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3. INCENTIVOS FISCAIS

3.3. Incentivos fiscais e algumas formas de manifestação

3.3.3. Diferimento

É comum que os Estados incentivem determinados setores mediante o diferimento do tributo devido, hipótese em que o critério temporal para o cumprimento da obrigação tributária é alterado.

Deveras, o objetivo do diferimento é adiar a extinção do crédito tributário (pagamento, compensação etc.) para momento posterior. O clássico exemplo seria o do

Os créditos presumidos de ICMS que não sejam caracterizados como subvenção para investimento são qualificados como receita, na espécie subvenção corrente para custeio ou operação, devendo ser computados na apuração do resultado do exercício, utilizado na determinação do lucro real.

Dispositivos Legais: Lei n.º 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV; Decreto-lei n.º 1.598, de 1977, art. 38, §2.º, com redação dada pelo Decreto-lei n.º 1.730, de 1979, art. 1.º, inciso VIII; Decreto n.º 3.000, de 1999 (RIR/99), art. 392, inciso I, e art. 443; PN CST n.º 112, de 1979.

Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.

Crédito presumido de ICMS. Caracterização como subvenção corrente. Sujeição à tributação.

Os créditos presumidos de ICMS que não sejam caracterizados como subvenção para investimento são qualificados como receita, na espécie subvenção corrente para custeio ou operação, devendo ser computados na apuração do resultado do exercício, utilizado na determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Dispositivos Legais: Lei n.º 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV; Decreto-lei n.º 1.598, de 1977, art. 38, § 2.º, com redação dada pelo Decreto-lei n.º 1.730, de 1979, art. 1.º, inciso VIII; Lei n.º 8.981, de 1195, art. 57; Decreto n.º 3.000, de 1999 (RIR/99), art. 392, inciso I, e art. 443; PN CST n.º 112, de 1979.

Processo de Consulta n.º 57/2012

Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social − Cofins. Ementa: Crédito presumido. Base de cálculo. Inclusão.

O crédito presumido de ICMS, estabelecido pelo art. 629 do RICMS (Decreto n.º 1.980, de 2007) do Paraná, concedido quando da importação pelos portos e aeroportos desse Estado, integra a base de cálculo da Cofins apurada pela sistemática não cumulativa.

Dispositivos Legais: Art. 150 da Constituição Federal; Art. 97 da Lei n.º Lei n.º 5.172, de 1966 (CTN); Arts. 2.º e 3.º da Lei n.º 9.178, de 1998; Art. 1.º da Lei n.º 10.833, de 2003; Inciso XII do art. 79 da Lei n.º 11.941, de 2009; Arts. 392 e 443 do Regulamento aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 1999 (RIR/99); e Parecer Normativo CST n.º 112, de 1978.

Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep. Crédito presumido. Base de cálculo. Inclusão.

O crédito presumido de ICMS, estabelecido pelo art. 629 do RICMS (Decreto n.º 1.980, de 2007) do Paraná, concedido quando da importação pelos portos e aeroportos desse Estado, integra a base de cálculo da Contribuição para o PIS apurada pela sistemática não cumulativa.

Dispositivos Legais: Art. 150 da Constituição Federal; Art. 97 da Lei n.º Lei n.º 5.172, de 1966 (CTN); Arts. 2.º e 3.º da Lei n.º 9.178, de 1998; Art. 1.º da Lei n.º 10.637, de 2002; Inciso XII do art. 79 da Lei n.º 11.941, de 2009; Arts. 392 e 443 do Regulamento aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 1999 (RIR/99); e Parecer Normativo CST n.º 112, de 1978.

imposto plurifásico e não cumulativo, em que a obrigação de recolher o imposto é transferida para momento posterior àquele em que seria ordinariamente devido. Tal adiamento visa a conferir tratamento favorecido, por exemplo, a certo setor produtivo, destinando o cumprimento da obrigação tributária para outro setor que, em tese, estaria dotado de melhores condições de suportar o encargo.

A rigor, poder-se-ia sustentar que, enquanto a isenção afasta ou reduz o pagamento de um imposto, o diferimento livra uma operação do pagamento da obrigação tributária, onerando a operação posterior (a etapa subsequente)213.

Rubens Gomes de Sousa214, ao analisar o diferimento concedido pela legislação de IPI a um produto utilizado na fabricação de outro produto pelo mesmo fabricante, equipara tal instituto a uma “suspensão” e defende que, neste caso, por meio do “diferimento da incidência”, o valor do produto utilizado na industrialização de outro irá agregar-se ao valor deste último, sendo tributado como parte integrante do produto novo quando da sua saída. Em tal hipótese, restaria caracterizado que a utilização do primeiro produto configura uma etapa intermediária da produção.

Ao analisar o ICMS, Sylvio César Afonso215 aduz que o diferimento é “uma postergação do momento do recolhimento do tributo (o oposto, portanto, da forma tradicional), que pode vir a se concretizar em longínqua etapa de comercialização e aplicável com grande ênfase a produtos agropecuários, resíduos e sucatas, facilitando com isto, na essência do ICMS, a agregação de valores para uma futura tributação”.

Verifica-se, pois, que tal instituto é bem apropriado quando se pretende promover e fortalecer determinada cadeia produtiva, afastando-se o clássico sistema de débito e crédito dos tributos não cumulativos, em suas diversas fases de produção, para que a exigência do valor total devido recaia apenas na etapa final desta.

Quanto à equiparação entre diferimento e suspensão, esta é também acolhida por Marcos André Vinhas Catão, para quem não há “qualquer traço jurídico ou finalidade relevante pelo qual se possam distinguir as duas figuras, ou pelo simples fato de assim procederem algumas legislações fiscais”.

213

Todavia, em determinadas situações, o diferimento muito se assemelha à figura da isenção condicionada, visto que as normas veiculadoras do diferimento impõem condições cujo cumprimento pode vir a implicar verdadeira isenção definitiva do tributo.

214

SOUSA, Rubens Gomes. IPI e as vendas de ativo fixo. In: BRITO, Edvaldo Pereira (Coord.). Doutrinas

essenciais de direito tributário. São Paulo: RT, 2011. v. 3, p. 951.

215

BRITO, Edvaldo Pereira (Coord.). Doutrinas essenciais de direito tributário. São Paulo: RT, 2011. v. 4, p. 941.

Na linguagem do Supremo Tribunal Federal (RE 98.568-9-SP, DJ 07.10.1983), lastreada em doutrina de Ives Gandra Martins216, haveria a postergação da incidência. Ressalte-se o ementário 1.311-4, abaixo transcrito:

ICM. Diferimento. Leite in natura. Convênio ICM 7/77. O diferimento da incidência do ICM não ofende o princípio constitucional da não cumulatividade do tributo. Precedentes da Corte. Dissídio superado (Súm. 286). Recurso extraordinário não conhecido.

Nota-se, assim, que em relação aos produtos verdes, cuja cadeia pode o ente político pretender fortalecer, afigura-se adequado o manejo do instituto em tela, possibilitando que a carga tributária só incida, de fato, em etapa na qual se encontre contribuinte com maiores condições de arcar com tal ônus.

Por fim, cumpre registrar que o diferimento ora em pauta em nada se assemelha ao diferimento do direito de o contribuinte compensar os créditos, por meio de apropriações parciais mensais, no caso de bens do ativo, de que trata, por exemplo, a LC 102/2000, que deu nova redação ao art. 20, § 5.º, da LC 87/1996.