

(I) mental synthesis, (2) social organization of knowledge, (3) the organization of a special branch of knowledge, (4) the organization of a field of knowledge in a class of books or other records, (5) the organization of many fields of knowledge in an encyclopedia or library. Bliss (1929, p.78)

A primeira diz respeito a assimilação do conhecimento e aos aspectos individuais do conhecimento tal como a forma com que este se configura para cada indivíduo ou como esse elenca seus conhecimentos , no entanto não podemos confundir o que foi chamado de mental synthesis com o conhecimento empírico, isto se dá por que :

Mere information, which may be neither coherent nor instrumental (available or applicable), is there distinguished from wisdom, which is relevant to experience,to conduct, and to discerning and comprehensive intelligence. The organization of experience and knowledge is thus interrelated with the organization of thought and intelligence. Bliss (1929,p.16)

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A segunda etapa representa a forma com que o conhecimento se configura em uma certa sociedade ou em uma certa organização a maneira do que foi discutido anteriormente, ou seja, um certo grupo de interesses ou comunidade intelectual, sendo esta a razão do binômio indivíduo sociedade tão caro à Bliss. Já a terceira fase representa a forma com o conhecimento é organizado dentro de um campo específico de um conhecimento tal como a decomposição de uma disciplina em uma série de áreas como, por exemplo, a divisão da filosofia em lógica, metafísica, epistemologia, estética, ética e política definido ou “the organization or synthesis, of a special branch of knowledge, or idea , or topic , embodied in a book or other form of writing or spoken language” Bliss (1929 , p.78).

A quarta fase representa a forma o conhecimento é organizado quando está disposto em diversas áreas tal como se apresenta em uma biblioteca onde a recuperação de tal conhecimento depende desta organização definido com “the social organization in a book or a special library or a museum or exhibit” Bliss (1929, p.78.). Tais etapas são refinadas e se tornam as seguintes etapas: “1, Descriptive, or Exhibitory; 2, Classificatory, or Analytic; 3, Synthetic, or Systematic; 4, Educational, or cultural; 5, Bibliothecal, or Bibliographical.” Bliss (1929, p.80)

A organização do conhecimento pode também ser definida pelos procedimentos que sua prática suscita ou envolve tais são:

1. Description, definition, or exhibition, of data, or materials. 2. Classification, tabulation, or arrangement, of materials. 3. Indexes, information services, etc. 4. Synthesis of related subjects, Systematic classification. 5. Educational organization of the subject and correlation to other subjects closely related to it. 6. Syllabi of the studies or subjects. 7. Curricula of the related studies in groups or courses. 8. Composite books, lectures, readings, collections. 9. Treatises and systematic studies, surveys, etc. 10. Introductions, text-books, manuals, compends, digests. 11. Histories of the sciences, studies, or subjects. 12. Bibliographies, catalogs, etc. Bliss (1929, p.79)

Tal concepção conforme discutido anteriormente tem como escopo o conhecimento , abriga uma série de atividades não ortodoxamente agrupadas e exatamente por esse fator compreende as formas de propagação do conhecimento em toda sua diversidade, visto que o conhecimento não só consta em livros ou qualquer outro meio escrito, mas pode se apresentar pela psicologia individual através do desenvolvimento de uma ideia ou transmitido oralmente por uma palestra. É possível, enxergar não só um diálogo como uma proximidade epistémica entre a proposta de Organização Conhecimento e a Biblioteconomia. Evidenciada pela familiaridade entre a noção Blisseana de Organização do Conhecimento com a miríade de

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atividades que tradicionalmente se encontram no campo da biblioteconomia, apesar de incluir uma série de fatores que não lhes dizem respeito tais como a escrita de um livro, o desenvolvimento de uma ideia, uma explicação em conjunto com a classificação, a produção de índices e uma série de atividades propriamente biblioteconômicas.

No entanto, a Organização do Conhecimento é tratada como uma disciplina autônoma. A disparidade entre a Organização do Conhecimento e o elemento de transcendência com relação à Biblioteconomia é também o fator preponderante para a consideração desta como ciência autônoma é seu escopo.

Outro fator que afirma a autonomia da Organização do Conhecimento com relação à Biblioteconomia é a forma com que os frutos de tal prática, isto é, seus sistemas, se apresentam e são disseminados para a sociedade pública desinteressada em tais questões, a disseminação da organização do conhecimento ocorre através:

Organization of knowledge for the people should be provided first by educational institutions, then by journals of news and opinion, and generally by libraries, and specially by information bureaus. Thought, philosophy, and the literature of information should be well grounded in organized knowledge. All these provisions should make for law and order, advancing the rule of reason and mental control. Bliss (1929, p.56)

Sendo assim, é questão da maior ordem de dificuldade negar a separação entre tais disciplinas -ao menos neste aspecto- sob tal perspectiva, visto que apesar das bibliotecas receberem lugar de prevalência em tal esquema não é o possível afirmar que o compõem de forma singular ou até mesmo sobressalente, tal constatação não implica que tais áreas não se comunicam ou que não partilham teorias ou pensamentos, muito pelo contrário , tal separação demonstra a afinidade entre as duas ciências apesar de sua separação.

Havendo esgotado as definições há ainda um aspecto fundamentalmente importante a ser discutido, fundamental para a compreensão adequada do conceito Blissiano de organização do conhecimento. Conforme os aspectos expostos anteriormente a organização do conhecimento sob a presente concepção tem importância fundamental no progresso da humanidade e no desenvolvimento das sociedades, mas para tanto depende fundamentalmente do: “the consensus of scientific minds, and the consensus of educational, moral and institutional minds. for brevity we shall recurrently refer to “the scientific and educational consensus” Bliss (1929, p.16) Acreditando que os homens de maior sensibilidade intelectual chegariam a consensos científicos de forma semelhante a muitos

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outros consensos presentes nas ciência incluindo desde aspectos métricos até a existência da própria designação de Ciência Bliss formula sua classificação e seu sistema de organização do conhecimento com base na existência deste consenso, sendo este importante não só para a sua constituição teórica mas implicando também em aspectos práticos tais como :

Functional organizations would therefore be served well by the construction of more consistent and efficient classifications of knowledge - consistent with the mental process by psychologists and educators termed "organization of knowledge", consistent also with what we term - bearing in mind its relativity- the scientific and educational consensus. Bliss (1929, p. 59)

Tal consenso expresso em um enunciado minimamente diferente do proposto por Bliss acima continua a ser discutido na ciência moderna até os dias presentes, no entanto devido ao clima de ceticismo que inspira várias tão chamadas “crises da ciência” recebe outra denominação. Atualmente recebe a denominação de paradigma, palavra que aqui é atribuída conforme Kuhn (1991, p.13) “as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”.

2.2 A Era Moderna Da Organização Do Conehcimento

Após a Publicação das obras anteriormente discutidas o termo Organização do Conhecimento não ganhou a adesão na comunidade acadêmica e estava longe de adentrar o domínio do que é considerado consenso dentro da ciência. Apesar de nomear uma série de trabalhos acadêmicos, livros e outras publicações foi majoritariamente utilizado como sinônimo para classificação ou ainda tratado como uma nomenclatura de uma área específica da biblioteconomia encarregada de tratar de questões inerentes a classificação;

Tal fato é corroborado pelo panorama histórico realizado por Hilder ao tratar do uso do termo Organização do Conhecimento após sua fundação por Bliss, devidamente discutida no segmento anterior “The next LIS book to use the term in its title, three decades later,appears to be C.D Needham´s Organizing Knowledge in Libraries : An Introduction to Classification and Cataloging (...) As the original subtitle indicates the text covered cataloging as well as classification” (Hilder, 2018) esta publicação de grande impacto na biblioteconomia acabou por popularizar o termo que passou a ser adotado dali em diante muitas vezes com sob tal significado exemplos emblemáticos são Hilder (2018) tais

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exemplos são o livro Jennifer Rowley chamado Organizing Knowledge , o livro de Ross Harvey´s chamado Organising Knowledge in Australia, o livro de Jesse Shera chamado Libraries and the Organization of Knowledge. Outros exemplos ocorrem segundo:

Dahlberg (1993, p.10) “Dagobert Soergel´s dissertation (in German) of 1971 was thematized in a similar way by “Organization of Knowledge and Documentation (...), as was my dissertation of 1973, published under the title “Foundation of Universal Organization of Knowledge and Documentation”.

No final da década de 1980 e no início da década de 1990 a utilização do termo Organização do Conhecimento mudou radicalmente Segundo Dahlberg (2014) a partir da cisão de um grupo de pesquisa intitulado Sociedade para a Classificação de Frankfurt ocorrida pela ênfase em estatísticas e operações matemáticas devido ao grande número de matemáticos e estatísticos em suas fileiras é formado um novo grupo de pesquisa orientado em classificação e conceitos na data de 22 de julho de 1989. Assim nasceu a ISKO, International Society for Knowledge Organization.

A ISKO teve como proposta o resgate da Tradição Blisssena do conceito Organização do Conhecimento visto que a própria organização só o foi nomeada em decorrência de seu livro conforme corroborado abaixo.

Since there is no appropriate English equivalent for “Wissensordnung” which mattered to us. However, the title of a book on The Organization of Knowledge and the System of Sciences led us to hope that the German alternate term “Wissensordnung” allowed in English the innovative “Knowledge Organization”. Dahlberg (2014, p.85)

Atualmente é uma importante organização internacional com sedes na América do Norte, América do sul, Europa, Ásia, África, possuindo uma grande quantidade de eventos e produções intelectuais associadas. Sendo a grande força intelectual por detrás da definição da organização do conhecimento, portanto, às ideias acerca deste campo e seus respectivos autores, que serão devidamente abordados abaixo, estarão de alguma forma ligados a ISKO. Este fator, apesar do que se pode inferir, não implica necessariamente em uniformidades de visão.

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2.2.1 Organização do conhecimento sob a ótica de Dahlberg

Uma das figuras mais importantes na história da Organização do Conhecimento é Ingetraut Dahlberg membra fundadora da International Society for Knowledge information (ISKO). Antes de tratar da significação de Knowledge Organization para a referida autora é necessário primeiro distinguir as definições utilizadas não só para compreender propriamente a demarcação científica do termas mas também levando em consideração sua história, conforme dito anteriormente este termo surgiu fruto de uma adaptação do conceito Blissiano e desde muito difere visto que tratamos ostensivamente de tal ótica tal explicação se faz ainda mais necessária Dahlberg (1978, p.148) define definição como : “a instrument for the establishment of boundaries for the intention of a concept , or rather as the sum characteristics which make up this intension and witch is represented in communication (texts or speech ) by terms”

Começaremos pela definição da primeira palavra do binómio, a palavra Organização conforme a palavra muito difere de seu antônimo na língua inglesa, Língua de Bliss, nessa língua significa New Oxford American (2019): 1. An organized body of people with particular purpose, especial business, society, association, etc (...) 2. The action of organizing something.

O significado do termo em tal acepção se faz insuficiente para Dalberg em decorrência das limitações que (2006 ,p.14) The concept of “organization” however, in its acceptance in German has a wider range than just “order,” no alemão no entanto , a língua materna de Dahlberg significa a palavra Organisation significa Dahlberg (2006, p.11) “its acceptance in German has a wider range than just “order,” namely “planned construction,” “structure,” “forming” (Wahrig 1975). A percepção adequada do conceito reside no conhecimento de sua complexidade visto que originalmente foi pensado nos moldes alemães, assim entendendo os mecanismos apriorísticos em seu entorno o termo organização, Organization ou Organisation pode ser definido como Dahlberg (2006, p.12) : “in the sense of the activity of constructing something according to a plan”

A próxima palavra a ser definida, naturalmente, é conhecimento, Knowledge ou Wissen. Tal definição é sem dúvida mais complicada e nela reside o âmago do entendimento da questão. Questão que suscita sinceras dúvidas desde sua formulação a partir da formulação do termo grego Episteme. Para Dahlberg (2006, p.12) a palavra recebe a significância de “knowledge is the subjectively fairly well-founded certainty of somebody about the existence of a fact or a meter. This knowledge is not transferable, it can only be elaborated by

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somebody´s own personal reflection. No entanto, o conhecimento não é necessariamente definido pelo âmbito da subjetividade outra forma de defini-lo e a forma utilizada para a proposição da teoria dos conceitos é:

knowledge may be regarded as the totality of true prepositions about this world, existing -in general- in documents or in the heads of persons, then knowledge may be seem to exist also in every true statement (in every judgment) and in all of scientific propositions which obey the truth postulate. Dahlberg (1978, p.143)

Há uma série de outros fatores além da subjetividade que permitam que o conhecimento se difunda e tais elementos são o grande pilar da perspectiva Dahlbergiana da Organização do Conhecimento. Segundo Dahlberg (1993 , p.211) “i would like to add here that the most essential item in the theoretical background of Knowledge Organization is the fact that any organization of knowledge must be based on knowledge units” para explicar tais unidades do conhecimento temos que nos referir aos conceitos abordados acima, conforme especificado anteriormente o conhecimento necessariamente ocorre ao ser referido a alguma coisa, isto é, há um pressuposto fundamental: haver o que se conhecer. O conjunto de considerações feitas para chegar ao ponto do conhecimento são desenvolvidos de alguma maneira seja por via de preposições, insights, pensamentos e et Cetera e então pode ou não ser comunicado, todas estas partes são notas conhecidas do processo de obtenção do conhecimento.

Faz-se necessário a definição do que seria uma unidade do conhecimento, uma unidade do conhecimento é: Dahlberg (1978, p.143) “a concept is a knowledge unit, composing verifiable statements about a selected item of reference, represented in a verbal form”. O que diferencia a formação de tais unidades de conhecimento da descrição do processo comunicativo acima é que ao passo que a comunicação não necessariamente se orienta a um referente válido tais unidades de conhecimento o fazem visto que suas partes são:

2. A verifiable statement is the components of a concept which states an attribute of its item of reference. 3. An item of reference is the components of a concept to which its verifiable statements and its verbal form are directly related, thus its “referent”. 4. A verbal form (term/name) of a concept is the component which conveniently summarizes or synthesizes and represents a concept for the purpose of designating a concept in communication Dahlberg (1978, p.144)

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Tais unidades do conhecimento por sua vez suscitam uma série de outras relações. Para compreendê-las precisamos adentrar uma série de minúcias que envolvem , não só unidades do conhecimento, mas há também elementos do conhecimento, maiores unidades do conhecimento e sistemas do conhecimento.

Anteriormente explicamos os processos de formação de uma unidade do conhecimento, vimos que para a existência de um conceito há a necessidade de um referente. Referentes são regidos e separados por determinadas pelos elementos que os compõem segundo o esquema de categorias adotado para tal tarefa é o aristotélico e suas subcategorias por sua vez foram elaborados por Dahlberg estão categorias são (Dahlberg 1978) entities que se subdividem em principles, imaterial objects, material objects properties que se subdivide em quantities , qualities , relations, activities que se subdivide em operations, states , processes e dimensions que se subdivide em time , positions , space.

As unidades do conhecimento se formam através da utilização de tal lógica, pela inspiração Aristotélica. Entretanto, ainda há outro processo antes do funcionalmente de tal lógica e suas aplicações com relação às unidades de conhecimento, há de se definir quais categorias pertencem a substância do referente, isto é, que são essenciais ao referente em sua totalidade visto que segundo Aristotle (1971, p.538) “(4)The essence , the formula of which is a definition , is also called the substance of each thing” , quais são essenciais ao referente com relação a sua individualidade visto que substância igualmente significa Aristotle (1971 ,p.538) “The parts which are present in such things , limiting them and marking them as individuals , and by whose destruction the whole is destroyed” há ainda o corpo de categorias que é inteiramente acidental ao referente isto quer dizer Aristotle (1971, p.547) “(1) that which attachés to something and can be truly asserted , but neither of necessity nor usually (...)(2) all that attaches to each thing in virtue of itself but is not in its essence;” Sendo assim se caracteriza ao conjunto de elementos incidentais do referente a qual não os define é necessariamente o representa propriamente. Por tal processo e lógica os conceitos se dividem ainda em Dahlberg (1978) general concepts, special concepts, individual concepts

Os conceitos ou as unidades do conhecimento não só se relacionam com seus referentes, há também uma lógica para o relacionamento entre conceitos estes seguem os seguintes ditames:

(9) hierarchical relationship = the relationship between genus-species,species-species and species-individual (10) partition relationship = the relationship between a whole and its parts and subparts (11) opposition relationship = the relation of contradiction, contrariety and PIN (positive-neutral-indifferent) (12) functional relationship=the relationship between the components of a statement ;a proposition , depending on semantic

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valencies of an activity-related concept (e.g ‘to produce’ demands that a producer , a consumer , a product , etc. be involved) Dahlberg (1978, p.148)

Acerca da questão da constituição da autonomia da Organização da Informação como ciência Para Dahlberg a Organização do Conhecimento pode ser considerada como uma ciência autônoma, seu objeto seria o estudo do conhecimento e de suas nuances conforme descrito tais como suas unidades que foram devidamente descritas anteriormente suas divisões ocorriam por meio de agrupamentos sendo eles:

Group 0 on form, which contains only kinds of documents in the field (bibliographies, conference proceedings, etc.);Group 1 on general and theoretical considerations; Group 2 on concepts and concept classes (kinds and systems) and their elaboration;Group 3 on methods and activities of classing and indexing; Group 4 on universal systems;Group 5 on object related systems (taxonomies); Group 6 on subject related systems; Group 7 on concepts from other fields relating externally to the field; Group 8 on methods of the field as applied to document forms and subject contents; and, Group 9 on the so-called environment of the field, viz. its spatial and social organization, as well as issues of education, law, economic issues, use of services, standardization, etc. Dahlberg (1993, p.212)

Estes grupos formam o escopo da Organização do Conhecimento que nesta visão envolve tanto matérias teóricas essencialmente próprias deste campo científico -como considerações acerca da própria constituição teórica do campo de organização do conhecimento, a ecologia deste campo do conhecimento- como há também questões que permeiam outras disciplinas tais como o estudo dos conceitos que podem também ser reivindicados por uma série de outros campos do conhecimento como, por exemplo, a filosofia. Isto ocorre devido a fatores anteriormente discutidos, dentre tais elementos, que certamente pertencem a área da Organização do Conhecimento, mas não lhe são exclusivos há uma alta presença de atividades, matérias, sistemas -incluindo os sistemas classificatórios- e questões que são propriamente biblioteconômicas e que o são por um grande espaço de tempo destas destacamos a presença da indexação matéria de grande importância para este trabalho.

Podemos observar que a Ciência da Organização do Conhecimento Inicialmente intimamente ligada à Biblioteconomia obtém objeto, teorias e subdivisões chegando a um estágio que transcende a disciplina que a originou e vira uma ciência por si mesma, Dahlberg (2006 , p.16) comenta que : “the field of knowledge organization has developed from a more or less intuitive art into a new and a truly scientific discipline. the field of knowledge

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organization has developed from a more or less intuitive art into a new and a truly scientific discipline.”

2.2.2 Organização do conhecimento sob a ótica de Mario Barité

Mario Barité é um pesquisador sul americano ligado a International Society for Knowledge information (ISKO) e Professor universitário da Escuela Universitaria de Bibliotecología de la Universidad de la República, é um importante nome do campo da Organização do Conhecimento e propondo soluções inovadoras. O referido autor trata da Organização do Conhecimento através da sua relação com a Biblioteconomia e às possibilidades que tal campo tem a oferecer para atividades práticas oriundas tradicionalmente do campo da Biblioteconomia, de tal forma que a Organização do conhecimento é definida como:

La Organización del Conocimiento, en particular, procura brindar subsidios teóricos (y retroalimentar se) com todo lo relativo al tratamiento de la información, particularmente el tratamiento temático de la información, y de un modo menos específico- pero no menos importante – a la gestión del uso social de la información .Barité (2001, p.38)

Conforme a tradição de S.R Ranganathan e suas leis da biblioteconomia. Barité fórmula premissas que acredita justificam a existência da Organização do Conhecimento como uma área do conhecimento, estas 10 premissas são Barité (2001) 1.El conocimiento es un producto social, una necesidad social,y un dinamo social 2.El conocimiento se realiza a partir de la información, y al socializarse se transforma em información. 3. la Estructura y la comunicación del conhecimento forman um sistema aberto. 4 El conhecimento debe ser organizado para su mejor aprovechamiento individual y social. 5. Existen “N” formas posibles de organizar el conhecimento. 6. Toda organización del conocimiento es artificial, provisional y determinista. 7. El conhecimento se registra siempre en documentos, como conjunto organizado de datos disponibles, y admite usos indiscriminados. 8. El conocimiento se expressa em conceptos y se organiza mediante sistemas de conceptos. 9. Los sistemas de conceptos se organizan para fins científicos, funcionales o de documentación. 10 Las leyes que rigen la organización de sistemas de conceptos son uniformes y previsibles, y se aplican por igual a cualquier área disciplinaria.

Suas duas primeiras premissas são a reafirmação do que foi discutido anteriormente, desde o primeiro seguimento acerca de Bliss, e estabelece o propósito da Organização do

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conhecimento asserção acerca da maneira que é gerado e para que sirva. A terceira premissa enfatiza a abertura do conhecimento através da realização da variedade de perspectivas possíveis na análise de um objeto e das perspectivas que podem surgir ou serem descobertas em decorrências de desenvolvimentos sociais com as quais pouco pode ter relação.

As três próximas premissas -a quarta, a quinta e a sexta- essencialmente reafirmam enunciados contidos nas três primeiras premissas , através da realização da importância social do conhecimento consideram que o conhecimento tem importância a algum indivíduo ou grupo social e portanto tem de ser organizado de forma que possibilitem o encontro deste conhecimento, portanto o conhecimento tem de ser organizado de alguma forma há diversas formas, maneiras e sistemas alguns com grande tradição mantidos por grandes organizações de prestígio e outras realizadas através de procedimentos empíricos, ambas por esta perspectiva advém de algum conjunto de princípios ou até mesmo ideologias não havendo portanto o ideal da universalidade.

As duas próximas premissas - a sétima, oitava, nona e décima - tratam do conhecimento. O conhecimento necessariamente precisa ser expresso para ser assimilado, e pode ser utilizado para diversas finalidades desde a resolução de um problema intelectual até questões empíricas como a exerção de uma profissão, para ser manifestado o conhecimento tem de ser expresso por conceitos tal como anteriormente tratado por Dahlberg. Tais conceitos se organizam em sistemas e a partir das tentativas de caracterizar o mundo ganham fins científicos entram em tal esfera de sistemas conceituais as classificações e as atividades com estes fins a qual poderíamos citar a indexação. Tais sistemas de conceitos são regidos por leis que se reafirmam universalmente em todos os processos que compõe a formulação de tais sistemas de conceitos, por exemplo, segundo Barité (2001) uma de tais leis universalmente recorrentes é a ocorrência universal da manifestação do mesmo tipo de relações -nominalmente de hierarquia, sinonímia e associações- em todos às ciências.

2.2.3 Organização do conhecimento sob a ótica de Birger Hjørland

Birger Hjørland é um membro da ISKO, um acadêmico e especialista internacionalmente renomado no campo da organização do conhecimento e um de seus teóricos mais importantes a seguir tentaremos explanar sua ótica acerca do significado do termo Organização do Conhecimento em sua história e teoria.

Hjørland pode ser observado por diversos âmbitos, em certas ocasiões é um historiador da Organização do Conhecimento, em outras é o teórico que tenta aplicar o estado

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atual dos paradigmas modernos da ciência como noções semióticas, pragmáticas entre outras noções a este campo portanto, deveremos necessariamente decompor seu pensamento em partes para sua melhor compreensão .

Antes de qualquer explanação é necessário entender o significado de alguns termos de prevalência em seu pensamento tal necessidade é suscitada não só pela importância de evitar ambiguidades, mas também por que expressões podem ser utilizadas com sentidos particulares em alguns contextos. Por tais motivos iremos não necessariamente definir o que é entendido por conhecimento, mas as maneiras de se olhar para potenciais definições visto que a perspectiva de Hjørland com relação a sua utilização no campo da Organização do conhecimento a palavra o conhecimento se dá através da ocorrência de uma meta-definição Hjørland (2008, p.97): “1.’positivist view’ : knowledge and KO as ‘a bare transcript or duplicate of some finished and done-for arrangement pre-existing in nature’. 2.’Pragmatic view’: Knowledge and KO as something constructed to deal with some human needs and interests.

Para tanto iniciaremos através de suas considerações a respeito da história da Organização do Conhecimento Hjørland (2019) a divide em: (1) History of the library classification systems, (2) History of the classification of the sciences (3) History of scientific taxonomies (classification in the sciences) (4) history of the theory of classification and concept theory (5) History of Knowledge organizing systems and processes (6) History of knowledge organization as a discipline.

Através de tal divisão história do desenvolvimento do campo é possível realizar algumas inferências acerca do que seria a Organização do Conhecimento, a primeira seria a observância da consideração da Organização do Conhecimento como uma ciência autônoma, mas associada a Biblioteconomia evidenciada pela inclusão de sistemas de classificação de bibliotecas na história deste campo.

A segunda consideração é que tal campo do conhecimento, sob o panorama histórico, tem como objeto não só o delineamento de noções abstratas acerca do conhecimento, mas também a produção de sistemas de ordenação e descrição do conhecimento, se tal perspectiva se esgotasse nestas duas considerações poderíamos pensar que já tratamos de visões semelhantes acerca de tais matérias e que nada há de inédito em tal abordagem.Entretanto, tal visão não se esgota nestas inferências, sendo:

KO [Knowledge Organization] is, however, a much broader concept , knowledge is organized in , among other things : the social division of

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labour (e.g, in disciplines), social institutions (e.g, universities), Languages and Symbolic systems, Conceptual systems and theories, Literature and genres. Hjørland (2003, p.88)

Nos segmentos anteriores deste trabalho observamos que a tradição literária da área já tratará da organização do conhecimento na sua primeira configuração -the social division of labour- a configuração do conhecimento instrumentalizado ao atendimento de questões necessariamente práticas tal como a configuração de profissões nas sociedades, tal visão é compartilhada por Hjørland (2008) que divide a organização do conhecimento em sua organização social e em sua organização cognitiva ou intelectual. A primeira conforme discutido neste parágrafo e a segunda como será discutida posteriormente neste seguimento. Em sua segunda configuração- social institutions- remete a noção anteriormente discutida de organização sob a estrutura conceitual de Bliss, inteirando tal dimensão de aspectos propriamente sociais e até mesmo sociológicos.

Sendo assim tal campo não só ser considerado da maneira que foi definida pelos seus aspectos mais largos, mas também como :

in the narrow sense meaning Knowledge Organization (KO) is about activities such as document description, indexing and classification performed in libraries, bibliographic databases, archives and other kinds of “memory institutions” Hjørland (2008, p86)

Sendo importante ressaltar a presença da indexação no total de tais atividades e necessariamente seu pertencimento tanto à Organização do Conhecimento quanto a biblioteconomia sob este contexto.

2.3 Organização Do Conhecimento E Organização Da Informação

Conforme dito no segmento introdutório ao delineamento das noções acerca do que seria a organização do conhecimento haveríamos não só de responder o questionamento mais importante para a presente exposição – nominalmente o que seria propriamente o campo da gestão do conhecimento e ainda qual a sua relação com a indexação tema bastante caro a este trabalho- uma questão nominalmente evocada não obteve qualquer ênfase até o presente momento, isto ocorre porque tal questão é necessariamente posfácial, visto que demandou um íntimo conhecimento das questões anteriormente tratadas.

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Este segmento pretende discutir a diferença da Organização do Conhecimento para a Organização da Informação adotando a perspectiva de que não há quaisquer diferenças que não a nomenclatura.

Através de um estudo bibliométrico acerca de ambos os termos foi constato por Hjørland (2012) que ambos tratam de assuntos, conceitos e as relações semânticas entre conceitos, sendo fruto do mesmo conhecimento teórico apesar da ênfase da organização da informação em aspectos pertinentes a web e a ênfase da organização do conhecimento em aspectos relacionados à bibliotecas e bases de dados bibliográficas, portanto, a adoção do termo Organização do Conhecimento é preferível à Organização da Informação por se distanciar das Ciências da Computação e se aproximar de campos como Social Semiotics, Science Studies , Study of Documents.

Outra corroboração a tal ponto de vista é a visão assumida por Smiraglia (2014) que afirma que ambos os termos organização do conhecimento e organização da informação são utilizados com o mesmo significado. Tal visão, no entanto, está longe de ser um consenso há posições. Há os que defendem a separação de ambos como, por exemplo, Café e Brascher (2008) que definem a diferença entre os temos na alegação que a Organização da Informação se voltaria á ocorrências individuais compreendendo sua organização sistemática em coleções ao passo que a Organização do Conhecimento se encarrega da construção de modelos. Havendo também posições que sustentam que tanto diferenciação entre os dois é válida como sua separação conforme:

both “information organization” and “Knowledge Organization” are fairly common terms in Contemporary LIS. While they can be Regarded as synonymous, they can also represent diferente, though, related, things. With “information organization” standing for a broader field of study, and “knowledge organization” focusing, in its narrower definition, on the representations of the subjects of information resources. Hider (2018, p.28)

Tais visões também ilustram a variedade de sentidos atribuídos à Organização da Informação sendo sua definição relativamente instável comparada às várias definições abordam neste trabalho acerca da organização do conhecimento, tal motivo fornece, portanto, outra razão para seguirmos a recomendação dada por Hjørland.

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3 INDEXAÇÃO

No segmento anterior discutimos as questões pertinentes à localização da indexação no esquema geral do conhecimento, vimos que nas diversas visões representadas um ponto de concordância geral é a presença da indexação entre os sistemas da Organização do Conhecimento, mas não podemos dizer que a indexação pertence exclusivamente a tal área por sua longa relação de pertencimento à Biblioteconomia, consideramos, portanto que a indexação pertence simultaneamente às duas áreas.

Havendo esgotado às questões pertinentes à demarcação da indexação no esquema geral do conhecimento, trataremos agora do que consiste na indexação. Indexar à primeira vista parece significar exclusivamente a produção de índices, é inegável que a indexação se encarrega da confecção de índices, mas este significado é demasiadamente simples, a insuficiência desta definição é particularmente emblemática na variedade de significados que a palavra obtém em uma série outros campos do conhecimento. Os mais prevalentes usos da palavra são na Economia e nas Ciências da Computação.

Percebendo então a fragilidade da associação entre a composição de índices e a significação da palavra não havermos de limitar seu significado a tanto. A este ponto é suficientemente claro em qual âmbito esta palavra está sendo utilizada, mas isto não nos exime da tarefa de definir o que é indexação. Não pretendemos fornecer uma definição única e inesgotável do termo, mas o definiremos com base na pluralidade intelectual de sua tradição de pensadores.

Haveremos de tratar, portanto da relação entre índices e indexação. Dissemos anteriormente que o significado da palavra não poderia estar ligado à construção de índices tais como os comumente encontrados no final de livros, no entanto, tal concepção de índices é insuficiente por somente conseguir explorar uma faceta da palavra índice. Se for verdade que esta palavra responde pelo significado anterior não se limita a tanto, uma evidência cabal é o significado que tinha em seu início ao recorrer a Etimologia veremos que a palavra decorre do latim romano mais especificamente do verbo index que significara:

any kind of indicator sign, token or mark; a person who reveals or points out (from which developed in the sense of one that betrays a secret, an informer, and a look-out man); the title slip of a scroll, and hence the title of a book ; a summary or a digest of a book or its table of contents; a list or catalogue of books and their authors; and an inscription or caption (WELLISCH,1983, p.147)

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Este significado se aproxima mais da significação almejada, mas também é insuficiente, índices não se confundem com sinais apesar de indicarem algo, e não são sumários apesar de descreverem o conteúdo de um livro em suas minúcias, índices não entregam segredos ou fazem delações como informantes mas esclarecem conteúdos obscurecidos que podem ser negligenciados sem a devida percepção , não são resumos mas sintetizam todo o conteúdo de um livro. É importante lembrar que conforme Wellisch (1983) a palavra index precede o advento do índice contemporâneo em sua devida estruturação, logo o índice contemporâneo foi nomeando devido a suas semelhanças às funções anteriormente descritas. Por meio do exame do significado da palavra índice podemos identificar os elementos que definem suas derivações indexação, sendo assim indexação pode ser definida como:

indexing , in a wider sense of the word, includes any device for discovering or rediscovering in a book , or in a collection of papers or notes such items of information or passages of text as may have a wanted relevance, This device is intended to perform the same sort of function as a person´s memory Holmstrom (1959, p.96)

Até agora podemos aferir que a indexação consiste na indicação do significado de algo, que pode ou não seguir a estrutura do índice que conhecemos e age como uma espécie de memória perpétua e desumana e necessariamente se reporta a indicação de sentido de um livro. Mas tal definição é insuficiente, pois índices não necessariamente se limitam a livros, códices ou pergaminhos. Inclusive o propósito deste trabalho reside inteiramente em demonstrar isto, sendo assim podemos definir indexação como as descrições das noções compostas em um item descritas com base no seu “conteúdo” de forma estruturada ou não e o estudo de matérias que envolvam tais práticas ou seu entorno, de forma sucinta a indexação se encarrega de (LANCASTER, 2004) identificar o assunto de que trata o documento.

A razão que leva a ocorrência de aspas na palavra conteúdo será devidamente explicada no decorrer deste trabalho. Ainda que definida pouco se foi falado acerca de seu propósito segundo (LANCASTER 2004 , p.1) a indexação tem como propósito “construir representações de documentos publicados numa forma que se preste a sua inclusão em uma algum tipo de base de dados” e em última instância o propósito da indexação é ilustrar ou sintetizar os conteúdos de um determinado item para fácil consulta e recuperação de informações.

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3.1 Uma Breve História Da Indexação

Antes de tocarmos em assuntos propriamente teóricos devemos voltar a história da indexação. Vimos anteriormente que o significado da palavra indexação precede a construção de índices estruturados agora ampliaremos tais noções através de uma breve explanação acerca da história da indexação.

3.1.1 Os Primeiros Resquícios da Indexação

Os Primeiros resquícios de indexação pertencem aos Sumérios, estes por muitos creditados como os inventores da escrita cuneiforme a desenvolveram por volta de 3000 a.c. A escrita era fundamental ao funcionamento da sociedade Suméria escreviam em placas de argila acerca do propósito de tais placas em sua civilização é dito:

The Sumerians, who lived in southern Mesopotamia (now roughly the lower half of Iraq), were the first to create word writing, in 3100 B.C., and the first to produce "textbooks," in 2900 B.C. Their need to record accounts motivated them, about 3500 B.C., to invent an elementary proto writing for marking on spherical or oblong hollow clay balls that contained tokens.( ...)Production of books in cuneiform script on clay tablets that were either sun dried or kiln baked persisted until the first century Kilgour (1998, p.6)

No entanto este material era bastante frágil e devido a fragilidade era necessário algo para garantir sua integridade física, esta necessidade foi mitigada pela invenção do envelope:

the idea of the envelope, of course, was to preserve the document from tempering; but to avoid having to break the solid cover, the document would either be written in full on the outside with the necessary signature seals, or it would be abstracted on the envelope, accompanied likewise by the seals Witty (1973, p.193)

Esta manifestação pode ser considerada a primeira manifestação histórica de uma indexação pela acepção anteriormente discutida, pois descreve um documento através da apresentação de um resumo, é verdadeiro que não podemos saber uma série de questões acerca do entorno desta civilização, mas ainda assim, tal fato é evidência necessária à ideia de que a indexação é muito mais antiga que a palavra romana que a nomeia.

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