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Organização Do Conhecimento E Organização Da Informação

Conforme dito no segmento introdutório ao delineamento das noções acerca do que seria a organização do conhecimento haveríamos não só de responder o questionamento mais importante para a presente exposição – nominalmente o que seria propriamente o campo da gestão do conhecimento e ainda qual a sua relação com a indexação tema bastante caro a este trabalho- uma questão nominalmente evocada não obteve qualquer ênfase até o presente momento, isto ocorre porque tal questão é necessariamente posfácial, visto que demandou um íntimo conhecimento das questões anteriormente tratadas.

Este segmento pretende discutir a diferença da Organização do Conhecimento para a Organização da Informação adotando a perspectiva de que não há quaisquer diferenças que não a nomenclatura.

Através de um estudo bibliométrico acerca de ambos os termos foi constato por Hjørland (2012) que ambos tratam de assuntos, conceitos e as relações semânticas entre conceitos, sendo fruto do mesmo conhecimento teórico apesar da ênfase da organização da informação em aspectos pertinentes a web e a ênfase da organização do conhecimento em aspectos relacionados à bibliotecas e bases de dados bibliográficas, portanto, a adoção do termo Organização do Conhecimento é preferível à Organização da Informação por se distanciar das Ciências da Computação e se aproximar de campos como Social Semiotics, Science Studies , Study of Documents.

Outra corroboração a tal ponto de vista é a visão assumida por Smiraglia (2014) que afirma que ambos os termos organização do conhecimento e organização da informação são utilizados com o mesmo significado. Tal visão, no entanto, está longe de ser um consenso há posições. Há os que defendem a separação de ambos como, por exemplo, Café e Brascher (2008) que definem a diferença entre os temos na alegação que a Organização da Informação se voltaria á ocorrências individuais compreendendo sua organização sistemática em coleções ao passo que a Organização do Conhecimento se encarrega da construção de modelos. Havendo também posições que sustentam que tanto diferenciação entre os dois é válida como sua separação conforme:

both “information organization” and “Knowledge Organization” are fairly common terms in Contemporary LIS. While they can be Regarded as synonymous, they can also represent diferente, though, related, things. With “information organization” standing for a broader field of study, and “knowledge organization” focusing, in its narrower definition, on the representations of the subjects of information resources. Hider (2018, p.28)

Tais visões também ilustram a variedade de sentidos atribuídos à Organização da Informação sendo sua definição relativamente instável comparada às várias definições abordam neste trabalho acerca da organização do conhecimento, tal motivo fornece, portanto, outra razão para seguirmos a recomendação dada por Hjørland.

3 INDEXAÇÃO

No segmento anterior discutimos as questões pertinentes à localização da indexação no esquema geral do conhecimento, vimos que nas diversas visões representadas um ponto de concordância geral é a presença da indexação entre os sistemas da Organização do Conhecimento, mas não podemos dizer que a indexação pertence exclusivamente a tal área por sua longa relação de pertencimento à Biblioteconomia, consideramos, portanto que a indexação pertence simultaneamente às duas áreas.

Havendo esgotado às questões pertinentes à demarcação da indexação no esquema geral do conhecimento, trataremos agora do que consiste na indexação. Indexar à primeira vista parece significar exclusivamente a produção de índices, é inegável que a indexação se encarrega da confecção de índices, mas este significado é demasiadamente simples, a insuficiência desta definição é particularmente emblemática na variedade de significados que a palavra obtém em uma série outros campos do conhecimento. Os mais prevalentes usos da palavra são na Economia e nas Ciências da Computação.

Percebendo então a fragilidade da associação entre a composição de índices e a significação da palavra não havermos de limitar seu significado a tanto. A este ponto é suficientemente claro em qual âmbito esta palavra está sendo utilizada, mas isto não nos exime da tarefa de definir o que é indexação. Não pretendemos fornecer uma definição única e inesgotável do termo, mas o definiremos com base na pluralidade intelectual de sua tradição de pensadores.

Haveremos de tratar, portanto da relação entre índices e indexação. Dissemos anteriormente que o significado da palavra não poderia estar ligado à construção de índices tais como os comumente encontrados no final de livros, no entanto, tal concepção de índices é insuficiente por somente conseguir explorar uma faceta da palavra índice. Se for verdade que esta palavra responde pelo significado anterior não se limita a tanto, uma evidência cabal é o significado que tinha em seu início ao recorrer a Etimologia veremos que a palavra decorre do latim romano mais especificamente do verbo index que significara:

any kind of indicator sign, token or mark; a person who reveals or points out (from which developed in the sense of one that betrays a secret, an informer, and a look-out man); the title slip of a scroll, and hence the title of a book ; a summary or a digest of a book or its table of contents; a list or catalogue of books and their authors; and an inscription or caption (WELLISCH,1983, p.147)

Este significado se aproxima mais da significação almejada, mas também é insuficiente, índices não se confundem com sinais apesar de indicarem algo, e não são sumários apesar de descreverem o conteúdo de um livro em suas minúcias, índices não entregam segredos ou fazem delações como informantes mas esclarecem conteúdos obscurecidos que podem ser negligenciados sem a devida percepção , não são resumos mas sintetizam todo o conteúdo de um livro. É importante lembrar que conforme Wellisch (1983) a palavra index precede o advento do índice contemporâneo em sua devida estruturação, logo o índice contemporâneo foi nomeando devido a suas semelhanças às funções anteriormente descritas. Por meio do exame do significado da palavra índice podemos identificar os elementos que definem suas derivações indexação, sendo assim indexação pode ser definida como:

indexing , in a wider sense of the word, includes any device for discovering or rediscovering in a book , or in a collection of papers or notes such items of information or passages of text as may have a wanted relevance, This device is intended to perform the same sort of function as a person´s memory Holmstrom (1959, p.96)

Até agora podemos aferir que a indexação consiste na indicação do significado de algo, que pode ou não seguir a estrutura do índice que conhecemos e age como uma espécie de memória perpétua e desumana e necessariamente se reporta a indicação de sentido de um livro. Mas tal definição é insuficiente, pois índices não necessariamente se limitam a livros, códices ou pergaminhos. Inclusive o propósito deste trabalho reside inteiramente em demonstrar isto, sendo assim podemos definir indexação como as descrições das noções compostas em um item descritas com base no seu “conteúdo” de forma estruturada ou não e o estudo de matérias que envolvam tais práticas ou seu entorno, de forma sucinta a indexação se encarrega de (LANCASTER, 2004) identificar o assunto de que trata o documento.

A razão que leva a ocorrência de aspas na palavra conteúdo será devidamente explicada no decorrer deste trabalho. Ainda que definida pouco se foi falado acerca de seu propósito segundo (LANCASTER 2004 , p.1) a indexação tem como propósito “construir representações de documentos publicados numa forma que se preste a sua inclusão em uma algum tipo de base de dados” e em última instância o propósito da indexação é ilustrar ou sintetizar os conteúdos de um determinado item para fácil consulta e recuperação de informações.