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Salário do professor da educação básica, pública no Brasil

3.2 REMUNERAÇÃO DOCENTE

3.2.2 Salário do professor da educação básica, pública no Brasil

Feita esta síntese histórica, mostrando os parcos avanços que o País alcançou na perspectiva da valorização salarial dos professores, é instigante que embora exista hoje, uma consciência generalizada de que os professores são mal pagos, a questão ainda resta controversa, em especial na mídia ou em algumas abordagens acadêmicas, nas quais se busca demonstrar que os professores não são tão mal pagos quanto se diz (PINTO, 2009).

Destarte, diante desse contexto histórico que culmina em um cenário de esvaziamento, precarização e baixo prestígio social da profissão docente, pergunta-se: Os salários dos professores brasileiros são realmente baixos? É ruim ser professor no Brasil em termos salariais? O salário denota o prestígio social da profissão? Qual fator predominante responsável por um aparente desinteresse geral pela profissão? Levando em consideração que tais questionamentos podem suscitar diferentes e concorrentes respostas, deter-se-á a dissertar sobre as condições salariais de exercício da profissão docente no Brasil em relação às demais profissões e, também, seu peso e influência no reconhecimento social da profissão.

Nesse sentido, considerando que o Estado brasileiro, em suas esferas municipais, estaduais ou federais é o maior empregador do professor da educação básica38

(ALVES; PINTO, 2011), e, como os salários dos profissionais da educação representam a maior parte dos gastos com educação – cerca de 75% (CARREIRA; PINTO, 2007) - tratar-se-á a questão da valorização remuneratória do professor respaldada na necessidade de maior investimento em educação, conforme exposto anteriormente quando da abordagem sobre o CAQi.

Nesses moldes, além dos professores serem em grande número (a maior parte do funcionalismo público), o fato do poder público ser o maior empregador da categoria no Brasil coloca a questão da remuneração docente intimamente relacionada à receita pública per capita (PINTO, 2009). Isso explica, inclusive, por que há tanta resistência em se admitir que os professores são mal remunerados por alguns setores e também por que é tão difícil resolver esse problema:

Como gastos com pessoal significam essencialmente salários a serem pagos aos profissionais da educação, em particular aos professores, entende-se por que é tão difícil resolver a questão dos baixos salários pagos no Brasil e por que alguns administradores educacionais ou pesquisadores no Brasil procuram mostrar que os professores não ganham tão mal quanto se afirma, ou então que não existe relação entre o valor dos salários e a qualidade do ensino (PINTO, 2008, p. 65).

Todavia, a diferença salarial entre a profissão docente e as demais é clarividente. Prova disso é um detalhado estudo organizado pela Fundação Getulio Vargas - FGV (NERI, 2010) sobre os salários médios pagos por tipo de profissão desempenhada, onde os professores ocupam a 37ª posição (para professores do Ensino Médio) e 46ª (para os professores do Ensino Fundamental) entre as profissões mais bem pagas na categoria da população de 22 a 29 anos. Quando os salários são analisados considerando todas as faixas etárias, a profissão cai vertiginosamente, ocupando respectivamente a 55ª e 79ª posição.

Nesse seguimento, Moriconi (2008) indica que os salários dos professores com nível superior, se comparados aos salários de outras ocupações que também exigem esse grau de instrução não oferecem nenhuma concorrência atrativa, indicando que essa discrepância pode significar um esvaziamento da profissão. No mesmo aspecto, lembra Pinto (2009, p.53):

A título de exemplo, basta dizer que no vestibular de 2009 da Fuvest (2009), o qual seleciona alunos para a USP, enquanto em cursos mais concorridos, como direito e

38

Ainda segundo o trabalho de Alves & Pinto (2011), que tem como referência os dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) de 2009, 82,4% dos mais de 1,97 milhão de professores brasileiros trabalham em escolas públicas.

psicologia, as notas de corte foram, respectivamente, 64 e 59; nos cursos de licenciatura em matemática/física (um mesmo curso) e pedagogia, essas notas foram, respectivamente, 22 e 38, em um total de 90 pontos.

Para exemplificar, expõe-se o Gráfico 2 onde Nunes e Pires (2014), ao comparar o salário médio do professor com qualificação superior ao do médico ou do engenheiro com a mesma formação, tendo como parâmetro o ranking dos salários da FGV, obtêm uma visualização real da dimensão da discrepância quantitativa.

Gráfico 2 - Evolução do piso salarial do magistério da educação básica e sua distância em relação ao salário médio de médicos e engenheiros entre a população geral e entre o estrato da população de 22 aos 29 anos de idade

Fonte: Nunes e Pires, 2014, p. 626.

Há de se ressaltar ainda, que essa discrepância fica mais evidente quando o estudo compara que no ano de 2013, o piso salarial dos professores ainda não havia conseguido alcançar um valor equivalente – mesmo tendo como referência valores do ano de 2008 no caso do salário de médicos e engenheiros – aos salários dos engenheiros, estando ainda mais longe dos salários dos médicos (NUNES; PIRES, 2014).

Ademais em um recente artigo sobre o monitoramento da valorização profissional no contexto da meta 17 do PNE, elaborado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), fonte indicada pelo legislador na estratégia 17.2, em comparação com os rendimentos dos demais profissionais da iniciativa privada e do setor público, usando a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) e a Prova Brasil realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP) em perspectiva comparativa com a PNAD, foi constatado (CAMARGO; JACOMINI; ALVES, 2015):

Verificou-se que o salário médio dos professores da educação básica pública com formação em nível superior é de R$ 2.432,00, enquanto que o dos trabalhadores do setor privado com formação equivalente é de R$ 3.237,00 e o dos demais servidores públicos é de R$ 4.595,00. Isto significa que para equiparar o salário médio do professor seria necessário um aumento de 33,1% e em relação aos demais servidores públicos de 88,9% (CAMARGO; JACOMINI; ALVES, p. 1, 2015).

O que se pretende sinalizar a partir da exposição de tal dados, é que apesar do Piso se constituir em um valor proclamado, instituído por força de lei, como já exposto antes, a sua efetividade em termos de valorização salarial da categoria docente fica ainda muito aquém da realidade salarial de outras profissões com visibilidade social.

Contudo, ainda que se possa parecer lógico afirmar que o salário do professor brasileiro é baixo, conforme mencionado, esse entendimento não é unânime.

Concernente a esta questão afirma José Marcelino Rezende Pinto (2009, p. 54- 55):

De fato, os professores não são adequadamente remunerados. No entanto, há, ainda, argumentos contra esta tese, em princípio, tão evidente. Embora boa parte dos estudos mostre que os professores ganham menos que outros profissionais com nível de formação equivalente, vários autores, em especial os economistas, gostam de salientar que, em média, os professores trabalham menos horas por semana e, quando esse fator é levado em conta, a aparente desvantagem desaparece. Alegam os autores que, quando se observa a jornada semanal, os professores acabam se encontrando em um patamar mais elevado de remuneração; assim, a menor jornada seria um forte benefício indireto na escolha da profissão, em especial por parte das mulheres, que podem conciliar as atividades domésticas com o exercício profissional.

Nesse sentido, baseia-se na ampla pesquisa desenvolvida por Andreza Barbosa (2011) para sua tese de doutorado, que com muita propriedade analisou estudos de pesquisadores ligados à área da economia LIANG, 2003; LIMARINO, 2005; CASTRO, IOSCHPE, 2007, engajados em demonstrar que a percepção da desvalorização salarial não corresponde à realidade do professor brasileiro. Sendo que para esses autores, só é possível definir se os salários dos professores são ou não baixos quando se estabelecem comparações. Ainda que nem todos os estudos publicados efetuem a devida comparação salarial com

profissionais que necessitam da mesma formação que o professor, educação superior39. E,

quanto às horas efetivamente trabalhadas pelos professores, há dificuldade de se precisar a quantidade, uma vez que, a carga horária de trabalho docente frequentemente extrapola a carga horária de ensino sendo que, algumas comparações feitas consideram apenas as horas de ensino ou, quando muito, as horas-atividade que integram a jornada remunerada do professor, desprezando todo o tempo extra (muitas vezes não remunerado) que esse profissional precisa dedicar ao preparo das aulas, correção de atividades dos alunos, etc. Com isso, ao se comparar a remuneração dos professores com a de outros profissionais, muito frequentemente parte-se do pressuposto de que os professores trabalham menos horas, sem se considerar o trabalho extraclasse tão difícil de ser aferido (BARBOSA, 2014).

Nessa acepção frisa José Marcelino Rezende Pinto (2009, p. 55):

[...] os estudos que tentam mostrar que a remuneração dos professores não é assim tão baixa partem de grave erro metodológico, ao não levar em consideração o tempo despendido com planejamento, preparação das aulas, com a correção de provas e trabalhos.

Se de um lado é difícil especificar o tempo adequado para as atividades docentes que não impliquem a presença em sala de aula, por outro, é evidente que elas não se esgotam aí. Da mesma forma que a jornada de trabalho de um jornalista não leva em conta apenas o tempo para escrever a matéria (que, muitas vezes, levou dias de elaboração), ou a jornada de um engenheiro civil não considera apenas o tempo que ele leva para desenhar a planta de uma casa, parece evidente que preparar aula, corrigir trabalhos e provas, participar de reuniões coletivas com outros profissionais da educação são compromissos que decorrem da própria natureza da atividade e não podem acontecer simultaneamente com a presença do professor em sala de aula.

Reforçando tal explanação o mesmo autor completa (PINTO, 2009, p.56):

Quando se levanta a questão da jornada do trabalho extraclasse, é comum a crítica de que, na prática, o docente se restringe a dar aulas; logo, não há porque lhe pagar por algo que deveria ocorrer, mas que não acontece. O tempo dedicado a atividades de planejamento e correção de trabalhos acaba preenchido por mais aulas em outras redes de ensino, o que é verdade. Como o salário pago por uma rede é insuficiente para viver com o mínimo de dignidade, as jornadas são fixadas de tal forma que se possa atuar em outras redes de ensino, ou ter mais de um cargo na mesma rede. Aí surgem as jornadas as mais esdrúxulas possíveis: 20 h, 24 h, 30 h etc.

[...]

Os próprios sindicatos tendem a cair, também, nessa armadilha, ao defender, nos planos de carreira, a existência de jornadas docentes que permitam a dupla ou tripla jornada. Alguém tem alguma dúvida de que a 60ª aula de um professor do ensino médio, em uma sexta-feira à noite, é uma fraude?

39 Ainda que, nos termos da LDB, a formação mínima admitida para o exercício da docência na Educação

Apesar de ignorar as horas para além da sala de aula, um importante estudo citado por Andreza Barbosa (2011), foi elaborado por Liang em 2003 – “Remuneração dos professores em 12 países da América Latina: como se compara a remuneração dos professores com a de outras profissões; o que a determina e quem são os professores?” – tendo sua tradução para o português publicada pela Plataforma Regional de Educação na América Latina (PREAL).

Embora o estudo não compare os salários dos professores com profissionais da mesma formação, utilize a renda anual como parâmetro e desconsidere o tempo trabalhado fora da sala de aula, a pesquisa foi efetuada em 12 países latino-americanos40 e concluiu que o

salário dos professores brasileiros é menor que os demais profissionais em todos os países analisados, entretanto, ponderou que os professores trabalham menos que em outras atividades (LIANG, 2003).

O estudo afirma que calculando o valor ganho por hora efetivamente trabalhada com os alunos, o valor dos salários dos professores são iguais ou superiores aos não professores, com exceção do Brasil e do Equador (urbano). Porém Liang considera na análise do diferencial de salário que os professores gozam de três meses de férias, expondo que os professores trabalham 25% menos que os demais trabalhadores. Em consequência disso, conclui que somente no Equador os salários dos professores permanecem sendo mais baixos (LIANG, 2003).

Ao comentar este estudo, instrui Pinto, discordando (2009, p. 55):

O estudo de Liang considera que os docentes possuem três meses de férias. Ora, no Brasil, considerando que o ano letivo tem duração de 200 dias, e, no ano, há 52 semanas, que representam 104 dias destinados aos finais de semana (sem contar os feriados), os professores não possuem mais que 60 dias/ ano, entre férias e recesso; sem dizer que, em muitos casos, os recessos envolvem atividades de planejamento e formação continuada.

Nesses moldes, devido às generalizações do estudo, é de se duvidar que sua conclusão seja válida para o Brasil. De todo modo, o estudo que pretende servir para embasar a implementação de políticas nos países latino-americanos, finda expondo que um aumento salarial geral não seria boa opção para o recrutamento e retenção de bons professores (LIANG, 2003).

40 Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador (área urbana), Honduras, Panamá,

Ressalta-se que apesar das incongruências, Andreza Barbosa (2011) informa que esse estudo é amplamente citado por outras pesquisas, inclusive pelo próprio Banco Mundial no documento intitulado Brazil – Teachers Development and Incentives – a strategic framework. Esse documento afirma que os professores das escolas públicas brasileiras recebem salários maiores que os dos trabalhadores do setor privado e esses salários se tornariam ainda mais atrativos se consideradas as horas a menos de trabalho e as férias maiores. Mencionando, ainda, que esses dados são coerentes aos apresentados na pesquisa de Liang, na qual expõe que em 10 dos 12 países considerados, os professores ganhariam tanto quanto ou mais que os outros profissionais.

Quanto à análise do documento do Banco Mundial, Andreza Babosa se posiciona (2014, p. 516):

Nota-se que não se menciona no documento quais são os 10 países e, muito menos, os dois países que foram considerados exceções. [...] Evidencia-se, portanto, o uso tendencioso que é feito da pesquisa de Liang nesse documento do Banco Mundial, visto que o Brasil parece ser justamente uma das duas exceções do que se afirmava.

Outro estudo publicado pelo Banco Mundial em 2005 e citado por Andreza Barbosa (2011) é o Are teachers well paid in Latin America and the Caribbean? Relative wage and structure of returns of teachers elaborado por Limarino, cujo objetivo foi verificar se os professores da América Latina e Caribe são bem pagos. Limarino (2005) analisou os diferenciais de salário por hora de trabalho (dada à consideração inicial de que a jornada de trabalho dos professores costuma ser menor que a dos demais trabalhadores), considerando-se dados de pesquisas domiciliares de 17 países da América Latina e Caribe (no caso do Brasil, foi usado como referência a PNAD de 2001).

Para a execução do estudo foi calculado os diferenciais de salário por meio de diferentes métodos econométricos, analisando o salário de professores de diversos níveis de ensino da Educação Básica e um grupo de comparação formado por três distintas amostras de não professores. A análise destaca que os salários dos professores brasileiros são apontados como menores que os salários dos não professores da amostra 1 (todos os trabalhadores independente da formação) em um tipo de comparação realizada. Em vários tipos de comparação, os salários dos professores brasileiros figuram como menores até que o dos trabalhadores com nível médio (amostra 2). Por fim, também se mostram abaixo dos salários dos trabalhadores da amostra 3 (os profissionais das áreas administrativas e técnicas, que seria o grupo mais adequado de comparação, dada as exigências semelhantes de habilitação) em

todos os métodos de comparação utilizados. No entanto, o autor conclui que no Brasil não é possível determinar se os professores recebem mais ou menos que os não professores pois, depende do grupo de comparação adotado e do método utilizado (LIMARINO, 2005).

Dos estudos desenvolvidos no Brasil Andreza Barbosa (2011) apresenta a pesquisa produzida por Ioschpe (2004), no livro A ignorância custa um mundo, onde o autor discorda da baixa remuneração dos professores, ao indagar que se a profissão fosse tão mal paga, porque muitos continuam professores e não abandonam a fim de procurar profissões com melhores pagamentos? Ioschpe (2004) ainda argumenta que, se ninguém nunca viu professores morando em favelas ou abrigos públicos, se os professores permanecem na profissão, se os cursos de licenciatura apresentam crescimento e se os professores sentem prazer em participar do processo de desenvolvimento de seus alunos, então, “[...] na verdade, inexiste o problema da má remuneração do professor, ou a profissão teria minguado” (IOSCHPE, 2004, p. 171).

Quanto a esse aspecto, vale lembrar que a pesquisa desenvolvida por Gatti et al. (2010, p. 149) mostrou a queda na procura por cursos de Licenciatura:

De 2005 a 2006, houve uma redução de 9,3% de alunos formados em Licenciatura. A situação é mais complicada em áreas como Letras (queda de 10%), Geografia (menos 9%) e Química (menos 7%). Faltam professores de Física, Matemática, Química e Biologia.

Segundo dados da Sinopse Estatística da Educação Básica de 2010, apenas 20% dos professores com formação superior que atuavam no Ensino Médio tinham formação específica em áreas relacionadas a ciências, física ou matemática. Essa falta de formação adequada de professores para certas áreas de atuação é denominada de “escassez oculta” (BRITTO; WALTENBERG, 2014).

Tais situações ocorrem devidamente à estrutura salarial que não favorece indivíduos com níveis mais altos de educação o que acaba por penalizar justamente aqueles profissionais que mais se quer atrair, os quais culminam por encontrar melhores oportunidades em outras ocupações.

Castro e Ioschpe em um ensaio de 2007, intitulado Remunerações dos Professores na América Latina: São baixas? Afetam a qualidade de ensino? Discutem os estudos de Liang (2003) e Limarino (2005) para demonstrar que, considerando-se o valor ganho por hora trabalhada, os professores ganhariam mais que os não professores na América Latina.

Em contrapartida ao apresentado até então, diversos estudos confirmam a baixa remuneração recebida pelos professores brasileiros. Ao comparar os salários dos professores com os não professores em 38 países, Maria Teresa Siniscalco (2003) apresenta em seu livro que são mais baixos de que os de outros profissionais com a mesma qualificação. Apontando que os salários anuais dos professores brasileiros são um dos mais baixos, perdendo apenas para o Peru e a Indonésia: “Os salários estatutários dos professores primários no meio da carreira variam de menos de US$ 10000 no Brasil, na República Checa e na Hungria, na Indonésia e no Peru, a mais de US$ 40000 na Suíça” (SINISCALCO, 2003, p. 37).

Corroborando com este estudo, Lüdke e Boing (2004, p. 1168) afirmam que: “Com relação ao salário, é sempre chocante a comparação da nossa situação com o que ocorre em outros países, onde, além de mais dignos, os salários não apresentam a disparidade entre os níveis de ensino e regiões do país, como acontece aqui”. Em outros termos, os salários dos docentes brasileiros mostram desvantagem em relação aos salários dos professores de outros países.

Também, em pesquisa publicada pela UNESCO, Gatti e Barretto (2009) utilizam dados da PNAD de 2006 para confrontar os salários dos professores brasileiros com os de outros profissionais, as autoras concluem que, apesar das médias salariais serem maiores, as medianas denunciam o grande número de professores com baixas remunerações no Brasil:

Para os conjuntos dos docentes da educação básica – todo o Brasil – a média salarial era de R$ 927,00 (novecentos e vinte e sete reais), mas a mediana situava-se em R$ 720,00 (setecentos e vinte reais), sinalizando que 50% dos docentes recebiam abaixo desse valor. As maiores médias salariais, considerando todas as categorias de professores na educação básica, estão nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Mesmo assim, na região Centro-Oeste, 50% dos docentes recebiam menos de R$1000,00 por mês e, na Sudeste, menos de R$ 900,00 (GATTI; BARRETTO, 2009, p. 241).

Quanto à afirmativa corrente de que os professores trabalhariam menos que as outras profissões e, por isso, deve ser calculado o salário por hora trabalhada, essas autoras fazem o cálculo da diferença e asseguram:

Mesmo considerando o número de horas-trabalho semanal, a média salarial dos professores da educação básica fica muito a dever em relação às outras profissões. Sabendo, como mostrado no capítulo I deste estudo, que a média semanal de horas- trabalho dos professores é de 30 horas, o acréscimo que poderia resultar em seu salário, se considerássemos 40 horas semanais, ainda deixaria esse salário, em média, bem abaixo dos demais (ele se aproximaria de R$1200,00) (GATTI; BARRETTO, 2009, p. 248).

Em uma pesquisa de 2011 Mizala e Ñhopo, ratificam que no contexto internacional (América Latina) o Brasil ainda continua em situação desconfortável quando o