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Dimensão moral da política nacional de educação nas prisões no Brasil

RACIONALIDADE PUNITIVA E DIMENSÃO MORAL DA EDUCAÇÃO NAS PRISÕES BRASILEIRAS

2. DOS QUE ARRENEGAM OU BLASFEMAM DE DEUS OU DOS SANTOS Qualquer que arrenegar, descrer ou pesar de Deus, ou de sua

3.4 Dimensão moral da política nacional de educação nas prisões no Brasil

Nas conclusões de sua pesquisa de doutoramento intitulada A educação nas

Prisões: um estudo sobre a participação da sociedade civil, defendida junto ao

Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade de São Paulo, no ano de 2010, a professora Mariângela Graciano (2010, p.232), faz lembrar que historicamente, as atividades de educação para pessoas privadas de liberdade no Brasil, em geral, têm sido realizadas “por iniciativas de caráter privado”, sejam por organizações filantrópicas, por entidades religiosas, ou por demais grupos da sociedade civil. Esta mesma afirmação pode se extrair da análise apresentada nas páginas anteriores da presente pesquisa. Porém, os estudos de Mariângela Graciano (2010, p.236) também apontam para o fato de que, nos últimos anos, se pode identificar no país “alguns sinais de mudança no campo da educação em prisões”, que de certa forma apontam para “a constituição de um campo, ainda incipiente, de análise, formulação de ações públicas e mobilização sobre a educação nas prisões”. Ainda nas palavras da citada professora, “é inegável que o governo nacional assumiu a educação nas prisões como um campo específico de atuação, projetos foram implementados, marcos regulatórios estimulados, produção de informação induzidas”.

O trabalho de Mariângela Graciano contempla enquanto recorte temporal a primeira década dos 2000, e suas conclusões no sentido da identificação de sinais de mudança na educação de prisioneiros, coincidem com a gestação da política pública brasileira de educação na prisão, que mais tarde viria a ser robustecida com o processo de elaboração dos Planos Estaduais de Educação na Prisão, e de discussão do Plano Nacional de Educação nas Prisões81.

81 Apesar das mudanças, não se pode afirmar ainda que, hoje, uma política de âmbito nacional de

educação nos espaços prisionais já tenha sido consolidada, uma vez que os avanços na legislação ainda não significaram uma efetiva sistematização das práticas de educação nas prisões brasileiras.

O esforço empregado a partir daqui, é no sentido de demonstrar que, assim como ocorre na legislação penal e penitenciária pátria, também nos fundamentos da política nacional de educação nas prisões é possível identificar orientações na direção do discurso correcional do criminoso, o que reforça a dimensão moral com a qual a educação de pessoas privadas de liberdade concebida. O conjunto de iniciativas que viriam a compor essa tentativa de construção de uma política nacional, se por um lado afirmam o status de direito humano da educação praticada na prisão, por outro, vinculam a educação ao projeto ou lógica ou discurso sociológico da defesa social via ressocialização.

A publicação das Regras Mínimas para o Tratamento de Presos no Brasil pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, em 1994, foi o primeiro documento que viria a dar visibilidade sobre a problemática da educação nas prisões brasileiras. Porém, foi com o lançamento do Programa Nacional de Direitos

Humanos, em 1996, que a educação de pessoas privadas de liberdade passaria a

ocupar espaço definitivo na agenda política nacional. Entre as medidas a serem tomadas, a médio prazo, para a concretização dos direitos humanos no país, em relação às pessoas privadas de liberdade, incluiu o PNH-1 “promover programas de educação, treinamento profissional e trabalho para facilitar a reeducação e recuperação do preso”. Perceba-se, desde aí, a reprodução do discurso da transformação moral do preso através da oferta de educação.

No plano internacional, a chamada Declaração de Hamburgo, assinada pelo Brasil e publicada em 1997 ao final dos trabalhos da V Conferência Internacional de Educação de Adutos (Confintea), faz menção expressa à população prisional ao reconhecer, no Tema VIII, “o direito do detento à aprendizagem”, devendo os países signatários se comprometer a informar aos presos acerca das oportunidades de ensino, estimular o acesso, criar amplos programas de educação, e facilitar a participação da sociedade nas atividades.

Com vistas a implementação dos compromissos firmados por ocasião da V Confintea, no ano de 2001, o Plano Nacional de Educação brasileiro, aprovado pela Lei nº. 10.172, de 9 de janeiro daquele ano, inclui dentre suas metas decenais implantar nas unidades prisionais do país “programas de formação profissional e de educação de jovens e adultos de nível fundamental e médio”, corrigindo omissão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996. Em 2002, a segunda versão do Programa Nacional de Direitos Humanos, incluiria dentre suas metas “apoiar

programas que tenham como objetivo a reintegração social do egresso do sistema penitenciário e a redução das taxas de reincidência penitenciária”, dentre os quais, as atividades de educação e trabalho.

No ano de 2005 tem início um amplo processo de articulação entre o Ministério da Educação e o Ministério da Justiça, com o apoio da Unesco e financiamento do governo do Japão, bem como com a participação de segmentos da sociedade civil, que culmina com o lançamento do projeto Educando para a

Liberdade, que viria a se tornar “referência fundamental na construção de uma política pública integrada e cooperativa, marco para um novo paradigma de ação” acerca da educação nas prisões do Brasil.

As iniciativas começam quando a Coordenação Geral de Ensino do Departamento Penitenciário Nacional, atual, Coordenação Geral de Reintegração Social e Ensino, contata o Ministério da Educação no início de 2005 para a formação de um Grupo de Trabalho para definição de estratégias para a oferta de educação básica nas prisões do país. A proposta fora aceita, e a população prisional foi incluída na pauta de inclusão social da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, atual Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Segundo o documento Educando para a

Liberdade: trajetória, debates e proposições de um projeto para a educação nas prisões brasileiras, que sistematiza o conjunto dessas experiências, os principais

desafios que se apresentavam à época para a SECADI e a COAPE (órgão da Coordenação Geral de Reintegração Social e Ensino do DEPEN) eram: estender os serviços regulares de educação ao público prisional, incluindo-o nas políticas públicas oficiais do Brasil para a educação de jovens e adultos, e definir parâmetros para a oferta de educação nas prisões que contribuíssem para uma maior qualidade nos serviços.

As atividades foram iniciadas em julho de 2005 com a realização de visitas para diagnosticar a situação da educação nas prisões dos seis estados que participaram da fase primária do projeto: Ceará, Paraíba, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Os relatórios apresentados por ocasião das visitas evidenciaram os desafios: desarticulação entre as Secretarias de Educação e Penitenciária; capacitação inadequada dos profissionais de educação e penitenciário; dificuldades de ordem pedagógica.

trabalho, para a elaboração de propostas de intervenção. A idéia era que os representantes dos estados pudessem atuar como mobilizadores nas suas unidades da federação, assim, no final de 2005 e início de 2006 foram realizados nos estados pioneiros seminários de articulação, também com a participação de outros estados: Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão.

Na tentativa de impulsionar as iniciativas, o MEC e o MJ financiaram alguns projetos para ampliação da oferta de educação nas prisões dos estados, formação de profissionais e reprodução de material para mídia, assim, “foram investidos cerca de R$ 1,2 milhão (US$ 564 mil) em seis estados (Ceará, Paraíba, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Tocantins”. Ainda nessa primeira fase, foram realizadas consultas ao público de pessoas privadas de liberdade, mediante cinco conjuntos de atividades realizadas pelo Centro Teatro do Oprimido82, do Rio de Janeiro.

Ainda no ano de 2005 o Ministério da Educação e o Ministério da Justiça firmariam em setembro um protocolo de intenções para a institucionalização das ações na área de educação nas prisões, que mais tarde, viria a possibilitar a inclusão do público de pessoas privadas de liberdade nas ações dos dois ministérios.

Essa primeira fase do projeto teve fim com a realização do I Seminário Nacional de Educação em Prisões, realizado em Brasília, em junho de 2006, que deu origem ao documento Seminário Nacional pela Educação nas Prisões:

significados e proposições, contendo um conjunto de recomendações para o

aperfeiçoamento dos serviços de educação nas prisões do país. Aí também se revelam os fundamentos morais da educação pensada para as prisões, por exemplo, ao dispor o documento acerca da “a necessidade de se refletir sobre a importância que o atendimento educacional na unidade prisional pode vir a ter, para a reintegração social das pessoas atendidas”. Também inclui dentre suas metas, o referido documento, que sejam elaborados pelos estados currículos específicos “para a educação nas prisões que considere o tempo e o espaço dos sujeitos da EJA inseridos nesse contexto e que enfrente os desafios que ele propõe em termos da

82 O Projeto Teatro do Oprimido nas Prisões utiliza a técnica de teatro-fórum como estratégia para

estabelecer o diálogo e gerar compromissos de transformação no sistema prisional. Após oficinas de capacitação na metodologia do teatro-fórum, os diversos atores do sistema produzem peças de teatro trazendo à tona situações de opressão que fazem parte do seu cotidiano (Educando para a

Liberdade: trajetória, debates e proposições de um projeto para a educação nas prisões brasileiras, 2006, p.21).

sua reintegração social”.

Impende ressaltar que, no que diz respeito aos objetivos desta pesquisa, é certo que cada uma dessas iniciativas realizadas no contexto do projeto Educando para a Liberdade partia da lógica de uma educação na prisão tomada como instrumento de ressocialização, reforçando assim a dimensão moral da educação nas prisões, como expressamente se encontra no documento acima citado, a saber (2006, p.14):

Não se tratava, portanto, apenas de ampliar o atendimento, mas de promover uma educação que contribua para a restauração da autoestima e para a reintegração posterior do indivíduo à sociedade, bem como para a finalidade básica da educação nacional: realização pessoal, exercício da cidadania e preparação para o trabalho. (...)A educação a ser oferecida, além de seus aspectos formais de conteúdos adequados de formação e maturidade dos educandos, deveria ainda contribuir para o desenvolvimento desta capacidade de recuperação psicológica e social, para permitir “tornar- se sujeito da própria história”, além de estar associada à oferta de opções de profissionalização e de geração de renda.

No mesmo sentido, o professor Timothy Ireland (2012, p.31), que participou do processo de discussão no contexto do Educando para a Liberdade, ao explicar os objetivos do projeto, afirma que, o lançamento do Educando para a Liberdade buscou “provocar um debate público tanto sobre a educação em prisões e sua contribuição para a reabilitação do preso quanto sobre a necessidade de uma oferta mais sistêmica e ordenada”.

Ainda em 2006, é criada a Rede Latinoamericana pela Educação em Prisões – RedLECE, financiada pelo Programa Eurosocial da Comissão Européia para a Cooperação entre Europa e América Latina, e que viria a se constituir como uma das mais importantes organizações na articulação da política pública de educação nas prisões basileiras. Naquele mesmo ano, o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos incluiria dentre seus objetivos promover e garantir a elaboração e a implementação de programas educativos que assegurem, no sistema penitenciário, processos de formação na perspectiva crítica dos direitos humanos, com a inclusão de atividades profissionalizantes, artísticas, esportivas e de lazer para a população prisional e incentivar o desenvolvimento de programas e projetos de educação em direitos humanos nas penitenciárias e demais órgãos do sistema prisional, inclusive

nas delegacias e manicômios judiciários.

No ano de 2007, seria realizado o II Seminário Nacional de Educação em Prisões, também na cidade de Brasília, para a elaboração de uma proposta contendo diretrizes para a educação ofertada no sistema penitenciário do país. O primeiro parágrafo do texto referência do referido seminário já afirma a perspectiva moral com a qual a educação nas prisões é pensada, a saber:

No âmbito das políticas públicas de execução penal, ampliam-se a compreensão e o investimento em ações que tenham diretamente como objetivo central a reinserção social dos apenados, independente dos crimes cometidos. Em qualquer parte do mundo ocidental, por exemplo, quando se fala em propostas de “programas de ressocialização”, fala-se em atividades laborativas de cunho profissionalizante, bem como atividades educacionais, culturais, religiosas e esportivas.

Previa ainda o referido documento em suas metas “promover políticas integradas para ações de ressocialização.” No âmbito do Ministério da Justiça, ainda em 2007, seria lançado o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania – PRONASCI, na tentativa de articular as ações de segurança pública com a garantia de direitos. Incluiu dentre suas diretrizes a “ressocialização dos indivíduos que cumprem penas privativas de liberdade e egressos do sistema prisional, mediante implementação de projetos educativos, esportivos e profissionalizantes”.

Ainda na seara do programa Educando para a Liberdade, em 2007 foram financiados projetos de educação nas prisões em outros seis estados: Acre, Pará, Maranhão, Pernambuco, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. É relevante destacar que, até o início do projeto, existia junto ao DEPEN apenas um convênio vigente cujo objeto de trabalho era a educação em prisões, sendo que após o projeto, com a aproximação entre Ministério da Educação e Ministério da Justiça, esse número passou para doze.

O professor Timothy Ireland (2012, p.33) esclarece que esses movimentos de articulação conjunta, ao passar dos anos, viriam a ser responsáveis pela tomada de várias medidas concretas em prol da educação nas prisões, como por exemplo: a inclusão da população prisional dentre o público alvo das ações do Programa Brasil Alfabetizado; a oferta do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nas unidades prisionais; a oferta do Exame Nacional de Certificação de Educação de Jovens e

Adultos (Encceja) aos privados de liberdade; a criação do Programa Nacional de Inclusão de Jovens e Adultos (Projovem Urbano) nas penitenciárias; a inclusão da educação em prisões no Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); inclusão no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec); no Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja); nos Exames Supletivos Estaduais; no Programa Universidade para Todos (Prouni); no Programa Nacional do Livro Didático para Educação de Jovens e Adultos (Pnldeja); Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE); Programa de Formação Continuada (RENAFOR) e outros.

Importante destacar que cada uma destas iniciativas, influenciadas pelos debates que se sucederam desde o Programa Educando para a Liberdade, viria a tomar como pano de fundo a idéia de uma educação na prisão como instrumento de ressocialização do preso.

Em 2008, é realizado em Brasília o I Encontro Regional da América Latina de Educação em Prisões (I Seminário internacional), evento realizado para “o fortalecimento e a troca das experiências conduzidas nos vários países da região” e como etapa preparatória para a I Conferência Internacional de Educação em Prisões, prevista para acontecer em Bruxelas no mesmo ano, mas que fora abortada. As discussões sobre educação em prisões viriam a ser inseridas pela RedLECE no chamado Marco de Ação de Belém, durante a VI CONFINTEA, em 2009, cujo documento final inclui “oferecer educação de adultos nas prisões, apropriada para todos os níveis”.

No contexto do poder legislativo, após oito meses de atividades, é publicado no mês de julho o Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Sistema

Carcerário. Nas concepções norteadoras dos trabalhos, afirma o referido documento

que:

A reeducação daquele que se desviou do lícito se constitui em princípio e finalidade do sistema penitenciário. Além da privação da liberdade como castigo, há que se proporcionar ao que delinqüiu a possibilidade de rever seus erros e se preparar para assumir uma vida diferente da que o levou às prisões.

De forma não surpreendente, uma segunda comissão parlamentar de inquérito da Câmara dos Deputados, criada oito anos mais tarde, viria a publicar um novo relatório em agosto de 2015, consubstanciando a inclinação teórico-filosófica do parlamento nacional à ideologia da defesa social, ao discurso correcional da pena, e ao caráter instrumental da educação na prisão. Segundo o documento:

O homem, por ser um ser social e político, tem a necessidade de se organizar em grupos estruturados com a finalidade de obter a segurança e a paz social. Para tanto, os indivíduos abrem mão da chamada violência privada ou justiça pelas próprias mãos, atribuindo ao Estado o direito de punir. Com isso, busca-se a estabilidade social, já que é dever do poder estatal aplicar políticas públicas necessárias para a manutenção da ordem. Ou seja, o direito de punir é monopólio do Estado que o realiza por meio da atuação do Direito Penal, visando à preservação da paz pública, por meio da proteção da ordem existente na coletividade. O poder cogente das normas penais dirige-se a todos os integrantes, entretanto, nem todos praticam fatos delituosos. Ao contrário, somente uma minoria adota o caminho da criminalidade. À medida que a adoção das políticas públicas necessárias para propiciar o convívio harmônico no seio da sociedade não conseguem prevenir o delito, cabe o acionamento das ferramentas repressoras do Direito Penal para se manter a ordem social, por meio da retirada da sociedade daqueles que não conseguem respeitar as normas sociais estabelecidas. Diante disso, a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal, propiciando, também, as condições para harmonizar a integração social do condenado e do internado. (...) Ou seja, o sistema penitenciário deve assegurar os direitos fundamentais dos presos, de forma a garantir o pleno exercício de todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela Lei. Em contrapartida, deve o preso observar as normas do regimento interno do estabelecimento a qual está vinculado. Em relação ao trabalho, ele possui relevante papel na reparação do dano causado pela prática de uma conduta delituosa e na reincorporação social do apenado. Para a legislação, o trabalho dos presos tem como objetivo auxiliar no processo de reinserção social, na ocupação do tempo ocioso, na promoção da readaptação e no preparo de uma atividade laboral. (...) Essa latente desestruturação do sistema prisional intensifica a incredulidade da sociedade sobre uma possível reabilitação do preso e do seu retorno ao convívio social.

Dois anos após a aprovação de uma proposta de diretrizes para a educação nas prisões no II Seminário Nacional, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, através da resolução nº. 03, de março 2009, estabelece as Diretrizes

Nacionais para a Oferta de Educação nos Estabelecimentos Penais, criando pela

primeira vez na história do país um marco normativo de aplicação em todo o território brasileiro, referente a educação de privados de liberdade. No ano seguinte, em 2010, o Conselho Nacional de Educação aprovaria, através da resolução nº. 2,

de 19 e maio, as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educação para Jovens e

Adultos em Situação de Privação de Liberdade nos Estabelecimentos Penais,

reforçando as disposições contidas nas diretrizes do CNPCP.

Reconheceram expressamente as diretrizes, os fundamentos do projeto Educando para a Liberdade como suas referências básicas, incorporando como anexo inclusive, as proposições que resultaram do I Seminário Nacional. Atrelou-se assim o marco normativo da política pública da educação nas prisões do país, à tradição correcional da educação como instrumento.

Também em 2010 seria realizado na cidade de Brasília, no mês de junho, o II

Seminário Internacional de Educações em Prisões: Convergências e Perspectivas.

Dentre os encaminhamentos e propostas que resultaram do evento, incluiu-se: criação de um Conselho Nacional de Educação em Prisões e Reintegração Social no âmbito do DEPEN, formado por gestores estaduais; criação dos Planos Estaduais de Educação em Prisões; e criação de um Plano Estratégico de Educação nas Prisões83. Ainda em 2010, o Programa Nacional de Direitos Humanos 3 incluiria