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A dimensão territorial na análise das transformações agrícolas e a importância do controlo dos recursos naturais

Problemática e enquadramento teórico

1. Problemática

1.3.2. A dimensão territorial na análise das transformações agrícolas e a importância do controlo dos recursos naturais

A investigação “clássica” que, em França, se ocupou das causas e das consequências do processo de modernização da agricultura (Mendras, 1955; Servolin, 1972; Coulomb, 1973; Gervais, 1973) tem vindo a dar lugar a programas de investigação sobre as novas mudanças em curso na agricultura das economias ocidentais.

Neste âmbito, e para o caso francês, Jollivet (1992) problematiza os impactes ambientais da agricultura na perspectiva das implicações para os agricultores. A citação seguinte resume os principais aspectos do problema:

“(…), l’environnement’ n’est pas une simple mode, un air du temps qui passera avec le temps. C’est un champ nouveau qui s’ouvre au débat social et politique institué. C’est en outre un champ qui touche en profondeur l’imaginaire, les représentations et les systèmes de valeurs sociaux parce qu’il oblige à repenser les rapports entre société, technique et nature et donc tout se qui, dans l’organisation de la société, règle ces rapports (…). Du point de vue de l’agriculteur, trois choses, étroitement liées les unes aux autres sont en cause : son revenu, son métier et son statut dans la société. Nous sortons d’une période marquée par un contrat clair, assorti d’un modèle de développement bien défini, entre la société française et ses agriculteurs. Changer les termes de ce contrat n’est déjà pas une mince affaire, surtout s’il s’agit de prendre le contre- -pied des dispositions précédentes ” (Jollivet, 1992 : 10).

Para além de Jollivet, o actual debate francês em torno destas questões tem tido o contributo de autores como Kayser, Klatzmann, Bodiguel, Mormont e Hervieu.

O tema do “regresso ao campo” ocupou os três primeiros autores. Em França, e segundo Klatzmann, este fenómeno decorreu entre 1975 e 1991. A realização de inquéritos permitiu concluir que entre as razões do “regresso” estavam o desejo da população urbana de melhorar a sua qualidade de vida, residir numa habitação individual próxima do local de trabalho e beneficiar de todos os serviços básicos existentes nas colectividades rurais. A deslocação da indústria e depois dos serviços para cidades de pequena e média dimensão permitiu a criação de empregos e a presença na França rural de categorias socioprofissionais para além dos agricultores. Esta diversificação socio-económica teve sobretudo lugar na periferia das cidades e não no “rural profundo” que apresenta problemas de desertificação e ao qual são actualmente atribuídas novas funções ecológicas, estéticas e patrimoniais.

As novas procuras dirigidas ao espaço rural e as novas exigências feitas à actividade agrícola podem dar lugar à emergência de conflitos em torno do controlo dos recursos, como tivemos já oportunidade de referir.

A este propósito, e em termos explicativos, Kayser refere que deverá proceder-se a uma caracterização sociológica dos habitantes rurais e da sua inserção no mercado. Esta proposta fundamenta-se na hipótese segundo a qual serão diferentes as atitudes dos “agricultores tradicionais” (campesinato), dos “agricultores modernos” (empresários agrícolas) e dos “camponeses modernos” relativamente à terra de que são proprietários:

“Les propriétaires de terres ont des comportements différents selon leurs intérêts du moment: certains se battron pour préserver leur instrument de travail et réagiront à toute menace directe ou indirecte contre leur stratégies d’exploitation; d’autres, au contraire, intrigueront pour tirer de la vente de parcelles, ou même de leur propriété entière, le maximum de profit. Entre vendeurs et résistants, le conflit peut prendre des allures d’autant plus dramatiques que d’autres groupes sociaux sont amènes à s’engager dans la fracture crée au sein même du monde paysan ” (Kayser, 1991: 17).

Do ponto de vista político, Klatzmann refere que a resolução dos conflitos que se possam instalar no território rural deve passar por uma concertação que tenha em conta todos os elementos do problema: a produção agrícola, as condições de vida dos agricultores, as condições de vida dos habitantes rurais que não são agricultores, a saúde dos homens e a protecção da natureza para as gerações futuras (Klatzmann, 1991: 13).

A dimensão política presente nesta visão multifuncional é também sublinhada nos trabalhos de Hervieu e Pisani.

O livro Les Champs du Futur (1993) do primeiro autor refere que a aceleração do processo de concentração e de especialização agrícola, com os seus efeitos perversos em termos ambientais, não pode ser ignorada. Propõe então uma “outra política agrícola” inserida num “verdadeiro projecto de sociedade” e que implicará uma redefinição do estatuto socioprofissional do agricultor passando pelo

estabelecimento de formas “renovadas e individualizadas” de parceria com o Estado (Hervieu citado em Kayser, 1994: 176).

É neste sentido que vão as propostas de Pisani (1994) quando refere a necessidade de introdução de uma “lógica social fundadora de um novo projecto para o mundo rural (inventar uma nova ordem que vá ao encontro das expectativas sociais)” que deve acompanhar uma lógica “puramente agrícola e mercantil” (Pisani citado em Kayser, 1994: 178).

Também para Mormont, a questão da multifuncionalidade da agricultura deve formular-se politicamente no sentido de definir “em que espaço queremos viver”, referindo que:

“Los agricultores (y non la agricultura) solo encontrarán un lugar y una identidad en el marco de un nuevo contrato que contemple tanto el territorio y el espacio de vida como la producción de materias primas para la industria agroalimentaria. Especialmente en las regiones periféricas y/o marginadas, la cuestión del medio ambiente es mucho menos una cuestión de contaminaciones vinculadas a una agricultura intensiva que la del mantenimiento de una utilización del territorio que garantice:

- Un marco de vida ‘viable’ para las poblaciones tanto locales como temporales, tanto rurales como urbanas.

- Una protección de los paisajes, constituidos como patrimonio común y no como particularidad local.

- Una protección contra determinados riesgos específicos (incendios forestales…)” (Mormont: 1994: 42).

Para este autor, as actuais preocupações ambientais associadas à agricultura são simultaneamente um “efeito” e um “indicador” da relação entre a agricultura e o território, relação essa que o autor perspectiva do ponto de vista histórico. Defende ainda que muitas das ameaças ambientais do mundo rural são o resultado dos processos de urbanização e que, no caso das regiões “menos favorecidas”, essas ameaças decorrem essencialmente do “declínio agrário”.

A visão dicotómica “rural-urbano” e, sobretudo, a ideia de submissão do mundo agrícola aos imperativos do mundo urbano, estão bem visíveis na seguinte afirmação do autor:

“Los problemas de medio ambiente aúnan así en una sola cuestión el conjunto de las transformaciones que ha sufrido la agricultura; las hace visibles en sus contradicciones y, formuladas a menudo como acusaciones, no pueden sino acrecentar el resentimiento respecto del mundo exterior, reforzar la impresión que tienen muchos agricultores de ser dirigidos y maltratados, de perder aún más el control sobre su oficio y su futuro” (id: 33).

Mormont apresenta três condições para a definição futura da identidade dos agricultores:

• que as regiões rurais (“projecto regional”) comecem a pensar e a gerir de forma conjunta as questões agrárias, as questões ambientais e as questões relativas ao emprego;

• que esse projecto não isole os territórios rurais permitindo uma abertura (de pessoas e de ideias);

• que se proceda a uma definição de medidas de política que se traduza no ordenamento do território rural, na compensação (transferências financeiras) dos agricultores pela prestação de serviços ambientais, na preservação de uma espécie de “direito ao desenvolvimento dos próprios recursos” e no reconhecimento do “apego ao lugar e ao espaço enquanto valor” (id: 43-45).

A participação deste autor na obra dirigida por Jollivet e Eizner L’Europe et ses

Campagnes (1996) reafirma as ideias anteriormente apresentadas, nomeadamente

a concepção da ruralidade num duplo registo a partir do qual se estabelecem as relações entre agricultura e sociedade - enquanto valor de uso e enquanto valor de troca:

“(…), l’environnement constitue pour les espaces ruraux un double registre dans lequel ils peuvent se reconstituer un patrimoine et un valeur social pour la société globale. C’est un patrimoine socioculturel (au titre du paysage, des savoir-faire…) mais c’est aussi un ensemble de ressources

(pensons à l’eau, au paysage) qui peuvent constituer des objets de négociation avec les sociétés urbaines. Délocalisation des modes de vie et rareté des ressources naturelles peuvent ainsi constituer des thèmes qui conduisent à restaurer le rural comme ‘valeur indispensable’ au devenir de nos sociétés. Le rural se présenterait alors comme une manière dont nos sociétés pensent, à travers l’espace, la transformation de leurs rapports à la nature ” (Mormont, in Jollivet e Eizner, 1996 : 175).

O trabalho apresentado pelo grupo de prospectiva “Agricultura e Territórios”, dirigido por Lacomb, e com o título L’Agriculture à La Recherche de ses Futurs (2004) constitui uma referência importante na actual reflexão sobre a problemática agrícola e rural desenvolvida por autores franceses.

Embora esta reflexão do grupo incida sobre o caso francês, as dimensões de análise e as propostas apresentadas são pertinentes para o conjunto da agricultura europeia, nomeadamente no que se refere à importância atribuída à orientação das políticas públicas. Para o grupo, a centralidade da questão agrícola no debate político e social prende-se essencialmente com o “confronto doutrinal” entre os defensores de uma liberalização do sector e os partidários do intervencionismo. Acrescentam que a renovação daquela questão se prende com as novas solicitações e os novos valores sociais dirigidas à agricultura. É neste sentido que referem o seguinte:

“Longtemps limitée à une augmentation des quantités produites et une amélioration des performances, la politique agricole se trouve aujourd’hui confrontée à de nouvelles interrogations concernant la qualité sanitaire et le goût des produits, l’environnement et les ressources naturelles, la gestion des risques ou l’aménagement de l’espace. De ce fait, elle se trouve au cœur des préoccupations de ceux qui s’intéressent à l’aménagement et au développement des territoires et les débats sur la gestion du secteur agricole – par le marché, par l’intervention publique ou par une combinaison des deux – qui constituent des questions d’importance pour l’avenir des régions et des zones rurales ” (Lacomb, 2004: 10-11).

A introdução da dimensão territorial, substituindo-se a uma lógica de análise estritamente sectorial, constitui uma proposta que, de acordo com o grupo, irá permitir esclarecer o papel da agricultura e do espaço rural “dans l’ensemble de la société”, renovando perspectivas e pistas de mobilização (id: 11).

O interesse da utilização de uma aproximação prospectiva reside na possibilidade de exploração dos futuros possíveis tendo como ponto de partida a situação actual (caso francês), as forças em acção, as eventuais rupturas assim como as alternativas prováveis de acordo com o envolvimento dos diferentes actores (ibid).

Os quatro cenários apresentados (“adaptação da PAC”; “ordem industrial”; “a qualidade da origem”; “a agricultura dos serviços) são pensados a partir das seguintes dimensões: o “contexto”, a “política e os mercados”, as “formas de agricultura”, os “actores” e os “territórios”. Em cada um dos cenários é apresentada uma exploração-tipo no ano 2015.

Um dos grandes méritos deste trabalho reside, em nossa opinião, no facto de propor uma redefinição da “questão agrícola” a partir de um quadro de análise que privilegia o território em detrimento de uma aproximação sectorial. Devemos sublinhar ainda a discussão das opções políticas (incluindo a acção colectiva) no contexto de cada um dos cenários.

A diversidade do rural (enquanto “multiplicidade de espaços sociais”, cada um com a sua “lógica”, as suas “instituições” e a sua “rede de actores”) e das forças (internas e externas) da sua mudança é também uma proposta de Mormont que Murdoch e Marsden adoptam no livro Reconstituting Rurality.

Assim, e na esteira do primeiro autor, Murdoch e Marsden têm o propósito de contribuir para a redefinição do objecto da Sociologia Rural e, nesse sentido, apresentam o “rural” como o “resultado de uma variedade de processos económicos, sociais e políticos” cuja observação deve privilegiar a perspectiva do que designam por “land development”:

“The essential feature of development is (usually) a change in land use, one which alters the economic, political and sociocultural relations

surrounding particular pieces of land. Land use itself can be seen as a reflection of these relations. The discrete social demands on land, the political rules that surround its transfers between uses, and the tendency for capital to become ‘fixed’ in land, have produced a series of segmented land development markets orientated towards different sectors of production and consumption. The key rural land-development processes are constituted within the following markets: agriculture, forestry, industry, mining, housing and leisure” (Murdoch e Marsden, 1996: ix).

O processo de “land development” é estudado pelos autores a partir de uma localidade rural inglesa para a qual tentam identificar as “dimensões materiais e sociais da mudança rural”. Para eles, as “formas concretas” do desenvolvimento traduzem determinados valores e usos sociais. A adopção da perspectiva do “actor- -in-context” permite que a apresentação de algumas das conclusões do trabalho relativas à propriedade da terra e às estratégias dos agricultores neste domínio seja feita da seguinte forma:

“Seeing the farmer as an ‘actor-in-context’ is an attempt, therefore, to chart a course between deterministic macro analyses and individualistic attitudinal approaches. However weak farmers may become in political or economic terms, they remain important gatekeepers, overseeing the (re)use of land. Land, with its potential for conversion and development, may be a crucial asset in their attempts to preserve autonomy. Thus, the farmer remains an agent of rural change, particularly in relation to the management and use of land, the creation and re-creation of the physical environment. In order to consider the likelihood of certain land use patterns emerging we need to consider the reactions of farmers to their recent circumstances. We concentrate here on the use of land as perhaps the farmer’s strongest asset in the struggle to maintain autonomy” (id: 135).

A reflexão destes autores em torno da ideia de “land development” tinha sido já objecto de um artigo (“Regulating land development: local market structures and structured markets”) publicado na Rural Sociology em 1993. Também neste artigo, que conta ainda com a participação de Flynn, se considera que a terra e os direitos económicos e sociais que lhe estão associados assumem um papel central na mudança das sociedades rurais. Esta tese é demonstrada através do estudo da

reestruturação dos direitos da terra em Buckinghamshire face a pressões no sentido de usos alternativos (golfe e indústria) entre 1987 e 1992.

A problemática da relação entre propriedade e desenvolvimento rural foi objecto de outros estudos de caso ingleses. É o caso dos seguintes artigos publicados no

Journal of Rural Studies: “Landownership and rural development in the North

Pennines: a case study” de Wilson (1992) e “Regulating rural change: property rights, economy and environment - a case study from Cumbria, U.K.”, de Munton (1995).

Em qualquer destes estudos, parte-se da ideia segundo a qual estará em curso uma transformação dos direitos associados à terra dando resposta à alteração de valores e de novas procuras dirigidas aos territórios rurais.

Para o caso inglês deve ainda mencionar-se o livro The Rural Economy and the

British Countryside, editado por Allanson e Whitby (1996), que reúne um conjunto

de autores que são referências importantes na análise das questões agrícolas e rurais, incluindo a das novas funções associadas à produção agrícola.

Com o título “Um projecto para a economia rural” Lowe, por exemplo, sublinha o interesse público das áreas rurais assim como o modelo da sua gestão, nomeadamente a necessidade de revisão dos objectivos e dos meios do planeamento rural e da política agrícola evitando-se assim o risco de a sustentabilidade se tornar uma desculpa de “não desenvolvimento” por parte do ordenamento do território e um pretexto para a recepção de subsídios por parte dos agricultores. A proposta do autor vai no seguinte sentido:

“For rural planning this will involve a move away from the preoccupation with defending the entire agricultural land base. The classification of rural land for planning purposes should no longer rest solely on its food-growing potential, but should embrace other sustainability criteria. What is needed is a system that gives more assured protection to the environment reservoir functions and assets of rural areas. This requires both a more strategic approach to rural planning at the regional level and an altered outlook to development control” (Lowe, in Allanson e Whitby, 1996: 202).

Também para este autor a propriedade constitui uma variável-chave na preservação da reserva ambiental presente no território rural:

“The maintenance of the reservoir and society’s access to it depend upon those who own and manage rural land: this must be the prime justification for any continuation of state intervention in or support for agriculture” (ibid).

A questão das consequências ambientais da natureza jurídica da propriedade tinha sido já colocada por Hodge (1988) no artigo “Property institutions and environmental improvement” publicado no Journal of Agricultural Economics. O autor apresenta um estudo sobre a terra detida pelas associações inglesas designadas por Conservation, Recreation and Amenity Trusts (CART’s).

Retomamos o trabalho de Lowe para referir que, em 1997, este autor publicou com outros o livro Moralizing the Environment que defende a emergência de um paradigma ambiental onde a poluição é concebida como um assunto de natureza moral. Os autores sustentam que, no caso inglês, a poluição causada pela agricultura só começou a ser vista como tal nos anos 80 do séc. XX e que esse aspecto traduz uma nova relação entre os termos “agricultura”, “sociedade” e “natureza”. O livro ocupa-se de casos de poluição da água numa região inglesa e envolveu trabalho de campo (entrevistas aos agricultores e a informadores privilegiados e observação participante) para além do levantamento e análise de legislação com preocupações ambientais dirigida à agricultura. O principal objectivo do estudo consistiu na identificação das representações sociais daqueles diferentes actores relativamente à poluição causada pela produção agrícola e que sustenta a perspectiva da poluição como construção social.

As conclusões do estudo referem a existência de dois discursos morais entre os actores inquiridos: um discurso que remete para a “nova moralidade ambiental” e um discurso que envolve uma “velha moralidade rural” ancorada nas virtudes da “indústria da comunidade agrícola” (Lowe et al., 1997: 192). Esta última traduz a visão segundo a qual os “melhores” agricultores seriam os mais produtivos e pode estar associada ao “dever de cuidar da natureza”:

“This notion was often expressed by farmers in terms of keeping the land ‘in good heart’, including a sense that sound farming involved passing on the farm to the next generation in ‘a better condition’. Farmers also readily acknowledge a wider role that they played within the countryside, and often talked of their contribution to the making of the landscape. They used farming’s past contribution as a rethorical defense against contemporary accusations of polluting nature” (id: 201-202).

É também um autor inglês, Lowenthal, que num dos livros acima identificados (L’Europe et ses Campagnes) refere que existe em Inglaterra um horror ao abandono e à desordem da paisagem. Para os técnicos de ordenamento do território ingleses “terras não cultivadas equivalem a nação não civilizada” e, neste sentido, o autor refere:

“Le contrôle est le leitmotiv de la campagne et l’obsession de l’ordre est visible dans les paysages qu’on choisit de nous faire admirer. Le désordre, ce sont les mauvaises manières et l’agressivité; les haies et les murs indiquent des frontières clairement marquées. Tout doit être net ” (Lowenthal, in Jollivet e Eizner, 1996: 263).

Para este autor, a preservação do património presente na paisagem envolve a aceitação da inevitabilidade da redução da produção agrícola numa grande parte da terra arável e o alargamento do acesso das pessoas a esse património, alterando as regras da propriedade, que é apresentada como o “principal handicap” à implementação de uma gestão alternativa do território rural.

O tratamento sociológico do tema da “paisagem” tem permitido colocar questões interessantes sobre as novas funções e os novos papéis associados ao espaço agrícola e aos agricultores.

Um dos capítulos do número temático da revista Études Rurales de 1991, da autoria de Luginbuhl, apresenta a “socialização da paisagem” em termos históricos. Para além de permitir perceber a evolução das representações sociais associadas à paisagem, introduz a ideia da diversidade dessas representações e apresenta ainda os principais termos do debate actual em torno da produção de paisagem por parte