• Nenhum resultado encontrado

4. Realização da Prática Profissional

4.4. Participação na escola e relação com a comunidade

4.4.1. Direção de turma

O cargo de DT representa o nível intermédio de intervenção no âmbito da gestão escolar. A escola, na sua organização interna, possui vários níveis de intervenção no âmbito da gestão: intervenção ao nível macro (os responsáveis da gestão e direção da escola), intervenção ao nível meso (responsável do subdepartamento de EF, coordenador de departamento

57

curricular e DT), e a intervenção ao nível micro (o professor dentro da sala de aula) (Silva, 2007).

Centrando-me no papel do DT, este é reconhecido por ser “o professor

que acompanha, apoia e coordena os processos de aprendizagem, de orientação, de maturação dos alunos e de orientação e de comunicação entre os docentes, alunos, Pais/encarregados de educação e restantes agentes da ação educativa” (Silva, 2007, p. 45). Ao DT cabe a gestão de uma turma, que

implica várias tarefas desempenhadas pelo mesmo, nomeadamente, o controlo das faltas dos alunos, a notificação dos alunos para as datas de avaliações (testes escritos/práticos e exames nacionais), a comunicação entre professores e pais e vice-versa, que permite a passagem de informações sobre o aluno (processos disciplinares, repreensões ou outras instruções), a resolução de conflitos entre alunos e a transmissão de informações que sejam do seu interesse académico (e.g. atividades da escola, visitas de estudo).

O meu acompanhamento a este agente educativo ocorreu com uma turma do 9º ano de escolaridade da PC. Apesar de este cargo representar uma realidade presente no papel dos professores na escola, este nunca foi alvo de uma formação específica por parte da faculdade. Por este motivo, foi importante contar com o apoio da PC, que sempre partilhou comigo o seu conhecimento e as suas responsabilidades enquanto DT. Desta forma, foi mais fácil compreender as tarefas inerentes ao cargo e desempenhar algumas das suas funções. Apesar de não ter uma participação prática muito ativa no papel do DT, sempre estive a par de todas as situações que envolviam a sua direção. A principal tarefa que desempenhei foi o controlo das faltas e a transmissão de informação pertinente aos alunos. Todas as restantes atividades que envolviam o DT foram conferenciadas pela PC, em que eram expostos problemas e possíveis soluções (e.g. resolver o problema de desaparecimento de valores de um aluno; interagir com um pai que insistia em comparar a atitude do seu educando com a de outros alunos).

Uma das principais aprendizagens que adquiri centrou-se no modo como proceder na interação com os encarregados de educação, pois foram inúmeras as situações em que foi necessário interagir com as pessoas responsáveis pelos nossos alunos. Em alguns casos, foi nítido o desleixo que alguns pais apresentavam quanto à educação que deveriam prestar aos seus filhos,

58

delegando, muitas das vezes, essa responsabilidade somente ao professor. Noutros casos, os pais defendiam os seus filhos, comparando-os insistentemente com outros alunos, revelando não compreender a gravidade da situação e preocupando-se apenas em defender os seus filhos em vez de retaliar o seu comportamento/atitude: “O contato com os pais deve ser

cauteloso. É importante saber exatamente o que dizer e usar as palavras certas para que não sejamos mal interpretados. É essencial termos os pais do nosso lado, fazendo-os ver o que está certo ou errado com os seus filhos. O nosso principal objetivo é incluir os pais no processo de aprendizagem, contribuído para o sucesso escolar dos nossos alunos” (DB – semana 9). É

muito importante saber empregar corretamente as palavras neste tipo de situações. Quando se conversa com os encarregados de educação ou pais de um aluno, a forma como nos expressamos e como transmitimos a informação pode significar a diferença entre um problema resolvido ou o início de um novo problema. Este tipo de problema era sempre debatido com os professores da turma aquando das REP, dando a conhecer os alunos, o seu aproveitamento escolar e algumas situações ocorridas dentro e fora da sala de aula: “Ao final

da manhã, fui com o meu colega de estágio à REP do 6º ano onde foram abordados alguns assuntos importantes, nomeadamente, o comportamento de alguns alunos bem como o seu empenho nas disciplinas” (DB – semana 2).

Relativamente às REP, este tipo de reunião tinha como objetivo, para além da passagem de informações, a resolução de problemas com a ajuda dos elementos do conselho de turma. “No que respeita ao diretor de turma, o seu

papel como gestor curricular, será, desta forma, facilitado, através da execução das tarefas e de trabalho em equipa, por todos os elementos do Conselho de Turma, na medida em que todos os docentes estarão predispostos a adotar metodologias motivadoras do ensino-aprendizagem e flexionar o currículo de acordo com as reais necessidades da turma em geral e do aluno em particular” (Correia, 2007, pp. 36-37).

Para além das REP, o DT é também responsável por dirigir a reunião do conselho de turma e a reunião com os encarregados de educação. A primeira reunião ocorre antes do final de cada período, com todos os professores da turma e tem como principal intuito a discussão das classificações. Relativamente à reunião com os encarregados de educação, esta ocorre no

59

final de cada período, revelando ser “um momento importante uma vez que é a

altura em que se faz o resumo de todo o primeiro período e uma introdução daquilo que será o segundo. Nesta reunião os pais podem esclarecer todas as dúvidas e emitirem as suas opiniões sobre a escola, os professores, as aulas e outros assuntos pertinentes como as avaliações e os apoios aos alunos.” (DB –

semana 17).

No início do ano, comecei por cumprir esta tarefa (acompanhar a DT) sem possuir qualquer tipo de conhecimento sobre como a cumprir. Na verdade, a vivência prática das exigências do cargo foi imprescindível para a compreensão das funções de DT. Desde conversas com os encarregados de educação, organização e direção de REP, registo de faltas e ocorrências, preparação de visitas de estudo e acompanhamento do percurso escolar dos alunos, foram longas as exigências e situações em que a prática me mostrou um papel diferente daquele que eu idealizava. O papel do DT revelou ser um ponto de ligação importante na união da escola e da família em prol do sucesso escolar dos discentes. Sem este acompanhamento, quase especializado do DT, muitos alunos descuidariam o seu propósito na escola, desperdiçando a oportunidade de desenvolver o seu potencial. Considero que, consegui arrecadar um conhecimento que me permitirá no futuro desempenhar as funções que um DT deve desempenhar.