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4.2 DADOS DA REMUNERAÇÃO DO PROFESSOR DE FLORIANÓPOLIS

4.2.2 Gratificações

As Gratificações são outro aspecto específico da legislação de Florianópolis, uma vez que além do incentivo a constante formação para aumentar a remuneração, estimulam o aperfeiçoamento do professor, pois são calculadas em porcentagens sob o vencimento.

As mais significativas quanto ao critério, aprimoramento do professor e qualidade da educação, são:

- Nível de formação conquistado – gratificação de 20% (art. 84, Lei n 63/03); - Elaboração de trabalho relevante, técnico ou científico – gratificação de 25% (Decreto n 9881/12);

- Exercício em regime de tempo integral e dedicação exclusiva– gratificação de 40% (Lei n 7338/2007).

A gratificação pelo Nível de Formação Conquistado, no caso dos professores61, somente os Professores III e IV que ingressaram respectivamente nos cargos de nível médio e graduação e possuem graduação e especialização, recebem. Inicialmente o concurso para professor em Florianópolis exigia nível médio, apenas em 2011 a escolaridade exigida passou a ser graduação.

60 Lembra-se que as diferenças foram calculadas sobre valores nominais. 61

Trata-se de uma Gratificação disposta no Estatuto Geral dos Servidores (Lei n 63/03), portanto qualquer servidor que apresentar escolaridade superior ao cargo exigido terá direito de recebê-la.

Apesar desta Gratificação configurar um acréscimo de 20% sob o valor do vencimento recebido pelo professor, atualmente poucos ganham, pois os últimos editais de concursos já definem a diferenciação de vencimento de acordo com a formação. Nenhum dos Professores IV, ingressantes no ano de 2005 recebem a Gratificação por Nível de Formação (art. 84, Lei n 63/03).

Quanto a Gratificação por Trabalho Relevante, entre 24 (vinte e quatro) Professores IV, que ingressaram em 2005, analisados na rede municipal de Florianópolis, apenas 3 (três) já receberam, 1 (um) no ano de 2010 e 2 (dois) em 2013, repercutindo em um aumento de 25% sob o valor do vencimento inicial da tabela de graduação de cada ano, no mês do recebimento.

Assim como já exposto anteriormente, outra Gratificação diferencial do magistério de Florianópolis e que possivelmente repercute na qualidade da educação, não pelo aprimoramento do professor, mas pelo incentivo a permanência na rede é a Gratificação de Dedicação Exclusiva no percentual de 40% sob o vencimento do cargo.

Dos 24 (vinte e quatro) professores analisados, a quantidade que recebem a Gratificação de acordo com os anos, encontra-se no quadro que segue.

Quadro 13 – Professores IV, que ingressaram em 2005 e recebem 40% sob o vencimento referente à Gratificação de Dedicação Exclusiva

Gratificação de Dedicação Exclusiva

Anos 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Professores 11 17 19 21 22 22 23 23

Fonte: Elaboração da autora (2015) com base na planilha contendo a Folha Detalhada dos servidores do magistério de Florianópolis.

É possível inferir que a referida Gratificação pode gerar um impacto positivo nos professores da rede, visto que ao passar dos anos, mais docentes comprometeram-se em fazer 40h e ainda dedicar-se somente a rede municipal, repercutindo em mais um aspecto positivo para a qualidade da educação municipal e que ressoa remuneratoriamente para o professor.

Para explicitar a quantia diferencial entre a remuneração do professor que decide aperfeiçoar-se, utilizar-se-á um exemplo entre os 24 analisados. Trata-se de um Professor IV que ingressou na rede municipal em 2005, com jornada de 40h semanal. Será analisada a remuneração deste referente ao mês de outubro do ano de 2013, apenas quanto ao vencimento e gratificações de dedicação Trabalho Relevante e Dedicação Exclusiva, sendo

desconsiderados os demais componentes salariais62. Comparando com vencimento atinente ao

mesmo ano, no caso de um professor hipotético que nunca tenha se aperfeiçoado.

Quadro 14 – Professor que recebe Gratificações que possivelmente refletem na qualidade da educação referente ao mês de outubro do ano de 2013

Vencimento (Classe D, Referência 10) R$ 2675,82

Gratificação por Trabalho Relevante (25% do vencimento inicial da tabela de graduação) R$ 430,93 Gratificação por Dedicação Exclusiva (40% do vencimento recebido) R$ 1070,33

Total R$ 4.177,08

Fonte: Elaboração da autora (2015) com base na planilha contendo a Folha Detalhada dos servidores do magistério de Florianópolis ano de 2013

Quadro 15 – Professor que recebe apenas o vencimento sem Promoção por Aperfeiçoamento e sem Gratificações, referente ao mês de outubro do ano de 2013

Vencimento (Classe D, Referência 01) R$ 2.086,74

Total R$ 2.086,74

Fonte: Elaboração da autora (2015) com base na planilha contendo a Folha Detalhada dos servidores do magistério de Florianópolis ano de 2013

Denota-se que o professor que decidiu por aperfeiçoar-se, além de aumentar o valor do seu vencimento, incorporou gratificações (remuneração de R$ 4.177,08), recebendo, desta forma, uma quantia superior ao professor que progrediu apenas automaticamente pela passagem de tempo (vencimento R$ 2.086,74). Portanto o incentivo disposto em lei ao aprimoramento do professor, também é verificado remuneratoriamente, e supondo que o professor melhor remunerado pode contribuir para a qualidade da educação, a rede municipal de Florianópolis incentiva o aperfeiçoamento através da compensação pecuniária a fim de que o professor coopere com uma educação de melhor qualidade.

Referente ao mesmo professor explicita-se por meio do gráfico que segue a progressão da remuneração entre 2006 e 2013. Esclarece-se que referido professor além de aperfeiçoar-se para aumentar o seu vencimento, também incorporou gratificações, sendo considerada para esta análise apenas as, já mencionadas, gratificações63 que além de aumentar

a remuneração docente, podem contribuir para a qualidade da educação.

62 Está sendo desconsiderado o anuênio, regência de classe e auxilio alimentação, também recebidos pelo

professor no mês de outubro do ano de 2013.

63

Está sendo desconsiderado o anuênio, regência de classe, auxilio alimentação e Gratificação de Jornada, também recebidos pelo professor entre os anos de 2006 e 2013.

Gráfico 4 - Progressão da remuneração do Professor IV (especialista) da rede municipal de Florianópolis entre os anos de 2006 e 2013

Fonte: Elaboração da autora (2015) com base na planilha contendo a Folha Detalhada dos servidores do magistério de Florianópolis ano de 2006 a 2013

A partir de 2007 o professor passou a receber a Gratificação de Dedicação Exclusiva e em 2013 recebeu, também, a Gratificação por desempenho de Trabalho Relevante, o que fez com que apenas as gratificações, que supostamente tem influência na qualidade da educação, acrescentassem R$ 1.501,26 (um mil quinhentos e um reais e vinte e seis centavos) a remuneração docente.

Sendo assim, constata-se que a legislação referente ao magistério público do município de Florianópolis, assim como a análise dos dados demonstram meios de incentivo remuneratório para o professor aperfeiçoar-se e, deste modo, contribuir para uma possível melhora da qualidade da educação, colaborando para que o aluno tenha efetivamente seu direito fundamental à educação de qualidade, que se encontra dentro da gama de direitos que compõem o princípio da Dignidade da Pessoa Humana, cumprido.

725.72 754.74 1,513.66 1,659.94 1,814.06 2,031.86 2,302.84 2,675.82 0.00 301.90 605.46 663.98 725.62 812.74 921.14 1,501.26 A01 A01 C06 C07 D07 D09 D10 D10 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Professor IV - Vencimentos e Gratificações 2006-2013

(Valores nominais)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs a estudar a efetivação do direito fundamental à educação como parte integrante do princípio da Dignidade da Pessoa Humana conforme discriminado na Constituição Federal e LDB, entendendo que tal direito deve ser cumprido de acordo com a concepção de qualidade social da educação, materializada com base nos insumos dispostos no CAQi. Dentre tais insumos privilegiou-se análise da Remuneração Docente como o aspecto principal (mas não único) que pode promover educação de qualidade, restringindo-se a apreciação na rede de educação municipal de Florianópolis quanto ao seu cumprimento.

Apesar da variedade de assuntos abordados neste trabalho, o intuito principal é aclarar a importância do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e do direito à educação como um dos direitos fundamentais garantidores desse princípio. A dignidade humana constitui um conceito dinâmico, não havendo atualmente uma definição consensual e universalmente válida. Todavia, já não se questiona mais que a dignidade é uma qualidade intrínseca da pessoa humana, entretanto, seu reconhecimento e proteção depende da efetivação dos direitos fundamentais (SARLET, 2001).

Quanto ao direito fundamental à educação inerente ao aluno, a legislação atual é clara em relação ao padrão de qualidade, isto é, a garantia da qualidade é um direito apregoado na Constituição Federal e em normativas infraconstitucionais (LDB, PNE, etc..), devendo ser efetivado pelo Estado.

Neste sentido, priorizou-se a reflexão referente à qualidade social da educação, baseando-se na perspectiva de qualidade democrática seguida no CAQ, qual seja, para todos os alunos. Assim, chegou-se ao CAQi como mecanismo de efetivação do direito fundamental à educação e do atendimento ao princípio da Dignidade da Pessoa Humana, pois por meio do CAQi o padrão de qualidade disposto na legislação encontra respaldo para materialização (CARREIRA; PINTO, 2007).

Apesar da importância de todos os insumos dispostos no CAQi, elegeu-se a Remuneração Docente para aprofundar os estudos, visto ser o fator de maior predomínio no cálculo do Custo Aluno, e, consequentemente, um dos mais significativos aspectos que pode influenciar a melhora da qualidade da educação pública brasileira.

Ao longo das leituras realizadas percebeu-se a importância da remuneração docente para qualidade da educação, também se constatou que no Brasil o salário dos professores pode ser considerado baixo, o que vem a contribuir para a má qualidade da educação (BARBOSA, 2011).

Em virtude da participação na pesquisa nacional e das diversas especificidades do magistério publico de Florianópolis elegeu-se este município como locus de análise. A apreciação da legislação municipal e posteriormente a análise dos dados que compõem a remuneração (vencimento e gratificações) do professor da rede, permitem supor que referido município atende aos aspectos da remuneração docente condigna conforme discrimina o CAQi, contribuindo, neste aspecto, para a qualidade da educação.

Ademais, apesar da ênfase deste estudo ser na remuneração docente, percebeu-se que Florianópolis possui requisitos que permitem conjecturar que o município atende as metas 15, 16, 17 e 18 estabelecidas no PNE quanto à valorização dos profissionais da educação. Todavia, ainda que fuja do escopo principal deste trabalho, indaga-se se tal atendimento é suficiente para garantir uma remuneração condigna para os professores?

PNE Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam (BRASIL, 2014).

A maioria dos professores da rede municipal de Florianópolis não só possuem curso superior, como também pós-graduação lato sensu, haja vista que conforme dados emitidos na versão preliminar do Plano Municipal de Educação de 2015, 84,2% dos professores da rede municipal de Florianópolis possuem Especialização (PREFEITURA

MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2015b).

PNE Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino (BRASIL, 2014).

A pós-graduação lato sensu, conforme demonstrado já é comumente cursada pelo município de Florianópolis. Ainda, de acordo com o demonstrado no capítulo anterior, o incentivo a formação continuada é priorizado no município, fazendo com que o professor alcance novos patamares salariais a cada titulação obtida.

PNE Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica, de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais

profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE (BRASIL, 2014).

Levando-se em consideração o valor médio de R$ 3.237,00 para os trabalhadores do setor privado com formação equivalente a de professores, qual seja graduação (CAMARGO; JACOMINI; ALVES, 2015) percebe-se que de acordo com a Tabela Salarial do ano de 2015, o Professor III (graduado) da rede municipal de Florianópolis pode receber entre R$ 2.173,16 (vencimento inicial) e R$ 3.484,32 (vencimento final), isso considerando apenas o valor do vencimento, sem as demais vantagens (PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2015a). Portanto, o professor de Florianópolis pode estar ganhando o mesmo valor considerado como referência para as outras profissões, salienta-se, no entanto que para isso o professor deve estar em fase avançada da carreira funcional.

Frisa-se, ainda que Florianópolis possua aspectos peculiares quanto à progressão e remuneração docente, para que se consiga equalizar os rendimentos de um professor da rede municipal ao rendimento médio de um trabalhador do setor privado, aquele precisa estar praticamente no fim da carreira docente, portanto se até mesmo tal município tem dificuldades de remunerar o docente conforme as demais profissões, nacionalmente a situação pode ser bem mais precária.

PNE Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de carreira para os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal (BRASIL, 2014).

Assim como demonstrado quando da análise da legislação referente ao magistério no município de Florianópolis, constatou-se que os profissionais da educação já contam com um Plano de Vencimentos e de Carreira, instituído por meio da lei n 2915 desde 1988.

Quanto ao Piso Salarial Nacional Profissional, ainda que não seja um parâmetro remuneratório ideal64, Florianópolis cumpriu desde a entrada em vigor da lei n 11.738/2008

(DEBOVI, 2011) e permanece cumprindo atualmente, visto que segundo dados do Ministério

64 Conforme demonstrado no item 3.2 Remuneração Docente do presente estudo, o PSPN apesar de um avanço

em relação a situação anterior, está aquém da realidade salarial de outras profissões (CAMARGO; JACOMINI; ALVES, 2015. NUNES; PIRES, 2014).

de Educação o valor do PSPN, tem como índice de correção 13.01%, sendo estabelecido para o ano de 2015 o valor de R$ 1.917,78 para o professor com nível médio (MEC, 2015).

Florianópolis, por sua vez, não conta com tabela salarial referente aos cargos de Professor I e II que tiveram as tabelas extintas por meio da Lei n 7.796/2008, entretanto os membros do magistério com formação em ensino médio ou licenciatura curta, foram enquadrados nas respectivas classes e referências da tabela correspondente à formação de graduação, percebendo o valor equivalente 97,5% do respectivo vencimento. A tabela salarial referente ao vencimento do Professor III (graduação), consta com vencimento inicial de R$ 2.173,16, ao aplicar-se uma regra de três simples, chega-se ao valor de R$ 2.118,83 que seria 97,5% do vencimento inicial total da graduação e equivale a quantia que um professor com ensino médio ou licenciatura curta receberia em Florianópolis, no ano de 2015, valor este superior ao Piso Nacional (PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2015a).

Ainda, ao comparar a situação de Florianópolis às disposições contidas na “Recomendação relativa à situação do pessoal docente” da OIT/UNESCO de 1966 - que além de permanecer atual, sintetiza, em grande parte, as necessidades docentes no que tange à questão salarial, contendo um significativo conjunto de orientações para a promoção do estatuto dos professores com relevância para a qualidade da educação - percebe-se que a rede municipal – em relação à remuneração docente - vem cumprindo os princípios gerais da Recomendação que tem como pressuposto uma educação de qualidade, entendida como direito de todos, com qualificações e condições de trabalho que permitam ao pessoal docente a realização de um bom ensino e a dedicação exclusiva às suas funções profissionais (OIT/UNESCO, 1966).

Diante das análises apresentadas, pode-se inferir que o município de Florianópolis, condiz com o binômio remuneração e qualidade quando atrela o salário do professor ao seu aperfeiçoamento, estimulando a formação durante toda a carreira funcional docente, haja vista que não basta ingressar na carreira, é preciso permanecer para que possa haver uma melhoria da qualidade, um comprometimento profissional com os educandos e com a sociedade.

Assim a construção da qualidade do ensino é indissociável do respeito e da valorização remuneratória dos profissionais da educação, todavia lembra Morduchowicz (2003), que a alteração das estruturas salariais dos professores, independente do modelo adotado, pode auxiliar no problema da qualidade educacional, mas não dá conta de resolvê-lo, afinal, os salários são somente uma de tantas dimensões envolvidas no trabalho docente.

Isto é, sabe-se que a melhora dos salários docente não daria conta, por si só, de melhorar educação, mas contribuiria significativamente, conforme foi demonstrado neste trabalho, no entanto também ficou evidente ao longo da pesquisa que a melhoria da educação pública passa pelo aumento dos recursos a ela destinados e os salários dos professores compõem grande parte desse montante. Assim, maiores salários para os professores implicariam mais recursos financeiros destinados à educação. Nesse aspecto, as pesquisas da área da economia que afirmam não haver relação entre o quanto se investe em educação e a qualidade apresentada têm servido para legitimar os baixos salários.

Porquanto, ainda que algumas pesquisas da área da economia afirmem ser nulo ou pequeno o impacto dos salários dos professores no rendimento dos alunos e, consequentemente, na qualidade da educação, a análise das pesquisas da área da educação permite afirmar o contrário. Ademais, vale lembrar que, mesmo determinadas pesquisas da área da economia e os estudos analisados publicados pelo Banco Mundial, admitem a existência de relação entre salários docentes e qualidade da educação à medida que propõem o pagamento por desempenho como forma de incentivar a melhoria da atuação dos professores. Portanto, admitir que o pagamento por desempenho pode contribuir para melhorar a educação é reconhecer que o valor pago aos professores têm impacto nesse sentido.

Aclara-se, que os objetivos específicos deste estudo propuseram a análise da remuneração docente do município de Florianópolis em relação ao CAQi, sendo que as análises permitem supor que levando em conta este mecanismo (CAQi) a rede municipal cumpre a remuneração docente condigna e portanto contribui para a qualidade da educação. Porém existem questões que fogem ao alcance desta pesquisa de mestrado, isto é, não se pode afirmar – mesmo que remuneração do docente da rede municipal da rede de Florianópolis cumpra o quesitos do CAQi – que seja ideal.

Ademais, salienta-se que a constatação do efetivo cumprimento da qualidade no município de Florianópolis não se mostrou possível de ser alcançado devido aos limites desta dissertação, além de o aporte teórico que a sustenta (CAQi) ser implementado somente neste ano de 2016. Assim, averiguar a qualidade nos moldes deste mecanismo só será possível após sua concretização.

Portanto, sugere-se como tema de futuras investigações, após a implementação da Estratégia 20.6 do PNE 2014 a efetiva averiguação da qualidade no município de Florianópolis, de acordo com os parâmetros materializados pelo CAQi (BRASIL, 2014):

PNE Estratégia 20.6 - no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi, referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos na legislação educacional e cujo financiamento será calculado com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo de ensino- aprendizagem e será progressivamente reajustado até a implementação plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ;

Por fim, neste trabalho, não se teve a intenção de esgotar a discussão sobre os salários dos professores e a qualidade da educação, por isso outras tantas questões podem surgir a partir dele e gerar novos estudos. Assim, são necessárias mais pesquisas que considerem a realidade da escola pública, dos alunos e dos professores, tendo como base que é direito do educando a educação púbica, gratuita e prestada com alicerce nos parâmetros da qualidade social para que ele tenha respeitado sua dignidade humana.

REFERÊNCIAS

ABREU, Diana C. Carreira e perfil do profissional do magistério na rede municipal de

ensino de Curitiba: história e impacto da política brasileira de valorização do magistério.

2008. 168 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.

AÇÃO EDUCATIVA. O PDE e a divisão de responsabilidades pela garantia e oferta do ensino. Boletim OPA - Informação pelo Direito à Educação, ano III, nº35, Jun/Jul 2007. Disponível em:

<http://www.acaoeducativa.org.br/base.php?t=acaonajustica/not_0023&y=base&x=lnger_000 1&z=03>. Acesso em: 14 jan. 2015.

AÇÃO EDUCATIVA. Campanha nacional pelo direito à educação. Outubro de 2010. Disponível em: <http://www.acaoeducativa.org.br>. Acesso em: 25 out. 2014.

ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales, trad. De Ernesto Garzón Valdes, Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1993.

ALVES, Thiago. PINTO, José Marcelino Rezende. Remuneração e característica do trabalho docente no Brasil: um aporte. 2011. Scielo. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742011000200014>. Acesso em: 09 jun. 2015.

ARELARO, Lisete Regina Gomes. A (ex)tensão do ensino básico no Brasil: o avesso de um direito democrático (uma análise da ação governamental nos últimos 25 anos – 1962- 87). 1988. Tese de Doutorado-Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 1988. ARROYO, Miguel G. Educação e exclusão da cidadania. In: BUFFA, Ester et.al. Educação e

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