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LEGISLAÇÃO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO NO MUNICÍPIO DE

Neste item serão apresentados os dados relativos à valorização remuneratória docente constantes na legislação municipal de Florianópolis referente o magistério público, com a intenção de verificar se existem elementos que incentivam remuneratoriamente o professor a aperfeiçoar-se a fim de contribuir para qualidade da educação, posteriormente, as análises apresentadas serão atinentes aos salários pagos aos professores.

Dos dados gerais da capital do estado de Santa Catarina, é importante situar que Florianópolis localiza-se em uma ilha na região central litorânea. É o segundo maior município em população, atrás apenas de Joinville, tendo população residente estimada de 461.524 (quatrocentos e sessenta e um mil quinhentos e vinte e quatro) segundo dados do ano de 2014 do IBGE (IBGE, 2014).

Na composição etária, o contingente da população até 14 anos de idade em 2010 era menor que o de 2000, isto é, Florianópolis vem diminuindo a demanda potencial da população por educação básica, nas etapas da educação infantil e do ensino fundamental, que são da competência dos municípios. Ainda assim, o atendimento escolar não foi universalizado para as crianças nas faixas etárias entre 0 e 5 anos de idade, segundo dados de 2010. Os grupos de idade de maior contingente populacional encontram-se entre os 20 e os 34 anos de idade, com destaque para o grupo dos 25 aos 29 anos (IBGE, 2010).

O PIB do município cresceu 77% entre 2000 e 2010, aproximando-se dos R$ 10 bilhões. O PIB per capita, contudo, cresceu em velocidade relativamente menos acentuada no período (46%), visto que o PIB não acompanhou o crescimento da população. Florianópolis figura na 55ª posição entre os 100 municípios de PIB mais elevado, porém, não comparece entre os 100 de PIB per capita mais elevado (IBGE, 2010). Ainda, Florianópolis possui um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH) de 0,847 e um Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 0,8401 numa escala de 0 a 1 (PREFEITURA MUNICIAPL DE FLORIANÓPOLIS, 2015b). Bem como, no Ensino Fundamental, o IDEB alcançado por todas as esferas administrativas públicas foi de 5,25 na média em 2014; com uma reduzida taxa de abandono e uma taxa de aprovação de 96,8% nos anos iniciais e de 88,5% nos anos finais (PREFEITURA MUNICIAPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2015b).

Segundo dados do MEC/Inep/DEED/Censo Escolar em 2014, a Rede Municipal de Ensino de Florianópolis era composta por 115 (cento e quinze) unidades educativas e 60

(sessenta) instituições conveniadas, sendo 27.808 (vinte e sete mil oitocentos e oito) na rede própria da prefeitura e outras 6.137 (seis mil cento e trinta e sete) crianças e adolescentes em instituições conveniadas sem fins econômicos, totalizando 33.945 (trinta e três mil novecentos e quarenta e cinco) estudantes matriculados (OBSERVATÓRIO DO PNE, 2015).

O total de professores da rede municipal de Florianópolis entre os anos de 2006 a 2013, divididos de acordo com o cargo e tipo de vinculo, encontra-se descriminado no quadro que segue:

Quadro 3 – Número de Docentes lotados em unidades educacionais de Florianópolis entre 2006 e 2013, divididos de acordo com o tipo de cargo e vinculo

CARGO Tipo de vínculo

Mês/ano

out/2006 out/2007 out/2008 out/2009 out/2010 out/2011 out/2012 out/2013

N N N N N N N N AUXILIAR DE ENSINO III MAGISTÉRIO 1 2 1 AUXILIAR DE ENSINO IV MAGISTÉRIO 4 7 5 4 4 6 4 AUXILIAR DE ENSINO V MAGISTÉRIO 1 1 2 PROFESSOR AUXILIAR I MAGISTÉRIO 1 1 1 1 1 1 1 1 PROFESSOR

AUXILIAR III MAGISTÉRIO 11 11 14 16 17 21 24 25

PROFESSOR AUXILIAR IV MAGISTÉRIO 112 119 125 130 136 155 158 169 PROFESSOR AUXILIAR V MAGISTÉRIO 4 4 4 5 4 9 10 12 PROFESSOR AUXILIAR VI MAGISTÉRIO 1 1 1 1 1 PROFESSOR I MAGISTÉRIO 3 3 3 3 3 3 3 3 PROFESSOR II MAGISTÉRIO 2 2 2 2 2 2 2 2 PROFESSOR III MAGISTÉRIO 88 90 92 100 105 115 121 143 PROFESSOR IV MAGISTÉRIO 650 661 684 700 722 736 749 782 PROFESSOR V MAGISTÉRIO 91 93 97 101 115 119 117 124 PROFESSOR VI MAGISTÉRIO 10 10 11 10 11 11 10 9 PROFESSOR SUBSTITUTO I SUBSTITUTO 25 20 28 61 43 55 88 140 PROFESSOR SUBSTITUTO II SUBSTITUTO 3 2 3 3 6 3 3 PROFESSOR SUBSTITUTO III SUBSTITUTO 266 339 432 575 565 562 615 582 PROFESSOR SUBSTITUTO IV SUBSTITUTO 168 202 212 278 287 375 424 517

PROFESSOR SUBSTITUTO V SUBSTITUTO 6 6 7 6 5 10 15 36 PROFESSOR SUBSTITUTO VI SUBSTITUTO 1 1 1 3 Total 1.445 1.570 1.721 1.998 2.028 2.188 2.347 2.549

Fonte: Elaboração da autora (2015) com base na planilha contendo a Folha Detalhada dos servidores do magistério de Florianópolis

A partir desta visão geral do quadro de professores da rede municipal de Florianópolis, percebe-se que se trata de uma rede razoavelmente pequena, com maior número de professores efetivos (vinculo magistério) do que temporários (vinculo substituto). O que vem a ser mais um fator favorável para a possibilidade de melhores salários aos professores e qualidade da educação (DEBOVI, 2011).

Quanto a carreira desses profissionais do magistério, de acordo com o que será apresentado na legislação específica do município, Florianópolis despertou interesse por oferecer aspectos que estimulam remuneratoriamente o docente ao constante aperfeiçoamento, condizendo com o binômio remuneração e qualidade, anteriormente mencionado, e como evidenciado pelo CAQi:

Insumos relacionados aos trabalhadores e às trabalhadoras em educação –

Abrangem as condições de trabalho, os salários, o plano de carreira, a jornada de trabalho e as condições para a formação inicial e continuada dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação.

[...]

O CAQi deve assegurar um salário digno e uma perspectiva de carreira aos profissionais do magistério e aos demais profissionais da educação;

(grifo nosso) (CARREIRA; PINTO, 2011, p. 31).

A regulação da carreira do magistério público municipal de Florianópolis se dá pela Lei n 1.811/81, Estatuto do Magistério Público de Florianópolis e pela Lei n 2.517/86, que incorporou especificações mais amplas, novas condições, direitos e deveres.

O município conta também com o Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Florianópolis, Lei Complementar CMF n 63/03, esta, além de incorporar a legislação do Estatuto do Magistério Público de Florianópolis na sua redação, ainda dispõe de outros itens que compõem a carreira dos servidores públicos do município de Florianópolis e estão regulados somente neste (FLORIANÓPOLIS, 2003).

Ainda, conforme dispõe a Meta 18 do PNE47, Florianópolis além de cumprir o

PSPN conta com Plano de Vencimentos e de Carreira do Magistério Público Municipal instituído em 19 de julho de 1988, por intermédio da Lei n 2.915/88, e parcialmente alterado por algumas leis posteriores, principalmente pela Lei n 7.796/2008, cujas alterações referem- se aos anexos I, II e III da lei anterior, determinando a extinção das vagas de Professor I (certificado de conclusão do 2º grau com habilitação em pré-escolar ou magistério com estudos adicionais em pré-escolar), Professor II (certificado de conclusão do 2º grau com habilitação em Educação Física) e Auxiliar de Ensino I. Além disso, criou os quadros de requisitos necessários para ingresso e acesso, estabelecendo como grau de formação mínima a graduação em licenciatura plena (FLORIANÓPOLIS, 2008). Também houve alterações por meio da Lei Complementar n 427/2012 que autoriza Hora-Atividade em tempo para Professores de Educação Infantil e Anos Iniciais e Auxiliares de Ensino, bem como incorpora a gratificação de hora-atividade (30%) para todos do magistério (FLORIANÓPOLIS, 2012). Ainda, as alterações mais recentes foram em virtude da Lei Complementar n 467 de 28 de junho de 2013 que extinguiu o cargo de Auxiliar de Ensino e criou o cargo de Professor Auxiliar, concedendo a gratificação de regência de classe (FLORIANÓPOLIS, 2013).

A partir da análise das referidas leis regulatórias do magistério público no município de Florianópolis serão descritos os aspectos encontrados nas mesmas, que estimulam remuneratoriamente o aperfeiçoamento docente a fim de que este se aprimore e consequentemente possa promover uma das condições para uma educação de melhor qualidade.

A carreira do magistério, que tem como forma de ingresso aprovação em concurso público de provas e títulos, agrega os cargos de professor agrupados no Grupo Funcional Docente, subdivididos em duas categorias funcionais: Professor e Professor auxiliar. O outro Grupo Funcional dos Especialistas em Assuntos Educacionais compreende as categorias funcionais de Orientador Educacional, Supervisor Escolar e Administrador Escolar (FLORIANÓPOLIS, 2008).

47

A Meta 18 dispõe que “[...] para o plano de Carreira dos(as) profissionais da Educação Básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal” (BRASIL, 2014).

Quadro 4 – Composição do quadro de carreira do Magistério Público Florianópolis

Grupo ocupacional: Docente

CARGO NÍVEL CLASSE

Professor Professor Auxiliar III – Graduação IV – Especialização V – Mestrado VI – Doutorado A, B, C, D, E, F, G, H e I

Fonte: Elaboração da autora (2015). Informações retiradas da Lei n 7796/2008, Florianópolis (2008) e Lei n 467/2013, Florianópolis (2013).

Grupo ocupacional: Especialistas em Assuntos Educacionais

CARGO NÍVEL CLASSE

Orientador Educacional Administrador escolar Supervisor escolar III – Graduação IV – Especialização V – Mestrado VI – Doutorado A, B, C, D, E, F, G, H e I

Fonte: Elaboração da autora (2015). Informações retiradas da Lei n 7796/2008, Florianópolis (2008) e Lei n 467/2013, Florianópolis (2013).

As jornadas de trabalho dos profissionais da educação são de 20 e 40 horas semanais e incluem uma parte de horas/aula e outra de horas/atividade. Quanto à hora/atividade existem as seguintes especificidades:

- Professores de Educação Infantil, Anos Iniciais e Professores Auxiliares (Lei Complementar n. 427/12), recebem pagamentos referente à hora atividade no equivalente ao percentual da jornada de trabalho, sendo 11% no ano de 2013, 22% no ano de 2014 e 33% a partir do ano de 2015, o local para o cumprimento das horas-atividades não é especificado em lei (FLORIANÓPOLIS, 2012).

- Professores de Anos Finais e Educação Física (Lei n 2915/88), equivalente ao tempo que exceder a 14 aulas, para jornada de 20 horas semanais, e 28 aulas para jornada de 40 horas semanais (FLORIANÓPOLIS, 1988).

- Especialistas em Assuntos Educacionais (Lei n 2915/88), equivalente a 30% da jornada de trabalho (FLORIANÓPOLIS, 1988).

Em relação às horas atividades o CAQi assumiu como ponto de partida o Acordo Nacional de Valorização do Magistério da Educação Básica, assinado em 1994, no governo Itamar Franco e ministro da educação Murílio de Avellar Hingel, que fixava o valor de R$ 300 por mês por uma jornada de trabalho de 40 horas semanais, tendo como referência 01 de julho de 1994. Dessas 40 horas, considera-se o ideal 26 horas em atividades com os alunos e

14 para atividade extraclasse, nos termos da Lei do Piso Salarial Nacional (CARREIRA; PINTO, 2011), o que também se mostra respeitado na rede municipal de Florianópolis.

O membro do magistério que cumprir horas além daquelas fixadas para jornada de trabalho, recebe por horas extraordinárias o valor/hora correspondente ao seu vencimento, acrescido de 20% incidindo sobre cada hora cumprida (FLORIANÓPOLIS, 1986).

No artigo 2° da Lei n 2915 de 1988 tem-se a regulamentação do Progresso Funcional, ou seja, o conjunto de medidas que possibilita o avanço na carreira profissional para o servidor estável, sendo efetuado por intermédio dos seguintes instrumentos:

a) Acesso: necessária apresentação de formação acadêmica superior a utilizada para o ingresso, ou seja, a passagem de graduação para especialização, mestrado ou doutorado. Deve ser solicitado por meio de processo, após a data da promoção anterior, apresentando cópia do diploma, conforme determinado nos artigos 7º, 8º e 9º da Lei 2915/88;

Na Progressão por Acesso o professor passa de uma tabela salarial para outra, passando a receber o vencimento de acordo com a nova formação, o que pode ser correlacionado com a Meta 15 do PNE ao incentivar “formação específica de nível superior” (BRASIL, 2014), visto que por Florianópolis possuir razoável diferenciação de vencimentos para cada nível de formação48

, já conta com a maioria dos professores com nível superior e ainda com especialização, conforme visto no número de Professores IV (especialistas) no quadro 3.

b) Tempo de Serviço e Assiduidade: configura-se pela passagem da Classe49

em que se encontra, mantendo-se a categoria funcional, na Referência imediatamente superior ao valor do vencimento que estiver percebendo. Esta progressão é automática, desde que atenda os critérios previstos na lei.

Com base no tempo de serviço e/ou em avaliação de desempenho, ocorre ao longo da tabela salarial, a progressão é horizontal e está discriminada no artigo 10 da Lei 2915/88.

Na carreira municipal, a progressão horizontal ou mudança de Classe é designada pelos critérios que a justificam, de Promoção por Tempo de Serviço e Assiduidade, sendo automática e a cada 2 (dois) anos de efetivo exercício.

A progressão horizontal também pode ocorrer segundo critérios do artigo 24 da Lei Complementar 63 de 23 de setembro de 2003, baseada na avaliação de desempenho:

48 De acordo com a tabela salarial referente ao ano de 2015 a diferença do vencimento inicial entre a graduação e

doutorado é de R$ 1.210,84 (um mil duzentos e dez reais e oitenta e quatro centavos) (PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2015a).

[...] compete a cada Chefe de Poder, relativamente aos servidores dos respectivos quadros, decidir quanto à conveniência administrativa da realização de promoções por merecimento.

§ 1º - As promoções por merecimento ocorrerão anualmente, no mês de maio, podendo beneficiar somente servidor que conte com, pelo menos, 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias ininterruptos de efetivo exercício.

§ 2º - A avaliação do merecimento para fins de promoção, a ser regulamentada por decreto do Chefe do Poder Executivo Municipal, levará em consideração as diferenças entre os grupos ocupacionais e apreciará os requisitos de assiduidade, pontualidade, iniciativa, produtividade, efetividade, responsabilidade, cumprimento de atribuições, comprometimento no ambiente de trabalho, capacitação e

desenvolvimento profissional diretamente relacionados com as atividades do cargo, além de mensuração da consecução de objetivos e metas estabelecidas”

(grifo nosso) (FLORIANÓPOLIS, 2003).

A avaliação do merecimento para fins de promoção, conforme determina o artigo de lei destacado acima, prevê no final da redação, como um dos critérios da avaliação, “a capacitação e desenvolvimento profissional diretamente relacionados com as atividades do cargo”, o que configura um aspecto de estimulo ao desenvolvimento profissional do professor, embora seja uma avaliação de desempenho não limita-se apenas em avaliar o aprendizado dos alunos, mas também estimula o aperfeiçoamento do professor.

Todavia, deixar-se-á de analisar os impactos desta progressão na remuneração do professor, por configurar-se em valor atrelado a passagem de tempo, ficando impossível determinar o quantum referente somente “a capacitação e desenvolvimento profissional diretamente relacionados com as atividades do cargo” (FLORIANÓPOLIS, 2003).

Dentre as referidas medidas mencionadas na lei priorizar-se-á a exposição da Promoção por Aperfeiçoamento, visto configurar-se como o aspecto remuneratório que mais sugere o estímulo à contínua formação, aprimoramento e conhecimento do professor.

c) Aperfeiçoamento: incentivo à formação continuada que se dá por meio da passagem de Referência em que se encontra o membro do magistério, para a imediatamente superior, na mesma Classe e Categoria Funcional, devendo ser requerida através de processo, após a data da promoção anterior, apresentando cópia dos certificados.

No Brasil, a formação continuada de professores começou a ganhar notoriedade a partir da década de 1980, contudo, somente na década de 1990 passou a ser apreciada como estratégia fundamental para o processo de construção de um novo perfil profissional do professor (GATTI, 1997).

O CAQi enfatiza a necessidade de relacionar a formação e salário docente à qualidade da educação por compreender que para a construção de uma educação de qualidade há diversas Dimensões Fundamentais ao Processo de Aprendizagem dos alunos, todavia,

dentre elas, a “Dimensão Estética está ligada a formação e aperfeiçoamento dos educadores para adquirir condições de potencializar a capacidade criativa e apreciativa dos estudantes” (CARREIRA; PINTO, 2011, p. 22), assim o aperfeiçoamento relacionado ao aumento salarial pode configurar como estimulo ao aprimoramento do professor e contribuir para qualidade da educação.

Da mesma forma, o Plano Nacional de Educação, reiterando os indicativos da LDB em relação à formação em serviço, aponta na Meta 16 a garantia “a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino” (BRASIL, 2014).

O magistério de Florianópolis desde 1988, de acordo com a Lei n 2915, possui a Promoção por Aperfeiçoamento, que garante aumento salarial ao professor quando este se aperfeiçoa e, portanto passa a adquirir mais aprimoramento para desenvolver o seu papel em sala da aula.

Neste aspecto Morduchowicz (2003, p.15), enfatiza que “no setor educativo o corolário é que os salários dos professores deveriam estar naturalmente vinculados às características do trabalho docente”, e, complementando o autor, acrescenta-se, que também à “formação docente”.

O art. 2°, inciso II, alínea “b” da Lei 2915/88, dispõe sobre a referida Promoção (FLORIANÓPOLIS, 1988):

Art. 2° - Para os efeitos desta Lei, entende-se por: [...]

II Progresso Funcional: conjunto de medidas que possibilitam o avanço na carreira profissional a ser efetuado por intermédio dos seguintes instrumentos:

[...]

b) Promoção por Aperfeiçoamento: a passagem de referência em que se encontra o membro do magistério, para a imediatamente superior, na mesma classe e Categoria Funcional (Art. 11).

[...]

A Promoção por Aperfeiçoamento configura um dos principais aspectos referentes ao estimulo para o professor aprimorar-se, visto que ao alterar de Referência para uma superior, gera além de aprimoramento, acréscimo salarial o que contribui para resultar em uma educação de maior qualidade para o aluno.

Referida Promoção ocorre por meio da progressão funcional que acontece verticalmente na tabela de progressão através da comprovação de formação continuada e/ou obtenção de nova titulação, esta progressão é caracterizada com a passagem para um nível superior na carreira (FLORIANÓPOLIS, 1988).

Art. 11 da Lei n 2915/88:

Art. 11 - A promoção por aperfeiçoamento será concedida ao membro do Magistério na forma do Art. 2º, II, letra ‘b’, desta Lei, até o limite de 2 (duas) por ano.

§ 1º A promoção por aperfeiçoamento será automática, mediante a comprovação hábil e legal de conclusão de horas de aperfeiçoamento e/ou atualização.

§ 2º Para fins de concessão da promoção por aperfeiçoamento, o Membro do Magistério deverá apresentar, no mínimo, 50 horas de aperfeiçoamento ou atualização, ainda não computado para a concessão de promoção anterior segundo os critérios do anexo III, desta Lei.

§ 3º Somente serão considerados as horas de aperfeiçoamento e/ou atualização realizadas posteriormente à data da última promoção.

§ 4º Os cursos com carga horária individual superior a 100 (cem) horas não terão o limite estabelecido no ‘caput’ deste artigo.

§ 5º As horas de aperfeiçoamento e/ou atualização de que tratam os parágrafos anteriores somente serão considerados se promovidas pela Prefeitura Municipal, por órgãos ou instituições autorizadas e reconhecidas pelo MEC

(FLORIANÓPOLIS, 1988).

Existe uma especificidade na Promoção por Aperfeiçoamento quando ocorre também a Promoção por Tempo. Ao progredir por Aperfeiçoamento o professor altera para Referência superior, quando se dá a passagem de 2 (dois) anos o mesmo professor progride por Tempo, alterando a Classe e avançando na Referência com valor de vencimento imediatamente superior ao que ele recebia. O que faz com que o professor não pare de aperfeiçoar-se, até chegar ao fim da carreira.

A Promoção por Aperfeiçoamento, também recebe o nome de Progressão Vertical, nela o profissional do magistério ascende na mesma categoria funcional. Para alcançá-la o servidor deverá cumprir os seguintes requisitos, nos moldes da Lei n 2915/88 (FLORIANÓPOLIS, 1988):

- Requerer através de processo, apresentando cópia do(s) certificado(s) de cursos de aperfeiçoamentos;

- O limite é de até 2 (dois) requerimentos por ano, após conclusão do estágio probatório;

- No primeiro requerimento, o avanço de uma referência equivale a cada 100 (cem) horas, ou seja, para chegar na referência 10 (dez) faz-se necessário apresentar mais de 900 horas, realizadas a partir da data de admissão;

- A partir do segundo requerimento, o avanço de uma referência equivale a cada 50 (cinquenta) horas, realizados após a data da última promoção;

- O requerimento será analisado pela Comissão de Enquadramento. Tempo de análise é de até 60 (sessenta) dias;

- O resultado é publicado no Diário Oficial Eletrônico do Município. A partir da publicação, o servidor terá o prazo de até 30 (trinta) dias para recorrer da análise.

A Lei n 7.796/08 no seu artigo 3º estabelece os critérios, conforme segue (FLORIANÓPOLIS, 2008):

Art. 3° - I – Formações relacionadas à área de atuação ou na área da educação, com duração mínima de 10 (dez) horas e data de início de realização posterior à data de admissão e da última promoção por aperfeiçoamento;

II – A comprovação de participação na formação deverá ser feita por meio de certificado, onde conste nome do participante, título da formação, período de realização, carga horária total, conteúdo programático, ministrante(s) e registro; III - O registro do certificado deverá conter número, livro, folha, bem como ser efetuado ou autorizado pelo Ministério da Educação, Secretaria Estadual de Educação, Secretaria Municipal de Educação ou Universidade devidamente credenciada;

IV – O membro do Magistério não será promovido se, no período de 1 (um) ano imediatamente anterior à data do requerimento de promoção, estiver ou tenha estado:

a) com 02 (duas) ou mais ausências injustificadas;

b) à disposição de órgão não integrante da estrutura administrativa da Prefeitura Municipal de Florianópolis, excetuando-se os servidores cedidos para mandato classista no Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis;

c) em gozo de licença para tratamento de saúde ou de pessoa da família, por período superior a 90 (noventa) dias contínuos ou não;

d) em gozo de licença para tratar de interesse particular; e) em gozo de licença para acompanhar cônjuge; f) em suspensão disciplinar.

A carreira do professor, conforme dispõe o Plano de Vencimentos e de Carreira (Lei n 2915/88) e alterações da Lei n 7796/08, também é diferenciada nos valores de vencimento básico, no número determinado e sucessivo de Referências, ou valores de vencimento, organizadas em um conjunto agrupado de Classes e níveis, segundo a titulação ou habilitação, seja ela de ensino médio50, de graduação e de pós-graduação.

Em Florianópolis, cada titulação (Ensino Médio, Licenciatura Curta, Licenciatura Plena, Especialização, Mestrado e Doutorado) equivale à identificação do professor e percorre tabelas compostas por 10 referências, numerados de 1 a 10, compostas, cada uma, por 09 classes nomeadas com as letras maiúsculas de A a I.

Em suma (FLORIANÓPOLIS, 1988, 2008): Professor I – nível médio51

50 Cargo em extinção desde 2008 (Lei n 7.796/2008).

51 Os cargos de Professor I e II tiveram as tabelas extintas por meio da Lei n 7.796, de 22 de dezembro de 2008.

Professor II – Licenciatura curta Professor III – Graduação

Professor IV – Especialização Professor V - Mestrado Professor VI – Doutorado

- Classe – Tempo Serviço – Letras – Horizontal – Mesma Tabela - Referência – Aperfeiçoamento – Números – Vertical – Mesma Tabela - Nível – Formação Acadêmica – Mudança de Tabela

Deste modo, a remuneração do profissional pode melhorar de acordo com o tempo