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DIREITO À EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

No constitucionalismo brasileiro, de forma amplamente inovadora, a Carta Magna de 1988 trouxe o princípio da Dignidade da Pessoa Humana como o valor maior do Estado, o cerne constitucional supremo em torno do qual gravitam os demais direitos. Os direitos fundamentais, abarcando aí os direitos sociais, são, pois, os guardiões desse princípio. Logo, a educação é um direito fundamental social cujo cumprimento garante o gozo da dignidade humana.

Deste modo, inicia-se a explanação sobre o direito à educação no texto constitucional de 1988, observando-o como fundamental, para posteriormente trazê-lo dentro dos critérios da gratuidade, obrigatoriedade e como direito público subjetivo, pontuados pelo professor Romualdo Portela de Oliveira (1998).

Não há como falar em direito fundamental à educação sem ao menos buscar algo a respeito do princípio da Dignidade Humana, vez que, nas palavras de Ana Paula de Barcellos (2001 apud SARLET, 2002, p. 111): “[...] só terá respeitada sua dignidade o indivíduo cujos direitos fundamentais forem observados e realizados, ainda que a dignidade não se esgote neles”.

Ainda, na expressão de Mariana Filchtiner Figueiredo:

Um dos poucos consensos teóricos do mundo contemporâneo diz respeito ao valor essencial do ser humano. Ainda que muitas vezes restrito ao discurso, ou que albergue concepções as mais diversas – e eventualmente até contraditórias – o fato é que a dignidade da pessoa humana, o valor do homem como um fim em si mesmo, é hoje um axioma da civilização ocidental e talvez a única ideologia remanescente (2007, p. 47).

Presentes tais considerações, passar-se-á a um breve exame do princípio da Dignidade Humana, não havendo aqui – pela prioridade dada à temática principal do presente estudo – a pretensão de esgotar o tema. Até porque, crê-se, que tal ideal seria inatingível, tendo em vista que novas concepções à dignidade humana, outrora inimagináveis, surgem a cada dia, o que coloca em xeque, a todo momento, os conceitos até então estabelecidos. O objetivo é evidenciar os pontos que direta ou indiretamente correlacionam o princípio da Dignidade da Pessoa Humana ao direito fundamental à educação.

Indispensável para estudo, portanto, é assinalar quatro momentos fundamentais no percurso histórico do aludido princípio: o cristianismo, o iluminismo-humanista, a obra de Immanuel Kant e os refluxos de horrores da Segunda Guerra Mundial, nessa ordem (BARCELLOS, 2002).

O conceito de pessoa, como categoria espiritual, com subjetividade, que possui valor em si mesmo, como ser de fins absolutos, e que, em consequência, é possuidor de direitos subjetivos ou direitos fundamentais possuindo dignidade, surge com o Cristianismo, uma vez que o ser humano na concepção cristã foi criado à imagem e semelhança de Deus (SANTOS, 1998). Naquele contexto, violar a dignidade da criatura seria, em última análise, violação à vontade do próprio Criador.

Após muitos séculos, o movimento iluminista, com a crença na razão humana, foi o responsável por retirar da religiosidade o foco da maneira de pensar, substituindo-a pelo próprio homem. O desenvolvimento teórico do humanismo resultou em um conjunto de consequências relevantes para o desenvolvimento da ideia de dignidade humana, como a preocupação com os direitos individuais do homem e o exercício democrático do poder. Com efeito, a regra majoritária era a fórmula capaz de realizar a igualdade essencial de cada homem no âmbito da deliberação política (BARCELLOS, 2002).

Seguindo o curso histórico, não se pode deixar de mencionar Immanuel Kant, segundo o qual o homem é um fim em si mesmo, não podendo nunca ser coisificado ou utilizado como meio de obtenção de qualquer objetivo. As coisas, que podem se trocadas por algo equivalente, têm preço; as pessoas, dignidade (BERNARDO, 2006).

Além de Kant diversos pensadores contribuíram para o desenvolvimento do valor da dignidade humana, como Hugo Grócio, Thomas Hobbes, John Milton, Samuel Pufendorf, Rousseau. Contudo, o pensamento kantiano foi considerado pela doutrina como o marco da concepção moderna de dignidade e direitos humanos. Neste sentido, Ingo Wolfgang Sarlet (2001, p. 34) afirma que:

Kant construiu sua concepção a partir da natureza racional do ser humano, observando que a autonomia da vontade é um atributo próprio dos seres racionais. Há uma citação interessante do autor que valora a dignidade: no reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode pôr-se em vez dela, qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo preço, e não permite equivalente, então tem ela dignidade... Esta apreciação dá pois a conhecer como dignidade o valor de uma tal disposição de espírito e põe-se infinitamente acima de todo preço. Nunca ela poderia ser posta em cálculo ou em confronto com qualquer coisa que tivesse um preço, sem de qualquer modo ferir sua santidade.

O último momento, especialmente, marcante no transcurso histórico de noção de dignidade humana foi a Segunda Guerra Mundial, em que se perdeu, em boa parte, a noção do valor inerente à vida humana.

Na visão de Ana Paula de Barcellos (2002, p. 108): “A terrível facilidade com que milhares de pessoas – não apenas alemãs, diga-se, mas de diversas nacionalidades europeias – abraçaram à ideia de que o extermínio puro e simples de seres humanos podia consistir em uma política de governo válida ainda choca”.

Devido a reação à barbárie do nazismo e dos fascismos em geral, a Dignidade da Pessoa Humana foi consagrada no plano internacional e interno com importância máxima nos ordenamentos jurídicos, além de intitulada princípio orientador da atuação estatal e dos organismos internacionais. Vários países atentaram de introduzir em suas Constituições a Dignidade da Pessoa Humana como fundamento do Estado que se criava ou recriava, juridicizando, com estatura constitucional, o tema.

No ordenamento jurídico brasileiro, a dignidade foi assegurada pela Carta Magna de 1988, que a elencou como fundamento da República Federativa do Brasil, isto é um dos pilares estruturais fundamentais da organização do Estado brasileiro, previsto no art. 1º, inciso III da Constituição.

Na lição de Sarlet (2001), no contexto do constitucionalismo brasileiro, a Dignidade da Pessoa Humana não configura um direito fundamental, mas vige como princípio e valor fundamental – ou princípio jurídico-constitucional e infraconstitucional fundamental.

Tal princípio impõe um dever de abstenção e de condutas positivas tendentes a efetivar e proteger a pessoa humana. É imposição que recai sobre o Estado de respeitá-lo, protegê-lo e o promover com condições que viabilizem uma vida com dignidade. Ingo Wolgfang Sarlet (2001, p. 109) amplia sua abrangência:

Para além desta vinculação (na dimensão positiva e negativa) do Estado, também a ordem comunitária e, portanto, todas as entidades privadas e os particulares encontram-se diretamente vinculados pelo princípio da dignidade da pessoa humana [...]. Que tal dimensão assume particular relevância em tempos de globalização econômica.

Sendo assim, tem-se por Dignidade da Pessoa Humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham lhe garantir condições existenciais.

Mariana Filchatiner Figueiredo (2007, p. 52) disserta sobre o tema:

[...] pode-se compreender que a dignidade como qualidade intrínseca de todo o ser humano, é irrenunciável e inalienável, qualificando-o como tal e dele não podendo ser destacada. Todos são iguais em dignidade [...]. Inadmissível cogitar-se de uma pessoa sem dignidade, por mais ultrajantes que sejam os atos praticados pela mesma, por mais graves que sejam as deficiências pessoais, ou ainda evidentes que tenham sido os atos tendentes à renuncia da própria dignidade. Trata-se de uma capacidade potencial de autodeterminação, independendo de efetiva realização no caso concreto.

O direito fundamental à educação, uma vez determinado como essencial a plenitude humana, traduz-se em uma das condições mínimas para uma vida digna, portanto é parte essencial do princípio da Dignidade da Pessoa Humana, conforme entendimento dos tribunais de justiça:

Acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro determinou a entrega de histórico escolar de aluno menor, o qual fora retido por estabelecimento particular de ensino em razão de inadimplência de mensalidades escolares, observando que: O direito à educação é de natureza social, está previsto na Constituição, tem a ver com a dignidade da pessoa humana e com o exercício da cidadania (TJRJ, 1999, p. 39).

Assim, tem-se a educação como uma das condições de que a pessoa necessita para viver em sociedade, para ter uma vida digna, sobretudo no que se refere ao ensino público gratuito e de qualidade, que se traduz como direito público subjetivo, como condição mínima essencial para uma existência digna.

Neste sentido é a lição do Professor Celso Antonio Pacheco Fiorillo (2000, p. 14):

[...] para que a pessoa humana possa ter dignidade (CF, art. 1º, III) necessita que lhe sejam assegurados os direitos sociais previstos no art. 6º da Carta Magna (educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados) como ‘piso mínimo normativo’, ou seja, como direitos básicos (grifo nosso).

Ana Paula Barcellos (2002, p. 180) também comunga deste mesmo entendimento:

Os direitos à alimentação, saúde e educação, embora não sejam originariamente fundamentais, adquirem o status daqueles no que concerne à parcela mínima sem a qual o homem não sobrevive (grifo nosso).

Para Daniel Sarmento (2000), o Estado tem não apenas o dever de se abster de praticar atos que atentem contra a dignidade humana, como também o de promover esta dignidade por meio de condutas ativas, garantindo o mínimo existencial para cada ser humano em seu território. O homem tem a sua dignidade aviltada não apenas quando se vê privado de

alguma das suas liberdades fundamentais, como também quando não tem acesso à alimentação, educação básica, saúde, moradia etc.

Todavia, qual seria o mínimo indispensável para o efetivo cumprimento do direito fundamental à educação e o atendimento ao princípio da Dignidade da Pessoa Humana? Como determinar quais fatores são essenciais para garantir o direito fundamental a educação e a Dignidade da Pessoa Humana?

Essas e outras questões referente à materialização do direito fundamental à educação - elevado a extrema importância no ordenamento legal brasileiro, devido a sua participação na composição do princípio da Dignidade da Pessoa Humana - vagaram insolúveis até o surgimento do CAQi como mecanismo de efetivação de um patamar mínimo que garante a o direito à educação com qualidade e gozo da dignidade humana, conforme será aprofundado nos próximos capítulos.

Isto posto, passa-se a análise da natureza jurídica do Direito à Educação na Constituição Federal de 1988, que em síntese, esclarece Clarice Seixas Duarte (2007, p. 692):

O direito à educação está previsto no artigo 6º da Constituição Federal de 1988 como um direito fundamental de natureza social, sendo detalhado no Título VIII, Da Ordem Social, especialmente nos artigos 205 a 214, dispositivos nos quais se encontram elencados uma série de aspectos que envolvem sua concretização, tais como os princípios e objetivos que o informam, os deveres de cada ente da Federação para com a garantia desse direito, a estrutura educacional brasileira, além da previsão de um sistema próprio de financiamento, que conta com a vinculação constitucional de receitas. Trata-se de parâmetros que devem pautar a atuação do legislador e do administrador público, bem como critérios que o Judiciário deve adotar quando chamado a julgar questões que envolvam a implementação deste direito.

Nesse passo, na intenção de compreender a importância do direito à educação dentro do ordenamento constitucional brasileiro, cumpre entender o conceito de direito fundamental, social e público subjetivo11.

Quanto aos direitos fundamentais, como se sabe não é divisada uma uniformidade terminológica, recebendo múltiplas outras designações (direitos do homem, direitos humanos,

11 Quanto à relação entre direito púbico subjetivo e direito social, salienta que o direito à educação apesar de ser

um direito social tem caráter público subjetivo, visto que no Estado Social, a proteção do direito individual faz parte do bem comum. Isto é, o direito público subjetivo visa resguardar interesses individuais, todavia quando os mesmos coincidem com o interesse público significa o reconhecimento de que o indivíduo pode fazer funcionar a máquina estatal em seu interesse não se chocando com o bem comum; ao contrário, faz parte dele. O reconhecimento de pretensões aos indivíduos pela lei vem reforçar a proteção de sua liberdade e não transformá- los em direitos privados. Assim a figura do direito público subjetivo, quando utilizada para proteger um bem que é ao mesmo tempo individual e social, deve se prestar à exigibilidade do caráter coletivo de tais direitos, ou seja, à exigibilidade de políticas públicas (DUARTE, 2004). Para o aprofundamento da questão recomenda-se a leitura de Clarisse Seixas Duarte (2004).

direitos individuais, direitos naturais etc.). Buscando evitar o desvirtuamento do objetivo principal, não se realizará maiores incursões nessa seara, motivo pelo qual se deixa de acentuar as distinções doutrinárias comumente suscitadas. Para maior desenvolvimento do atributo da fundamentalidade, que aponta para o especial relevo que deve merecer a proteção de tais direitos (ALEXY, 1993).

Na Constituição Federal de 1988, no Título II, os Direitos e Garantias Fundamentais, são subdivididos em cinco capítulos (BRASIL, 1988):

a- Direitos individuais e coletivos: são os direitos ligados ao conceito de pessoa humana e à sua personalidade, tais como à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança, à honra, à liberdade e à propriedade. Estão previstos no artigo 5º e seus incisos;

b- Direitos sociais: o Estado Social de Direito deve garantir as liberdades positivas aos indivíduos. Esses direitos são referentes à educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer, segurança, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. Sua finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, concretizando assim, a igualdade social. Estão dispostos a partir do artigo 6º;

c- Direitos de nacionalidade: nacionalidade, significa, o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo com que este indivíduo se torne um componente do povo, capacitando-o a exigir sua proteção e em contra partida, o Estado sujeita-o a cumprir deveres impostos a todos;

d- Direitos políticos: permitem ao indivíduo, através de direitos públicos subjetivos, exercer sua cidadania, participando de forma ativa dos negócios políticos do Estado. Estando prescritos no artigo 14;

e- Direitos relacionados à existência, organização e a participação em partidos políticos: garante a autonomia e a liberdade plena dos partidos políticos como instrumentos necessários e importantes na preservação do Estado democrático de Direito. Estes, elencados no artigo 17.

Oportuno se faz salientar, que todo ser humano já nasce com direitos e garantias, não podendo estes serem considerados como uma concessão do Estado, pois, alguns destes direitos são criados pelos ordenamentos jurídicos, outros são criados através de certa manifestação de vontade, e outros apenas são reconhecidos nas cartas legislativas (SILVA, 2006).

Os Direitos Fundamentais, ou Liberdades Públicas ou, ainda, Direitos Humanos são definidos como conjunto de direitos e garantias do ser humano, cuja finalidade principal é o respeito a sua dignidade, com proteção do poder estatal e a garantia das condições mínimas

de vida e desenvolvimento do ser humano, ou seja, visa garantir ao ser humano, o respeito à vida, à liberdade, à igualdade e a dignidade, para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. Esta proteção deve ser reconhecida pelos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais de maneira positiva (SILVA, 2006).

A autora Flávia da Silva (2006) destaca, ainda, as principais características dos Direitos Fundamentais:

a- Historicidade: os direitos são criados em um contexto histórico, e quando colocados na Constituição se tornam Direitos Fundamentais;

b- Imprescritibilidade: os Direitos Fundamentais não prescrevem, ou seja, não se perdem com o decurso do tempo. São permanentes;

c- Irrenunciabilidade: os Direitos Fundamentais não podem ser renunciados de maneira alguma;

d- Inviolabilidade: os direitos de outrem não podem ser desrespeitados por nenhuma autoridade ou lei infraconstitucional, sob pena de responsabilização civil, penal ou administrativa;

e- Universalidade: os Direitos Fundamentais são dirigidos a todo ser humano em geral sem restrições, independente de sua raça, credo, nacionalidade ou convicção política;

f- Concorrência: podem ser exercidos vários Direitos Fundamentais ao mesmo tempo;

g- Efetividade: o Poder Público deve atuar para garantis a efetivação dos Direitos e Garantias Fundamentais, usando quando necessário meios coercitivos;

h- Interdependência: não pode se chocar com os Direitos Fundamentais, as previsões constitucionais e infraconstitucionais, devendo se relacionarem para atingir seus objetivos;

i- Complementaridade: os Direitos Fundamentais devem ser interpretados de forma conjunta, com o objetivo de sua realização absoluta.

Outro ponto relevante é a gerações dos Direitos Fundamentais que os autores fazem baseados na ordem histórico-cronológica, em suma (SILVA, 2006):

a- Os direitos da primeira geração ou primeira dimensão inspirados nas doutrinas iluministas e jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII: seriam os Direitos da Liberdade, liberdades estas religiosas, políticas, civis clássicas como o direito à vida, à segurança, à propriedade, à igualdade formal (perante a lei), as liberdades de expressão coletiva, etc. São os primeiros direitos a constarem do instrumento normativo constitucional, a saber, os direitos civis e políticos. Os direitos de liberdade têm por titular o indivíduo, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico, sendo, portanto, os direitos de resistência ou de oposição perante o Estado, ou seja, limitam a ação do Estado.

b- Segunda geração ou segunda dimensão: seriam os Direitos da Igualdade, no qual estão à proteção do trabalho contra o desemprego, direito à educação contra o analfabetismo, direito à saúde, cultura, etc. Essa geração dominou o século XX, são os direitos sociais, culturais, econômicos e os direitos coletivos. São direitos objetivos, pois conduzem os indivíduos sem condições de ascender aos conteúdos dos direitos através de mecanismos e da intervenção do Estado. Pedem a igualdade material, através da intervenção positiva do Estado, para sua concretização. Vinculam-se às chamadas “liberdades positivas”, exigindo uma conduta positiva do Estado, pela busca do bem-estar social.

c- Terceira geração ou terceira dimensão, que foram desenvolvidos no século XX: seriam os Direitos da Fraternidade, no qual está o direito a um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, progresso, etc.Essa geração é dotada de um alto teor de humanismo e universalidade, pois não se destinavam somente à proteção dos interesses dos indivíduos, de um grupo ou de um momento. Refletiam sobre os temas referentes ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade.

d- Quarta geração ou quarta dimensão, que surgiu dentro da última década, por causa do avançado grau de desenvolvimento tecnológico: seriam os Direitos da Responsabilidade, tais como a promoção e manutenção da paz, à democracia, à informação, à autodeterminação dos povos, promoção da ética da vida defendida pela bioética, direitos difusos, ao direito ao pluralismo etc. A globalização política na esfera da normatividade jurídica foi quem introduziu os direitos desta quarta geração, que correspondem à derradeira fase de institucionalização do Estado social. Está ligado a pesquisa genética, com a necessidade de impor um controle na manipulação do genótipo dos seres, especialmente o homem.

As três primeiras gerações exprimem os ideais de Liberdade (direitos individuais e políticos), Igualdade (direitos sociais, econômicos e culturais) e Fraternidade (direitos da solidariedade internacional), que compõem atualmente os direitos fundamentais.

Além da legislação nacional, os Direitos Fundamentais são reconhecidos mundialmente, por meio de pactos, tratados, declarações e outros instrumentos de caráter internacional. Um dos principais documentos que elucidam a importância de tais direitos é, a já mencionada, Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU-1948), onde especifica que os referidos Direitos Fundamentais já nascem com o indivíduo e, por essa razão, diz que os direitos são proclamados, ou seja, eles pré existem a todas as instituições políticas e sociais, não podendo ser retirados ou restringidos pelas instituições governamentais, que por outro lado devem proteger tais direitos de qualquer ofensa.

Na visão de Canotilho (1998, p. 359) os Direitos Fundamentais “são os direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espaço-temporalmente”.

Para Develatti (2006, p. 14) “em suma, a expressão Direitos Fundamentais visa a transmitir significado ao conjunto dos direitos subjetivos que têm assento, expresso ou não, na Constituição, a qual serve de fundamento e alicerce do Estado”.

Portanto, a educação, como um dos Direitos Fundamentais do homem, deve ser assegurada de maneira primordial. Ínsita no direito à vida é instrumento basilar para que o homem possa se realizar como tal.

Ademais, resta esclarecer que o papel de destaque foi conferido aos Direitos Fundamentais no ordenamento jurídico brasileiro, em virtude do modelo de Estado adotado pela Constituição Federal, conforme explica Clarice Seixas Duarte:

O Brasil constitui um Estado social de direito de inspiração democrática por